Capítulo 13 - ADMDA

794 67 4
                                    


Leone Monteiro Fazzano.

Sinto meu corpo desfrutar de um conforto que eu não estava habituado em ter, estava com a vista embaçada, porém, notava-se que eu me mantinha fixo em um quarto moderno e muito amplo. Os lençóis de algodão caídos ao chão, estava grudado em um travesseiro e com a cabeça apoiada em outro, ainda com a roupa do corpo, sem os calçados, apenas de meias, mas como eu vir parar aqui? Como um raio, sou atingido por flashbacks que fazem com que tudo tenha sentido. Aparentemente eu estava na casa do meu chefe, e o que é pior, no quarto dele. Afirmo porque eu via algumas fotos na bancada luxuosa que tinha ali.

Mesmo sem vontade, me levantei da cama macia e espaçosa, fui até o banheiro, enchi minhas palmas de água e lavei o rosto. Eu estava tão cansado e ainda muito abalado pelo o que havia acontecido, um dia assédio, no outro racismo... apesar de ter ouvido absurdos, eu me admirava no espelho do banheiro de Luís Fernando, e via um jovem preto lindo. E por falar em Luís Fernando, ouço sua voz calma e tranquila do lado de fora do quarto, parecia estar me chamando. Eu ouço ele chamando o meu nome, me fazendo me sentir em casa. Como uma oração, eu queria deixar sua voz me guiar, como um dominador para mim, mas ele é o maior mistério. Como apenas um sonho, ele não é o que eu vejo. Mas vou deixar sua voz me guiar.

- Sim? – Digo, saindo do banheiro indo até a porta para atendê-lo.

- Tudo bem, com você? – Ele me analisa calmamente, às vezes eu penso que ele tinha um alter ego com uma personalidade extremamente ácida na empresa, mas fora dela, eu sentia que ele queria me proteger, só não entendia o porquê. – Posso entrar?

- Oh, claro. O quarto é seu, pode entrar. – Ele adentra no cômodo, dessa vez estávamos juntos novamente, ele estava casualmente lindo, com uma bermuda jeans e uma camisa com mangas branca que fazia seus músculos explodirem. – Eu estou bem, eu acho.

- Eu queria conversar um pouco contigo, pode ser? – Ele se acomoda na sua grande cama desforrada, dando dois tapinhas na mesma para que eu pudesse sentar. – Vem cá.

- Aconteceu alguma coisa? – Digo me acomodando e colado em seus olhos.

- Aconteceu... eu ainda me sinto muito culpado pelo o que te ocorreu, te acusei sem provas, fiz diversas insinuações. Eu sinto muito. – Pausadamente ele segurou minha mão, e com o polegar e acariciou um das mesmas. – Quero me redimir com você.

- Olha, você já se desculpou, foi até a loja me defender. Já fez muito por mim, já está perdoado fique tranquilo. Além de que, eu praticamente nem trabalhei hoje, só fiz dormir, me desculpe por isso. – Digo.

- Em nenhuma condição eu iria te deixar trabalhar depois do que aconteceu. Reconheço que você é um jovem forte e sagaz, mas você também é vulnerável, Leo. Se precisar de mais dias para repousar, você terá.

- Não será necessário, senhor. – Ele me interrompe. – Me chame de Nando, Leo. – Ele implorava pelo seu tom de voz, um tom rouco e calmo que deixava mais intimidado mas eu gostava. – Tudo bem, Nando. – Ele sorri.

- Já passam das cinco da tarde, você descansou bem mesmo?

- Já passam das cinco? – Exclamo meu rosto, não acreditando no que acabo de ouvir. – Com assim, eu não acredito que eu dormi esse tempo todo.

- Bom, aposto que não descansa como deve. Você com certeza é do tipo de jovens que dormem até três da manhã estudando, acertei? – O pior é que ele havia acertado.

- Uau, como sabia disso? – Indago ainda sem acreditar. – Eu preciso estudar, ainda tem o projeto que estou sendo a "linha" de frente. É um projeto musical da UFBA, irei cantar, então estou focando nisso, também. Ainda mais agora trabalhando, nem sei se dormirei por causa deste projeto.

- Vai cantar? Não sabia que cantava, dança também? – Sua expressão era de espanto, mas nada que fosse para me aterrorizar, mas aposto que ele não sabia que eu tinha esse talento. – Sim, danço também. – Finalizo.

- Nossa, você preenche tantos requisitos, você é uma caixinha de surpresa, além de ser um excelente profissional, ainda canta e dança. – Sorrio envergonhado e o vejo esboçar um sorriso também. – O que vai cantar, ou melhor dizendo, quem você vai cantar?

- Eu vou cantar algumas músicas da Beyoncé, minha artista preferida. Ah, e vou dançar também.

- Eu adoro a Beyoncé! – Ele diz. – A minha música preferida dela é Sandcastles do Lemonade, que inclusive, é um álbum concentrado na militância da mulher preta e as origens afrodescendentes. Uma artista completa. – Sim, agora eu estava mais surpreso do que eu poderia imaginar. Meu chefe ama a rainha, assim como eu. – Quando será à apresentação?

- No próximo mês, por isso que preciso agilizar algumas pendências, por isso não durmo. É muito importante para os alunos que fazem música, participarem desta apresentação, mesmo que não cantem, nós da turma, estamos produzindo tudo. – Ele me analisava ainda surpreso. – Bem, eu preciso ir. Está ficando tarde, muito obrigado pela hospitalidade.

- Eu vou te deixar em casa, não quero que nada aconteça com você, e isto é sério. – Ele diz convicto, com certeza ele não me deixaria voltar para casa sozinho.

- Eu posso voltar sozinho, ainda está claro, posso voltar tranquilamente. – Digo em meias palavras, mas sabia que não iria voltar sozinho. – Ou então posso pegar um Uber. – Ele me lança um olhar reprovador. – Não. Eu mesmo vou te levar, já está decidido!

- Tudo bem, então. – Apanho meus calçados que estavam ao lado da cama, e ponho em meus pés. Logo, seguimos até o estacionamento, entrando no veículo de Nando. No meio do caminho, ele questiona. – Leo, será que eu poderia assistir a sua apresentação?

Continua... 

A DIFERENTE MANEIRA DE AMAR - (Romance gay)Where stories live. Discover now