Through the time • Ruel

By onerwel

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Ruel, Joshua e Clarissa são melhores amigos desde que nasceram. Suas famílias, pertencentes à alta elite da I... More

1 - Younger
2 - To Joshua
3 - Waiting for you
4 - To Clarissa
5 - Helpless
6 - To Ruel
7 - Meet me inside
8 - Lookout
9 - No Promises
10 - The one that got away
11 - We Know
12 - Don't let it break your heart
13 - Someone you loved
14 - My dear London
15 - That would be enough
16 - What if I told you a story?
17 - The London Post
18 - How lucky we are to be alive?
19 - If these walls could talk
20 - What comes next?
21 - When we were younger
22 - Runaway
23 - The sky is the limit
24 - Anyone else
25 - Perfect on paper
26 - Too late
27 - Ruin
28 - If I can't have you
29 - Wondering
31 - London Gossip
32 - Who tells your story?
33 - The News
34 - Eclipse of the heart
35 - After the rain
AVISO!

30 - The night of the nights

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By onerwel

Ruel já havia dançado com algumas damas presentes - além de Elizabeth - e mesmo assim estava morto. Mal se lembrava de ao menos dois rostos femininos com que passou nas últimas horas. Estava exausto. Precisava ir embora, mas tomaria algo antes. Seu corpo desidratado pelo cansaço ansiava por algum líquido. O que mais desejava naquele momento era seu quarto, e em específico sua cama.

Como pessoas conseguiam encontrar alguém com quem casar em um baile?

Era exaustivo demais.

- Sua Graça? - alguém o chama com uma voz estranhamente arrastada enquanto chegava perto do balcão do bar.

Ruel se vira na direção da voz. Nunca vira o homem à sua frente, mas sentia a leve impressão de conhecê-lo.

- Já aproveitou bastante a noite? - o estranho perguntou com a voz enbargada e os olhos abrindo e fechando lentamente enquanto pedia um copo de bebida ao servente do bar. Este foi o momento em que Ruel percebeu que o homem estava claramente alterado.

- Eu não sei, mas o senhor aparentemente sim. - o servente chega com as bebidas, mas quando o homem estica o braço para pegá-las, Ruel interrompe, segurando seu braço - Não acha que já teve o suficiente por hoje?

- Está querendo mandar em quanto bebo? Aja como um homem, Sua Graça! - ele então puxa o braço da mão de Ruel e vira o copo na boca fazendo uma careta logo depois.

Ruel percebe que seria melhor se afastar, estava começando a se irritar com aquele indivíduo. E além do mais, não havia o que fazer com ele. Para seu próprio bem, Ruel desencosta da bancada do bar e resolve partir sem bebida alguma. Que morresse de sede, não estava a fim de aturar um bêbado por um copo de limonada.

- Com licença, senhor. Mas preciso partir.

- Espere! - o homem agarra agarra a manga de seu craque e puxa com força, fazendo-o perder o equilíbrio e tombar para o lado. Ruel sentiu um corpo bater contra o dele - além de um grito feminino como bônus.

Quando fica totalmente de pé e ereto novamente, ele se vira e acaba encarando os escuros olhos de Clarissa Williams.

Além de Taylor Bassett em pé à seu lado.

Oh não.

- Sr. Bassett, Srta. Williams, me desculpem. Aquele senhor... - Ruel se vira para mostrar, mas o homem já havia sumido de vista - Esqueçam. Me perdoem, estava de partida.

Assim que Ruel começou a se inclinar em um sinal de despedida, Taylor o interrompeu:

- Espere. Está tudo bem. - o jovem duque encara Taylor - Aliás, Ruel, já dançou com a Srta. Williams esta noite? Não tinha o visto antes, aliás. Não poderia perder a oportunidade de vê-los juntos mais uma vez e crescidos.

Oh não. Oh não. Oh não.

Ruel fica nervoso e seus olhos correm de Clarissa para Taylor e de Taylor para Clarissa.

O que ele menos queria aquela noite, que ótimo! Dançar com a jovem que estava, justamente, tentando esquecer há dias. Belíssima ideia, Sr. Bassett.

- Bem, para falar a verdade não, mas já dancei com muitas damas presentes. Acredite, estou tão cansado que seria capaz de pisar no pé da Srta. Williams por desatenção incontáveis vezes - Ruel tenta esquivar fingindo uma risada.

Mas é em vão.

- Creio que Clarissa não se importará, não é? - o homem pergunta.

Só então que Ruel olha para a jovem. Olha de verdade. Seu rosto estava estranhamente anormal. A expressão era uma mistura de desespero, raiva e cansaço. Ela definitivamente estava pior do que ele. Talvez explicasse seu silêncio ali por todo esse tempo. Nunca viu Clarissa deixar alguém dizer três palavras sem interrompê-la antes.

- C-claro que não. - ela hesita e finge um sorriso.

- Oras, então o que estão esperando? - diz Taylor - Irei pedir uma música especial para vocês! - o jovem senhor se vira e começa a caminhar para longe, deixando-os sozinhos na companhia um do outro.

Mesmo que sem jeito, Ruel queria acabar logo com aquela tortura, então estica a mão para Clarissa. Além do mais, estava preocupado com seu estado. Ela realmente aparentava estar pior do que ele.

- A senhorita daria-me a honra? - pergunta.

Clarissa o olha com um sorriso crescendo nos lábios. Era impossível não sorrir na presença de Ruel. Deus! Como era difícil olhar para seu rosto e não sentir uma felicidade nata. Sua companhia seria apreciada após tantos estresses seguidos.

- Só se não pisar em meu pé. - ela responde brincando.

- Infelizmente não posso lhe prometer nada. - Ruel diz, com clara ambiguidade, mas Clarissa não percebe. Por motivos óbvios.

A jovem apoia a mão na dele com suavidade e o material de suas luvas atritam despertando uma pequena faísca em ambos. Separados eram como trovões e juntos formavam uma tempestade. Toda vez que se encostavam, uma descarga elétrica parecia percorrer seus corpos da cabeça aos pés. Do que esse sentimento poderia ser chamado?

Eles se encaminham para o centro do salão junto aos outros casais. A música começa.

- Então, - Clarissa interrompe o silêncio - se divertiu hoje?

Ruel olha rapidamente para o rosto dela e gira, seguindo a coreografia da música.

- Este baile é algum tipo de teste de diversão? Estão todos perguntando a mesma coisa. - Ruel brinca com um sorriso sarcástico tentando animá-la, mas o ato não surte muito efeito sobre a jovem, fazendo-a abrir apenas um rápido sorriso. Tão rápido que quase o perdeu piscando os olhos - E sim, bastante. Para falar a verdade, acho que este dia poderia ser resumido com a palavra assustador.

- E por qual razão? - Clarissa pergunta.

Agora estavam girando para o outro lado.

- Muitas danças. Muitos pés. Muitos rostos. É demais para mim, deveria ser para qualquer pessoa.

Clarissa abre um enorme sorriso e ri - mais dele do que com ele.

Touché! Ruel pensa, aí está a jovem que conheço.

- As solteironas da temporada já estão atrás de você?

Ruel arregala os olhos para expressar pavor, mas ainda assim com um brilho de humor.

- Você nem imagina.

Eles ficam em posição de valsa e rodopiam pelo salão junto com todos.

- Imagino sim... - diz Clarissa pensando em voz alta sem perceber.

- Como disse?

- Nada. - mente e então sorri.

A música já estava começando a diminuir e o ritmo estava ficando mais lento a cada momento que passava. Ruel estava curioso sobre o motivo de Clarissa estar com um brilho tão pequeno nos olhos, mas não queria ser desrespeitoso e intrometido ao ponto de perguntar à ela. Então apenas tentava deixá-la o mais feliz possível enquanto estivesse com ele. Melhorar seu humor. Sim, isso já seria muito útil.

- Você não era acostumado à frequentar bailes em Amsterdã? Nunca tentou cortejar nenhuma dama? - perguntou Clarissa.

