Capitulo 12

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Liam's POV

Mullingar, outubro de 1965

"Expliquem-me outra vez porque é que me obrigam a andar na escola!" O Zayn queixou-se, mais uma vez, do facto de nos termos inscrito numa escola. Tanto o Louis como o Zayn já tinham concluído a escola, no entanto, eles precisavam de se integrar na sociedade e não existia nada melhor para isso que frequentar a escola.

Além disso, eu tinha de acabar o décimo segundo ano e eles tinham de estar por perto, para me protegerem e protegerem os outros de mim, caso eu tenha uma recaída. Apesar de já não atacar ninguém há mais de um mês, é mais seguro ter os meus amigos por perto. Até porque, a partir de agora, vou conviver com muitas pessoas diariamente, coisa que não aconteceu nos últimos meses.

Saímos da escola em silêncio. Estes dias não temos comunicado muito. Isto deve-se ao facto de há poucos dias ter morrido o último familiar próximo do Louis. Isso deixou-o triste e, tanto eu como o Zayn, não sabemos o que dizer para o fazer sentir melhor. Por isso, preferimos estar calados para que não digamos alguma coisa que o possa magoar.

Em poucos minutos, chegamos à casa que tínhamos escolhido para viver durante a nossa estadia em Mullingar, o que espero que dure mais de um ano. Pelo que o Zayn e o Louis me contaram, eles não costumam conseguir ficar numa cidade por mais de meio ano. Muitas vezes nem chega a isso. Há sempre alguém que descobre que eles são vampiros e que os tentam caçar e, como é óbvio, eles fogem.

Os humanos têm um sítio seguro para se esconderem dos vampiros: as suas casas. Se um vampiro não for convidado a entrar, não consegue invadir a casa. Já os vampiros, não têm um lugar que os proteja. As suas casas podem facilmente ser invadidas por caçadores e, se estes tiverem experiência e forem bons no que fazem, facilmente conseguem matar um vampiro enquanto ele dorme.

"Ouviram isto?" O Louis perguntou, fazendo-nos parar. Ele parecia concentrado em tentar encontrar a fonte do que quer que seja que ele ouvido. Tentei fazer o mesmo, mas a única coisa que conseguia ouvir eram as folhas serem agitadas pelo vento.

"Parece alguém a chorar." O Zayn afirmou. Soltei um pequeno suspiro e segui os meus amigos para a mata, supostamente de onde o barulho vinha.

Era frustrante quando momentos deste género aconteciam, quando eles conseguiam ouvir coisas que eu não conseguia, quando corriam mais depressa que eu, quando era evidente que a força deles era mais que a minha. Isto porque eu ainda era um novato e eles são alguns anos mais velhos que eu.

Um choro fraco foi atingindo os meus ouvidos lentamente, acompanhado por algumas lamentações. As quais eu não percebia devido ao sotaque da pessoa.

Não tardou muito a depararmo-nos com um cenário devastador. Era horrível o que estava perante os nossos olhos. A pessoa que ouvimos chorar tinha razões para o fazer.

No meio do arvoredo alto, encontramos um monte de pessoas. Sangue estava espalhado por todo o lado. Nas árvores, no chão coberto de folhas, nas rochas revestidas por musgo. Olhando com mais atenção para as pessoas, podíamos observar que nem todos os membros do corpo estavam nos seus respectivos lugares. Havia braços e mãos separados do resto do corpo, tal como cabeças e pernas. Este era o pior cenário que eu já presenciei. Era horrível.

Encostado a uma árvore, encontrava-se um rapaz loiro. O seu rosto era escondido pelos seus braços, que se apoiavam nos joelhos.

"Oh meu deus." A sua voz era fraca e rouca. Provavelmente devido a estar a chorar há já algum tempo. "Porquê a mim? Que mal fiz eu?" Soltou um soluço, voltando de seguida à sua lamentação. "Eu sou uma desgraça." Afirmou. Começava a ficar com pena do rapaz. Era evidente o seu arrependimento em relação às suas atitudes, em relação ao assassinato de, no mínimo, sete pessoas. "Sou um assassino com cara de anjo."

You and I 2 - Changes Where stories live. Discover now