Senti um frio em minha barriga ao ouvir aquilo tudo.
As coisas não seriam tão fáceis assim.
Melissa estava cansada. A semana havia sido intensa, e trabalhar no sábado até o fim do dia era ainda pior. Seus pais tinham ido visitar uma prima que havia acabado de ser mãe em uma cidade à quase duas horas dali. Como sempre, as filhas decidiram ficar em casa. Bom, Melissa teria de trabalhar naquele sábado de qualquer jeito, no outro estaria livre. Este era o combinado com seu Cristóvão.
Suas irmãs, Fernanda e Valéria, trabalhavam em outras empresas. Cada uma tinha sua vida, literalmente. Seu pai era vendedor em uma loja de móveis, geralmente ficava até tarde, fazendo hora extra para conseguir sustentar a casa.
Melissa recebeu um telefonema, sua amiga estava na cidade. Foi correndo tomar banho para encontrá-la, mas Valéria já estava no banheiro.
— Vai demorar? — perguntou impaciente.
— Acabei de entrar! — gritou a irmã.
Uia... E agora? Sabia que quando sua irmã mais velha entrava no banheiro num sábado, ficava uma hora, no mínimo.
Pegou o xampu da Fernanda emprestado e correu para o tanque, na lavanderia. Pelo menos teria que lavar os cabelos, pois não estavam muito cheirosos.
— Use só um pouco! — sua irmã mais nova gritou da sala.
— Eu sei.
Fernanda era assim mesmo, chegava a ser chata quando pegavam suas coisas. E ai de quem não pedisse permissão, era um Deus nos acuda!
Foi uma aventura lavar o cabelo no tanque com aquela torneira tão baixa. Mas, enfim, quando percebeu, já estava dentro do ônibus a caminho do único shopping da cidade.
Fazia mais de um ano que não se viam. Assim que Hanna concluiu o Ensino Médio, mudou-se para outro estado. Mesmo Melissa sendo dois anos mais nova, eram inseparáveis, e no colégio sempre davam um jeito de passarem algum tempo juntas, fosse no intervalo ou no término das aulas.
Caminhou rapidamente dentro do shopping à sua procura. Ela estaria na praça de alimentação, o problema é que estava lotado. Teve que parar e ficar observando as mesas para tentar encontrá-la. Não gostava daquilo, as pessoas pareciam encará-la de volta. Continuou andando, antes que alguém achasse que estava paquerando. Não sou de fazer essas coisas. Era muito tímida para isso.
Ao virar-se para o lado, acabou esbarrando em alguém.
— Desculpe — pediu, sem graça.
— Tudo bem. — Escutou a voz um pouco familiar.
Olhou para cima e ficou estarrecida ao encarar o cliente da sorveteria. Ah! Não...
— Demorou pra pedir — disse o rapaz seriamente. Seus olhos eram profundos e misteriosos. Perdeu-se neles por alguns segundos. Melissa ficou confusa com suas palavras.
— Estou falando do fato de ter chamado o policial quando estive na sorveteria. —Deu uma piscadela percebendo o seu jeito.
— Ah! — Compreendeu, sorrindo um pouco e voltando a ficar sem graça, não só pela situação na sorveteria, mas também por sentir o seu coração bater um pouco mais rápido do que de costume. Ele estava todo arrumado, bem diferente da última vez em que o vira. Vestia uma calça jeans e uma blusa azul clara que contrastava ainda mais com sua pele morena. E o perfume? Ah! Estava impregnado em seu olfato.
Seus olhos pareciam gostar de deixá-la assim. Continuou a fitá-la, como que brincando com a situação, deixando-a ainda mais constrangida.
O celular tocou, tirando-a daquele transe, ela atendeu no mesmo instante, um pouco desajeitada.
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Simplesmente ame
浪漫Sinopse Melissa leva uma vida sem grandes emoções, enquanto vive praticamente escondida atrás do balcão da sorveteria em que trabalha. Mas, quando menos espera, a própria vida resolve lhe sorrir e a coloca frente a frente com Érique. De início, el...