Ela definitivamente estava tentando puxar algum assunto com Ruel, mas não esse. No exato momento que pronunciou tais palavras, Clarissa soube que cometera um erro. Um grande, enorme e gigantesco erro. Sabia onde aquela conversa ia chegar. E quando achou que ele mudaria de assunto para salvar os dois de uma situação extremamente constrangedora, Ruel...

Continuou.

- Não, meu coração pertencia à...

De repente, - sem nenhum motivo físico aparente - a garganta de Clarissa ficara seca, o que acabou fazendo com que ela se engasgasse logo em seguida, tossindo algumas vezes. A música já estava no fim, portanto Ruel preferiu levá-la para um canto, conduzindo seu corpo com a mão em suas costas.

- Está se sentindo bem? - pergunta preocupado. Uma sombrancelha mais alta do que a outra, ela pensa, como sempre costumava fazer.

- Sim, apenas... - outra tosse - fiquei com minha garganta seca. Deve ser por conta do ar frio.

- Espere aqui, - Ruel diz não confiando verdadeiramente nas palavras dela - vou pegar bebidas para a senhorita. Isso deve ajudar.

- Obrigada.

Clarissa permanece de pé, parada assim como Ruel havia lhe pedido. O observava de longe, passando entre as pessoas na multidão. Estava tão nervosa em sua presença, mas por que? Já dançara com ele antes, só por estar mascarado e ela não conhecê-lo ainda, não quer dizer que algo mudaria por agora ele estar sem máscara,...certo? Era seu amigo. Estava dançando com seu velho amigo. Era apenas isso.

Apenas amigo? Diz uma voz irritante em sua cabeça, mas na mesma hora Clarissa espanta o pensamento para longe.

Além do mais, seu desespero foi além do necessário. É claro que ele poderia estar falando da jovem que deixou para trás em Amsterdã, e não dela. Faria mais sentido. Mas ele nunca a mencionava, nem para ela e nem para ninguém, mesmo com ambos terem concordado em seguir em frente e já terem superado seu passado. Devia ser reservado demais. Não é isso o que dizem que acontece quando se perde alguém que amamos?

Bem, no caso de Ruel aconteceu duas vezes.

Clarissa se perdeu tanto em seus pensamentos que acabou perdendo Ruel de vista também. Seus olhos agora percorriam por todo o salão, de rosto em rosto. Procurava seu cabelo loiro e corte diferenciado da maioria. Cabelo ruivo...cabelo castanho...Thomas Bassett.

Thomas Bassett?

Oh não! Ele a veria, precisava sair de seu campo de visão. Sabia que cedo ou tarde, possivelmente, teria que dizer sim ou não para Thomas ajoelhado em sua frente. Mas não agora. Não naquele momento. Clarissa ficou observando o homem de longe. Ele havia acabado de sair de uma das portas da casa. Casa que Clarissa conhecia muito bem ao ponto de saber que era a entrada do escritório de Taylor, pai de Joshua.

O que Thomas estava fazendo ali?

Em um clique, Clarissa se lembrou da ameaça à seus pais. Se não se casar com um Bassett, ela será arruinada. E logo em seguida a imagem de Thomas chegando em sua casa. Seu pai tendo que forçá-la a casar com um homem que não conhecia. Será que ele estava por trás disso tudo? Com certeza um Bassett estava esquematizando isso, mas qual? Haviam tantos..., a família Bassett era uma das maiores da Inglaterra.

Uma luz acendeu em sua cabeça. Olhou em direção à parede do escritório. A porta ficara aberta. Era sua chance. Poderia entrar sem ser vista. Thomas havia sumido de vista. Todos prestavam atenção nas danças do salão. Se ele realmente estava por trás disso tudo, Clarissa iria descobrir.

Então ela seguiu.

Alguns passos foram dados, seus pés a seguiram automaticamente. Não sabia de onde havia tirado tamanha coragem, sabia apenas que a sentia no momento e não iria disperdiçá-la.

Quando chegou à porta, espreitou pela pequena brecha. Não havia ninguém dentro do escritório. Poderia entrar. Puxou a maçaneta rapidamente e correu para dentro do cômodo, fechando-se do outro lado da porta.

