Capítulo 14

100 14 0
                                    

Não estou acreditando! Alguém me ajude, por favor!
Tirem esse homem de cima de mim.

Segunda-feira Melissa acordou mais cedo do que de costume. Estava animada e feliz com o dia anterior, mesmo com a surpresa inesperada de Valéria.

Trocou de roupa, calçou um tênis e foi fazer uma caminhada antes do trabalho. Há muito tempo não fazia isso e, sinceramente, sentia saudades. Gostava de andar enquanto pensava e refletia sobre as coisas, era como conversar sozinha e, quando ela menos percebia, acabava conversando com Deus em seus pensamentos.

Érique era realmente um cara incrível, disso tinha certeza. Amava-o cada vez mais e a vontade de casar aumentava a cada dia. Às vezes, ficava com receio, parecia bom demais e temia que algo acontecesse para estragar o seu sonho. Mas o jeito que ele a olhou no domingo, enquanto se despedia, foi incrível.

Melissa fechou os olhos por alguns segundos, como se pudesse sentir novamente a sensação que tivera naquele momento. Ele a fitou seriamente e pegou em suas mãos, colocando-as em seu coração.

— Sente como eu fico só de pensar que, um dia, teremos o nosso canto e você será a minha mulher.

O coração dele batia rapidamente, mais que o normal, enquanto dizia aquelas palavras. Melissa sentiu algo esquentar dentro dela. Érique puxou-a pela cintura e beijou-a de forma que a deixou sem ar. Assim que recuperou o fôlego, afastou-se.

Ele entrou no fusca, sorriu e partiu.

Melissa suspirou ao lembrar-se daquele momento. Estava tão concentrada em seus pensamentos que acabou tropeçando. Ela olhou para baixo e encontrou o motivo daquele tropeção. Um caderno. Estava jogado no chão e, pelo jeito, estava assim há alguns dias. Todo sujo e um pouco molhado. Tentou ignorá-lo, mas não conseguiu. Algo dentro dela impediu que fizesse isso. Precisava ver o que era. E se alguém perdeu? Pegou como a desculpa de que acharia o dono.

Às vezes era muito curiosa.

Porém, ao abrir o caderno, nas poucas linhas que leu, percebeu que não era um simples caderno, parecia ser um diário. Havia um cartão colado, com o título Simplesmente ame! Achou interessante, no entanto, o que mais a surpreendeu foi o que estava escrito lá dentro, à mão. Até pensou em deixar quieto, mas aquilo parecia chamá-la para ler. Nunca se sentiu dessa maneira. Ela tinha que ler aquilo!

Querido Edgar

Houve um dia que nos amamos de uma forma maravilhosa. Você me compreendia, ria, me fazia feliz. Como eram lindos esses dias... Não sei o que houve para se tornar tão rude e insensível para comigo, mas, mesmo assim, eu te amo. Não olho para seus defeitos, por mais que eles me façam sofrer, olho para a pessoa que você é. Talvez não te ame mais como uma mulher, mas quero te dizer que te amo como uma amiga, pois sei que você é uma pessoa que, de alguma forma, é boa, mesmo que não deixe transparecer. Espero que me compreenda. Preciso ir embora, por nós dois, para que tudo isso não nos destrua.

Com carinho, Suzane Donly.

— Suzane Donly? — Melissa estranhou. — Donly?

Era o sobrenome de Érique. Uma imagem veio em seus pensamentos.

O cemitério...

A irmã de Érique...

E então chegou a uma séria conclusão: É o diário dela.

Melissa ficou estarrecida ao perceber isso. Ninguém sabia do diário, aliás, nem falavam sobre ela. Precisava falar com Érique, ele ficaria muito feliz em ter um pouco da irmã por perto. Respirou fundo, ainda surpresa com a descoberta. Depois do trabalho, falaria com ele.

Simplesmente ameOnde as histórias ganham vida. Descobre agora