36 - Caixas de Panetone

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— E elas se merecem. Ninguém sai perdendo — Becca retruca, sorrindo de canto. — Minha teoria é que colocaram o final do ano em uma terça para o dia de São Nunca cair em dia de semana.

Justo. Nós estamos no horário de aula olhando o céu.

— Só tu está olhando o céu, já que tomou o banco inteiro pra se deitar.

— Modo de falar, bobó.

— Vou buscar minha mochila — retruco, me levantando e sacudindo minha saia. — Tô estranhando vocês, ein.

— Foi a mesma coisa que pensei quando vi você secando sua melhor amiga de infância — Nathan retruca e eu reviro os olhos. — Aliás, foi e voltou e você não contou que a gente nunca teve nada, né? Nunca vi alguém morrer tanto de vergonha quanto quando falei sobre a camisinha.

— Engraçadinho.

Eu me afasto. Tinha me esquecido disso.

A sala está vazia. As mochilas, ao invés de estarem nos seus devidos lugares, estão jogados em qualquer lugar. Em cima de mesas. A minha está no mesmo lugar, talvez a mais afastada de todas. Eu a pego, coloco nas costas e me viro. É algo tão simples que não consigo não ficar surpresa ao ver aquela coisa, se destacando entre as mochilas. Grande demais para caber em uma. O arco do violino. Na mochila de Alana.

Não acredito.

Puxo o arco da mochila e tenho absoluta certeza que é o da Pandora. Não acredito que tenham sido tão sujas assim. Não acredito. Destruir algo importante é mais que ficar jorrando palavras ofensivas.

Isso obviamente é uma coincidência. Eu estou cogitando que seja um tipo de mágica que fez o arco aparecer lá enquanto caminho em direção a onde estão as duas.

— O que é isso? — pergunto, sinalizando para o arco.

Cecília franze os dedos. Ela sabe o que é, mas a confusão parece ser o motivo de estar com ele em mãos. Alana suspira, observando o arco.

— Cecília, Alana. O que diabos é isso? Vocês quebraram o violino dela? Sério? Ok, motivo.

— Vai se foder, Gênesis.

— Cecília, eu estou soando sério. Você jogou fora minhas roupas e agora destruiu um violino? Real? Vamos lá, diga um motivo. A merda de um motivo. É difícil ser plausível.

— Gênesis, vai a merda. Não conseguiu? Não é a namorada dela? Não estragou tudo pra mim?

— Você quebrou o violino porque ela não quis ter algo contigo?

— Eu gosto dela.

— Você pode gostar de alguma coisa que inventou na mente, mas você não gosta de Pandora. Se gostasse, saberia o quão importante é o violino pra ela. Se tivesse algum sentimento saudável aí, você não teria tentado atingi-la porque não foi correspondida.

— Vocês brigaram por três anos. É um "sentimento saudável"? — debocha, com uma risada.

— Não me mete nisso. Não haja como se fosse a mesma coisa. Não sei o que você espera, mas não vai conseguir ninguém causando um estrago desses. E, se quer saber, não é minha culpa. Não precisava ter jogado fora minhas roupas. Pandora nunca se apaixonaria por alguém como você — gesticulo e ela prende a respiração de pura irritação. — E Alana, você perdeu uma amizade sem motivo. Boa sorte pra vocês.

 Boa sorte pra vocês

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A Origem de GênesisWhere stories live. Discover now