Quem entraria na boca de uma caveira gigante? Eu mesmo

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Quando você imagina que as coisas não podem mais piorar. Elas pioram.

Os últimos versos da profecia me deixaram desnorteado. Eu esperava algo complicado e indecifrável. Mas dessa vez, as coisas pareciam mais claras do que o céu, em um lindo dia de verão.

O herdeiro do dragão lutará.

Ótimo. Um herdeiro da criatura vai aparecer para ajudá-la. Como se a própria besta não fosse ruim o suficiente.

O vento soprava em meu rosto, trazendo consigo o cheiro do mar. Eu seguia o caminho floresta adentro, desatento e com um pouco de medo. Estava visivelmente preocupado, fisicamente e emocionalmente. Os olhos permaneciam vidrados no vulcão que se projetava alguns quilômetros a frente, cada vez mais próximo. Minha cabeça doía como se tivesse levado uma pancada muito forte. Os pensamentos se mantinham distantes.

Eu não tinha ideia de quem poderia ser o herdeiro de Rendar. Lembrei-me do General Dáblio, ele usava uma mascara de dragão. Talvez ele fosse o descendente da criatura e estivesse querendo ficar parecido com o papai feioso. Ou quem sabe, ele apenas estivesse fantasiado para o baile do fim do mundo, monstros devem gostar de uma boa festa com destruição e morte.

No entanto, isso nem era o que mais me incomodava. A última parte da profecia conseguia ser ainda mais desanimadora.

E ao lado de seu pai vencerá.

Muito bem. O herdeiro do dragão vai lutar e ao lado de seu papai monstruoso vencerá. Não deve existir nada melhor do que entrar em uma luta, com todos os indicadores apontando para sua derrota iminente.

Você deve estar pensando: É maluquice seguir em frente! Até a profecia está contra você. Quer saber a verdade? Eu concordo.

Porém, muitas coisas estavam em jogo. Maia continuava vulnerável, sem memória e era mantida como prisioneira dos caras maus. O mundo corria o grande perigo de ser dominado por um dragão milenar, com problemas para controlar a raiva. E nesse instante, ninguém além de mim poderia fazer algo a respeito.

Minhas pernas pareciam estar se movendo sozinhas, como se estivessem programadas para ignorar meus pensamentos e seguir em frente. Sem perceber, logo me encontrava de pé diante da base do vulcão.

Uma grande pedra em forma de caveira decorava a entrada da caverna. Dois buracos formavam os olhos da escultura, eles brilhavam como se estivessem em chamas. Dos lados, havia duas pedras enormes. Elas tinham a forma de um ogro sentado com um sorriso bobo estampado no rosto. A bocarra da caveira estava aberta, sendo a única passagem que levava ao interior da caverna.

A entrada estava desprotegida

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A entrada estava desprotegida. Sem nenhum guarda.

— Entrar na boca de uma caveira gigante? — questionei. — Claro, porque não.

Antes de adentrar, reparei nos detalhes entalhados ao redor das esculturas. Eram desenhos estranhos que não faziam sentido algum para mim. Um deles lembrava o formato de um cálice. Ele estava na diagonal, derramando seu conteúdo sobre um círculo perfeito.

Oliver Turner e os caçadores de dragões - A chama sagradaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora