Capítulo 23

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Ah! Como é incrível estar novamente em seus braços.


"A noite das meninas" não foi das melhores. Quando Melissa chegou, Hanna já estava assistindo ao terceiro filme.

— Você demorou.

— Desculpe, me empolguei com a Vitória e depois...

— Depois? — Hanna percebeu um olhar triste em seu semblante.

— Ah, deixa pra lá. Não vale a pena falar disso. Vamos ver os filmes. — Jogou-se em meio aos travesseiros, evitando encarar a amiga.

— O Érique é bem teimoso mesmo.

A amiga não disse nada, preferiu guardar tudo para ela. Pelo jeito o melhor seria esquecê-lo de vez e seguir adiante. Realmente estava tudo acabado! Quem sabe o filme a animaria?!

Mas não foi o que aconteceu, deixou-a ainda mais desanimada. O melhor era passar alguns meses sem ver nenhum romance.

Érique estava impaciente, andava de um lado para outro. Por que Melissa era tão teimosa? Não podiam simplesmente revolver as coisas? Arrependia-se por ter guardado o segredo, pois ela merecia saber e, quando mais precisou dele, ele afastou-se.

Como queria contornar a situação e mudar as coisas. Queria volta no tempo e ter ficado ao lado da sua amada. Agora já não sabia se um dia voltariam a se entender.

Olhou para Vitória que ainda dormia. Lembrou-se de como Melissa ficava com a pequena. Seria uma mãe maravilhosa. Disso tinha certeza.

Jogou-se em sua cama, relembrando de todos os momentos que passaram juntos. Nunca havia se apaixonado daquela maneira. Melissa era doce e, ao mesmo tempo, incrivelmente forte. Ela fazia essa junção se tornar tão especial, que ele só conseguia amá-la ainda mais. E como a amava!

Melissa virava de um lado para o outro, não conseguia dormir. A sessão de cinema terminou cedo pela quantidade de mosquitos que invadiram a casa da árvore. Não tinha como dormir naquele lugar, então acabaram indo para o quarto de Hanna.

A casa estava silenciosa, escutava apenas o barulho dos grilos e dos sapos. Mas não era isso que a impedia de dormir. Não conseguia parar de pensar em Érique e naquela discussão sem fim.

Levantou-se e calçou o chinelo. Havia uma pequena varanda na parte da frente da casa. Com cuidado, abriu a porta e ficou de pé, observando aquela noite. Era lua cheia e isso deixava a noite mais clara e, de certa forma, mais atraente.

Melissa contemplou aquele céu, as estrelas, a lua. Era tudo muito lindo, brilhante, mas isso não impedia que as lágrimas descessem sob sua face. Ela suspirou profundamente enquanto relembrava o tempo em que estiveram juntos. Cada conversa, cada gesto, cada abraço, cada beijo, tudo tão perfeito mesmo em suas imperfeições, mesmo sabendo o quanto ele era teimoso às vezes. Já discutiram, mas sempre se entendiam. Ele gostava de resolver as coisas logo, o que a surpreendia ainda mais. Como aprendeu com Érique... E a possibilidade de não sentir mais os seus lábios, o seu abraço, isso a atormentava. Sentia falta de conversar, de simplesmente estar em sua presença.

Repentinamente, sentiu alguém atrás dela, antes que pudesse gritar ou fazer alguma coisa, a pessoa envolveu-a pela cintura.

— Eu te amo, Melissa! — Escutou aquela voz grave e forte sussurrar em seu ouvido, fazendo com que se arrepiasse toda.

O coração bateu mais rápido. Não conseguiu dizer nada, deixou que aquele abraço perdurasse por muito tempo. Ouvir aquelas palavras era como se anjos cantassem para ela.

Érique apoiou a cabeça no ombro da amada, sentindo sua respiração. Ambos estavam agitados com o toque um do outro. Não precisavam mais discutir, simplesmente tinham que se entender. Ele beijou-a no pescoço e, então, virou-a de frente, perguntando:

— Você me perdoa?

Melissa ignorou as lágrimas e sorriu.

— E você, me perdoa?

Ambos se olharam naquele silêncio sagrado. Sabiam a resposta, não era preciso falar nada naquela hora. Ele a tocou em seu rosto pela primeira vez em meses, e ela fechou os olhos ao sentir aquele toque que tanto ansiava. Érique aproximou-se ainda mais e beijou-lhe a face, chegando de mansinho em seus lábios. O beijo foi suave, simples, mas profundo. Como se pudessem falar tudo o que sentiam através daquele toque.

Quando se afastaram, ele perguntou:

— Você sabe que não posso ficar longe de você. Ainda quer ser minha mulher?

Melissa estremeceu com aquele pedido. Sorriu e seus olhos brilharam.

— E de quem mais seria? — Brincou.

Ele deu um sorriso maroto e pegou-a pela cintura, dando-lhe um beijo longo que a deixou sem fôlego. Ah! Como é incrível estar novamente em seus braços.

— É melhor parar... — Tentou se recompor.

— Eu sei. — Sorriu diante do semblante corado dela.

Aquele domingo estava sendo maravilhoso. Todos estavam felizes por Érique e Melissa voltarem a namorar. Sabiam que não era mais apenas um namoro, iriam noivar e Érique pediria a mão dela para seu Antônio naquela noite. Hanna era a mais empolgada, dizendo que sabia que isso iria acontecer.

Melissa e Érique ficaram cuidando da Vitória naquela tarde. Aos poucos, a criança estava se acostumando com a nova família, mas sabiam que ela sentia saudades dos "pais". Agora eles vinham a cada dois dias para visitá-la.

— Amor, dá uma olhada na bolsinha dela e vê se acha um lencinho — Érique pediu, terminando de trocar a sobrinha.

Melissa procurou por toda a bolsa e não encontrou, mas achou a agenda que Rebeca havia mencionado.

— Amor, olha isso, também era da Suzane.

Ela abriu e começou a ler em voz alta.

Por favor, alguém encontre a família Donly em Jaraguá do Sul e leve a minha pequena Vitória até eles. Por favor, me ajudem!!!

20/10

Fecho meus olhos por um momento. Sinto o sol penetrar em mim, aquecendo cada parte do meu ser. O vento surge, como que acariciando meus cabelos.

Suspiro... Sorrio, e uma lágrima surge ao contemplar a vida. O amor... A essência de tudo.

Sempre esteve ao meu lado e eu não percebia. Nunca parei para pensar nisso até meses atrás. No entanto, hoje, tudo faz sentido, mesmo que não entenda as coisas da vida e a cilada em que me meti. É apenas Você que me completa, é apenas a Sua luz que brilha em meu coração, fazendo-me olhar para o alto, para algo além de mim mesma, além dos meus sonhos e dos meus conceitos. Além da própria vida. E só quando enxerguei essa direção é que encontrei a razão de tudo, Você, meu querido Jesus!

A luz está se aproximando e não estou mais com medo...

Melissa e Érique se entreolharam sem nada a dizer. Não precisavam, apenas sentiam uma coisa, ela não estava sozinha. Olharam para aquela criança, sua mãe foi uma guerreira e, ela, a vitória de tudo o que se passou.


&iVU*A

Simplesmente ameOnde as histórias ganham vida. Descobre agora