catorze

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Depois de alguns filmes, dois baldes de pipoca e muitos beijos, nós decidimos dormir. E John, como o cavalheiro que ele era, perguntou se eu queria dormir com ele ou no quarto de hóspedes. Lembrando do sufoco que foi, se segurar para que nada acontecesse antes do tempo, eu acabei por dormir no quarto de hóspedes.

Desperto aquela manhã, com algumas batidinhas na porta. Após acordar e me recordar de onde estava, sento-me e puxo o edredom até o pescoço, visto que dormi apenas de calcinha.

— Hey... — John abre a porta, mas não entra. — Posso?

— Claro.

Ele então surge segurando uma bandeja, o que me faz abrir um enorme sorriso.

— Oh, John! Não precisava.

— Claro que precisava. Você é minha hóspede. Tenho que te tratar muito bem.

John coloca a bandeja na cama, exibindo frutas e panquecas.

— Hmmm... — murmuro, ao comer um pouco do morango. — Sou tão apaixonada.

— Eu estou ficando.

Ergo meu olhar e encaro aquele sorriso bobo de John.

— John! — exclamo, sentindo minhas bochechas arderem.

— O que foi? Você está corada, hahaha.

— Óbvio. Olha o que você falou.

— O que eu falei? — questiona, sério. — Que estou me apaixonando por você?

Eu só conseguia ficar ainda mais envergonhada com aquela informação.

— Eu só quero saber uma coisa. — ele diz, visto que eu não falava nada. — É recíproco?

— É... agora vamos mudar de assunto, por favor. Eu estou mais vermelha que esses morangos.

John solta uma gargalhada gostosa e se levanta.

— Eu vou deixar...

— Não! Fique aqui. Coma comigo. Toma.

Pego um morango e o lambuzo no chocolate, antes de esticar na direção dele. Davies segura em meu pulso e morde o morango, sem tirar os olhos de mim.

— hmmm... — murmura. — Eu adoraria ficar, mas preciso limpar a bagunça que fiz lá na cozinha. Você precisa estar no trabalho que horas?

— Às dez.

John olha em seu relógio e se levanta.

— São quase nove. Quer carona?

Quase me engasgo com a pergunta.

— Não... não precisa.

— Ahhh, que isso. Faz parte da minha rota. Vamos! Termine de comer, se arruma e me encontra lá na sala.

— John...

— LA, LA, LA... não te escuto...

Ele coloca as mãos nos ouvidos e sai do quarto cantarolando.

Odiava o fato de John estar perto de onde trabalho. O medo dele descobrir o que faço, é maior que tudo. Ele é incrível demais e não entenderia minhas escolhas.

Após me fartar com o café que John havia preparado, pego minhas coisas e vou para o banheiro.

Um banho rápido e uma calcinha limpa e estou pronta para mais um dia.

— Ei! — John levanta do sofá rapidamente, ao me ver descer com a bandeja. — Não precisava trazer. Eu iria limpar depois.

— Dormi em uma cama divina, fui acordada com café na cama e ainda iria deixar você limpar depois? Claro que não.

— Você não existe mesmo. Me dê isso. Não quero que se atrase.

John retira a bandeja da minha mão e a leva para a cozinha. Em poucos segundos ele volta e estica a mão para mim.

— Vamos?

Sorrio, completamente boba por aquele cavalheiro sem armadura, ter aparecido na minha vida, e lhe entrego minha mão. Assim que John entrelaça nossos dedos, nós saímos do apartamento.

[...]

— Pronto. — diz, olhando pela janela. — Está entregue.

— Obrigada... sabe, pela carona e pela noite.

— Eu que agradeço a companhia. Vamos repetir muitas outras vezes. Promete?

— Sim. — respondo, sorrindo. — Bem, até mais.

Eu não sabia bem como me despedir dele. Um selinho? Beijo no rosto?

Ao perceber que parei no meio do caminho, John coloca sua mão na minha nuca e me puxa para um beijo de tirar o fôlego.

— Bom dia. — murmura, ainda com os lábios colados nos meus.

— Bom dia.

Deposito mais um selinho em seus lábios e saio do carro. Fico parada na calçada, até que o carro de John vire na esquina, só então adentro o prédio.

— Segura o elevador.

Seguro a porta como me é pedido, por Lilian.

— Oh... — murmura, quando percebe que sou eu dentro do elevador. — Oi...

— Oi.

Ela me olha de lado.

— Estava com John?

— Sim... ele acabou de me deixar aqui.

Lilian então começa a pedir desculpas pela forma que falou comigo na noite passada, enquanto minha mente me lembrava do aniversário de John. Aniversário cujo pede presente e eu não tenho um real sequer para comprar.

— O que eu preciso para fazer um filme? — pergunto, deixando Lilian boquiaberta.

— Mas você...

— Como você disse, necessidades... preciso de dinheiro.

— Eu não sei se é uma boa ideia...

— Lilian, ou você me ajuda, ou vou atrás disso sozinha.

O elevador para no nosso andar e ela suspira, tirando o celular do bolso.

— Estou mandando um endereço para o seu celular. — diz, e logo o meu aparelho apita. — Haverá uma filmagem amanhã. Não será exatamente pornô. Você será bem instruída.

— Não irá comigo?

— Eu só estou te passando essa gravação, porque eu não poderia ir.

— Obrigada. — acho.

Entramos em nossa sala de trabalho e logo ocupamos nossas mesas, após bater o cartão de ponto. Não demora para que nosso não querido, gerente surja, pedindo a atenção de todos.

— Agora que Emma e Lilian se juntaram a nós, quero contar da novidade que está rondando nosso meio de trabalho. — ele faz uma pausa e então levanta um aparelho de celular antigo. — Agora vocês trabalham vinte e quatro horas por dia.

— O que?

O burburinho começa, e vários questionamentos surgem. Como assim trabalhar vinte e quatro horas por dia? A escravidão foi abolida há muito tempo!

— Calma, meninas. Irei explicar.

— É bom mesmo que explique, pois não estou gostando nada disso. — Lilian resmunga para mim.

— Vocês vão fazer suas horas aqui e continuar ganhando por comissão. Já as que eu escolhi para trabalhar com o celular, irá ter uma espécie de salário fixo por semana. Cem libras.

— Quais as escolhidas? — alguém pergunta.

Ele pega uma folha e começa a listar.

— Joana, Megan, Emma, Jocelyn e Vanessa.

Lilian me encara assim que ele termina de mencionar os nomes.

— As cinco depois vem até minha sala, buscar seu novo método de dinheiro rápido. E lembrem-se, quando o telefone tocar, deverão atender e fazer seu cliente gozar. Tenham uma boa tarde.

Hotline BlingWhere stories live. Discover now