Capítulo 26

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Brittany paralisou. Alice nunca tinha falado desta maneira com ela. Apesar de todas as brigas dos últimos dias nunca houve falta de respeito de uma com a outra.

- Desculpa Britt, eu estou nervosa. Acho que estou enlouquecendo aqui dentro.

- Eu não tenho culpa disso Alice, você está agindo como se eu fosse a culpada de tudo que te acontece.

- Não é isso, eu só não estou acostumada, é muita coisa na minha cabeça. Eu achei que estava me habituando a essa vida mas vejo que não, cada dia é uma nova surpresa. Não sei se aguento.

Brittany se sentou sobre a cama, apoiou os cotovelos nos joelhos e afundou seu rosto em suas próprias mãos. Respirou fundo.

- Eu deveria ter percebido que você não era pra mim. Ainda é uma menina, uma criança.

- Eu não sou uma menina, eu sou mulher Brittany. Este lugar fez eu me tornar uma mulher, você me fez mulher.

Alice se sentou ao lado de sua namorada e passou um de seus braços sobre seus ombros, a abraçando.

- Me desculpa.

- Ok, está tudo bem.

- Detentas. O que estão fazendo por aqui? Não deveriam estar trabalhando?

O policial Christian entrou de supetão no quarto, acompanhada de outra carcereira.

- Advertência para as duas.

A carcereira retirou seu bloco de notas do bolso, parecia sentir prazer em distribuir advertências entre as presidiarias do local.

- Não, tudo bem Elisabeth, vamos dar uma chance pra essas duas.

Christian levou sua mão sobre a mão da policial  Elisa, fazendo-a guardar seu bloco de anotações.

- Que isso não se repita detentas. Da próxima vez será duas advertências para cada.

O policial falou com a voz grossa, parecia querer assustá-las.

Elisabeth por sua vez apenas balançou com a cabeça e deu um meio sorriso, como quem dissesse “ Tiveram sorte desta vez” e saiu.

- Por pouco em meninas. Da próxima vez sejam mais cautelosas.

Brittany o fuzilou com os olhos. Já estava completamente irritada.

- Não precisamos da sua ajuda. Estávamos erradas, o certo seria sermos castigadas.

A morena se levantou, ficando completamente ereta em frente ao policial, a sensação era de que a mulher queria o peitá-lo.

- Eu só achei que...

- Achou errado. Eu não preciso de sua compaixão.

Alice também se levantou.

- Brittany, chega... Desculpe policial Christian.

- Está tudo bem Alice.

O rapaz sorriu.

- Alice? Como ele sabe seu nome?

Brittany se virou, ficando agora frente a frente com sua namorada.

- Ué, ele trabalha aqui. É mais do que normal ele saber o nome das detentas.

- Não mesmo, são centenas. Por qual motivo ele saberia o seu?

Alice fez um gesto negativo com a cabeça, e virou os olhos como quem dissesse “Eu mereço”

- Normal, eu sei o nome de algumas detentas daqui. Faz parte do meu trabalho... Alias, você e Britt não é? Prazer, meu nome é Christian.

O policial estendeu a mão, a espera de um aperto vindo da morena.

- Detenta Brittany para você. - A garota o deixou no vácuo. - Ou melhor, somente “Detenta”.

- Desculpa, só tentei ser gentil.

O rapaz recolheu a mão, aparentemente encabulado. Alice apenas observava.

- Não precisa ser gentil. Na verdade nem deveria. O seu papel aqui é manter a ordem, somente isso. Gentileza não faz parte das suas funções. Além do mais todos sabemos que a relação entre carcereiros e detentas deve ser a minima possível. Então nos trate apenas como detenta. Eu sei que não vem ao caso mas enfim. Você deve saber o quão proibido são alguns tipos de relações entre funcionários e presas né? Não é bem visto.

Brittany deu um leve sorriso mas nem isso escondeu a raiva que a garota sentia naquele momento. Certamente ela estava começando a sacar o que estava rolando por ali. Os olhares de Christian e Alice a todo momento se encontravam. Parecia ser olhares de intenso desejo. Mesmo não querendo transparecer, Alice e Christian não conseguiram esconder a fagulha entre eles.

Brittany percebeu exatamente o que estava se passando por ali. “ A patricinha hétero mimada se apaixonou pelo policial saradão. E eu sou apenas uma sapatão sonhadora me metendo no meio do casalzinho”.

-Sim, sei o quão proibido isso é, na verdade é quase tão grave como uma relação amorosa entre as próprias detentas.

A voz de Christian elevou um terço, seu peito estufou. Parecia ter comprado a briga.

Alice arregalou os olhos ao perceber o rumo que a conversa estava tomando.

- Você está insinuando alguma coisa? - Britt também estufou os peitos. Parecia ainda mais irada.

- Absolutamente nada detenta. Sua imaginação está bastante fértil.

“Filho da puta”Brittany soltou um xingo em sussurros, era para ter sido apenas um pensamento, mas por algum motivo ela o soltou.

- Desacato a autoridade. Isso vale uma advertência.

Christian retirou seu bloco de notas e fez menção de adverti-la.

- Por favor, não. Ela só está um pouco nervosa.

Alice interviu, tocando as mãos na pequena caderneta. Christian respirou e se calou por um momento.

- Ok, por você.

- Por você? O que está rolando nessa porra? Vocês dois parecem bem íntimos né?

Brittany estava furiosa. Alice percebeu que tocava as mãos do policial, e as retirou rapidamente.

- Brittany, chega né!

A loira gritou, Britt agia como uma criança mimada.

- Chega mesmo. Vou deixar os dois a sós.

A morena deu um esbarrão em Christian e saiu do dormitório. O clima era bastante tenso.

- É impressão minha ou ela tem ciumes de você?

Christian parecia um pouco confuso. Ou estava se fazendo.

- Ela é minha melhor amiga.

Alice mudou o assunto e também saiu do lugar, deixando o policial sozinho.

SolitáriaWhere stories live. Discover now