- Está se mentendo em mais encrenca, Clarissa. - disse ela à si mesma. Mas essa valeria à pena. Ou ela achava que sim.

Após analisar todo o local com os olhos, a jovem começa a caminhar rapidamente pelo cômodo, tomando cuidado para não fazer barulho. Alguns papéis estavam sobre a mesa, talvez pudesse reconhecer a letra e então compará-la à suposta carta enviada à seus pais - quando conseguisse encontrá-la em sua casa.

- O que está fazendo, meu amor? - Clarissa escuta uma voz sussurrar atrás de si e pula com o susto.

Poderia jurar que seu coração saíra pelo peito e voltara ao devido lugar em questão de segundos. Clarissa vira o corpo e se depara encarando Thomas. O olhar do homem era frio e travesso. De onde ele surgiu? Ela havia fechado a porta! Ela o viu sair! Não tinha como simplesmente ter surgido no meio daquele escritório.

Thomas da um lento passo em sua direção, e Clarissa deu outro para trás.

- Está bisbilhotando as coisas de meu tio? - ele balança a cabeça vagarosamente - Isso é muito feio para uma dama.

Outro passo. Outro para trás.

- Havia perdido meu brinco, mas já o encontrei. - a menina tenta inventar uma mentira rapidamente. Mas falha.

Outro passo. Outro para trás.

- Sabe que não irei acreditar nisso. Não sabe?

Outro passo. Outro para trás, mas dessa vez ela não se moveu mais do que alguns míseros centímetros pois sua perna bateu contra a mesa. Estava encurralada. Clarissa estava com um olhar assustado. Não conhecia aquele homem, certamemte não era o Thomas com quem dançou momentos atrás.

- Não se preocupe querida, não contarei nada à meu tio. Protegerei minha esposa acima de qualquer laço de sangue. - seu olhar era frio e penetrante - Mais cedo a senhorita me perguntou se já havia feito a minha escolha. Agora tenho minha resposta: sim. Mas então pensei, por que não aproveitar a ocasião em que estamos para celebrarmos este acontecimento? - os dedos dele, finos como gravetos, vão lentamente em direção ao rosto dela e o acariciam - Seremos muito felizes juntos, mas é claro, apenas se aceitar e celebrarmos todos juntos.

Os olhos dela se arregalam.

- Todos juntos? - Clarissa repete e Thomas movimenta a cabeça em concordância - Thomas, não. Não posso fazer isso agora, não posso fazer isso na frente de todos. Não sabem que Joshua e eu não estamos mais noivos!

Thomas ri.

- Esse é o impecilho? - pergunta com desdém - Não viveremos mais em Londres, querida. Iremos para o campo, não sou um homem da cidade. Além do mais, não me importo com o que a sociedade pensa.

- Mas eu me importo! Todos vão falar e comentar sobre mim.

- Oras...

A fala de Thomas é interrompida com o barulho da porta abrindo. Ruel entra. Ele se surpreende com o que vê.

- O que está acontecendo aqui? - pergunta ele.

Thomas vira a cabeça em sua direção, sem tirar a posição do corpo que estava à centímetros do de Clarissa.

- O que o senhor está fazendo aqui?

- Avistei Clarissa entrando neste cômodo e aguardei do lado de fora, mas achei que havia acontecido algo pela demora então entrei para ver e...

Thomas encara Ruel com o rosto inexpressivo por um longo momento. Ele abaixa a cabeça e então seus ombros começam a pular.

Ele estava rindo?

- Realmente espera que acreditemos nisso? - a testa de Ruel se enruga com o comentário - Viu Clarissa entrando por esta porta. Não haveria ninguém além de vocês dois...

De repente, Ruel se torna outra pessoa. Clarissa olha para ele confusa com tudo aquilo.

- O que? - o duque pergunta em um tom defensivo e irritado.

-...só basta um amor não superado e uma sala vazia para que todos os pecados sejam cometidos.

- Está desrespeitando a dama presente! Se não calar essa boca agora, eu o farei! - Ruel grita.

Clarissa ainda estava presa entre a mesa e o corpo de Thomas. O que aquele homem estava falando?

