Capítulo 11

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Isso não está acontecendo. Não pode estar acontecendo...

O celular tocou ao amanhecer daquela segunda-feira nublada. Melissa ficou assustada. Geralmente, quando alguém ligava muito cedo ou tarde, era notícia ruim.

Olhou para o visor antes de atender. Era Érique. Ficou aliviada, talvez quisesse apenas falar com ela antes de pegar o ônibus para o trabalho. Começava a trabalhar às 06h30 em uma malharia perto do centro da cidade.

— Bom dia, amor! — saudou com muita alegria.

— Melissa, a Hanna sumiu — disse com a voz grave e séria.

— Como assim? — perguntou, sentando-se nervosa na cama.

— Desde ontem de manhã — confessou.

— Mas... Por que não disse antes?

— Só soube à noite quando cheguei em casa, não queria preocupá-la. Você sabe como ela é espontânea, pensei que voltaria logo.

Um frio percorreu o seu corpo ao pensar na possibilidade do ex-namorado de Hanna estar envolvido nisso. Não. Não quero pensar nisso. Nada vai acontecer com ela. Tentava expulsar aqueles pensamentos enquanto trocava de roupa para procurar sua amiga. Deixou um bilhete para seu Cristóvão e outro para seus pais, explicando a situação e que não teria como trabalhar naquele dia.

Érique estava muito tenso. Também não tinha como trabalhar naquele dia. Primeiro, porque não conseguiria se concentrar e, segundo, porque a vida de Hanna era muito mais importante do que qualquer trabalho no mundo.

Percorreram o bairro onde moravam, mas não a encontraram. Os vizinhos foram avisados do seu desaparecimento e prometeram que vasculhariam cada canto do bairro, temendo que pudesse acontecer algo como o que aconteceu com a irmã de Érique.

Seus olhos enchiam-se de lágrimas só de pensar nesta possibilidade.

A polícia foi alertada, como já fazia mais de vinte e quatro horas que Hanna havia sumido, começaram a fazer as buscas.

Érique apoiou a cabeça na poltrona do fusca, respirando fundo, tentando se acalmar. Pegou na mão da namorada e apertou-a como que procurando forças.

— Logo vamos achá-la. Temos que ser pacientes — tentava acalmá-lo.

Ele deu uma risada cínica para a sua surpresa.

— Foi o que me disseram quando a minha irmã sumiu.

Melissa engoliu seco ao ouvir aquilo. Não sabia o que dizer e começava a ficar ainda mais preocupada com ela. Já estava no último mês de gestação. Não tinha condições de ir muito longe, a não ser que realmente alguém a tivesse sequestrado. E só havia um suspeito.

— Vou atrás do Kevin – Érique disse friamente.

Melissa respirou fundo ao ouvir aquilo. As coisas não eram tão simples assim e sabia que, quando alguém ficava muito nervoso, poderia fazer coisas que se arrependeria mais tarde, ainda mais numa situação daquela.

— Vou com você — afirmou em alto tom.

Érique encarou-a por alguns minutos. Compreendeu pelo seu semblante que ela não voltaria atrás na sua decisão. Estavam juntos para o que precisassem enfrentar.

— Está bem — concordou. — Assim que chegarmos à cidade, falaremos com a polícia de lá. E, se não fizerem nada, eu faço.

— Vamos com calma. Uma coisa de cada vez — orientou, passando a mão em seu rosto. — Temos que ter fé, meu amor, fé.

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