47. Estamos Mortos.

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              𝓝o fim da tarde, as três meninas tinham perdido tanto sangue que Taurus teve dar o seu a elas. Darkless parecia satisfeito; eu as tinha curado perfeitamente. Primeiro, com cinco minutos, depois, em três, e por fim, em um minuto. Eu estava exausta quando saímos da Demons, tremendo e morta de fome.

— Porque você fez isso? — Perguntei ao passo que caminhavamos até minha casa. 

— Isso o que? 

— Me colocar naquela situação! — Exclamei irritada. — Fazer aquelas meninas sofrerem! 

— Você precisava de um incentivo para conseguir. Não iria conseguir caso ficasse apenas parada ali, com elas compelidas a não sentir dor. 

O encarei por um instante, meu coração cheio de raiva, antes acelerar o passo e sair de perto dele. Darkless rapidamente me alcançou e segurou meu braço, fazendo com que eu me virasse para ele. 

— Qual o problema? — Ele questionou confuso. Porra. Como ele não podia compreender? 

— Você machucou seres humanos inocentes para seus propósitos! — Gritei exasperada. — Porra, Aztraz! E você ainda pergunta porque não quero ser uma vampira? 

Darkless cruzou os braços frente ao peito e sua expressão endureceu. A luz do sol se pondo iluminava suas belas feições, transformando seus olhos duas safiras brilhantes. 

— Fiz o que foi preciso para te blindar, para te ajudar a controlar os poderes que há dentro de você. Você não quer ser vampira? Ok. Mas pelo menos aprenda a se defender. — Darkless foi ríspido em suas palavras. — Não seja uma garotinha em perigo. 

Raiva me tomou ao ouvir aquilo, e meu coração bateu tão forte no peito que pensei que sairia por minha boca. Encarei Darkless por um longo minuto, mas ele não parecia arrependido por suas ações ou suas palavras. Soltei uma risada sem humor e voltei a andar. 

— Nos últimos dias acabei me esquecendo de quem você realmente é. — Comentei ácida, e felizmente, o Mestre não me seguiu. 

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Caminhei pelos jardins me sentindo estranha. Ao mesmo tempo em que estava na grama, meu corpo se teletransportava para terra batida do roseiral; ao longe, podia ver Liam próximo aos muros, olhando sem picar para as enormes paredes. Eu não sabia como conseguia avistar o menino de tão longe, mas lá estava ele. Liam levantou as mãos e fechou seus olhos, concentração em sua face, e um barulho estrondoso ecoou pela Corte, que só agora percebi estar vazia. Havia somente nós dois ali. 

— LIAM! — Gritei. — O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?

O garoto olhou em minha direção, lágrimas de sangue em seus olhos. Ofeguei de susto ao ver tamanha barbaridade, e comecei a correr em direção a ele, mas mesmo indo rápido, não conseguia o alcançar. 

LIAM! — Gritei de novo e escorreguei no chão que tinha se tornado lama. Tentei me levantar, mas não consegui. 

— Eu não sei porque fiz isso… Ele… Ele me obrigou. — A voz triste de Liam ecoou pela Corte e com o coração em frangalhos, vi quando os muros caíram e Luke atravessou as barreiras destruídas com um exército atrás de si. 


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Acordei gritando, me contorcendo contra os lençóis. Meu coração batia rápido no peito e lágrimas desceram por meu rosto. Elysha entrou rapidamente no quarto.

— Lizzie! — Minha irmã chamou me puxando para fora das cobertas, mas não foi necessário, num movimento rápido que me fez ficar tonta, me coloquei de pé. 

— Me leve até o Mestre! Elysha! Agora! — Berrei em direção a minha irmã e a sacudi em desespero. 

Elysha não disse nada, apenas passou seus braços ao redor do meu corpo e lançou mão de sua velocidade insana, fazendo-me ficar ainda mais tonta conforme corria pela Corte vertiginosamente. Menos de dez segundos depois estávamos frente a porta da Mansão escura e eu me desvencilhei de Elysha sem dizer nada, abrindo a porta num rompante;

— AZTRAZ! — Gritei subindo os degraus, mas o Mestre me encontrou no meio da escada, segurando meus braços para que eu não caísse ao cambalear de susto. 

— Liam! Precisamos achar Liam! — Implorei com lágrimas nos olhos. — Luke o está usando para destruir as barreiras! Por isso ele sumiu aquele dia! 

— Lizzie que porra está acontecendo? — Darkless perguntou me sacudindo e antes que eu pudesse responder, ele abriu o fecho do meu colar e segurou meu rosto entre as mãos. Seu rosto desfocou e eu sequer senti raiva por sua invasão. 

— É um aviso, Darkless. Eu tenho certeza de que é! 

Darkless rapidamente colocou o colar ao redor do meu pescoço e me tomou nos braços. Pensei que ele correria, mas não. Darkless literalmente nos dissolveu em sobras e eu não tive sequer tempo de gritar antes de novamente voltarmos a aparecer perto dos muros. Darkless rapidamente correu, mas eu fiquei para trás porque estava muito ocupada me curvando para vomitar todo meu jantar. 

— Liam! — Ouvi Darkless gritar e rapidamente me coloquei de pé, correndo em direção ao som de sua voz. 

Darkless estava ajoelhado no chão, segurando Liam em seus braços. Me ajoelhei ao lado deles, o coração a mil enquanto Aztraz segurava o rosto dele entre as mãos, o rosto concentrado ao ler os pensamentos do filho. O Mestre rapidamente se colocou de pé com o menino no colo, e me segurou pelo braço. De novo, vi meu corpo sumir em sombras e nem tive tempo de gritar. 

— Porra! — Xinguei ao cair na grama. — Aztraz você… 

Darkless puxou o celular do bolso e com alguns cliques, um barulho insano soou, uma sirene alta e estridente que doeu meus tímpanos, mas felizmente durou pouco. Os guardas rapidamente se uniram ao redor do Mestre. 

— AS BARREIRAS FORAM DERRUBADAS! A CORTE ESTÁ SOB ATAQUE! — Darkless gritou tão alto, mas tão alto, que sua voz ecoou por cada um dos cantos da Corte. Observei com os olhos arregalados as pessoas saírem de suas casas assustada. — CONSELHEIROS: PREPAREM-SE PARA LUTAR! AQUELES QUE NÃO SABEM MANEJAR UMA ARMA OU LUTAR, PEGUEM AS CRIANÇAS E SE ABRIGUEM!

— Como as barreiras caíram? Você fez o encanto só poder ser derrubado por seu próprio sangue! — Taurus argumentou segurando o braço do Mestre. 

— Usaram Liam. — Foi a única resposta de Darkless antes de se virar para frente, encarando os muros com concentração. 

A princípio, não vi nada, apenas a imensidão da noite, mas rapidamente o cenário mudou. Os muros foram para os ares numa explosão digna de Hollywood e eu caí no chão pelo barulho ensurdecedor, mas tive tempo de ver o que veio depois: 

Luke voando frente a um exército de híbridos e… Lostess. Arquejei ao ver os monstros, mas ainda assim, minha maior e mais dolorosa surpresa, foi ver minha mãe ao lado dele. 

E ela olhou diretamente para mim.

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora