Dimitri

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Cristian me esperava no limite dos domínios lican.

— Então você se despediu. — Seu olhar prateado vasculhou meu rosto, eu não pretendia esconder o que ele poderia descobrir somente com o olfato, mas um constrangimento fez meu rosto aquecer.

— Da melhor forma possível. — Imaginei que ele riria, mas ele assentiu compreensivo.

— Nunca é fácil, a sedução é premente nos licans e nos sombrios. Imagino a batalha que está sendo seguir as regras.

Soltei um esgar para esconder a aflição que senti com aquelas palavras. — Se Rael descobrir que praticamente cuspi em cada página do livro das sombras hoje.

Cristian riu e o cortei com o olhar. — Melhor irmos, antes que Rael capture alguma lembrança minha.

Cristian vincou a testa. — Tem mais medo do seu irmão do que de um lobo que vai ter que lutar até que um dos dois morra?

Dei de ombros. — O lobo em questão não tem o poder de me pôr para dormir com uma ordem. Já meu querido irmão Rael além de poder fazer isso, me assusta como a morte.

Então sim, o lobo é minha opção, já se despediu?

— Sim, Celeste está aqui. — Ele apontou a fronte. — Estamos juntos, mesmo que a distância.

Assenti observando seu salto, vi o homem negro transformar em um lobo branco de olhos prateados. Eu tinha que admitir, o lobo de Cristian era o mais bonito que eu já tinha visto, sua aparência etérea e seu tamanho conferia a ele uma força que fazia jus a sua fama.

Saltei em um galho, permitindo que ele tomasse distância. Seguiria o faro agora. Cristian já tinha a localização prévia de Gosha, e eu seguiria seu rastro maquiando o meu.

Lembrei do beijo de Jena. Pelos antigos. Não era um beijo para somente recordar, mas para ser colocado em canções. Minha perdição foi me aproximar dela, mas não me arrependia. Aquele beijo só me deu mais gana e vontade de vencer.

Por isso eu ia usar todas as armas a disposição. Honra eu deixaria para depois, o que me importava agora era ter minha lobinha naquele quarto, em frente aquele espelho para então finalmente inteiro, dar a ela o ritual de monta.

Honra... se fosse pelo livro das sombras, eu não poderia concordar com isso mas como eu disse, honra e tradição eu deixaria para seguir depois de resolver esse assunto com a lobinha.

A floresta densa de árvores exageradamente altas não nos atrasava.

O lobo de Cristian era veloz e meus saltos nos falhos estavam cada vez mais precisos.

Era como nascer sabendo algo e descobrir isso praticando.

Por dias seguimos uma única direção, a paisagem de úmida, quente e densa passou a árvores escassas e temperatura cada vez mais fria.

Se Cristian e eu fossemos humanos estaríamos em sérios problemas, mas a cada parada nossa, saímos a caça, eu bebendo cada gota de sangue do animal abatido e Cristian comendo cada pedaço de carne chamuscado.

Eu não precisava beber tanto, mas precisava garantir que teria forças.

No final do quarto dia, após uma busca veloz e incansável Cristian anunciou que sentia Gosha perto.

Havíamos parado para descansar e Cristian tinha trazido um enorme gambá que após ter retirado cuidadosamente pele, entranhas e bile, estava em um espeto a dourar na fogueira.

Os olhos prateados de Cristian miraram em mim, ele parecia divertido.

— Não quis beber sangue desse animal, porque?

Tratado dos Párias - Supremo Alfa.Where stories live. Discover now