43. Morto.

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      𝓝ão abri a porta em nenhuma das seis vezes que Elysha tentou falar comigo, também não saí do quarto para nada nos dois que seguiram o Festejo. Por fim, Elysha parou de tentar, e eu consegui passar meus dias de solidão tranquila. O grande problema de transar com Aztraz, era o que eu sentia depois. Apego. Saudade. Medo. Frustração. 

Apego porque aquilo havia nos aproximando, saudade porque eu queria mais, medo porque eu sabia, no fundo do meu coração, que iria me decepcionar e frustração por não conseguir fazer nada para sair da tempestade de Darkless que habitava meu coração e pensamentos. 

No entanto, o principal sentimento era de tristeza. Havia amado ter estado com ele e a cada vez que me lembrava de tudo que fizemos, sentia arrepios. As vezes, parecia um sonho, mas quando olhava para as marcas roxas em meu corpo, percebia que tinha sido bem real. Porém, eu não era nada pra ele, enquanto eu me sentia completamente enfeitiçada; até mesmo apaixonada. O máximo que chegaria ser, era o que Elysha tinha dito: uma prostituta que o servia. Mesmo que ele tivesse dito que uma prostituta jamais se deitaria em sua cama, ou teria toda sua atenção, eu me sentia mal. Eu era uma humana qualquer, uma pessoa que não tinha nada de especial, e ele era a porra do Mestre dos vampiros, único, invencível e extremamente lindo. Sexo não mudava isso, nem mesmo o tempo que passamos abraçados depois de tal. 

Abracei meu travesseiro quando as lágrimas chegaram e a realidade da situação me tomou. Estava apaixonada por um homem fora do meu alcance, um homem que tinha o mundo aos seus pés e nenhum motivo para se interessar por mim. Porra. A tristeza era uma merda, assim como a fodida sensação de inutilidade que eu sentia; estar apaixonada por um homem como ele era pedir para sofrer, certamente. Então, porque eu não conseguia fazer esse sentimento sair de dentro de mim? Porque não conseguia parar de pensar nele? 

Em algum momento da crise de choro e autopiedade, devo ter dormido, pois tinha certeza de que aquilo era um sonho. A Corte estava destruída, e aos meus pés, jazia o corpo de Aztraz. Livido, imóvel, frio como gelo. Gritei de pavor ao constatar que ele estava morto e tentei o sacudir, o fazer acordar, mas ele não se mexeu. 

Morto.

O Mestre dos vampiros, O Darkless, Aztraz… Morto. O invencível Mestre Darkless estava morto. 

Acordei gritando e caí da cama, batendo com tudo no chão. As lágrimas vieram novamente, e nem mesmo o alívio de perceber que tinha sido um sonho as fez parar. Levantei do chão em passos trêmulos e peguei um casaco antes de sair do quarto. As lágrimas não cessaram e felizmente Elysha não estava em casa. Corri pelos jardins, meus pés batendo com força no chão, até me emaranhar no roseiral. Continuei correndo, desesperada, soluçando de pavor, até bater em uma parede sólida. 

Não era uma parede. 

Atraz estava em minha frente, me olhando confuso e preocupado. 

— Lizzie, o que…? 

O interrompi ao me jogar contra ele e o abraçar apertado, enterrando meu rosto em sua camisa. Darkless passou seus braços ao meu redor e me abraçou firmemente, não me afastando nem mesmo quando as lágrimas ensoparam sua blusa. 

— Lizzie. O que houve? Você está ferida? 

— Morto… — Solucei. — Você estava morto… Parecia tão real… Eu vi seu corpo e você estava morto… 

— Você sonhou com isso? — Darkless perguntou numa voz suave que eu nunca o tinha visto usar e eu assenti, não confiando em minha voz falha para dizer qualquer coisa. — Shhh… Foi só um sonho. 

— Você é imortal, não é? — Perguntei me afastando dele, as lágrimas borrando minha visão de seu rosto lindo. Eu estava histérica, mas não conseguia me importar. — Imortal e invencível, ninguém poderia te matar, não é? Você vai viver pra sempre… Sempre. Não vai? Nunca vai morrer… Prometa que nunca irá morrer… 

Darkless me puxou para ele num abraço apertado e acariciou meus cabelos com a mão que não usava para amparar minhas costas. 

— Você está certa. Sou imortal. Não irei morrer. — Ele sussurrou contra meus cabelos e beijou a pele acima da minha orelha. — Você não precisa se preocupar. Foi só um sonho. 

Beijei seu peito, sua clavícula e seu pescoço várias e várias vezes antes de selar meus lábios contra os dele. Darkless segurou minha nuca e beijou minha boca com intensa vontade, me apertando contra seu corpo. 

— Vem, vamos para casa. 

Quando o Mestre lançou mão de sua velocidade sobrehumana, pensei que estaria na minha porta quando parassemos, mas nosso destino acabou sendo a varanda de seu quarto, onde ele pousou com cuidado antes de segurar meu rosto e usar os polegares para limpar minhas lágrimas. 

— Então quer dizer que sonhar comigo morto te aterroriza? — Darkless perguntou com um sorriso enviesado e eu abaixei os olhos de vergonha, sentindo meu rosto corar. — Seu rubor é tão lindo… 

Isso me fez corar ainda mais e Darkless soltou uma risada baixa. Como sempre, meu coração errou uma batida ao ouvir o som lindo de seu riso. 

— Eu sinto medo de que você simplesmente… Deixe de existir. — Sussurrei.

Darkless me fez olhar para ele, seus olhos estavam sérios. 

— Então você entende como eu me sinto. — O Mestre sussurrou de volta e todas as borboletas do mundo pareceram brotar em meu estômago. 

— Prometa que não irá morrer. — Pedi me aproximando dele; Darkless abriu um sorriso malicioso. 

— Prometo que não irei a lugar algum. 

Ergui minha mão para acariciar seu rosto belo ao mesmo tempo em que ele levou sua mão até minha bochecha. Choque queimou entre nós quando o bracelete caiu num baque surdo e eu tive dois segundos de confusão antes de perceber o porquê de sua expressão ter se tornado concentrada e os seus olhos terem se desfocado. Tarde demais, dei um pulo para trás, fugindo de seu toque. 

Darkless me encarou com surpresa e até mesmo medo em suas feições. Meu coração parou por um instante e depois recobrou os batimentos com o dobro de velocidade.

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora