38. Presente Chocante.

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     𝓟 assei o resto dos dias amuada, não tendo energias nem mesmo para rir das piadas que Liam contou no jantar que fiz para ele na sexta. O domingo chegou e minha animosidade continuou presente. A Corte estava em polvorosa, vampiros chegavam de todos os cantos do mundo e o lugar que antes era calmo, estava preenchido por conversas e barulhos estridentes. Meu cabelo tinha sido feito durante a manhã, quando o cabeleleiro do último baile o prendeu por inteiro num coque sofisticado e colocou uma tiara de prata e safiras sobre minha cabeça. A maquiagem estava sendo feita pelas mãos habilidosas da maquiadora, mas nem assim, eu conseguia me animar. Me sentia só, um simples peão num jogo de xadrez que não entendia. 

A tarde se arrastou, e eu nem pude dormir para que o tempo passasse mais rápido, senão acabaria com o penteado e a maquiagem bem feita. Elysha me chamou quando entregaram nossos vestidos, pontualmente as cinco e meia da tarde. Desci as escadas sem nenhuma animação e me sentei no sofá enquanto ela abria a caixa destinada a ela, tirando um lindo vestido azul Royal de dentro dela. 

— É mesmo lindo. — Eu concordei quando ela começou a falar sem parar que nunca tinha visto algo tão deslumbrante. 

— Que estranho, o seu veio com um cartão. — Elysha falou ao abrir a caixa destinada a mim e me entregou o cartão. 

Abri o envelope e tirei um bilhete simples escrito numa caligrafia elegante. 

“𝓟𝓪𝓻𝓪 𝓺𝓾𝓮 𝓽𝓸𝓭𝓸𝓼 𝓸𝓼 𝓿𝓪𝓶𝓹𝓲𝓻𝓸𝓼 𝓹𝓻𝓮𝓼𝓮𝓷𝓽𝓮𝓼 𝓪𝓺𝓾𝓲 𝓼𝓪𝓲𝓫𝓪𝓶 𝓺𝓾𝓮 𝓵𝓱𝓮 𝓽𝓸𝓬𝓪𝓻 𝓮́ 𝓾𝓶 𝓬𝓻𝓲𝓶𝓮 𝓺𝓾𝓮 𝓳𝓪𝓶𝓪𝓲𝓼 𝓹𝓮𝓻𝓭𝓸𝓪𝓻𝓮𝓲. 𝓣𝓮 𝓿𝓮𝓳𝓸 𝓪𝓼 𝓸𝓲𝓽𝓸.

𝓝𝓲𝓴𝓵𝓪𝓼 𝓓𝓪𝓻𝓴𝓵𝓮𝓼𝓼.”

— Acho que houve um erro… — Elysha disse baixo, de olhos arregalados. A olhei sem entender, ainda confusa pelo bilhete de Darkless, e Elysha puxou o vestido de dentro da caixa. 

Era lindo. A peça de roupa mais linda que eu já tinha visto na vida. Feito de pura seda, o vestido um corpete justo, colado ao corpo, com um belo decote em U que provavelmente mostraria mais do que eu estava acostumada. Sua saia se abria numa deslumbrante mistura de seda e pequenos cristais que mais pareciam diamantes. Lindo. Extremamente lindo. Porém, a coisa mais chocante daquele vestido era a cor. Preto. 

Preto como a noite estrelada.  
Preto como Aztraz Niklas Darkless. 

Estendi o bilhete para Elysha e peguei o vestido em mãos, maravilhada com a textura macia do tecido. Elysha suspirou audivelmente ao ler o que Darkless tinha escrito. 

— Uma forma esperta de te proteger. — Ela disse por fim. — Mas… uau. Não esperava isso dele. 

Assenti, tão surpresa quanto ela. Elysha me lançou um olhar estranho. 

— Usar esse vestido diz a todos que você pertence a ele. — Minha irmã alertou. — Você pertence, Liz? 

Meu coração acelerou com a pergunta e pela expressão de Elysha, soube que ela tinha ouvido meus batimentos irregulares. Não respondi. Apenas peguei o vestido e subi as escadas. 

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Nunca tinha me sentido tão linda antes. O vestido me envolveu como uma luva, abraçando cada curva do meu corpo com seu corpete justo, até que a saia rodada se abrisse numa imitação perfeita do céu estrelado. Coloquei no pescoço o colar de prata e safiras que combinava perfeitamente com minha tiara e me sentei na cama para calçar os saltos baixos que Elysha tinha me emprestado, tão pretos quanto o vestido. 

Minha irmã já me esperava na escada quando saí do quarto e segurou minha mão com força contra a sua. 

— Não saia da minha vista, ok? Apenas se… Estiver com Darkless. Não gosto do fato de você talvez ter algo com ele, mas ele nunca deixaria algo de ruim lhe acontecer. 

— Ely… 

— Shhhhh. Apenas me escute, tudo bem? — Minha irmã pediu quando descemos as escadas de mãos dadas e novamente parei para olhar para ela. — Você é especial, Liz. Demais. Nunca me perdoaria se algo lhe acontecesse. Então, tome cuidado essa noite. 

Assenti com afinco e trocamos um rápido abraço antes de sairmos de casa, imergindo no jardim iluminado. Nunca tinha visto tanta gente na vida, e meu coração acelerou dolorosamente ao perceber que por onde eu passava, expressões de espanto e cochichos me acompanhavam. Alguns até apontavam para mim, esbabacados com a audácia que tive para usar um vestido preto. Obviamente, todos eles pensavam que Darkless me repreenderia publicamente por minha ousadia, já que não tinham ideia de que ele mesmo havia mandado o vestido. Isso fez um pequeno sorriso surgir em meus lábios e consegui andar de cabeça erguida ao lado de Elysha. 

Assim que alcançamos o centro do Jardim, onde centenas de vampiros conversavam e riam, o encontrei. 

Darkless estava vestido como um verdadeiro príncipe antigo. Trajava um belo fraque preto, com os botões fechados da garganta até a cintura, onde seu casaco nobre se findava na frente, mesmo que a parte de trás continuasse até suas panturrilhas. Seu cabelo negro estava penteado para trás e a coroa de rubis estava sobre sua cabeça. Todos pareceram para para observar quando o Mestre me viu, esperando uma cena em público, esperando sua raiva contra a Relish humana. 

Não aconteceu. 

Darkless caminhou até mim e pegou minha mão direita, levando-a até os lábios para depositar um beijo casto no dorso. Meu mundo todo brilhou colorido ao ver seu gesto e eu me derreti por inteira com sua ternura; havia um brilho de diversão em seus olhos azuis, provavelmente por causa dos meus batimentos cardíacos acelerados, mas não me importei. Quando ele entrelaçou seus dedos aos meus, apertei sua mão com força. 

— Você está tão linda quanto a noite, senhorita Relish. — Darkless elogiou quando começou a andar ao meu lado, sua palma fixa contra a minha. 

— Eu realmente me sinto linda. — Confessei num sussurro e quando Darkless me lançou um pequeno sorriso, caminhei ao lado dele com altivez; pela primeira vez desde que cheguei a Corte, consegui empinar o queixo e me portar como quem eu realmente era.

Uma Relish.  
Parte da realeza.  
E o principal: a mulher que estava caminhando ao lado do Mestre.

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOWhere stories live. Discover now