You and I 2 - Changes

Capitulo 10

Zayn's POV

New York, 1924

Sexta à noite era a altura da semana em que a cidade se enchia de casais apaixonados e de grupos de amigos que saiam para se divertirem. Era, sem dúvida, o dia da semana em que existia quantidades de sangue mais elevadas a serem transportadas pelas ruas. Era também o dia em que a sede era mais difícil de controlar. E era o dia em que me podia alimentar mais facilmente de alguém. A confusão era tanta que ninguém repararia na existência de um vampiro no meio deles, e que esse mesmo vampiro estava a beber do sangue de alguém.

Existia sempre sangue derramado às sextas. Algum devido a cenas de pancadaria, outro por um motivo de descuido em que alguém se cortava numa garrafa de vidro partida. Eram cenários muito diferentes, mas que causavam o desequilíbrio de todo o meu controlo. O meu e dos meus novos amigos. Louis e Tiffany.

Depois de eu e o Louis andarmos algum tempo sem nos entendermos, pela sua falta de respeito para comigo no dia em que me transformou, decidi esquecer o passado e juntar-me a ele e à sua namorada numa viagem pelos Estados Unidos. Por vezes sentia-me mal, ao vê-los em cenas mais íntimas, mas tentava não me mostrar desconfortável. Afinal, era eu quem estava a mais e não queria que eles se arrependessem de me terem convencido a vir com eles.

A escuridão envolvia os corpos que percorriam a cidade animadamente. Casais percorriam as ruas de mãos dadas, com sorrisos enormes nos rostos. Grupos de amigos formavam uma roda enquanto falavam agitadamente sobre algo ou alguém.

Eu e o Louis encontrávamo-nos encostados a uma parede com os braços cruzados. Os nossos olhos percorriam todos os corpos que passavam à nossa frente. Um aperto começava a formar-se na minha garganta. Este era o único dia da semana em que estava permitido a beber sangue humano. Todos os outros dias, tinha de me desenrascar com outro tipo de líquido. Não tão bom nem com tanto poder para reestabelecer energias.

A namorada do Louis estava no lado oposto da rua. Os seus cabelos castanhos lisos eram agitados pelo vento, dando-lhe um ar mais sensual. Nunca percebi bem porquê, mas eu só podia agir depois do sinal da Tiffany, assim como o Louis. Se ela não me acenasse com a cabeça, ou então murmurasse um 'vai', eu não podia sequer aproximar-me de uma pessoa.

Acho que tem a ver com a nossa segurança, visto que ela é cerca de sessenta anos mais velha que eu e, por isso, tem os sentidos mais apurados.

Não demorou muito tempo até que ela disse-se que eu podia agir, felizmente. Começava a ficar louco com esta espera. Estava ansioso por poder beber sangue humano.

Desencostei o meu corpo da parede e caminhei na direcção da multidão, envolvendo-me nesta. As minhas mãos encontravam-se nos bolsos das calças. Rodei a cabeça em todas as direcções, à procura de um alvo fácil. Uma pessoa que estivesse sozinha ou então excluída de um grupo. Não demorou muito a encontrar alguém assim.

Uns metros à frente, encontrei uma rapariga baixa e magra. Um casaco verde revestia o seu tronco, enquanto nas suas pernas eram envolvidas por umas meias brancas. Ela encontrava-se de pé à porta de um pequeno bar que já frequentei algumas vezes. Os seus olhos azuis analisavam a face de todas as pessoas que por ela passavam. Provavelmente estava à espera de alguma amiga ou algo do género.

Aproximei-me da loira lentamente e, quando esta estabeleceu contacto visual comigo e se apercebeu que me dirigia a ela, o seu batimento cardíaco acelerou e a respiração tornou-se irregular.

"O que fazes aqui sozinha?" Curvei os meus lábios, apenas para esconder a vontade que me tinha de me espancar.

Já fazia este tipo de coisas há quase meio ano e as minhas técnicas de sedução, por assim dizer, estavam cada vez pior. A pergunta que eu fiz era completamente ridícula, visto que ela não estava acompanhada e evidentemente, estava à procura de alguém. E para além disso, ninguém começa uma conversa com 'o que fazes aqui sozinha?' Era nestes momentos que desejava ser como o Louis.