Capítulo 9 - ADMDA

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Leone Monteiro Fazzano.

Foi muita gentileza da parte do Luís Fernando, meu chefe, ter me "acolhido" em sua casa, eu realmente não queria ficar sozinho, estava muito assustado e ele ter aparecido naquele momento de medo e pavor, foi celestial. Eu já estava acomodado em um dos quartos, o apartamento era maravilhoso, a decoração, o designer, tudo. Como um homem desses é capaz de viver nessa fortaleza sozinho? Eu já havia tomado banho e estava usando uma de suas camisas que em mim ficavam folgadas e cobriam minhas coxas.

Já estava me preparando para descansar, quando ouço batidas na porta.

- Oi, aconteceu algo? – Questiono.

- Não, não... você esqueceu seu celular e estou devolvendo.

- Nossa, eu nem me toquei, obrigado. – Apanho o aparelho.

- Eu não queria ser intrometido mas, você recebia inúmeras mensagens do Leandro. Vocês tiveram algum caso?

- Com o seu sócio?

- Exatamente. – Ele diz firme.

- Não. – Digo sem entender o questionamento. – Por quê?

- Basta ler as mensagens que ele enviou para você.

Deslizo a tela do celular, caindo diretamente nas mensagens de duplo sentido que Leandro me enviava.

- Bem, eu não sei do que isso se trata, mas ele deve estar confuso. Eu nunca tive um relacionamento com ele que não fosse profissional, é claro. – Digo.

- Então, por que todas essas mensagens?

- Eu também não sei, mas pelo o que eu me lembro, ele sempre foi muito carinhoso comigo, ele até já chegou a beijar meu rosto e me chamar para sair, mas eu sempre recusava. Mas quando ele queria falar sobre o trabalho fora do ambiente, aí eu já não tinha escolha.

- Entendo. – Ele diz com uma cara nada feliz.

Fico constrangido com os questionamentos do maior.

- Bem, é só isso. Boa noite. – Ele sai.

Volto confuso para cama, me perguntando o motivo de Luís Fernando ter ficado bravo comigo, ele criou algo que não existe na cabeça e mesmo que existisse, por que ele se importaria? Começo a pensar nas possíveis coisas que fez com que Luís não gostasse das mensagens e aos poucos vou dormindo.

Acordo ao som de Diva da Beyoncé, como eu odiava ouvir essa música logo cedo, sinal que eu precisava me aprontar para fazer minhas obrigações. Vou até o banheiro e desfruto do luxo total do ambiente, tomando um banho relaxante e quente logo pela manhã. Saio do box relaxado, e ponho as mesmas roupas que usei ontem, forro a cama e deixo o quarto, com meus pertences em mãos. Vou andando pelos corredores e desço as escadas e lá estava ele, sentando no sofá de calça social, sem camisa, com uma caneca que estava firme em uma de suas mãos e na outra, papéis.

- Bom dia. – Digo.

- Bom dia. – Ele diz.

- Bem, obrigado por tudo de verdade. Por ter me deixado passar essa noite aqui, não vai se repetir outra vez, eu garanto. Agora, eu vou para casa trocar de roupa e de lá vou para empresa, certo?

- Errado. – Ele diz.

- Você vai comer, e eu vou te levar para casa, te espero trocar de roupa e assim você volta comigo para a empresa.

- Mas...

- Já está decidido. Agora sente e coma, você não comeu nada desde ontem.

- Tudo bem.

Me acomodo na mesa e me sirvo com poucas coisas. Banana da terra, frutas e suco de laranja. Ele me observava enquanto comia, isso estava me deixando constrangido.

- Só vai comer isso? – Ele diz.

- Sim, é o que eu como.

- Tudo bem. – Ele franze o cenho.

Finalizo a refeição, ele já estava pronto, usando uma camisa social branca que fazia seus músculos explodirem.

- Vamos? – Ele diz.

- Sim, vamos.

Fomos até ao elevador que nos levava para o estacionamento. Adentramos no veículo e partimos para minha casa.

- Aonde você mora, preciso pôr no GPS.

- Moro na Ondina.

Ficamos em silêncio, e aquilo me incomodava, era como se eu estivesse no carro de um estranho. Na verdade, ele era um estranho, mesmo sendo meu chefe, eu não o conheço. Não ainda.

Já estávamos em frente ao apartamento que eu morava. Não era luxuoso, mas era bem bonito e muito recomendado para uma pessoa simples e comum. Ele saiu do carro junto comigo.

- Vou esperar aqui.

- Não quer entrar? – Pergunto olhando para ele.

- Não se incomoda? – Ele pergunta.

- Claro que não. Por favor, venha. – Digo dando um sorriso simpático.

Ele trava o carro, e me acompanha. Entramos no único elevador que existia ali e esperamos chegar no andar desejado.  Já no andar, estávamos em um grande corredor com portas, sigo até uma com o número "44" e a destranco. Encontro Marcelo e Henrique aos beijos na sala de estar e logo, Luís Fernando vem atrás de mim.

- Opa. – Diz Marcelo.

- Bom dia, estamos atrapalhando? – Digo.

- Jamais. – Diz Marcelo, novamente.

Henrique me observa com uma cara de espanto pelo fato de eu ter chegado junto com meu chefe, e eu sabia que ele queria explicações.

- Luís Fernando? – Diz Marcelo.

- Bom dia, Marcelo. Desculpe-me por atrapalhar a "festinha" de vocês dois.

- Não atrapalhou, fique tranquilo. – Disse Henrique.

- Ah, me desculpa... esse é o Henrique, o amigo que divide o apartamento comigo.

- Prazer, Henrique. – Luís Fernando o cumprimenta estendendo as mãos e o Henrique retribui.

- Prazer. – Ele diz simpático.

- Eu vou me trocar volto, já. Por favor, fique à vontade. – Saio da sala de estar e vejo que Luís Fernando se acomoda no sofá conversando com o Marcelo, já que eram amigos.

Já estava em meu quarto, quando Henrique entra.

- Mano, como assim? Vocês chegaram juntos e você não estava em casa quando eu cheguei de manhã, portanto, você não dormiu aqui! Eu quero detalhes, vai! – Henrique diz ansioso e gritando por explicações.

- Calma, não aconteceu nada demais. Mas eu te explico depois, eu juro, agora preciso trocar de roupa para ir trabalhar, quando chegar te conto tudo.

- Tudo bem. 

Ponho uma regata branca, uma calça jeans escura e um sapato preto, já estava pronto. Apanho meus pertences de trabalho e retorno para a sala.

- Uau, vai trabalhar ou vai para o shopping? – Diz, Henrique. E noto que Luís Fernando me observa.

- Engraçadinho...

- Leone, estávamos combinando para sairmos juntos. – Marcelo toma liberdade para falar.

- Ah que ótimo, vão mesmo.

- Sim, eu e Henrique, e você e o Luís Fernando. Nós quatro, o que acha?

Noto o sorriso de canto de Luís Fernando, que esperava ansioso por uma resposta.

A DIFERENTE MANEIRA DE AMAR - (Romance gay)Where stories live. Discover now