- Prólogo -
Base secreta da SHIELD.
Local: Indefinido.
2008.
As paredes úmidas e frias do lugar era a principal característica da nova base da SHIELD. Novos e antigos agentes andavam de um lado para o outro, tentava se acostumar com os corredores diferentes. Não havia muita novidade nessa nova instalação, tirando o lugar ultramente secreto que nem seus próprios agentes conheciam, não era nada que eles ainda não estivessem acostumados.
Entre esses agentes que não viam novidades no novo local de trabalho, estava Katherine Stark. Uma moça de cabelos pretos e um rosto redodo e bochechas salientes, parecia acostumada com a mudança de moradia que enfrentavam quase que diariamente. Por mais que estivesse na SHIELD por apenas dois anos, Katherine já havia acompanhado a mudava de base por inúmeras vezes. Fazia parte do treinamento, se acostumar com mudanças repentinas de ambiente.
Katherine virava de um corredor para outro. Os passos rápidos e largos que eram decididos, como se estivesse prestes a fazer alguma coisa. E ela estava.
Havia uma coisa que Katherine não se orgulhava: Mentir para o seu pai. Se ela não soubesse que isso seria tão necessário, jamais concordaria com isso. A extrema necessidade de esconder dele um fato tão importante em sua vida. Mas ao mesmo tempo que não se sentia bem em esconder a verdade de seu pai, Katherine também conhecia muito bem o homem que lhe criou. E por conhecê-lo tão bem que a moça sabia que isso era altamente necessário.
-Fury está esperando por você - Maria Hill informou ao esbarrar com a morena - Ele pediu para entregar isso à você.
Nem bem Katherine abriu a boca para falar algo, e Maria logo desapareceu ao entrar em uma sala.
Nas mãos da Stark havia uma pasta marrom com a logo da SHIELD e um grande símbolo confidencial. O estranhamento passou no momento em que a Stark abriu a pasta, parecia um projeto em planejamento, uma ideia recente de Fury, que já havia comentando com a moça. O nome de Tony Stark era o destaque na primeira página, junto à uma foto dele no canto superior da folha.
Katherine soltou um suspiro pesado. Obviamente que não havia concordado com essa ideia, parecia fora de contexto em primeiro momento, tanto é que tinha absoluta certeza de que havia sido esquecida - até então - Ela seguiu andando até parar em frente à uma porta, onde uma plaquinha informava que era a sala do diretor. Katherine bateu duas vezes até uma voz abafada autorizar sua entrada.
-Vejo que Hill mandou o recado - Nick Fury, o atual diretor da SHIELD, disse. - O que me diz?
-O que eu já havia lhe dito antes, péssima ideia - Katherine enfatizou - Meu pai não irá concordar com isso.
-Tony Stark acaba de se assumir como Homem de Ferro - Fury jogou sobre a mesa uma manchete de jornal, onde a principal notícia era sobre a identidade do herói - Ele revelou ao mundo, Katherine. Não há mais mistérios, motivos para dizer não.
-Existem vários motivos - disse a mulher - Diversas razões que fazem o Bilionário Tony Stark trabalhar sozinho, não acho uma boa ideia colocar ele em um grupo.
-E se você estiver nele? - Fury, que encarava a paisagem artificial pela janela, se virou para olhá-la.
-Quê?
-Olhe a última página - orientou ele.
Katherine franziu o cenho confusa, mas assim o fez. Nas últimas páginas continha três fichas, uma pertencente a Clint Barton e a outra a Natasha Romanoff. Nenhuma surpresa, eram bons no que faziam. Mas a verdadeira surpresa veio quando Katherine passou para a última folha, se tratava da sua própria ficha.
-Não - ela balançou negativamente a cabeça.
-Está na hora do seu pai saber - Fury disse com seriedade.
- Você não o conhece como eu, ele enlouqueceria - Katherine argumentou.
-O mundo uma hora ou outra vai precisar disso - Fury começou - Um grupo de super-heróis para defendê-los quando necessário.
- Por que você não chama aquela sua amiguinha do espaço? - indagou a moça com urgência.
-Katherine, se você não contar para o seu pai - Nick pausou - Ele pode ser obrigado a descobrir da pior forma.
Os olhos castanhos da moça se suavizaram, sua expressão caiu aos poucos. De início, quando Katherine entrou para a SHIELD, Fury concordou em manter segredo do pai da moça. Sendo Tony Stark, ele de alguma forma iria se intrometer em várias ocasiões, e nesse trabalho Katherine precisaria da menor distração possível.
-Tudo bem! - exclamou ela, derrotada. - Certo, vamos fazer isso. Mas você não vai falar com o meu pai sozinho, eu sei como falar com ele.
◇◇◇◇
Era noite quando Tony Stark chegou em seu apartamento. A escuridão se fez tanto dentro quanto fora do recinto, dado aos últimos acontecimentos, era viável que ele preferisse um pouco de sossego antes da impressa voltar a rodiar o então conhecido Homem de Ferro.
