37. Sumiço.

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        𝓛 evei apenas um minuto para vestir minhas roupas, e encontrei Darkless na varanda, de pé sobre o corrimão observando os arredores. Assim que me viu, o Mestre passou o braço ao redor de minha cintura e saltou, fazendo me gritar de medo. 

Mal havíamos tocado o chão quando mais de dez vampiros nos cercou, todos vestidos de cinza, encarando Darkless avidamente. Os Guardas do Mestre. 

— Ele tem nove anos e atende por Liam. Cabelos pretos, olhos azuis, deve estar usando roupas comuns do dia a dia. Já foi procurado em todos os lugares que poderia estar, Sala do Mestre, minha casa, a casa da senhora Reed, e a mansão Relish. — Darkless informou sério, e até mesmo eu conseguia ver o desespero em sua voz. — Metade de vocês sairão e procurarão ele fora dos muros, a outra metade irá esquadrinhar cada fodido pedaço dessa Corte em busca dele. Irei tentar alcança-lo com magia enquanto isso. VÃO!

— Sim, senhor! — A guarda ecoou em uníssono e desapareceu segundos depois. Darkless não disse nada, apenas puxou de dentro da camisa preta o longo colar com um rubi na ponta e fechou os olhos, seu rosto sendo tomado por concentração. 

Eu não sabia rezar, e mesmo se soubesse, não tinha certeza se acreditava em algum Deus, mas pedi a qualquer um que me ouvisse para que Liam estivesse bem e que o maior mal que lhe acontecesse fosse a briga que seu pai teria com ele quando descobrisse que ele só estava escondido em algum lugar. 

Darkless xingou ao abrir os olhos e bateu o pé com força no chão. 

— Não o encontro. Ele está inconsciente, seja dormindo, desmaiado ou morto. 

— Ele com toda certeza não está morto. — Afirmei com um nó na garganta. — Liam não pode estar morto. Ele não está morto. 

Um assovio alto, de doer os tímpanos ecoou pela Corte e um segundo depois, Darkless já havia envolvido meu corpo nos braços e lançado mão de sua velocidade insana, nos teletransportantando para os enormes e altos portões da Corte. Meu coração errou uma batida e lágrimas vieram aos meus olhos quando vi o corpo inerte de Liam nos braços de Taurus, alívio me tomando ao vê-lo se remexer. 

Darkless o tomou dos braços do amigo e o segurou firme contra o peito, analisando cada pedacinho do corpo do menino. 

— Liam, abra os olhos. — Ele pediu baixo, mas tudo que o garoto fez foi se remexer em seus braços. — Ele precisa de sangue. 

Cheguei mais perto deles e estendi meu braço para Darkless, o coração batendo acelerado no peito ao imaginar o que poderia ter acontecido com Liam. Liam, tão lindo e pequeno, que se mexia nos braços do pai como se estivesse tendo um pesadelo. 

Mordi os lábios para não gritar quando Darkless cravou os dentes em meu pulso pálido e levou o ferimento até os lábios de Liam. A princípio, nada aconteceu, e então, o menino entreabriu os lábios e sugou o sangue, felizmente, não mordendo meu braço. Vi seu rosto se transformar em frente aos meus olhos ao se alimentar, suas bochechas deixando o pálido doentio e assumindo um tom corado. 

Quando Liam abriu os brilhantes olhos azuis, eu nunca senti tanto alívio na vida. 

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— Então o Darkless tem um filho? — Elysha perguntou surpresa, sentada na mesa da cozinha. Era a terceira vez que ela dizia a mesma coisa. Após o incidente, todos sabiam que Liam era filho do Mestre, já que ele tinha decidido simplesmente ignorar seu segredo para que não precisasse mais tirar os olhos do menino nem por um segundo. — Caralho… Um filho. 

— Pois é. Bizarro. — Me fingi de surpresa, já que não tinha nenhum interesse em contar que havia salvo Liam e matado uma pessoa. 

— Quem será a mãe? — Bom, isso tinha ficado em segredo, pelo visto. 

— Se você não sabe, imagine eu. 

Elysha respirou fundo e balançou a cabeça desconsertada. 

— Caralho… Um filho. 

Acabei por rir ao ver Elysha tão surpresa e dei um beijo em sua bochecha antes de rumar para meu quarto. Estava me sentindo triste. Hoje completavan dois meses da morte de mamãe, e eu sequer tinha ido ao seu enterro. Seque sabia como tudo tinha corrido. E nesses dois meses tantas coisas mudaram… Estar naquela Corte, com todos aqueles vampiros, onde pela primeira vez na vida tive uma família, estava sendo a coisa mais absurda e surpreendente que eu já tinha vivido, mas sentia saudade de casa, da minha antiga cidade onde havia crescido e conhecido o mundo. Também sentia falta da escola, da minha professor de literatura, a Senhora Carter, que dizia que eu tinha um futuro promissor. 

Sentei na cama e abri o notebook em busca de encontrar conforto nas fotos do Facebook onde podia ver minha mãe, meus antigos colegas de escola, mas parei com o dedo no Mousepad quando vi um e-mail UPenn, a Universidade da Pensilvânia. Com as mãos trêmulas, deslizeino dedo sobre o mouse e abri a mensagem, meu coração batendo forte no peito. 

Uma lágrima escorreu por minha bochecha, depois outra e outra, até que eu estivesse chorando de soluçar frente ao notebook. Havia passado. Tinha sido aceita na UPenn. Meu grande sonho, pelo qual estudei a vida inteira tinha sido realizado. Chorei ainda mais. Eu estava na Corte, não tinha chance alguma de Elysha — ou Darkless — me deixar sair dali para cursar uma faculdade do outro lado estado. E por mais que me sentisse feliz por ter conseguido, meu coração estava doendo no peito; 

Tinha realizado meu maior sonho… E não havia com quem compartilhar minha felicidade. 

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now