Prólogo

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Vozes, gritos, uma maldita zona e eu não conseguia compreender completamente o motivo de tanta comoção.

Minha mente vagueava loucamente. Pensava em Celina e me roía de preocupação. Ainda não tinha ouvido nada sobre ela durante a discussão, tudo se resumia a preocupação deles com meu estado.

E eu sentia que era algo realmente grave, pois meu corpo não me obedecia, meu lobo não estava comigo e por isso eu me sentia em desamparo.

Ouvia seus uivos ao longe. Um uivo dolorido, enlutado em agonia. Meu lobo clamava por mim, meu pobre amigo de séculos me procurava, ele estava tão perdido quanto eu.

Soltei um uivo em resposta na tentativa de lhe apontar meu paradeiro, mas tudo o que saiu foi um gemido incongruente e ele continuou seu lamento, ainda mais distante que antes.

— Ele está chamando seu lobo. — Era a voz de Cristian e ao ouvi-lo a parte ainda consciente se animou, tentei falar, contar o que estava acontecendo, assim seria mais fácil para ele ter uma ideia de como me tirar dessa prisão sem grades, mas não consegui, minha língua estava travada e minha conexão psíquica não era forte suficiente para lhes passar uma mensagem, eu apenas sentia a tensão no ambiente e isso me deixava ainda mais desesperado, eu estava perdido em um mar de pensamentos desconexos.

— Se não tomarmos providências com urgência, Laican ficará preso na floresta espiritual. O choque do veneno foi grande, afetou a ligação com o espiritual, seu corpo está morrendo. O lobo precisa voltar para lhe dar força.

Jena tinha falado com a voz aflita e com isso eu também senti aflição, pois justo agora que finalmente Celi estava no reino Lican eu não conseguia sequer falar algo coerente.

— Vocês! Idiotas. Não vão conseguir nada rodeando o rapaz desse jeito.

Essa voz... Eu sabia de quem era, mas não conseguia me lembrar.

— Faça alguma coisa, velha! Ou então suma daqui. — Jena esbravejou.

A tensão sentida pela conexão psíquica fazia meu senso de proteção se aguçar, eu compreendia suas preocupações, meus lobos, minha matilha, meu bando, todos abandonados.

Eu tinha que voltar, se as matilhas inimigas soubessem de meu estado não tardaria a começarem a investir para tomar a soberania. Um supremo Alfa sem o lobo e sem forças de nada servia, e com isso todos estavam a mercê de um novo líder. Inclusive... Celi.

Tentei novamente falar, usar a conexão para lhes dizer algo que os acalmasse, mas nada, eu estava flutuando entre o mundo humano e o espiritual onde meu lobo seguia uivando, perdido entre as muitas árvores onde era a morada de todos os lobos que aguardavam serem encontrados por seu humano.

Nesse momento pensei em Celina, no tempo que ela passou assim, e senti o coração se apertar, doer se somando a todas as outras dores que assolavam meu corpo.

Então era assim que ela vivia? Ouvindo as vozes de pessoas queridas sem conseguir falar com eles. Ciente do que acontecia ao redor e ainda assim inconsciente do que lhe acontecia?

Pensei em sua mãe, naquela megera que sequer titubeou ao correr em sua direção com aquela seringa enorme e cheia de veneno. Porque sim, era um veneno, se eu com a força do meu lobo não consegui resistir aos efeitos o que teria acontecido com Celina se a mistura tivesse entrado em seu organismo?

Ela teria morrido e então eu teria arrancado a cabeça da mãe dela e ainda assim não teria conseguido sequer um ínfimo de paz. Porque perder minha companheira assim seria a minha morte.

Celina... Como ela estava? Onde estava e como estava sendo tratada?

— Ele só precisa de tempo. Sinto o cheiro de todos os ingredientes que foram usados. No entanto...

Tratado dos Párias - Supremo Alfa.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora