quarenta e quatro

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A chuva caia pesadamente do lado de fora da janela, enquanto eu e John ficávamos aninhados um ao outro, na cama desfeita por mais uma transa.

O celular dele apita e depois de ver a mensagem que havia chegado, John solta o aparelho, suspira e me aperta contra si.

— As passagens chegaram. O voo está marcado para as cinco da tarde.

— Ah. — murmuro, com a tristeza me corroendo. — Então eu devo ir embora? Imagino que tenha muita coisa para arrumar.

John me aperta ainda mais contra seu peito e beija meu cabelo desgrenhado.

— Você não vai a lugar nenhum. A não ser que seja na sua casa para fazer as malas e vir comigo.

— Não posso, John. — suspiro e me sento, olhando-o. — Quando morei em Seattle era sem cabeça e fazia o que me desse na telha, mas..., mas agora não posso mais fazer isso. Tenho um emprego sério, tem o Ryan, a...

— Sua mãe, eu sei.

— É. — brinco com o pouco pelo que John tinha no peito, deitando-me ali em seguida. — Não posso simplesmente ir. Preciso de um tempo.

— Tudo bem, amor. Desde que você volte para nossa casa e para mim. Tem todo tempo do mundo.

Sorrio de leve, sentindo seus dedos acarinhando meu rosto.

— Eu só espero não ver nenhuma notícia sua ao lado de outras beldades por aí.

— Meu Deus! Ela está com ciúme de mim!

John me puxa e se senta sobre mim, pressionando meus braços um de cada lado do corpo, ficando com o rosto bem próximo do meu.

— Não estou com ciúme. — respondo, erguendo o rosto para que ele me beije.

— Ah, não? — John raspa os lábios nos meus, sem me beijar. — Então eu posso sair com quem eu quiser, certo?

Os olhos de John pegavam fogo. Ele queria me provocar e estava conseguindo.

— Pode fazer o que quiser. Eu não ligo. — forço os braços, tentando sair do seu aperto. — Será que você pode me soltar?

— Só se você disser que me ama.

— Eu não! Pede lá a uma das mulheres com quem você vai sair.

John gargalha alto, de uma maneira tão contagiante que preciso me segurar para não o acompanhar.

— Garota, você é única. — sussurra em meu ouvido esquerdo, depois raspa o nariz no meu e encosta a boca em meu ouvido direito. — Eu amo você, Emma. Você é a mulher da minha vida.

Ele arrasta os lábios pelo meu rosto, até chegar em minha boca e beijar-me profundamente. Enrosco meus braços em seu pescoço, puxando-o para mim, com a intenção de começar um novo sexo glorioso.

— Ah, não acredito! — resmungo, quando alguém bate na porta. — Só pode ser sacanagem.

— QUEM É?

Serviço de quarto.

— EU NÃO PEDI. PODE DEVOLVER.

John volta a me beijar, mas somos interrompidos mais uma vez.

Alguém pediu, senhor. Disseram para insistir.

Ele bufa e se levanta, vestindo um roupão em seguida. Cubro meu corpo e encaro a porta. Um homem entra com um carrinho repleto de comida e em seguida sai. John pega um papel que tinha por ali e lê, rindo em seguida.

— É da Mel. Quer ouvir? — afirmo com a cabeça. — Almocinho para que os dois se mantenham hidratados e saudáveis. Vai saber quantas calorias estão perdendo. Quero ninguém desmaiando de tanto transar. Mel.

Mordo a língua e balanço a cabeça, sorrindo com aquele singelo recado. Quando John disse que ela gostava do mesmo que ele, achei que fosse uma desculpa para que eu não desconfiasse dele ou algo do tipo. Mas depois desse gesto, começo a achar que eles realmente são apenas amigos.

— Mulher de visão essa daí. — digo, envolvendo o lençol em meu corpo e indo até o carrinho. — Nossa, quanta coisa.

— Melanie me conhece bem. Ela sabe o quanto eu gosto de comer e você também.

— Eu?

— Com quem acha que chorei minhas pitangas todo esse tempo?

— Com seu irmão. — respondo, pegando um prato arrumado e indo até a mesa.

— Não. Na verdade, eu levei um tempo desde a sua partida, para encontrar Dominic de novo.

— Ué? — uma grande interrogação aparece em minha mente. Eles eram tão próximos. — O que aconteceu?

— Não vem ao caso. Aliás, quando Dom veio me procurar, foi para saber se eu sabia onde você estava, pois a sua amiga estava te procurando.

— Ela não é minha amiga. Amiga nenhuma faz o que ela fez. Mas... o que ela queria? Disse?

— Te matar. — ele ri, mas para quando percebe que eu não o acompanho. — Ela disse que você tinha acabado com a vida dela e se a mãe dela morresse, seria sua culpa.

— Eu hein! Ela simplesmente destruiu a minha vida, só porque o seu irmão não a quis e eu estava errada em contar ao dono lá do telemarketing, que ela tinha encontrado um cliente pessoalmente? — dou de ombros e continuo comendo. — Ela que continuasse fazendo os filmes pornôs que ela tanto me incentivou a fazer.

John me deixa falar até cansar, enquanto almoçamos. Ele não me interrompe ou faz comentários, apenas balançava a cabeça e soltava alguns risos as vezes.

Quando acabamos o almoço, nos aninhamos mais uma vez na cama e ficamos abraçados até dar a hora de ele sair. Suas malas foram feitas as pressas, assim como nossa arrumação. Nós encontramos o resto de sua equipe e o olhar de Melanie foi constrangedor.

John fez com que eu fosse com eles até o aeroporto, com a desculpa mais do que válida, de que devíamos aproveitar cada segundo juntos. Eu escutava a maneira com a qual ele falava com seus parceiros de serie e sorria, por saber que John estava feliz com tudo.

Na hora em que todos estão indo para o embarque, John me puxa para distante deles e segura meu rosto.

— Promete que não demora? — ele pergunta, quando começam a chamá-lo. — Não vou suportar ficar longe de você.

— Eu vou resolver tudo logo. Prometo.

— Eu te amo, Emma. Muito.

John me beija carinhosamente, antes de ser puxado por Melanie.

— Eu também te amo, John.

Enquanto Melanie o puxa, John permanece me olhando e murmurando que me ama até sumir no corredor de embarque.

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