Capítulo 31

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- Vamos tomar café Alice? - Lia fez o convite.

Quase todas as manhãs os diálogos se repetiam quase que maquinalmente. As garotas ainda conversavam sobre algumas coisas, mas evitavam falar de Brittany na presença de Alice. Que por sua vez, mesmo amando aquela garota resolveu não perguntar nem procurá-la mais, a ideia de que Britt mais cedo ou mais tarde a procuraria ainda existia em seu subconsciente.

Foram ao refeitório. As quatro sentaram-se a mesa e iniciaram a refeição, caladas.

- Alice?

Uma delicada mão tocou o ombro da loira.

Não tinha como não reconhecer aquele toque, aquele cheiro. Era Brittany.

No mesmo momento a loira deixou de tomar o café que levava aos labios. Engoliu a seco.

Seu coração quase saiu pela boca, parecia estar infartando. Finalmente Brittany decidiu procurá-la. Alice pulou de alegria por dentro.

- Britt..- Alice iniciou uma frase qualquer, mas parou no meio do caminho ao ver sua amada empunhando uma sacola média azul. Dois carcereiros a acompanhava.

O que estava acontecendo? O que aqueles caras estavam fazendo ao lado de Brittany? E o que tinha dentro daquela porra de saco? Nossa, ela está ainda mais linda do que da ultima vez. Parece que esse afastamento fez muito bem para ela. Estava radiante.

- O que está acontecendo?

Alice parecia não entender tudo aquilo. Se levantou da mesa e se colocou a frente de Britt. As outras três meninas também levantaram. Estampavam um sorriso enorme no rosto, um sorriso estranhamente triste e ao mesmo tempo feliz.

- Eu estou livre. - Brittany sussurrou, parada em frente a sua ex.

Parecia não estar tão feliz. Qualquer uma que ganhasse a porra da liberdade daquele lugar estaria pulando de alegria, esse era o maior desejo de todas as mulheres dali.

No mesmo instante os olhos da loira se encheram de lagrimas, suas pernas tremeram, em sua barriga parecia figurar um grande buraco. Um vazio.

- Como? Você está indo embora? Ganhou a liberdade?

- Exatamente. O juiz enfim entendeu que tudo que aconteceu foi em legitima defesa, que estava sendo acusada de um crime do qual não tive culpa.

- Como assim? Eu não entendo.

- Foi em legitima defesa, e só agora eles entenderam isso, meu advogado conseguiu provas concretas a favor de mim.

Brittany conversava sem entusiasmo nenhum. Suas amigas apenas acompanhavam a conversa.

- Então é isso? Você está indo embora?

- Sim, eu estou.

Agora

Britt olhou para suas amigas, e pela primeira vez desde que chegou no refeitório, sorriu.

As garotas entenderam o recado e sem pestanejar a abracaram fortemente. Foi um abraço intenso, verdadeiro. Falavam coisas como "nos vemos lá fora" ou "você merece"

Alice dispersa nem prestava atenção naquilo, parecia voar em outra dimensão.

- Alice?

A garota voltou a olhá-la, somente a voz de Brittany era capaz de prender sua atenção.

As duas se olharam por alguns segundos, que mais parecia uma eternidade. Tudo em volta do casal parou, parecia congelar. Agora só existia as duas naquele imenso presidio.

Um intenso beijo partiu de Alice, ali mesmo na frente de todos. Um beijo avassalador.

As duas se beijavam e abraçavam como se fossem morrer minutos depois. Desde que se conheceram aquele sem duvida foi o momento mais intenso protagonizado por elas

- Detentas, parem. - Os policiais que acompanhavam Brittany gritaram, afastando as duas. O beijo havia terminado.

- Vamos embora, já passou da hora.

Os dois seguraram Brittany pelos braços e a tiraram dali.

Lia, Angela e Mariah ficaram paradas, com lagrimas e sorrisos nos rostos.

Alice não conseguiu reagir. Ver sua amada partindo para sempre daquele lugar a fez paralisar.

Aquele era o fim.

Brittany se deixou levar pelos rapazes, mas momentos antes de desaparecer pelos corredores falou em voz baixa, somente para ela mesmo ouvir. - "Eu te amo minha loirinha" e saiu.

No mesmo momento Emma se fez presente, estava desacompanhada.

- Ora Ora, perdeu dois coelhos numa cajadada só né loirinha? Ou melhor, duas pessoas em duas semanas. - A megera gargalhou.

Alice que segundos antes viveu o memento mais intenso de sua estadia ali, agora vivia o de maior ódio. Por causa de Emma não pode passar os últimos dias ao lado de sua amada. Toda aquela confusão foi iniciada pela mulher, Emma quem a entregou, e quem sabe não foi Emma que também armou contra Christian? Mas isso não importava agora, a única coisa que martelava na cabeça de Alice era " Foi sua culpa, sua culpa. Desgraçada."

- O que é? Vai chorar de amor gatinha? - Emma não sabia onde estava se metendo naquele momento. Tirou sarro da cara de Alice passando a mão sobre o cabelo loiro da garota.

Um estrondoso murro acertou o olho da megera, que voou no chão. Alice como um leopardo pulou sobre a mulher num salto de outro mundo, no mesmo segundo começou a socá-la sem parar. Foram vários e vários socos. Sangue, muito sangue escorreu.

Alice estava cega de ira, cega como nunca havia estado. Espancava Emma na frente de todos.

Sentia sede de vingança, a intenção era mata-la.

Só acordou do "transe" quando foi retirada de cima da mulher. Emma estava desacordada.

A loira foi arrastada por três carcereiros para fora dali, e só se deu conta da gravidade daquela briga quando olhou sua mão, a mão que esmurrou o rosto de Emma.

Estava esfolada, quase em carne viva. Os socos foram tão poderosos que acabou machucando sua própria mão e quebrado um dos dedos.

"Meu Deus, eu a matei?" Se desesperou ao cair em si.

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