Pria, Eu e Elas

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Oi gente... Dessa vez demorei para atualizar... Foi preciso uma pandemia e uma reviravolta na vida, vencer tudo isso para começar a buscar espaço na correria para voltar a fazer o que mais amo, escrever, um luxo que precisei abrir mão por um longo tempo. Então me perdoem pelo sumiço, mas bora lá que não vieram aqui para ler minha autobiografia mas sim a história desses dois...

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Celina

Jena me olhava com cautela, me permitia um tempo.

Mas a frase..." ele fez tudo pelo amor que sentia por você" ficava ecoando na mente, reverberando pelas juntas fazendo com que uma onda de gelo envolvesse minhas entranhas e meu corpo tremesse de nervoso, estava consciente de que me olhavam, que reparavam no meu estado, mas eu não estava pronta para aceitar tudo assim, tão placidamente.

Ele estava perto, estava aqui, ainda estava entorpecida pelo choque, sua voz martelava como um eco fazendo meu coração bater descompassado.

Mas a dor... não era justo que ele estivesse preparado para me encontrar quando eu não estava sequer ciente de quem ele era até meia hora atrás e o pior, que um abismo tinha se formado entre a minha existência medíocre e a dele.

— Ele te ama Celi. — Jena suspirou. — Pode não acreditar agora, porque ainda está nadando em preconceitos humanos, mas se olhar para ele como uma Lican e não como uma humana...

Preconceitos humanos... Como poderia ser isso, ela não enxergava o óbvio? Ele era...

Olhei para ela magoada pela acusação, mas também irritada por saber que ela tinha razão, que ao seu modo ela tinha tocado na minha ferida mais sensível.

— Acredita mesmo que eu tenho algo a oferecer a um rei? — Perguntei logo, era essa parte que eu queria que ela entendesse.

O resto eu admitia. Sim era um preconceito comigo mesma, e sim minhas raízes de ensinamentos ainda eram profundas, mas não dava para simplesmente passar um pano na testa e limpar a parte humana que no momento era mais forte que a lupina.

Jena balançou a cabeça e cruzou os braços.

— Fala isso por causa de suas cicatrizes?

Não respondi, era obvio demais para que não saísse uma resposta sarcástica, então ouvi o rosnado de Jena.

— Meros riscos! Os lobos não ligam para essas bobagens. Vai se fiar nisso? Nessa crença de que um corpo precisa ser o epiteto da perfeição para merecer o amor de um companheiro?

Uma ínfima luz ascendeu na parte mais obscura de meu ser. Uma chama fraca demais para aquecer anos de uma friagem persistente em minha alma, mas eu a senti como as frágeis asas de um pássaro, só que tive medo de olhar para esse tênue brilho, a lembrança do que meu vestido escondia era algo sólido, como uma barreira.

Jena me olhou de viés e estalou a boca. — Já se olhou no espelho sem o costume de auto depreciação? Você é linda, sua tola...

— Eu...

Ela levantou a mão e eu me calei.

— Pria, venha cá.

Jena chamou baixo e não precisei de muito para entender que ela já tinha chamado através da conexão, porque não demorou muito para Pria aparecer.

Quando se aproximou seu olhar para mim era triste, como se tivesse decepcionada comigo.

Envergonhada, mas irredutível, levantei e fiquei trocando o peso do corpo de um pé para outro, desviei o olhar, todos tinham suas fraquezas e eu não ia me explicar sobre as minhas.

Tratado dos Párias - Supremo Alfa.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora