A mulher sorriu e beijou as testas das meninas, depois deu um selinho no marido, gerando caretas nas menores. Ela conversaria sobre o assunto com o homem mais tarde, porque naquele momento, ela estava feliz. Ver o sorriso no rosto das duas crianças que ela mais amava lhe enchia o coração.

Para Andrômeda, eram claras as semelhanças físicas da sobrinha com a irmã presa, mas a personalidade encantadora era o completo oposto. Andy ficava feliz por poder ver que, aos olhos de Jeanine, o mundo era muito diferente do que Bellatrix via. E se sentia mais feliz ainda em saber que parte disso tinha dedo seu.

No dia seguinte, Jeanine acordou com Ninfadora a abraçando e cantando um parabéns desafinado.

-Seis anos, prima!- Dora tirou a menor da cama com ela em suas costas e desceu as escadas sem dar tempo de Jean trocar o pijama de pandas que usava. Na sala, Jean teve uma surpresa e tanto. Andrômeda segurava um bolo, sorrindo com lágrimas quase imperceptíveis nos olhos sempre calorosos. Ao seu lado, Ted não conseguia se segurar, estava contente com a felicidade da esposa.  Toda a emoção de Andrômeda Tonks se devia a presença de duas pessoas que ela pensou que nunca poderia ver.  Do outro lado da sala, em um de seus vestidos chiques e com os cabelos em cachos perfeitos, com um sorriso pintado nos lábios, estava Narcisa Malfoy, que batia palmas também contendo as lágrimas. De pé, ao lado da mulher, o pequeno Draco Malfoy sorria para a prima.

Atrás de todos, Jean encontrou o padrinho, que lhe deu um sorriso cúmplice. Ele havia dado a ela o presente que havia pedido no ano anterior.

-Papai? Sabe o que eu quero de presente de aniversário?- Severus havia sorrido para a menor, enquanto passava os ovos para o prato dela com torradas.

-Achei que você tivesse escolhido o gato de pelúcia. Disse que não ia pedir mais nada, mocinha.- Na verdade, Severus daria a menina tudo o que ela pedisse.

-Mas pode ser para o ano que vem, papai!- Jean se aproximou do homem e sorriu- Eu queria fazer seis anos com a minha família.

Severus havia entendi muito bem o que a menina queria dizer. Sua família. Os primos, que ela tanto amava, Draco e Dora, que lhe ensinavam coisas novas e a faziam rir. Suas tias, que ela tinha como mães, que cuidavam da pequena desde que ela se lembrava. Seu tio Ted, que ela sempre levava para o meio das travessuras e, é claro, o pai que ela havia acolhido em seu coração.

Lucius não era bem vindo.

Depois que todo o desconforto passou, a festa de aniversário que se seguiu na casa dos Tonks se tornou, por muitos anos, a que Jean mais havia amado. Draco, sem a influência sombria do pai, ria contente com as transformações de Ninfadora. Andrômeda e Narcisa conversavam sobre trivialidades, mas não havia como negar que qualquer palavra dita, saia com muito amor. 

-Foi difícil?- Ted, que estava mais afastado dos outros, com Severus, perguntou ao pocionista.

-Jean torna tudo mais fácil.- Ted concordou.

Quando a noite chegou, Narcisa e Draco se despediram de todos com abraços calorosos.

-Nine?- O menino havia chamado antes de partir e, em um sussurro, contou a prima- Acho que você estava certa.

Jean sorriu e abraçou o primo.

-Eles são mesmo muito legais, Nine!- Então abraçou a prima outra vez e sorriu- Até logo, Vega!

-Até logo, Dragão.

Essa era outra das coisas que apenas os dois compartilhavam. Draco era o único que chamava Jeanine pelo segundo nome. Vega e Nine. Enquanto a menina, que sabia de onde o nome do primo vinha, o chamava carinhosamente de Dragão.

Quando chegou à rua da Fiação, Jean sorriu para o padrinho. Antes de subir para se trocar, correu em direção ao mesmo e o abraçou o mais forte que conseguiu.

-Eu amo você, papai! Amo muito! Você é demais!- Severus sorriu, sentindo seu coração transbordar de amor por aquela menininha. Sua menininha.

-Também amo você, filha. Você é extraordinária!- A menina sorriu mais ainda.

-Você pode contar a história do lírio, papai? O dia seria mais do que perfeito com essa história.

Severus não tinha como negar o pedido da menina então, depois de Jean trocar de roupa e se enroscar nas cobertas, com seu Dragão, Severus contou lhe a história de um lírio, uma flor muito bonita, que sempre tinha luz.

-Haviam trovões e raios, chuvas horríveis. Tempestades impetuosas- O pocionista contou- Mas o lírio permanecia firme ali. Você sabe por quê, Jean?

-Porque a luz do lírio vinha de dentro dele.

Severus concordou, fez um carinho nos cabelos da menor e sorriu.

-Ele tinha a luz dentro de si. Um dia, a pior tempestade de todos aconteceu. O vento era muito forte e o lírio se desfez.- Severus sentiu a garganta arranhar e a dor surgir.

-Ele se foi- Jean continuou a história, de olhos fechados- E apenas seu perfume ficou como lembrança.

Jean abriu os olhos e sentou na cama, chamando a atenção do homem, que tinha os olhos baixos e havia se perdido nas próprias memórias.

-Sabe, papai. Acho que não foi isso que aconteceu- Jean limpou uma lágrima solitária que havia escorrido pela bochecha do pocionista sem que o mesmo percebesse. A dor de perder Lily ainda atormentava Severus, mesmo depois de anos e, para poder manter viva toda sua essência, ele havia criado a história do lírio e a contava para Jean. Mas o mestre de poções não conseguia entender o que a menina queria dizer, afinal, sua Lily havia se ido. Apenas algumas lembranças restavam- Ela tinha muita luz, papai. Acho que o perfume dela ficou, assim como a luz. Não acho que ela possa ter sumido assim.

Severus fungou e inclinou a cabeça em direção a mão da menina, que permanecia em sua bochecha.

-Então, como você quer terminar a história?- Jean mordeu os lábios e ficou séria, muito concentrada. 

-A tempestade veio e a a flor se despetalozou- Severus sorriu com a palavra inventada pela menina, mas não ousou corrigi-la- O perfume dela ficou, porque ela era muito cheirosa. E a luz que ela tinha... a gente ainda pode ver, papai. As vezes, fica difícil, mas a luz ainda está ali, em algum lugar. Como... como quando fazemos uma poção.

Severus ergue a sobrancelha para a menor, curioso com a comparação.

-Nós colocamos os ingredientes e eles mudam de forma e cor, mas ainda estão ali. A luz dela mudou de forma ou de cor, mas ainda é luz e ainda está ali. Talvez, papai, a gente só precise ver de outro lado.

Severus não queria estragar a noite da menina que havia acabado de ter um de seus melhores aniversários, mas as lágrimas não se mantiveram guardadas, transbordando dos olhos do homem. Jean sorriu e abraçou ele, fazendo carinho com sua pequenas mãos.

-Tudo bem, papai. Tia Andy diz que a gente precisa chorar as vezes. Ela diz que ajuda a passar.

Ninguém que conhecia Jean , ou a conheceria no futuro, conseguia entender de onde a sensibilidade que a menina tinha havia surgido. Mas estava ali. Jean sabia o que dizer, mesmo sendo tão pequena. Sabia como consolar.

-Gosto mais da sua história, estrelinha. O que acha de contarmos ela assim a partir de agora?- Severus, ainda com os olhos vermelhos sorriu para a menina, que concordou.

Quando Jean, enfim dormiu, Severus ficou alguns minutos a olhando, sem conseguir encontrar palavras para agradecer a sua menina por tanto. E ele conseguia, percebeu enquanto olhava a menina, encontrar a luz que havia deixado de ver após a morte de Lily.

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Seis aninhos da Jean!!!!

Esse capítulo foi curtinho e bem soft, para mostrar a importância que a Jean dá para a família.

Espero que tenham gostado.

Votem e comentem!

Nox!


Sweet CreatureWhere stories live. Discover now