- Irá me calar do mesmo jeito que sua amada de Amsterdã está calada?

Ruel se virou para Clarissa, confuso.

- Contou algo para ele?

- O que? Não! - Clarissa respondeu ofendida.

Thomas arregalou os olhos sarcasticamente e encarou o casal. Levantou a mão e apontou para Clarissa.

- Uh, então ela não sabe? - pergunta sorrindo - Esta conversa está ficando cada vez mais interessante...

Como ele sabia sobre a falsa dama de Amsterdã? Ruel pensou desesperado. Estava calado, em choque. Passou uma semana inteira tentando esquecer Clarissa, e agora um homem que nunca vira na vida contaria suas mentiras para ela, expondo que nunca a superou. Como ele sabia disso? Não fazia a menor ideia.

Principalmente naquele momento, Ruel não queria expor seus problemas sentimentais à Clarissa. Ela já tinha preocupações demais para lidar, não precisava de mais uma. Além disso, o jovem duque odiava ter sua intimidade revelada. Era fechado e reservado, sempre foi.

Geralmente é isso o que acontece quando perdemos alguém que amamos. Eu perdi três.

- Por que não conta a verdade para ela, Ruel? Começando com o que realmente aconteceu em Amsterdã. - o rosto de Thomas era malicioso.

- Como sabe dessas coisas?

Clarissa trocar o olhar de Thomas para Ruel, confusa e agora, inicialmente, preocupada.

- Que coisas, Ruel? Sobre o que ele está falando?

Ruel não responde. Seu sangue começa a ferver.

- Já que não vai contar, eu contarei. - Thomas estica a mão e começa a acariciar o rosto de Clarissa. A jovem afasta a cabeça para tentar quebrar o contato, mas ele segue seu movimento - Não existe uma dama em Amsterdã, Clarissa. Ele inventou tudo isso apenas para afastá-la dele, pois queria vingança por achar que fora traído por seus melhores amigos. Queria vê-la sofrer.

Ruel não podia acreditar nas palavras que ouvia.

- Mentira! - grita - Clarissa, ele está mentindo. Por favor, não acredite neste homem.

Neste exato momento, ambas as portas do escritório se abrem, deixando à vista todo o cômodo e a cena para todos os presentes verem.

Se fosse possível, Clarissa poderia jurar que sua cabeça estava rodando. O excesso de informações sobrecarregando seu emocional. Não queria acreditar em Thomas, mas o que ele explicara fazia sentido. Ruel nunca falou sobre a dama que deixara para trás, nunca se mostrara entusiasmado falando sobre ela. No dia em que se encontraram pela primeira vez, estava de saída, partiria, e estava irritado, tratando-a mau. Provavelmente por ter descoberto tudo. Claro, agora tudo fazia sentido.

- Clarissa? - Ruel pergunta gritando com o desespero claro em sua voz, ignorando a multidão que se acumulava na porta - Não está acreditando nele, está?

A jovem começa a sentir dificuldade para respirar naquele local. Tão pequeno, tão cheio. Precisava sair dali.

- Me dêem licença, pegarei um ar. - ela se desencosta da mesa e tenta desviar seu corpo de Thomas para que pudesse andar. Mas o homem agarra seu braço.

- Onde está indo, querida? Ainda não acabamos.

Ruel avança na direção de Thomas e puxa o tecido de seu fraque.

- Não toque nela. - ele ruge.

Quando o homem se vira e seus rostos ficam próximos um do outro, Ruel recorda do bêbado do bar. Eram a mesma pessoa. Mas como...

- Se tocar nela novamente... - antes que terminasse a frase, Thomas disparou um soco no rosto de Ruel. O duque girou para a esquerda com a mão na cara.

Clarissa aproveita a distração e corre para longe dos dois. Momentos depois, o lugar em que estava é substituído por eles, com Ruel segurando a gola de Thomas, que estava jogado contra a beirada da mesa. Aquele definitivamente era um Ruel que ela nunca havia visto antes.

