- Raksha! Raksha! - Suindara grita e dessa vez bate as asas sobre minhas patas para chamar atenção.
Funciona, ou quase funciona.
Olho para ela boquiaberta, mas ela não entende o porquê de eu estar assim.
Ninguém aqui entende.
Eu vi um ancestral buscando alguém, mas ninguém que estava perto do corpo sequer notou a presença dele e a alma do outro lobo deixando o seu cadáver.
Respiro fundo tentando digerir tudo que acabei de ver.
Fale com Suindara, ela ficou esses dias aqui, tenha a decência de perguntar se ela está bem.
Minha consciência me lembra de que estou encarando Suindara com os olhos vagos e distantes, sem dizer uma mísera palavra para ela.
- Suindara, como você está? - pergunto, balbuciando as palavras, o olhar voltando ao normal e o choque de ter visto aquilo tudo se dissipando mais rápido do que eu imaginava ser possível. - Sua asa está curada? Fiquei preocupada com você...
- Eu estou bem, Raksha, as corujas fizeram um ótimo trabalho com ervas e camundongos frescos. - ela abre as asas e voa ao meu redor. - Viu?
Faço um "uhum" baixo e ela volta a ficar na minha frente, me encarando.
- Bem... agora quero saber porque estava boquiaberta olhando para o nada. - ela fala com os olhos saltando de mim para o aglomerado de corujas e uma única loba entre elas.
Sinto como se ela já soubesse o porquê de eu estar assim, mas minto ao dizer que fiquei chocada com a morte do lobo.
Ela me olha incrédula, mas depois sua expressão se desfaz e ela aceita a mentira mal contada.
Sabe que eu vi algo.
E sinto que só posso falar sobre isso com Sune. Agora já é a segunda vez que vi um ancestral.
O aglomerado de corujas se desfaz, todas sussurram algo umas para as outras e Dikeledi se afasta do corpo já frio do lobo, ela fala algo para a coruja branca que apenas abaixa a cabeça solenemente e voa rápido para longe dali.
Não consigo ler a expressão de alfa quando ela se aproxima, os passos silenciosos e curtos.
- Para onde Tepi levou Azul? - ela pergunta, mudando sua expressão indecifrável para uma preocupação evidente.
Não me lembro da direção que Tepi tomou, apenas me lembro de ouvir ela e Azul se afastando.
- Não me lembro, ela se afastou rápido demais. - respondo rapidamente. - Mas não deve estar muito longe daqui, talvez estejam depois dessas árvores.
Viro a cabeça e aponto com o focinho para as árvores afastadas de nós.
- Hmmm. - ela murmura e seu olhar volta a encarar o corpo frio do lobo. - Tenho que chamar alguém para me ajudar a levá-lo para o bosque. Nix*, pode avisar aos familiares mais próximos? - Dikeledi chama sua coruja e ela concorda sem hesitar, desaparecendo entre a copa das árvores.
O silêncio se torna pesado como o manto da morte sobre todo o local, me sinto sufocada.
Dikeledi parece perceber minha expressão de desconforto e diz que posso procurar por Tepi e Azul, em seguida fala com Suindara.
Me viro para ir embora quando a voz da alfa me chama mais uma vez.
- Raksha, por que não acompanhou Tepi? - sua voz é curiosidade pura, como se soubesse que algo aconteceu.
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Raksha
FantasyUma loba que estava destinada a morrer, sobrevive, e poderá ter a chance de mudar sua vida de exilada, mas enquanto isso não acontece, ela deve continuar lutando por sua sobrevivência. Plágio é crime! {Esse livro contém alguns erros ortográficos}