Ossos

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Por favor me avisem se o capítulo estiver incompleto.

- Tikani? - sussurro para ele. - O que aconteceu?

Sinto meu sangue ser bombeado rapidamente para todas as extremidades do meu corpo, isso está me deixando nervosa.

Os lobos continuam a conversa, indeferente à nós dois.

- Aquele lugar... aquilo... - os olhos deles vagueiam de um canto a outro mas logo param nos meus. Há terror neles.

- Tikani..? Me conte o que você viu no bosque. - tento parecer calma, mas minha voz e expressão mostram o espanto que estou sentindo.

- Vamos para outro lugar. - ele diz olhando para os lobos e dá passos rápidos.

O sigo sentindo um nó se formar no meu estômago.

Sigo ele até uma parte da floresta onde há várias pedras planas, algumas inclinadas e outras rachadas.

Ele se senta sobre uma delas.

Eu prefiro continuar de pé, estou nervosa demais para ficar sentada.

- Pelos ancestrais! Tikani me conte logo! - falo alto o suficiente para fazer os pássaros se calarem.

Ele ignora minha reação desesperada e parece procurar palavras para me dizer o que viu.

- Aquele bosque, foi a coisa mais estranha e assustadora que já vi, e não foi pelos corpos e ossos espalhados. Foi pelos corvos, pelo próprio lugar, aquela energia insuportável de morte que emana dele. - observo o seu corpo e sua expressão, ele parece exausto.

- Corpos? - pergunto tentando processar todas as informações. Eu sei muito bem o que há naquele bosque, mas, quero ouvir Tikani me contar o que viu.

- A maioria são esqueletos expostos com uma lama negra embaixo, mas haviam outros, sendo devorados por vários corvos... quando deixamos o cadáver do pai de Nuk, os corvos se aproximaram em círculo, disseram algumas palavras numa língua desconhecida e começaram seu "trabalho". - Tikani solta um longo suspiro. - Sei que isso não parece assustador agora, mas... naquele momento foi algo surreal, tudo é estranho naquele lugar.

- Sei disso. - sinto uma vontade súbita de comfortá-lo, detesto vê-lo assim, triste. Me aproximo dele e lhe dou um pequeno "abraço" no pescoço. - Os corvos...

Minhas palavras pairam no ar como um eco sem retorno.

- Os corvos. - repito. - Há algo acontecendo comigo... e sei que os corvos ou pelo menos um deles, está envolvido nisso.

- O que está acontecendo com você? - sua voz passa de tristeza para preocupação num salto de cervo.

- Ah... coisas estranhas.

Os olhos azuis e inquisidores me fazem contar toda a história sobre aquele "sonho" com os corvos devorando meu corpo.

Tikani fica quieto e pensativo demais enquanto conto todo o sonho.

- Sune disse que sou especial.

- Sune?

- Raposo, o ancião, você ainda não o conhece.

Ele fica quieto por alguns minutos mas logo diz:

- Nuk tinha uma expressão desolada estampada no rosto, mas não chorou, ficou apenas observando tudo com os olhos vazios. - Tikani mexe uma das orelhas, noto que seus pelos estão mais escuro e pouco a pouco sua feição de animal doméstico se desfaz dando lugar a uma selvagem.

- Deve ser difícil para ele. - o respondo.

- Vamos andar um pouco? Quero esquecer aqueles corvos. - ele diz, o focinho se movimenta levemente a procura de alguma brisa fresca que nos leve para algum lugar agradável.

RakshaWhere stories live. Discover now