Pepper estava em sua casa, Happy havia sido dispensado; apenas Tony em meio à uma imensidão à qual ele chama de casa. Estranhamente, pela primeira vez, Tony se viu satisfeito por esse momento de tranquilidade, a quem estava tão acostumado com holofotes vinte e quatro horas por dia ou a presença de inúmeras pessoas ao seu redor, mulheres o bajulando com a intenção de passar no mínimo uma noite com ele.
-JARVIS? - Tony chamou pelo seu IA.
-Bem-vindo de volta sen...- a voz robótica de JARVIS foi interrompida.
Tony olhou a sua volta, a escuridão da casa o impossibilitava de ver um palmo à sua frente. Até que a iluminação causada da luz natural da lua que refletia atrás do vidro da enorme janela, o fez enxergar uma única presença, a silhueta de um homem na sala.
-Eu sou o Homem de Ferro. Acha que é o único super-herói do mundo? - a perguntou o mesmo homem - Sr. Stark, faz parte de um universo maior. Só não sabe disso ainda.
- Quem é você? - Tony indagou
-Nick Fury, diretor da SHIELD - respondeu o homem.
-Sei - Tony disse desinteressado - Como encontrou aqui?
- Ela me ajudou.
Fury apontou para um ponto escuro, no canto esquerdo da sala. Tony olhou para lado, seus olhos se arregalaram. Katherine andava em passos lentos até ele, um brilho culpado no olhar.
-Oi, papai - disse ela com um pequeno sorriso - Eu desativei o JARVIS, você me ensinou isso.
- O que você está fazendo aqui, Katie, e com ele? - Tony questionou.
-Nós viemos aqui falar sobre a Iniciativa Vingadores - Katherine falou ignorando o olhar acusador de seu pai sobre ela.
-O que estamos vingando? - Stark disse com deboche na voz.
-O que bem entendermos - Fury respondeu sem emoção. - Como se acidentes com Raios Gama, mordidas de insetos radioativos, e um grupo de mutantes não fosse o suficiente...eu tenho que lidar com um pirralho mimado que não se dá bem com os outros...
- Fury! - Katherine o interrompeu - Pai, o que ele quer dizer é que tem muitas coisas por aí. Coisas completamente malucas que provavelmente você não deveria acreditar.
-E você já viu essas coisas malucas, Katherine? - Stark perguntou a filha, de braços cruzados
-Algumas delas - Katherine mordeu o lábio inferior.
-Tudo bem, acho que nós precisamos ter uma conversinha - disse o bilionário à filha.
Nem foi preciso para a moça pedir para Fury deixá-los à sós, o diretor se retirou em silêncio, deixando os dois Stark sozinhos.
Katherine reativou a inteligência artificial da casa.
-Boa-noite, JARVIS.
-Srta.Stark, bom tê-la de volta.
Tony se encaminhou até o pequeno bar que havia entre a cozinha e a sala, serviu um gole de Bourbon em um copo e calmamente tomou o líquido de uma única vez.
- Você está trabalhando para a SHIELD? - perguntou ele.
-Estou, à dois anos - Katherine respondeu em voz baixa.
-Dois anos! - Tony exclamou, indignado - Você me escondeu isso por dois anos, Katherine?
-Tenho meus motivos, pai - disse ela revirando os olhos pela reação do homem.
- Nem imagino qual seja - resmungou - E a faculdade na Alemanha? Eu vi você embarcar no avião...
- Eu fui - Katherine se apressou em dizer - Eu realmente fui, estudei por dois meses e então Fury me encontrou e perguntou se eu queria me tornar uma agente e...
- Você disse sim - adivinhou ele - E não me contou sobre isso! Você sempre teve tudo que queria, Katie. Podia trabalhar na Indústrias Stark, você sabe que isso é seu por direito...
-Mas não é isso que eu quero - a morena o interrompeu - Você sempre me protegeu, pai, agradeço você por isso. Entendo seu lado, mas ainda sim tenho direito de ter minha vida, não tenho?
Como uma criança emburrada, Tony balançou positivamente a cabeça.
-Sou feliz no que eu faço, não sou uma cientista como o vovô, mas sou muito boa em arco e flecha. Eu te amo, pai, mas eu preciso disso, desse trabalho.
Tony soltou um suspiro pesado, parecia estar considerando a explicação da filha. Os olhos castanhos de Katherine tinham um brilho que ele nunca havia visto. Ele tinha que aceitar, Katherine era moça de dezenove anos e querendo ou não era forçado à entender que sua única filha havia crescido.
Ele abriu seus braços para a moça, que parecia aliviada com o gesto.
- Eu também te amo - murmurou Tony, sobre os cabelos castanhos da jovem - Ainda posso colocar você de castigo por ter mentido para mim.
- Você não fará isso - disse ela com a voz abafada, apertando os braços ao redor da cintura dele.