10. Dedos Tortos.

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                 𝓔u não tinha ideia de como minha vida tinha ficado daquela forma. Há seis meses atrás, eu era uma garota normal, vivendo nos subúrbios com a mãe. Agora, minha mãe tinha se matado, vampiros existiam, e eu estava numa sala com o pior deles me encarando como se a culpa de todas as desgraças do mundo fosse minha. E bom, depois dos sonhos que tive, talvez fosse. 

— Você acredita mesmo que eu possa ser a destruição do seu povo? — Perguntei depois de muito tempo em silêncio. Darkless me lançou um olhar tão gélido que fez com que eu me encolhesse no sofá. 

— Sinto algo em você, algo fora do comum, mas não consigo dizer o que é. — O Mestre disse por fim, se apoiando contra a parede da sala. Parecia impaciente com a demora do curandeiro. — Mas vou descobrir. 

Eu tinha certeza de que ele iria. Não só por ele ser completamente amedrontador, mas porque Darkless me transmitia a sensação de ser imbatível, e obviamente, ele conseguia tudo que queria. Respirei fundo, novamente olhando para minha mão ferida. Nas últimas semanas, tentei ao máximo não pensar em minha mãe, mas ali, vendo meus dedos retorcidos, me perguntei como seu corpo tinha ficado ao cair no chão. Se tinha entortado e quebrado como meus dedos. Isso fez com que lágrimas surgissem em meus olhos e eu as limpei rapidamente com a outra mão. 

— Ainda dói? — Darkless perguntou estranho. Seria culpa em seu tom? 

— Não. — Dei uma risada sem humor. — Estava me perguntando se o corpo da minha mãe também ficou torto assim quando ela se jogou da janela porque não aguentava ter uma aberração como filha. 

Darkless franziu as sobrancelhas, como se fosse a primeira vez que ouvisse falar disso. 

— O quê? Você não viu isso em minha mente? 

— Eu só procurei na sua mente o que queria saber, não vasculhei toda sua vida. — O vampiro deu de ombros. — E também os pensamentos que você teve sobre mim, mas isso é automático. Qualquer impressão que um ser tenha sobre mim, no presente ou no passado, voa em minha direção. 

Balancei a cabeça em concordância, repentinamente arrependida de ter lhe dito sobre minha mãe. Se ele não sabia de tudo, como Elysha tinha dito, eu ainda poderia ter meus segredos. 

— Pode fazer uma troca comigo? 

Darkless me olhou com interesse, e indicou que eu continuasse. 
— Bom, você quebrou meus dedos sem querer… — Dei de ombros. — Poderia me retribuir não lendo mais pensamentos sem que eu deixe. 

— E porque eu faria isso? — Ele soava distante, mas ainda assim podia ver diversão em seu rosto angelical. 

— Porque eu acho que você é um cara justo. 

Darkless riu. Realmente riu. Uma risada alta e divertida, como se de fato tivesse achado graça do que eu tinha dito. 

— Você acha engraçado eu te chamar de justo? 

— Também. — Darkless disse entre risadas. — Mas o mais engraçado é eu não sentir vontade de quebrar o seu pescoço por você me chamar de “você” e de “cara”. 

Droga. Eu tinha esquecido totalmente que ele era o Meste dos vampiros, a autoridade máxima desse mundo sobrenatural. Abri um sorrisinho simpático e pisquei os olhos. 

— Bom, pelo menos te faço rir. 

Darkless não me respondeu, simplesmente desapareceu, fazendo com que eu pulasse de pé tamanho o susto. Um segundo depois, ele se materializou na minha frente e eu não pude me impedir de gritar. O Mestre puxou meu braço para si e colocou no meu pulso um bracelete de prata, com pedras vermelhas, tão brilhantes quanto fogo. 

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now