Capítulo 51 - Under the wings of death (Part. II - Final)

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Dizem que quando você está para dar a luz, é possível sentir uma sensação arrebatadora de liberdade. No caso de Louis, não foi isso que ele sentiu, talvez porque estivesse mais preocupado com as dores que eram como facadas contra sua barriga. As lágrimas que escorriam de seus olhos achavam repouso nas almofadas da maca da sala de cirurgia.

Estou pronto, dizia para si mesmo, eu me preparei por meses para esse momento. Mas era tudo tão assustador, estar ali sozinho, com a única pessoa conhecida, sendo o homem que iria abrir sua barriga.

Ouviu algumas pessoas falando, não com ele, ao menos não naquele momento, se contraiu com uma pontada mais forte e deixou um gemido sôfrego escapar depois de lutar para sucumbi-lo na garganta.

– Não podemos esperar mais... – ouviu alguém dizendo, a voz era distante e Louis não conseguiu diferenciar se era feminina ou masculina.

A vista estava ficando turva, e o coração batia com mais esforço, era doloroso demais.

– Injetem a anestesia. – Disse uma voz rouca e abafada. – Ficará tudo bem. – Olhou na direção de onde vinha o som e encontrou um homem em trajes azul escuro e uma máscara branca no rosto, reconheceu: Jared Padalecki. – Sua mãe quis entrar, mas achei melhor que ela ficasse na sala de espera.

– Okay. – Assentiu, logo colocando. – Os bebês. Salve-os. – Sussurrou sem forças e o homem soltou sua mão. Sentiu um leve ardor no peito e sua vista começou a escurecer de vez.

Ouviu, mesmo que baixo, os trechos de sua música preferida ecoando pela sala de operação: “Heroes”, David Bowie. Virou a cabeça para o lado encontrando uma figura que não se encaixava em todo aquele ambiente no qual estava. Rapidamente semicerrou os olhos para tentar enxergar melhor.

Era magro e alto, envolto por vestes negras, seu rosto tinha uma feição elegante e ligeiramente sensível, os olhos fundos e os lábios finos. Os cabelos loiros e apagados desciam até os ombros num corte estranho. Fez um aceno simples com os dedos longos e esqueléticos.

Primeiro uma onda de tristeza invadiu Tomlinson, logo em seguida, recebeu um olhar materno do ser parada perto da parede que lhe fez transbordar tranquilidade, e por um momento acreditou que a música que estava ouvindo vinha do corpo daquele ser.

“É você quem escolhe.” Ouviu a voz fina e tranquila do ser, soou despreocupada e até mesmo um pouco entediada.

Louis entendeu, por fim, quem era o ser e o que ele estava fazendo ali, e a única coisa que conseguiu dizer juntando todas as suas forças foi:

– Hoje não.

Sentiu uma ânsia o invadir e um peso ser depositado sobre sua barriga e quando pensou em chorar, sentiu uma mão segurar na sua, mesmo que não fosse um contato direto por conta da luva que a pessoa usava ele reconheceu tal toque.

O calor.

Levantou a cabeça minimamente e encontrou o rosto de Harry coberto por uma máscara cirúrgica. Mesmo usando aquilo, ele podia senti-lo sorrir.

Styles se abaixou na altura do rosto de Louis e sussurrou com uma voz controlada:

– Eu prometi que estaria sempre ao seu lado, que sempre te salvaria. Não tenha medo, por você e por mim, eu estou aqui.

E no meio de toda aquela névoa de agonia e amor Tomlinson sentiu sua barriga ser cortada, mas nenhuma dor o atingiu, além de um pequeno incomodo.

Ele podia sentir toda a movimentação e a invasão, era como estar ao norte do ceu e a oeste do inferno.

Logan estava sentado no terminal de desembarque enquanto Pietro brincava com os bonecos do Toy Story que Liam havia lhe dado antes de viajar para New York. Os dois estavam no aeroporto à espera de Daniel. O de olhos azuis se sentia feliz pela carreira do namorado, afinal tudo estava dando certo entre os dois, e não havia mais como voltar atrás.

When the Little Prince GrowsWhere stories live. Discover now