Capítulo 22

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Até quando iremos discutir? Por que não podemos colocar um ponto final nessa história? Será que é tão difícil?

No fim de semana, Melissa recebeu uma visita inesperada. Dona Regina não bateu na porta, apenas deixou que a visitante seguisse o caminho já bem conhecido. Sabia que de alguma maneira aquilo seria importante para a filha.

— Hanna? — indagou, assim que a viu parada na porta. Ela encarou a amiga, confusa. Não sabia se estava gostando ou não de sua presença.

— Oi, Melissa! — disse um pouco envergonhada.

— O que faz aqui? — foi direto ao ponto, com os braços cruzados.

Ela suspirou antes de responder.

— Desculpe por ter me afastado de você. Sei que agi errado, mas é que não conseguiria mentir pra você sobre o que aconteceu naquele dia.

Melissa continuou a encará-la sem nada a dizer.

— Você sempre esteve comigo quando mais precisei, e eu não fiz o mesmo. Sinto muito, Melissa... Agi errado.

— Todo mundo, né? Principalmente o Érique — Melissa respondeu espontaneamente, percebendo que a mágoa ainda estava dentro dela. Será que um dia isso iria passar?

Hanna pensou por um momento e, então, fitando a amiga, deu um sorriso torto.

— É, mas ele também está chateado com você por causa do diário.

Melissa encarou a amiga, não acreditando na sua audácia. Ela percebeu, mas não se importou. Falava aquilo que era necessário. Já havia pedido perdão e conhecia a amiga, eram inseparáveis. Por mais que brigassem — isso já havia acontecido algumas vezes nos tempos de escola — acabavam se entendendo.

— Mas a Vitória é linda. Nossa! Lá em casa é só alegria. Nunca vi os tios tão felizes assim.

Naquele instante, Melissa esqueceu a mágoa que tinha da amiga. Sorriu ao saber em como Vitória havia mudado a vida de Érique e de sua família. Como gostaria de estar junto deles naquele momento.

— Foi uma coisa de Deus mesmo! Misteriosa... — ponderou, olhando para o céu através da sua janela.

Melissa sempre acreditou em Deus, mas ficava apenas nisso, ia à igreja às vezes e pronto. No entanto, todo aquele mistério com o diário a fez perceber a dimensão que tem o poder de Deus. Acreditava que nada era por acaso, sempre existia um propósito, mesmo que não soubesse. E isso a fascinava!

Hanna achou interessante o comentário da amiga e sorriu.

— Então, você vem comigo lá em casa? Estava pensando em passar o fim de semana na casa da árvore. Alguns filmes, pizza, pipoca, o que acha?

Melissa a encarou, os olhos brilharam e o coração bateu mais rápido. Tudo o que queria era estar lá, perto de Érique. E, no fundo, Hanna sabia disso. Também precisava conversar com a amiga. Muitas coisas haviam acontecido. Nos últimos meses, com quem ela mais falou foi com Deus. Conversava com Ele em seus pensamentos e isso a ajudou de uma maneira que ela jamais poderia imaginar. Sentia-se mais leve e tranquila. Sabia que tinha um amigo que nunca iria abandoná-la.

Hanna veio de bicicleta, para surpresa da amiga. Ela então pegou a sua e juntas andaram por alguns quilômetros até sua casa.

— Desde quando você anda de bicicleta?

— Estou tentando vencer o meu trauma. Mas levo junto alguns sprays de pimenta — Hanna respondeu sorrindo e voltou a ficar séria. — Não tem sido fácil, ainda tenho muito medo.

Simplesmente ameWhere stories live. Discover now