Capítulo 6

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Não acredito que isso esteja acontecendo...

Os meses de verão passaram voando, de tanto trabalho que Melissa e seu Cristóvão tinham na sorveteria. O inverno já havia chegado, mas agora estavam no mês de maio e o clima ficou mais frio, a temperatura havia despencado. Quase não se via mais as pessoas caminhando pela rua no fim da tarde, preferiam ficar agasalhadas em casa, assistindo algo na TV com chocolate quente ou um bom café.

Na sorveteria o movimento era pouco. Melissa e seu Cristovão tentaram colocar outros produtos quentes, mas não deu muito certo.

Aquilo era frustrante. Melissa estava pensando seriamente em procurar um emprego em outro lugar. Tinha sonhos que a falta de dinheiro não conseguia ajudá-la a realizar, mas ficava com tanta pena de deixar seu patrão, que permitia que ele a pagasse como pudesse.

Hanna já estava em seu quinto mês de gestação. Agora dava para notar mais sua barriga e, sempre que sobrava um troco, Melissa comprava uma roupinha para o seu afilhadinho ou afilhadinha. Ainda não sabiam o sexo da criança.

Melissa nunca mais foi à casa do Érique. No último mês toda semana ele ia na sorveteria, como cliente, dizendo que Hanna estava com vontade de comer sorvete. Apesar de ter "desistido" dele, não sabia se era verdade ou se era uma desculpa para vê-la. Sempre sentia seu olhar enquanto pegava o troco, no entanto ficava apenas nisso.

No domingo, Melissa acordou com o celular tocando. Era cedo, estranhou. Quem seria àquela hora? Olhou o visor e não reconheceu o número. Decidiu atender mesmo assim. Só não esperava que a voz do outro lado da linha fosse de Érique. Não soube como reconheceu, só teve certeza que era ele quando falou de Hanna.

— Melissa, o Kevin está na cidade. Você pode vir aqui pra ficar com a Hanna? Ela está muito nervosa.

Ela ficou alguns segundos em silêncio. Estava desnorteada com o que ouvira.

— Melissa? Você está ai? — Escutou a voz grossa dele. Só então acordou para a realidade. Isso está mesmo acontecendo.

Arrumou-se rapidamente vestindo uma calça e um sobretudo e ficou esperando Érique do lado de fora. Como estava todo mundo dormindo, apenas deixou um bilhete dizendo onde estaria. Ficou atordoada pensando na possibilidade do ex-namorado de Hanna chegar perto da amiga. Só de pensar naquilo começava a ficar ainda mais nervosa.

Érique parou o fusca em frente à casa de Melissa. Ela abriu a porta e o encarou. Ele não estava bem, seu semblante era muito sério.

— Oi! — ela disse timidamente e, para sua surpresa, ele não disse nada, nem a olhou. Sem entender aquele clima, fechou a porta e cruzou os braços, olhando para frente. Não sabia o que estava acontecendo.

Houve um momento de silêncio. Érique começou a acelerar e então parou, finalmente a encarando, perguntou:

— Por que você não disse que o pai do bebê era violento?

Melissa ficou perplexa ao ouvir aquilo. As palavras acabaram saindo de sua boca na mesma intensidade com que Érique lhe falara.

— Eu pensei que você não soubesse da gravidez.

Ele acelerou enquanto tentava acalmar-se. Tinha um jeito brusco, quase estúpido, o que a deixou surpresa. Seus olhos estavam pequenos e percebeu que seus músculos estavam contraídos. Ele não estava bem, definitivamente.

— Por que você não me contou sobre a gravidez? — insistiu. Sua voz estava alterada.

Ela ficou furiosa com o seu jeito:

Simplesmente ameWhere stories live. Discover now