vinte e um

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John estava lindo. Óbvio que ele era lindo a qualquer outra hora do dia, mas para aquela ocasião, ele estava ainda mais.

Ele usava uma roupa social, ao mesmo tempo que era casual. As mangas da blusa que ele usava estavam dobradas na altura do cotovelo, deixando-o mais despojado.

— Você também está lindo. — finalmente respondo, depois de tanto admira-lo.

— Pronta para ir? — ele pergunta, esticando uma mão para mim.

— Claro. Mas... preciso fazer uma coisinha antes.

John me olha em total confusão. Dou apenas um passo e o beijo. Ele não hesita segundo nenhum e logo circula minha cintura com seu braço, aprofundando nosso beijo.

Seu hálito de menta, a forma com que ele pressionava minha cintura ou até mesmo o leve volume que senti no meio de suas calças, me deixou com um tremendo tesão.

Me afasto lambendo os lábios e sorrio para ele.

— Uau. — murmuro. — Ainda bem que meu batom é matte, senão você estaria com a cara toda suja.

— Isso não seria um problema.

Com um sorriso sacana, ele me puxa para mais um beijo de tirar o fôlego. Era como se houvesse meses, até anos, sem nos vermos e tínhamos uma urgência em matar a saudade. Pois era exatamente esse o gosto que aquele beijo tinha.

— Por mim, eu ficava beijando você até amanhecer. — John sussurra contra meus lábios. — Mas nós temos que ir. Não posso me atrasar.

Após segurar em minha mão educadamente, John me puxa para descer as escadas. Havia uma limusine à nossa espera. Aquilo me deixa nervosa, mas não tanto quanto ver um homem sentado lá dentro.

— Então você é a Emma! — ele sorri. Parecia ligeiramente com o de John.

— E você quem é?

Soei ríspida. O cara provavelmente era um amigo famoso de John e eu começo a conversa dando uma bola a fora. Quero nem imaginar o que mais vai acontecer nesse evento.

— John não falou de mim!? — ele quase parecia ofendido.

— Tinha coisas melhores para fazer, do que contar sobre você para a minha garota.

Minha garota!!!!!

— Blá, blá, blá. — o cara revira os olhos. — Enfim, sou Dominic Davies. Irmão do aniversariante do dia.

— Ah! Então você é o Dominic.

O olho mais atentamente, pensando em casa adjetivo que Lilian já deu para aquele cara.

Ele era bonito. Sim, claro. Mas o tom de arrogante que sua voz carregava, era insuportável. Não tinha nada de melodiosa, como ela falava.

— Então já falaram sobre mim! O que? Me contem!

— Eu e John quase não falamos sobre você. Já a minha amiga...

Deixo a deixa no ar e Dominic revira os olhos quase que instantaneamente.

— Ei! — protesto. — Ela é minha melhor amiga. Não revira os olhos.

— Desculpa aí, cunhadinha, mas a sua amiga não regula bem.

Fico tão desnorteada com o apelido que Dominic usou para se referir a mim, que prontamente encaro John. Ele estava vermelho como um pimentão. Parecia estar segurando a respiração.

— Dom, não a deixe sem graça. — ele diz, quando finalmente solta o ar.

— Ela ou você?

Reprimo o riso, pela maneira divertida com que Dominic falou com o irmão. Até me fez esquecer que ele tinha me chamado de cunhadinha.

— Dom!

— Tudo bem, parei. — Dominic ergue os braços e bebe um pouco do champanhe que tinha em sua taça. — Mas sério, Emma, aquela menina...

— Ela estava nervosa. Lilian é fissurada em você há anos. Óbvio que jamais imaginou que iria te conhecer ou que vocês quase se beijariam.

— Ela é gata. Por isso eu ia beija-la.

Foi a minha vez de revirar os olhos. Dominic era o estereotipo de homem machista nato. Bonito, rico e que escolhe mulheres apenas pela beleza. Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, John pousa sua mão sobre a minha e a aperta de leve. O olho e aprecio o sorriso que ele carregava.

— Já disse o quão feliz eu estou por você estar aqui?

— Pode falar mais uma vez. Eu gosto de ouvir.

John toca meu rosto e acarinha minha bochecha, enquanto se arrasta mais para o meu lado.

— Estou muito feliz por você estar ao meu lado hoje. Obrigado.

— Não precisa me agradecer. Bem... se você quiser...

Empino meu queixo em sua direção, oferecendo-o a minha boca. Claro que John não dispensou a oportunidade e me beijou com uma necessidade que eu também estava sentindo.

— Eu odeio segurar vela. Parem!

Quando tento me afastar, John segura meu rosto e continua a me beijar.

— Ignore-o. — sussurra.

Como se suas palavras fossem um passe de mágica, ignoro as lamurias de Dominic e me aprofundo no beijo do meu ator preferido.

[...]

No momento em que a limusine para no evento, os milhares de fotógrafos circulam o carro, doidos por uma foto de quem sairia. Só de ver toda aquela gente em volta do veículo, meu coração dispara.

— Tudo bem? — John questiona, ao notar meu pequeno desespero.

— Sim. Eu só... só fiquei nervosa. Nunca frequentei esse tipo de lugar. E se... se não gostarem do que estou vestindo? Vão falar mal de você, por andar com uma estranha mal vestida.

Ele ri, quando acabo de falar. Consegui ficar ofegante, por ter falado tão rápido.

— Eu vou descendo e dar um tempinho para vocês. — Dominic diz, já abrindo a porta. — Não demora, irmão.

— Pode deixar.

Logo que Dominic sai da limusine, todas aqueles repórteres vão para cima dele.

— Emma. — John pega minha mão e eu o encaro. — Primeiro, que você está divina. Ninguém ousará falar de você. E se falar, pode ter certeza que será por pura inveja. E outra, você vai saber o que fazer. Confia em mim?

— Claro que confio.

— Então sorria e venha comigo.

Após um selinho rápido, John sai do carro e me estica sua mão. Respiro fundo pelo que conto dez vezes e enfim seguro sua mão, o acompanhando.

Uma multidão polvorosa, começa a chamar por ele. Todos os fotógrafos que antes davam atenção a Dom, se viram para nós e seus cliques sem fim, começam. Alguns pedem por entrevistas, que John gentilmente nega.

— Nos vemos no tapete vermelho, pessoal.

Seguro a barra do vestido e caminho atrás de John, sem ousar soltar sua mão. Enquanto caminhamos para sei lá onde, encaro todas as pessoas a minha volta. Diversas delas eu reconhecia de algum filme ou série que já tinha visto.

Mas havia uma pessoa, que eu reconhecia pelo olhar. Pela forma terna e atenciosa de dar atenção a alguém. Uma pessoa, que eu achava nunca mais ver na vida.

— Nicolas?

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