Capitulo 28

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Era-me quase impossível abrir os olhos. De um momento para o outro, as minhas forças desapareceram quase por completo. A única coisa que me informava que não estava inconsciente era o facto de ouvir a agitação no interior deste quarto e a sensação do chão frio e duro no qual eu estava deitada. Tentei erguer-me, mais uma vez, mas tal como nas anteriores tentativas, falhei.

Eu estava desesperada, neste momento. Não por causa da minha falta de forças nem pelo que me poderia acontecer, mas sim pelos sons de luta que ouvia à minha volta: grunhidos causados pela força do ataque, pela dor sofrida, peças de mobília serem partidas.

Temia que o Dave conseguisse aquilo que queria. Afinal, ele é mais velho que os meus amigos e, como é óbvio, tem algo planeado para aumentar a sua vantagem contra eles.

"Vocês são tão fracos." O Dave falou, evidentemente animado com a situação. Ele parecia estar a desfrutar do momento. O que me levava a pensar que o Louis e o Zayn estavam a levar uma tareia. "Chega a ser ridículo."

As suas palavras fizeram com que o aperto que tinha no peito aumentasse. Imaginar pessoas que adoro serem espancadas deixava-me aflita. Eu precisava de fazer alguma coisa. Precisava de os ajudar de alguma forma. No entanto, o esforço que tenho vindo a fazer para esse efeito tem sido inútil. Devo ter perdido mais sangue que aquilo que pensava.

Um grito mais alto vindo do Louis, seguido do que pareceu ser a secretária partir, fez-me ganhar força suficiente para erguer ligeiramente a minha cabeça. Tentei adaptar o melhor possível a minha visão à luminosidade. As luzes estavam agora ligadas, permitindo-me ver melhor. Mas, a minha visão estava turva. Obviamente devido à quantidade de sangue que perdi.

Observei, lentamente e com alguma dificuldade, o cenário à minha volta. De facto, a secretária que estava a poucos metros de mim estava partida. Entre os pedaços de madeira desta, encontrava-se o Louis. A sua face mostrava o cansaço e a dor física que sentia, tal como a quantidade de porrada que tinha levado. Os seus lábios estavam rachados, os dentes manchados com o vermelho do sangue, um olho negro, um fio de sangue a deslizar do seu nariz até ao lábio superior.

Quando olhei para o Zayn, reparei que ele estava nas mesmas condições que o Louis. A sua face ensanguentada deu-me ainda mais vontade de chorar. Mas quando os meus olhos caíram sob o corpo do Dave, o terror instalou-se em mim. As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos descontroladamente, os soluços saiam dos meus lábios de forma repetitiva e intensa.

O Zayn, que se encontrava sentado num canto do quarto com alguma dificuldade de movimento, ficou estático ao ver que ele se aproximava com uma estava de madeira na mão. Ele estava assustado. Vi o pânico nos seus olhos. De facto, nunca o tinha visto com tanto medo, mesmo depois das várias tentativas do Luke de o matar. Acho que isto se deve ao Dave ter conseguido provar que consegue matá-lo sozinho, ao contrário do Luke.

Chamei pelo Zayn, na tentativa de o fazer reagir. Ele estava numa espécie de transe e o Dave estava a escassos metros dele. A minha voz, traindo-me, não passou de um sussurro quase inaudível. Mas nesse mesmo instante, o Zayn ergueu-se. Não me olhou. Permaneceu focado no Dave e nos seus movimentos.

Ele precisava urgentemente de ajuda. O Zayn estava tão fraco, tão cansado, que o Dave ia conseguir espetar-lhe a estaca no peito sem grandes dificuldades. Mas ninguém estava em condições de o ajudar. O Liam ainda estava inconsciente, amarrado à cadeira que tinha caído durante a luta. O Louis ainda estava a recuperar as suas forças para se conseguir levantar. E eu, não podia fazer nada. Estava sem forças e nunca iria conseguir impedir o Dave de conseguir o que queria.

Olhei para o Louis, expressando toda a minha súplica. Ele apercebeu-se do meu desespero e do facto de que, se não fizesse nada, o Zayn poderia morrer. Ele ergueu-se o mais depressa que conseguiu, mas não deu um único passo. O seu corpo congelou no exato momento em que um grito alto saiu através dos lábios do Zayn.

A madeira da estaca tinha perfurado a sua zona abdominal. Estava relativamente longe do seu coração, mas não foi por isso que me deixei de preocupar. O Dave tinha algo profundamente doloroso planeado para o Zayn, por isso era óbvio que não o ia matar tão facilmente.

O meu namorado levou as suas mãos à estaca, com a intenção de a tirar do seu corpo e aliviar a dor. Mas antes que ele conseguisse puxar aquele pedaço de madeira aguçado, o Dave levou as mãos à sua cabeça e partiu-lhe o pescoço.

O Louis, que tinha ficado paralisado até este momento, correu na direcção do Dave com toda a velocidade. A raiva que se instalou no seu corpo pareceu dar-lhe forças para voltar a lutar com o Dave. Não consegui ver os seus movimentos devido à rapidez deles, mas ouvi a janela partir e o som de dois corpos caírem no chão, no exterior do edifício.

Voltei a focar a minha atenção no Zayn. Sequei as lágrimas dos meus olhos para que a minha visão melhorasse. Mas não adiantou. Eu estava demasiado fraca e isso reflectia-se na minha capacidade de visão. No entanto, não consegui ficar parada sabendo que o meu namorado estava a poucos metros de mim com uma estaca no seu corpo. Ignorei toda a dor corporal que sentia, ignorei o facto de os meus olhos não me permitirem ver bem, ignorei a dor de cabeça que tinha e que aumentava ao mínimo movimento que fizesse. Ignorei todos os sinais que me obrigavam a ficar quieta e tentei mover-me na direcção do Zayn.

Não tentei pôr-me de pé, porque sabia que não ia conseguir. As minhas pernas estavam dormentes e quase não as conseguia mexer. Limitei-me a arrastar o meu corpo pelo quarto, lentamente, apenas com a ajuda dos meus braços que tremiam cada vez mais. As lágrimas voltaram aos meus olhos. A raiva apoderou-se de mim devido à minha fragilidade. Eu não conseguia fazer nada para proteger os meus amigos ou para os ajudar. Pelo contrário, eu era usada para os pôr em perigo.

Os meus braços deixaram de ter força suficiente para continuar a arrastar o meu corpo pela divisão e o cenário à minha frente foi escurecendo progressivamente. 

You and I 2 - Changes Where stories live. Discover now