Passamos por um liquidificador gigante

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― Eu escolho o portal...

Alguma coisa me dizia que não faria diferença alguma a minha decisão, qualquer uma das três portas seria, de fato, uma péssima escolha. Entretanto alguns fatores eliminaram dois dos portais. O primeiro deles foi o que levava a Floresta das Sombras, motivo: eu estava farto de florestas. Para chegarmos até aqui, tivemos que atravessar uma mata muito densa, que por sinal era o território de diversos monstros irritantes ― sem falar nos mosquitos, terríveis. Com certeza eu não estava a fim de repetir essa experiência.

O outro portal que decidi eliminar foi o Abismo do Medo, por motivos óbvios: quem gosta de abismos? Ninguém em sã consciência escolheria se lançar em um abismo, seria loucura ― até mesmo para nós.

Por fim ―, mas não menos pavoroso ― sobrou o Labirinto do Caos.

― O labirinto ― disse eu, olhando para Maia. ― Você concorda?

― É claro, por que não? ― declarou ela.

Eu poderia jurar que, de relance, vi um sorriso no rosto da Salamandra. Talvez ela estivesse tramando algo. Poderíamos estar caindo como patinhos em uma armadilha mortal, no entanto, que escolha tínhamos? A Chama Sagrada estava em algum lugar além daqueles portais, e a única coisa que nos restava era procurar, mesmo que isso fosse arriscado e assustador.

― Saibam que vocês não são os primeiros a vir em busca da chama, no passado muitos tentaram, porém todos falharam. O desafio irá testá-los de várias formas, sem dúvidas não será fácil ― advertiu a Elemental.

― Nossa, obrigado pelas palavras estimulantes, ― falei ― agora estou me sentindo bem mais confiante.

― Vamos Oliver, o tempo está se esgotando ― disse Maia me puxando pelo braço, em direção ao portal do Labirinto do Caos.

As nossas costas pude ouvir a voz da Elemental do fogo dizendo mais algumas palavras: ― Oliver Turner, que os deuses o protejam! Enquanto a você garota, espero que...

Um círculo brilhante surgiu em nossa frente, imediatamente alguma coisa nos puxou para dentro dele, tornando inaudíveis as últimas palavras da Salamandra.

Você deve estar pensando: que legal, como eu gostaria de atravessar um portal mágico! Não, definitivamente você não iria querer passar por isso. A primeira impressão era que tínhamos sido jogados dentro de um liquidificador gigante, tudo estava girando em alta velocidade ao nosso redor, antes que meu cérebro explodisse eu fechei os olhos. E ainda tinha aquele som ensurdecedor ― parecia que estávamos cercados por milhares de motosserras barulhentas. E como se não bastasse, a aterrissagem foi muito ruim. O portal poderia simplesmente se abrir no chão, onde sairíamos caminhando através dele. Mas por algum motivo surgimos a uns três metros de altura, e despencamos até o solo. Dessa vez, nem mesmo Maia conseguiu cair com pose, ambos encontramos o chão de maneira idêntica ― e não foi uma maneira agradável.

Eu estava tonto, demorei alguns segundos para me recompor. Minha cabeça ainda girava como se estivesse dentro do portal/liquidificador. Maia não estava melhor do que eu, ao tentar levantar ela abraçou sua barriga e começou a vomitar.

 Maia não estava melhor do que eu, ao tentar levantar ela abraçou sua barriga e começou a vomitar

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Oliver Turner e os caçadores de dragões - A chama sagradaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora