Capítulo 21

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Os dias foram se passando e as coisas se encaixando cada vez mais. Aquilo tudo não era mais uma novidade para ela. Alice já sentia-se relativamente em casa. Por fim se acostumou com toda aquela rotina sentencial. Café da manha, descanso, almoço, trabalho, banho e cama. Essa era basicamente a rotina de todas ali. Uma monotonia enlouquecedora. Obviamente existiam imprevistos por ali, e não eram poucos. Desentendimentos, brigas entre detentas, pancadaria e tudo mais que se remetesse a um presidio feminino, mas sempre tudo acabava por ser controlado. A rigidez por ali era quase general, talvez por isso fosse tão difícil os momentos mais íntimos entre Britt e Alice, ou qualquer outro casal lésbico por ali, que não eram poucos. Atividade homossexual naquela penitenciaria era estritamente proibida. Cabível de advertência ou até algo mais grave.

- Alice Wolks Lier? - A voz imponente de uma policial interrompeu a conversa de Alice, Brittany, Lia, Mariah e Angêla. Que papeavam em um sábado de descanso na precária área de lazer do local.

Era dia de visita, e como nenhuma das moças esperavam por alguém, resolviam aproveitar o tempo para conversar.

- Sim sou eu. - Alice se levantou, ficando frente a frente com a policia.

- Você tem visitas, esta sendo esperada na sala principal.

Alice parecia não acreditar. Quem poderia ser? Já estava ali a mais de 6 meses e nunca recebeu qualquer tipo de visita. Não esperava por ninguém naquele dia.

- Quem é?

- Não sei te informar. É melhor correr pois o tempo já está correndo. Vocês não tem muito tempo. - A policial fechou seu caderno de anotações, girou nos calcanhares e desapareceu.

As outras garotas olhavam sem muita importância para Alice, exceto Brittany.

- Vai logo. - Brittany a incentivou.

- É garota, vai ver quem é. - Lia completou.

Alice sem muito esperar, também girou nos calcanhares e rumou a sala de visitas.

- Mãe? Pai? Eu não acredito.

Alice apertou os passos ao ver seus pais sentados em frente a uma pequena mesa quadrada.

A sala era bastante ampla, e muito simples também.

Varias e varias mesas e cadeiras espalhadas pelo local. Onde de um lado sentava-se as visitas e do outro as presidiarias. Alguns policias faziam a segurança do local, rondando mesa a mesa, tirando qualquer tipo de privacidade entre as famílias.

- Chega! - Um policial afastou Alice de seus pais, cessando um intenso e caloroso abraço iniciado.

- Mas ela só estava nos abraçando. - Sr. Wolks protestou.

- E eu só estou seguindo ordens. - O policial num ar irônico o respondeu e continuou sua patrulha pelo lugar.

- Tá tudo bem Pai. - Alice o acalmou, fazendo menção com a mão para que seus pais se sentem. Também sentando logo em seguida.

- Eu não acredito que vocês estão aqui. Por que não vieram antes? - Alice parecia eufórica com a situação. Não sabia ao exato o que sentia, se era raiva ou felicidade. Raiva por eles só aparecerem agora, e felicidade por eles aparecerem.

- Quisemos te dar uma lição, um corretivo Alice. Nós dois avisamos você. - Sra. Wolks se mostrava bastante abalada por ver sua linda filinha naquele traje que para ela era tão humilhante.

- Mas não conseguimos. Sentimos saudade. - Sr. Wolks repousou sua mão sobre a mão de Alice que estava apoiada sobre a pequena mesa que os separava.

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