Na maioria das vezes, quando uma voz misteriosa nos chama, quer dizer que estamos encrencados. Isso me faz pensar: porque os monstros precisam sempre fazer uma entrada surpreendente? Às vezes parece que eles ficam ouvindo o que você está falando, esperando o momento certo para aparecer. Isso tem me proporcionado uma alegria muito grande nos últimos dias (sim, essa parte foi ironia).
Mas dessa vez as coisas aconteceram de outra forma. A voz que nos recepcionou não era de um monstro assustador, e sim de uma bela mulher. Ela não aparentava ter mais do que vinte anos, vestia apenas um manto vermelho e aproximava-se lentamente. Seu andar era suave como uma brisa de verão ― eu poderia jurar que seus pés descalços nem tocavam o chão. Há alguns segundos a caverna era fria como uma geladeira, mas com a chegada da mulher o frio simplesmente deixou de existir, sua presença irradiava calor, deixando o lugar com uma temperatura agradável. Somente quando ela parou em nossa frente que eu pude perceber a cor de seus olhos, eles brilhavam em um vermelho incandescente.
Maia invocou ser arco e sacou sua adaga. Eu poderia ter feito o mesmo, mas a mulher de vermelho não parecia representar uma ameaça para nós - é claro que eu poderia estar errado sobre isso
― Quem é você? E o que quer? ― perguntou Maia com uma voz firme e autoritária, demonstrando uma hostilidade que me surpreendeu.
Ela fixou seus olhos de fogo em Maia, por alguns segundos que pareciam uma eternidade ela permaneceu calada, o único som audível era da água descendo entre as rochas e caindo no rio.
Com uma expressão de escárnio no rosto, ela ignorou as perguntas de Maia.
― Eu estava esperando por você... ― disse a mulher.
― Estava espe... ― tentou replicar Maia, mas subitamente foi interrompida.
― Eu estou falando com o Oliver, e não com você... garota ― tenho quase certeza que ela pensou em chama-la de outra coisa, mas decidiu mudar para garota.
Depois dessas palavras, quem estava com os olhos faiscando era Maia. Ela trincou os dentes e apertou o punho de sua adaga. Seu rosto ficou mais vermelho que o manto da mulher a nossa frente. Elas trocavam olhares ameaçadores, talvez apenas esperando um bom motivo para começarem a brigar. Foi tipo amor à primeira vista, mas ao contrário, ódio à primeira vista.
― Fiquem calmas... ― tentei intervir, apenas para ser interrompido.
― É melhor você sair do nosso caminho ― disse Maia com altivez na voz ― ou se não...
― Esperem meninas...
― Ou se não o que garotinha? ― perguntou a mulher demonstrando uma expressão perversa no rosto.
― Garotinha?! ― exclamou Maia com total indignação. ― Com quem você pensa que está falando?
― Eu acho... ― mais uma tentativa inútil de acalmar os ânimos.
ESTÁ A LER
Oliver Turner e os caçadores de dragões - A chama sagrada
FantasyOliver já estava indo mal na escola antes de um goblin aparecer e fazer uma brincadeira de mau gosto com sua professora de matemática. E tem mais essa história de caçar dragões e salvar o mundo mágico da destruição, há pouco tempo ele nem sabia que...