Ele segurou em minha mão e entrei. Paralisei ao ver um extenso corredor e várias cabines com cortinas fechando-as.

— O que é esse lugar? — perguntei quando senti um cheiro familiar. Sangue. A garganta doeu ainda mais.

— Esse é o lugar onde recebemos as doações dos humanos, que são simpatizantes — Victor me guiava, até que vi uma das cabines com a cortina aberta. Havia um homem ali. Estava sentado em uma cadeira extremamente confortável e com os fones no ouvido. Uma mulher estava sentada no colo dele e com as pernas ao redor de seu corpo. Parecia beijar-lhe o pescoço, mas quando ela ergueu a cabeça e me encarou, percebi os lábios melados e os furos na jugular do sujeito.

Paralisei imediatamente. Respirei fundo, sentindo o cheiro, de sangue, ludibriar minha mente. Comecei a andar na direção dos dois, enquanto deixava minhas presas e meus olhos visíveis. A vampira assustou-se comigo e saiu apressadamente de cima do homem, deixando-o a minha disposição.

Ele abriu os olhos e focou em mim. Vi o desespero tomar sua face e uma onda de prazer me atingiu. O medo dele me deixava excitada. Sorri largamente e o analisei de alto a baixo. Eu tinha a ciência que era uma nova espécie e nem a vampira e muito menos o humano, sabiam alguma coisa sobre mim.

Quando fiz menção de ir para cima dele, Victor me agarrou pela cintura. De uma forma que me imobilizou completamente.

— Me solta. Eu o quero — gritei enquanto me sacudia em seus braços.

— Não pode. Ainda não tem controle suficiente. — Victor me arrastou até uma sala, com porta, e a fechou com chave. Não havia janelas ali e somente uma entrada. As paredes eram de um amarelo claro e no alto, um ar-condicionado soprava um vento frio que enchia todo aquele lugar. Me colocou sentada no sofá e se afastou. — Não se preocupe. Isso é somente agora. Quando estamos com sede, nos tornamos irracionais. O instinto nos faz esquecer os nossos princípios. Você mataria aquele homem sem pensar duas vezes.

— Obrigada por ter intervindo.

— Disponha — respondeu me entregando uma bolsa de sangue. Daquelas que encontramos em doações. Segurei o pacote em minhas mãos e o observei por alguns segundos. — Beba, vai se sentir melhor.

Respirei fundo enquanto observava as três aberturas. Uma delas era por onde o sangue entrava e as outras duas permaneciam lacradas, mas era fácil rompê-las.

Mordi a ponta de uma delas e suguei o conteúdo. O sangue encheu minha boca e imediatamente a dor na garganta passou. Apertei com força enquanto sugava mais avidamente. Posso dizer que é um dos melhores sabores que já senti na vida. Justamente porque parecia uma mistura de tudo o que adorava comer quando humana. Pensei nisso enquanto terminava a bolsa e pegava outra que ele me entregou.

— Há quanto tempo não se alimenta? — perguntei arrancando outra ponta. Ele parecia abatido e cansado.

— Há um tempo, mas não estou com sede — me respondeu sem vontade. — Digamos que estou mais humano, esses dias — um sorriso simples formou-se em seus lábios, quando percebeu que o encarei com expressão confusa. — Vampiros não podem beber o sangue de outro. Isso faz com que fiquemos mais fracos e sem poderes algum. Quase humanos.

— Victor... — Não acreditei naquilo.

— Não podia, simplesmente, deixar que Arthur a transformasse em uma modificada. Por isso bebi o sangue dele, porque o seu corria nas veias de meu irmão. Isso acabou me afetando também — mostrou o punho com um curativo, onde deveria estar a ferida que ele fez para que sugasse o seu sangue. Levantei apressadamente e segurei no braço de Victor segundos depois. Puxei-o para mim e analisei o corte que estava logo embaixo da atadura.

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