Em um piscar de olhos, o jovem duque avançara com sua mão na direção de Thomas com o punho fechado. Ruel soca o rosto do homem. E então de novo. - flashes de sua vida passam em sua mente. Momentos em que Clarissa escrevia sobre algo negativo que ocorrera com ela e ele não estava lá para apoiá-la. Dor. Angústia. Medo. Tudo se juntando como uma bola de neve em uma ladeira sem fim. Toda a raiva que sentira daquele indivíduo nos últimos minutos sendo triplicada por todas as vezes que imaginou Clarissa chorando e sofrendo sozinha - ou agora, ele sabia, com o apoio de Joshua.

Ruel o soca novamente. E de novo. E de novo. E de novo...

- Ruel, pare! - Clarissa grita, mais preocupada com ele do que com Thomas. Se acontecesse alguma coisa àquele homem, Ruel teria sérios problemas. Além de Clarissa não querer que tivesse suas mãos sujas de sangue por ela. - Pare! Ruel pare! - Ela tenta segurar os braços dele, mas com a força que fazia, acabou sendo jogada para longe e perdeu o equilíbrio, caindo sentada no chão.

Nesse momento, alguém desesperado abre caminho em meio a multidão e Joshua aparece, mas para de se movimentar logo em seguida, em choque com a cena. Seus olhos se arregalam.

- Ruel! - ele pronuncia antes de correr em direção ao amigo - O que está fazendo?! Pare! - Joshua consegue agarrar Ruel e o joga para o outro lado, para longe de Thomas - O que está acontecendo aqui?

A respiração de Ruel estava pesada. Ele olha para as próprias mãos. Completamente vermelhas e um pouco ensanguentadas. O que havia feito? Olhou à sua volta. Clarissa o observando assustada e preocupada. Thomas desmaiado no chão. Joshua de pé com os olhos completamente abertos. Perdeu o controle. Havia perdido completamente o controle. Mas por mais que pudesse ter cometido um dos maiores erros de sua vida, mesmo que pudesse ter acabado de matar um homem, ainda assim só pensava em Clarissa. E se ela estava bem. E isso era tudo o que importava no mundo.

- Clarissa, você está bem? - ele pergunta a encarando de longe da cabeça aos pés.

A jovem não o conhecia ali. Naquele momento, naquele exato momento, Clarissa conhecia Ruel do mesmo jeito que conhecia Thomas quando o homem pisou em sua casa pela primeira vez. Era outra pessoa.

- Sim. - ela responde com a voz trêmula e hesitante.

Joshua se levanta rapidamente e corre em sua direção.

- Clare, você está tremendo.

Só então ela olha para as próprias mãos e percebe seu estado. Joshua a abraça, e ela aceita o ato.

- Está tudo bem, eu estou aqui.

Seu peito estava queimando de angústia, dor e incertezas. Estava confusa, queria apenas deitar em sua cama e permanecer ali se permitindo sentir tudo. Porém, não estava em casa, mas isso não quer dizer que não poderia se fazer sentir em casa. Os braços calorosos de Joshua a confortavam, então ela se deu o direito e começou a chorar no ombro dele.

Ruel observava a cena ainda do chão. Ela estava bem - ou ao menos havia dito que sim - Joshua a confortava. Era tudo o que ela precisava, ele estava sobrando naquele ambiente. Portanto, se levantou e disse:

- Chamarei seus pais para virem até aqui. Vá para casa, a senhorita deve descansar.

- Ruel? - Joshua o chama - Está bem?

Ele o encara.

- Ficarei. - ele diz antes de partir, sumindo em meio à multidão acumulada na porta do cômodo observando tudo o que estava acontecendo.

Minutos depois, Ava, John e Henry já estavam no escritório junto à Clarissa. E Ruel partira para casa. Joshua mandou alguns criados levarem Thomas para um dos quartos do primeiro andar para receber os devidos cuidados médicos.

Horas depois, uma carta chegara à casa dos Bassett logo após o fim do baile, direcionada à Thomas. Dentro, alguém muito irritado desafiava o homem à tratar sobre uma pequena atitude como homens de verdade no alto de uma colina. O desafio foi aceito.

Ambos sabiam que aquela correspondência mudaria suas vidas para sempre.

Pois um deles não retornaria de lá.

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