Capitulo 33

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Depois do encontro com o Luke, o Niall e o Harry acompanharam-me a casa. Metade da viagem foi feita em silêncio. Não estava com disposição para falar, e eles tinham-se apercebido disso. Mas quando nos estávamos a aproximar de casa da minha tia, os dois rapazes pediram-me para passar por casa deles o mais cedo possível. Eles parecia um tanto carentes em relação ao grupo de amigos.

Para ser sincera, nunca pensei que as pessoas se fossem afastar desta forma uns dos outros e isso deixava-me triste. Eu lembro-de dos meus amigos de uma determinada forma - sempre unidos, passando grande parte do tempo juntos - e saber que eles já não se encontram da mesma forma deixa-me triste, porque eu adorava o relacionamento que tínhamos uns com os outros, adorava o facto de passarmos grande parte do dia juntos.

"Amanhã, no fim das aulas, eu vou a vossa casa." Informei. Ambos sorriram perante a minha afirmação, mas a face do Niall mudou, de um momento para o outro.

"Esquecemos completamente de te avisar." O rapaz loiro, que caminhava lado a lado comigo, disse, levando uma mão ao cabelo e agitando-o. "Nós desistimos da escola." Olhei para ele com as sobrancelhas franzidas. "Depois dos atentados à nossa vida, nós decidimos começar a alimentar-nos de humanos e sair da escola. Mas a Danielle e a Bea não desistiram." Olhei para a frente.

"Porque é que vocês começaram a alimetar-se de humanos?"

"Temos de nos preparar para o que quer que seja que nos anda a ameaçar." O Harry explicou, convicto das suas palavras. Dava a entender que não se sentia minimamente mal por se alimentar de pessoas inocentes e que a justificação para tal era válida. "Quem nos tem atacado vai-se revelar, eventualmente, e, como não sabemos contra o que temos de lutar, temos de nos preparar da melhor maneira possível."

Eu permaneci em silêncio durante alguns segundos, enquanto eles esperavam que eu dissesse alguma coisa: que aprovasse ou não a decisão que tinham tomado.

"Sabem que mais? Eu não quero saber se vocês se alimentam de humanos ou não, desde que não toquem na minha família."

Desde a morte dos meus pais que eu tenho ignorado grande parte do que se passa à minha volta. Tenho pensado demasiado nos meus progenitores e na forma como vou punir a Cece, caso a apanhe. Para além disso, não tenho interesse em nada mais. Há algumas semanas atrás, eu reprovaria a ideia de os meus amigos se alimentarem de humanos, mas agora, não quero saber. Desde que eles não se aproximem da minha família e não matem pessoas, eu não me importo.

"Não estávamos à espera dessa reação." O Niall comentou, evidentemente admirado.

"O que é que o Zayn está aqui a fazer?" As palavras do Harry fizeram-me olhar em frente. À porta de casa da minha tia encontrava-se o Zayn, com as mãos nos bolsos e um olhar sério.

"Obrigada por me terem acompanhado." Agradeci aos dois rapazes, sorrindo para ambos. Estes, percebendo que eu queria ser deixada sozinha com o Zayn, caminharam na direção oposta à minha, depois de se despedirem.

Aproximei-me do Zayn, enquanto era observada por ele. A sua expressão facial era difícil de decifrar. Parecia não estar associada a qualquer tipo de sentimento.

"O que é que estás aqui a fazer?" Perguntei. Observei os seus olhos castanhos, há espera de tirar deles alguma informação, mas eles mostrava-se tão frios como o seu rosto. Ele passou a língua pelos lábios e, depois de alguns segundos em silêncio, respondeu com outra pergunta.

"Porque é que me tens evitado?" Eu permaneci parada. Não sabia o que lhe dizer. Na realidade, nem sabia ao certo porque o tinha ignorado durante este tempo todo. "Desde o que aconteceu aos teus pais que não te vi. Venho aqui e tu mandas a tua tia dizer que não estás, ignoras as minhas chamadas e não me respondes às mensagens." Ele baixou a cabeça, suspirou e tirou as mãos dos bolsos. A sua face não se encontrava como anteriormente. Agora, conseguia entender que ele estava frustrado, triste, um pouco zangado. "Eu tentei dar-te o meu apoio, porque sei que precisas de alguém que o faça, mas tu preferiste ignorar-me. E agora pergunto. Este desprezo que me tens dado, tem a ver com o facto de os teus pais terem morrido às mãos de um vampiro?" 

Baixei a cabeça. Não tinha a certeza se era por esse motivo que andava a ignorar o Zayn ultimamente. Podia dizer que a morte dos meus pais estava a ser mais difícil que aquilo que imaginei, mas não tinha a certeza se esta era a realidade. Eu estava confusa. Precisava de pensar. Talvez até tenha sido por este motivo que me afastei dele e dos meus amigos. 

Voltei a erguer a minha face. Limpei as lágrimas com as costas das mãos e clareei a voz. 

"Eu preciso de algum tempo sozinha para pensar." Disse. Ele suspirou, mais uma vez. 

"Jennifer." A sua voz parecia agora mais calma, menos irritada e zangada. Ele colou a mão na minha face, acariciando-a com o polegar."Eu sei que às vezes não sou o melhor namorado, que tenho um mau temperamento e que posso passar uma ideia errada das minhas intenções, mas eu quero que tu passes por isto da melhor forma possível. E gostava de poder estar ao teu lado e ajudar-te a ultrapassar isto." 

"Eu sei, mas eu preciso de pensar naquilo que aconteceu e no que quero fazer daqui para a frente." 

Uma das desvantagens dos vampiros, para além de eles conseguirem fazer dos humanos aquilo que querem, é que eles são uma espécie de toxina. Todos os que se envolvem com eles, acabam magoados. E o número de pessoas a quem isto acontece vai aumentando todos os dias. Agora precisava de decidir se me tornava uma deles, o que traria a vantagem de poder proteger as pessoas com quem me preocupo, ou se continuava humana e continuava a confiar nos meus amigos para fazerem esse trabalho. 

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