44. Em Sua Mente.

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— Porque isso continua acontecendo?! — Perguntei num grito indignado. — Parece que você faz de propósito! 

Darkless me olhou como se tivesse crescido um terceiro olho em minha testa. 

— Você acha que eu gosto disso, Lizzie? De saber cada porra de pensamento que você já teve sobre mim? Porque é isso que acontece. É como abrir um armário amontoado de coisas e tudo cair em cima de mim. — Darkless levou as mãos a cabeça e bagunçou os cabelos. 

Me encostei contra a parede, repentinamente me sentindo pequena. Meu coração galopava no peito, e a cada segundo eu me sentia mais constrangida. Cada pensamento sobre ele. Todos os desejos, todas as inseguranças, todos os sentimentos. 

— Quero ir pra casa. — Minha voz falhou e eu rapidamente levei a mão ao rosto para limpar as lágrimas traiçoeiras. Nunca tinha sentido tamanha humilhação. Darkless ficou de costas para mim, observando o roseiral com as costas tensas. — Por favor… 

— Você não é uma prostituta. — Ele disse por fim. — Você dormiu na minha cama, nos meus braços. Acha que eu trataria uma puta assim? 

— Aztraz… 

— Você me chama pelo meu nome! — Aztraz gritou se virando pra mim num rompante. — Você usou minha cor no baile, você me chama pelo nome que ninguém mais conhece, você dorme na minha cama, você tem toda a minha atenção, e eu me coloco em risco, tanto politicamente tanto fisicamente para proteger você, e você tem a coragem de achar que é a porra de uma puta? Se eu quisesse foder com você, teria simplesmente aberto dois ou três sorrisos e dito coisas que você queria ouvir! 

— Você está irritado por eu pensar isso? Está irritado por eu não entender o motivo de você se interessar por mim? 

— Estou irritado por me sentir mal por você se sentir assim. — Darkless disse num sussurro enérgico e bateu a mão contra o corrimão da varanda, fazendo o metal se envergar onde acertou. — Estou irritado porque não quero que você se sinta assim. 

— Aztraz… 

Não consegui terminar a frase. Meu peito estava sendo bombardeado por sentimentos novos, por informações novas. A dor e a esperança faziam um espiral dentro de mim e de olhos arregalados, apenas encarava aquele homem. Darkless voltou a ficar de costas, e olhou para as próprias mãos que flexionava; ora abertas, ora fechadas. Por fim, ele se virou para mim.

— Vou lhe mostrar. 

Não entendi o que ele quis dizer a princípio, mas Darkless logo atravessou a distância entre nós e colocou os dedos em minhas têmporas. Uma dor suave e irritante na testa e um clarão repentino foi o único sinal de que ele estava fazendo algo. 

A sensação que eu sentia era de desgaste. Estava emocionalmente e fisicamente exausto, mas meu coração bateu forte ao vê-la ali, agitada e de olhos arregalados. Liam estava ao lado dela, eu conseguia ver o cansaço em suas feições. Me aproximei rápido, esgotando o resto do forças que tinha em meu corpo

— Você está bem? —Perguntei ao me ajoelhar frente a ela. Esquadrinhei quando parte de seu corpo, me atentando a cara detalhe para ter certeza de que não estava ferido. Quando percebi que ele só parecia cansado, sem nenhum ferimento, respirei aliviado.

Liam assentiu e abaixou os olhos, quando ele voltou a falar, sua voz estava triste. Meu coração se partiu ao vê-lo daquela forma.

— Eu… Eu fiquei muito irritado com o homem que disse que você era um monstro e acabei chamando você de pai perto da Lizzie…

Olhei ao redor, e tudo que consegui ver foram os olhos de Lizzie fixos na cena. No milésimo de segundo que tive visão de seu rosto, pude ver a preocupação encher cada um de seus traços. Tão linda. Mesmo rasgada, suja e machucada, ainda era tão linda…

— Tudo bem. — Eu disse voltando-me a Liam e o puxei para meu colo. Cambaleei um pouco, mas o apertei forte em meus braços. — Vou te levar para casa. Não se preocupe.

— Não ficarei mais com Madelaine? — Liam perguntou se aconchegando em meus braços. Senti mais dor. Eu poderia ter morrido enquanto mantinha meu maior tesouro as escondidas, com medo do que pensariam dele ao passo que eu tinha todo o poder para fazer dele um príncipe.

— Não. — Respondi cansado e beijei seus cabelos sedosos. — Vou te levar para casa.

— Você está bem? — A voz doce de Lizzie perguntou quando errei um passo e cambaleei para não cair. Respirei fundo e percebi que precisava colocar Liam no chão. O fiz, mesmo não querendo estar um centímetro longe dele.

— Exaurido. Gastei todas minhas energias no confronto. Não consigo sequer correr até em casa, as últimas gotas meu corpo está metabolizando para curar minhas feridas. — Expliquei

Lizzie me encarou com preocupação genuína, e me lembrei do beijo rápido que ela me dera antes da luta começar. Porque ela havia o feito? Havia alguma chance daquela garota gentil, tão preocupada com os outros, ver algo em mim que não fosse crueldade?

— Vem, minha casa está mais próxima que a sua.

Concordei, cansado demais para discutir. Precisava manter Liam em segurança e recuperar minhas forças caso houvesse atacantes remanescentes, no entanto, eu tinha um sentimento gritante em meu peito, um sentimento estranho e nada familiar, que me implorava para não ficar longe de Lizzie.

Quando começamos a caminhar em passos lentos até a mansão Relish, com Liam segurando firmemente minha mão, olhei para ela novamente. Lizzie encarava os corpos mortos, mas a sua expressão só reluzia dor quando ela via um dos vampiros, um dos meus, ter seu corpo sem vida queimado pelos raios solares que voltavam. Para os híbridos, havia apenas um olhar neutro, como se reconhecesse que vidas haviam sido perdidas, como se sentisse muito por vê-los mortos, mas estivesse aliviada por ser o corpo deles, e não os dos vampiros.

Aquilo me fez respeita-la. Mesmo sendo humana, mesmo tendo sido atacada pelos vampiros mais de uma vez, ela não os odiava. Na verdade, Lizzie tinha lágrimas nos olhos cada vez que via um deles mortos. Ela se preocupava com eles, e isso fez um sentimento de adoração percorrer meu corpo. Se ela se considerava parte do meu povo, se ela se ressentia pela morte deles, eu a incluiria entre os que jurei proteger, e se fosse preciso, daria minha vida pela dela, como jurei ao seu pai.
Mas não era somente senso de responsabilidade, no entanto. Quando ela guiou seus olhos de esmeralda para mim, percebi que tendo prometido a Kyle Relish ou não, jamais deixaria que qualquer coisa acontecesse a doce, gentil e ingênua Lizzie.

A cena se foi e eu pisquei os olhos lentamente, focando no rosto angelical de Darkless. Sua expressão era de receio e ao mesmo tempo, esperança. 

— Não é só sexo. — Ele disse por fim e eu não pude fazer nada além de me jogar nos braços dele e o beijar com ardor. 

Mesmo sabendo que ele estava sentindo tudo que eu sentia, não me preocupei. Não me preocupei com meus sentimentos de adoração fluindo entre nós.


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Capítulo extra por causa do meu atraso!
Ao invés de 5, postei 6.

A Corte De Sangue - VAMPIRE HISTORY. | CONCLUÍDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora