Epilogo

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[anos depois]

— Só pode ser sacanagem! Nós estamos atrasados. Não faz isso.

Ergo Mariane e cheiro a fralda. Sequer precisaria fazer aquilo, pois aquela criança fedia mais do que gambá.

— Você já estava pronta. — resmungo, deitando-a no trocador. — Tinha que dar essa cagada justamente agora?

A bebê ri e murmura bebezices, enquanto eu torço o nariz diante de tanto cocô.

— Eu vou matar o seu pai por não estar aqui. Odeio trocar fraldas. Ainda mais com tanto fedor.

Termino-a de limpar e ajeito o vestido rosa, cheio de fru-fru.

— DAVIES? — grito, saindo do quarto. — Onde você está?

— Aqui!

Desço as escadas e vou até a sala, quase sendo impossível enxergar com tanta fumaça de charuto no ar.

— Ei! Tem uma criança aqui. — os repreendo. — Nós não estamos atrasados?

Os três olham para o imenso relógio de pêndulo e quase saltam do sofá.

— Meu Deus! Eu nem reparei. — John apaga o charuto e ajeita a gravata. — Vamos!

— Aqui. Toma a sua filha.

Empurro Mariane para Dominic, que revira os olhos quase instantaneamente.

— O que foi? — questiono, ajeitando meu vestido. — Só porque sou mulher, tenho que ficar com ela no colo? Cadê a mãe dela?

— Foi para as Maldivas. E a babá disse que tinha compromisso hoje. Ah, cunhadinha... — Dom faz uma voz melosa. — Cuida dela... por favor.

Aproximo-me de Dominc e finjo ajeitar sua gravata.

— Cunhadinho, hoje o meu marido pode ganhar um Oscar. Acha realmente que vou ficar de babá?

— Quando você tiver um filho, não vem me pedir para ajudar.

Envolvo o meu braço ao dele e o puxo para sairmos de casa.

— Por isso que o homem lá de cima, não me mandou um filho até hoje. Ele sabe que é responsabilidade demais para mim.

— E isso quer dizer? Nada de sobrinhos para mim?

— Quem sabe um dia?

Dou-lhe uma piscadinha e entro na limusine, entre meu marido e meu irmão.

John tentava não exalar nervosismo, mas ele tinha crises de ansiedade desde o dia em que anunciaram a sua indicação, pela serie que gravaram em Malibu.

A minha sorte, era que Ryan e Dominc, a dupla dinâmica das noitadas, me ajudaram a distraí-lo nos últimos dias. Embora eu ainda ache muito estranha a aproximação dos dois, Ryan decidiu que ficaria conosco em Seattle e deixamos a casa de Malibu para férias.

Pego na mão de John, sentindo-a gelada e bastante suada.

— Ei... — ele me olha. — Relaxa, amor. Vai dar tudo certo. Só de você já ter sido nomeado, é o máximo.

— Eu sei, amor. Só não consigo controlar o nervosismo.

Aproximo a boca de seu ouvido e falo de uma maneira que só ele possa escutar.

— Pensa assim: ganhando ou perdendo, você vai transar hoje à noite.

Ele abre um imenso sorriso e me rouba um beijo rápido.

— Te amo. — diz.

— Eu que te amo!

[...]

Depois de diversas categorias e muitos gritos, finalmente iam dizer quem havia ganho como ator do ano.

Por baixo da mesa, John puxa minha mão e cruza os nossos dedos. Ele estava uma pilha de nervos e naquele momento, eu também me encontrava daquela maneira.

— E agora, o prêmio de melhor ator. Pela série Assassinos da Meia Noite, John Davies!

Eu gritava como se fosse uma tiete maluca e não a mulher do ator vencedor.

Porra, foda-se! MEU MARIDO GANHOU UM OSCAR!

— Uau! — ele murmura, olhando a estatueta em suas mãos. — Eu nunca achei que isso aqui fosse ser possível, mas depois de cinco temporadas da série... finalmente veio. Obrigado a todos do elenco, da direção, mas principalmente a Emma. Ela foi o meu suporte durante todos esses anos. Obrigado!

John desce do palco e vem até mim, em êxtase de felicidade. Abro os braços e ele rapidamente me agarra pela cintura.

— Meu campeão! — digo, beijando-o no pescoço. — Eu sabia que venceria.

Ele se afasta um pouco e me olha.

— Eu venci no dia em que te conheci. Isso aqui? — ele ergue a estatueta e depois a coloca na mesa. — É apenas um troféu. O meu maior e melhor prêmio é, e sempre será você. Eu te amo.

— Eu te amo, John Christopher Davies.

Hotline BlingOù les histoires vivent. Découvrez maintenant