Epílogo

2.5K 263 205
                                    

Noruega

Toda manhã era a mesma coisa. Pelo menos durante o último mês. Começava com alguns gemidos e terminava com um grito de pavor.

Foi assim que Thorunn despertou.

A garota estava sendo perturbada durante todas as noites, desde que chegara ao Hotel Kategaha. Sempre o mesmo pesadelo.

Dragões.

Os sonhos variavam dependendo da noite. Mas todos acabavam no mesmo lugar e da mesma forma. Em um deserto árido e com a morte de Thorunn.

Ela levantou-se e caminhou até o banheiro. Sua imagem no espelho era um tanto desagradável, reflexo de uma noite mal dormida.

Os cabelos loiros e volumosos da menina insistiam em ficar para cima, ela precisou amarrá-lo com algumas tranças presas para trás. O brilho de seus olhos azuis era ofuscado pelas olheiras que marcavam sua face.

Desde o primeiro dia naquele hotel, a garota seguia uma rotina matinal rigorosa: despertar aos gritos; levar uma ducha; tomar seu café da manhã; esperar seu tutor particular

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Desde o primeiro dia naquele hotel, a garota seguia uma rotina matinal rigorosa: despertar aos gritos; levar uma ducha; tomar seu café da manhã; esperar seu tutor particular.

Sim, a menina tinha aulas particulares. Com dezesseis anos de idade, ela nunca havia frequentado uma escola de verdade. Isso era devido ao trabalho de seu pai. O professor Isigurd era um arqueólogo, levava a vida viajando pelo mundo, e por onde ia carregava a filha. Thorunn era americana, mas não passava muito tempo em seu país de origem. Sua família tinha descendência escandinava. Desde pequena, ela ouvia as histórias que seu pai contava sobre seus antepassados, os Vikings.

Era por esse motivo que estavam na Noruega, mais precisamente no condado de Oslo. O professor encontrava-se estudando alguns artefatos nórdicos, achados nas ruínas de um templo pagão ao norte da cidade.

Pelo menos era onde ele deveria estar.

— Ah não. De novo?! — reclamou Thorunn segurando uma credencial com a foto e nome de seu pai: Ívarr Isigurd.

Sem esse crachá o professor não poderia entrar no pátio arqueológico, onde ficavam as antigas ruínas Vikings.

Não era a primeira vez que isso acontecia. Seu pai sempre foi um pouco atrapalhado — talvez essa característica tenha se intensificado após a morte de sua esposa, a mãe de Thorunn. A pobre Kaira Isigurd fora vítima de uma fatalidade do destino, um acidente infeliz. Pelo menos era isso que o professor contava para sua filha.

A garota examinou o relógio, eram oito horas da manhã. Seu tutor chegaria as dez. Se ela fosse rápida o suficiente, poderia levar o crachá até seu pai e retornar a tempo de assistir a aula.

O condado de Oslo era super movimentado nesse horário. Sempre que a menina precisava sair pela cidade, optava pelo transporte ferroviário. Além de evitar o trânsito caótico, ela gostava de andar de trem.

Enquanto o trem avançava com velocidade sobre os trilhos, Thorunn observava os flocos de neve caindo do lado de fora. Ela repassava em seus pensamentos o pesadelo que insistia em atormentá-la todas as noites.

Oliver Turner e os caçadores de dragões - A chama sagradaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora