Suddenly in Love ♡ Adrienette

By heartpinkromantic

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Ele, executivo de uma renomada grife da moda Europeia... Ela, prostituta de luxo que não se encaixa no tipo d... More

~ • ♡ • ~ Nota de Esclarecimento ~ • ♡ • ~
Notas Iniciais
Prólogo
Personagens - Aesthetics
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Capítulo 85
Capítulo 86
Capítulo 87
Capítulo 88
Capítulo 89
Capítulo 90
Capítulo 91
Capítulo 92
Capítulo 93
Capítulo 94
Capítulo 95
Capítulo 96
Capítulo 97
Capítulo 98
Capítulo 99
Capítulo 100
Capítulo 101
Capítulo 102
Capítulo 103
Capítulo 104
Capítulo 105
Capítulo 106
Capítulo 107
Capítulo 108
Capítulo 109
Capítulo 110
Capítulo 111
Capítulo 112

Capítulo 72

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By heartpinkromantic

⚠️ Qualquer CÓPIA NÃO AUTORIZADA será DENUNCIADA, PLÁGIO É CRIME! ⚠️
Conto com sua honestidade, obrigada!

Oi amores! Estamos aqui, firmes e fortes. Vi que surtaram bastante no capítulo anterior. Não consegui responder ainda, pois estou usando meu tempo disponível para atualizar a fic, mas vou tirar uma hora para responder todos. Bom, sei que estão na maior expectativa de saber como as coisas ficaram depois da experiência do sonho maldito, então... comentem, deixem a estrelinha e boa leitura. Encontro vocês lá no fim! 💕

~ • ♡ • ~ • ♡ • ~

Marinette's POV

Já no andar de baixo, encontramos com Emilie.

— Bom dia, queridos! — Ela falou com um sorriso iluminado, parecendo verdadeiramente feliz em nos ver, enquanto dava em cada um de nós um abraço apertado — Feliz Natal! Por que acordaram tão cedo?

Eu não sabia que horas eram, e pelo que parecia, Adrien também não havia conferido.

— 7:15h ainda... parece que madrugamos. — Ele falou, olhando no relógio novo em seu pulso e sorrindo de forma hipnótica para mim.

— Na verdade, Emilie... — Comecei, piscando algumas vezes para parar de olhar feito tonta para ele — Aconteceu um incidente lá em cima...

— Mãe, algum empregado da limpeza está aqui hoje? Tem alguém que possa limpar nosso quarto?

— Tem sim, querido. O que houve?

— Não precisa mandar ning...

— Ótimo. Mari acordou maldisposta hoje. Acho que metade da ceia de Natal está no chão do nosso quarto.

Corei.

— Não está se sentindo bem? — Emilie perguntou com uma expressão preocupada.

— Estou melhor agora obrigada... só acordei um pouco indisposta. Mas não se preocupe, eu realmente posso...

— Não se preocupe você, querida. — Ela me interrompeu, já subindo as escadas — Vou pedir a Caline, que está arrumando o meu quarto para instruir alguém a limpar logo o de vocês.

— Obrigado, mãe.

Emilie acenou, sem olhar. Quando chegou no andar de cima, gritei para que ela ouvisse.

— Peça desculpas à Caline por mim!

Não sei se ela ouviu, mas não respondeu. Adrien me olhava com uma expressão neutra, e eu me sentia a cada segundo mais contrariada.

— Odeio dar trabalho às pessoas.

— Não está dando trabalho a ninguém. Essa é a função que eles exercem aqui. São contratados para o serviço de limpeza interna da casa, conhecem as atribuições que desempenham e são remunerados justamente, inclusive por estarem trabalhando no período de festas. Minha mãe sempre foi muito íntegra e preocupada com isso.

— Só porque eles são contratados para este serviço, não quer dizer que tenham que ficar com o trabalho desagradável que nem foram os donos da casa que deixaram.

Adrien falou mais meia dúzia de palavras, enquanto me guiava para prepararmos nosso café da manhã em forma de piquenique, como ele havia prometido ontem. Ignorei todos os seus argumentos, deixando perceptível minha birra. É claro que aquilo só o divertiu ainda mais.

Passamos pela sala da família e encontramos Gabriel sentado em um dos sofás lendo o jornal. Acenei para ele da porta, mas Adrien entrou para cumprimentá-lo. Aparentemente, éramos os únicos acordados. A casa de manhã tinha um cheiro ainda mais agradável, e eu nem sabia dizer do que exatamente era. Estava um pouco frio, mas não deixava de ser aconchegante.

Inclui em nosso cardápio um chá preto com biscoitos, não porque queria seguir os costumes ingleses, mas por causa do meu recente desconforto estomacal. Como não queria dar mais trabalho a ninguém, achei melhor tomar conta de mim.

A manhã estava fria, ainda com aquela névoa aparentemente típica de Londres, por isso fiquei grata a Adrien por ter me oferecido o sobretudo fofo e quente antes de sairmos. A grama estava muito molhada, não de chuva, mas de orvalho. Todos os cheiros ali eram maravilhosos, e me perguntei se minha adoração a praticamente tudo naquele lugar era psicológica, simplesmente pelo meu estado de espírito.

Aesthetics do capítulo
Todas as fotos foram salvas do Pinterest

Começamos pela lateral esquerda, beirando a parte recoberta em pedra da fachada, onde havia um aconchegante jardim que parecia ser cuidado por fadas. Dali, alcançamos a parte de trás da casa e, se a parte da frente fazia com que o jardim parecesse modesto, essa impressão se dissipava quando se observava toda aquela imensidão. Era uma área enorme, até onde eu conseguia ver. Ao longe notei um enorme chafariz e fiquei com muita curiosidade em vê-lo de perto.

Adrien parecia meu guia turístico particular, reportando cada pequeno detalhe de cada planta e pedra naquele lugar. Eu ouvia interessada, mas tinha que admitir que estava mais distraída com a presença dele e seu modo de agir descontraído do que com o que falava.

— No último aniversário dos meus pais, fizemos uma festa aqui. Estávamos em Abril. Como eles fazem aniversário relativamente próximo um do outro, sempre comemoram em uma única data, para facilitar a família dispersa pelo mundo a estar presente — Ele continuou, apontando para aquele belo espaço gramado, parecendo mais um tapete. Flores muito bem cuidadas em toda a volta, cercadas por árvores de vários tamanhos, um pouco sem vida a essa altura por causa do frio. Imaginei como seria uma festa ali, com o efeito naquele belo jardim todo iluminado em uma noite de primavera. Suspirei com a ideia.

Chegamos ao chafariz que estava com tanta curiosidade em conhecer, mesmo estando desligado a água parecia tão fria que dava a impressão de estar congelada e me peguei olhando hipnotizada para seu fundo sem motivo algum. A água estava um pouco trêmula por causa do vento. Nem o tempo cinza poderia fazer com que aquele lugar parecesse menos que perfeito.

Adrien abriu a toalha e colocou-a na grama, rente ao chafariz e começamos a retirar os itens da cesta e arrumar nosso singelo piquenique, então nos sentamos ali e começamos a degustar de nossa refeição matinal. Ele me olhava um tanto pensativo enquanto comíamos e, por algum motivo, fiquei um pouco tensa com isso.

— Está gostando daqui?

— Muito. — Falei com sinceridade, sorrindo. — É mais ou menos como um sonho se parece.

Ele sorriu de volta, mas seu sorriso foi sumindo aos poucos.

— Por falar em sonho... queria saber do que se tratava o seu hoje de manhã.

Parei de sorrir também.

— "Foi só um pesadelo", lembra?

— Lembro. Mas eu quero saber o que exatamente.

— Por que quer saber?

— Porque eu sei que tenho a ver com ele.

Eu sabia que ele sabia. Ele tinha noção inclusive qual era a essência do sonho, se eu tomasse como referência suas palavras no banheiro.

— Bem, você não estava nele.

— Ainda assim...

— Eu acordei no meu antigo apartamento ao lado de um homem que não conhecia. Era um cliente. Era como se você não tivesse me encontrado aquele dia. Era como se tudo que aconteceu entre nós tivesse sido apenas um sonho. Eu não queria acreditar, mas foi tudo muito real e desesperador. Eu entrei em pânico. Foi o pesadelo mais intenso que já tive desde que comecei a tê-los, por isso acordei passando mal daquela forma, não acredito que tenha sido nenhum tipo de problema digestivo.

Um silêncio pesado pairou sobre nós, como eu sabia que aconteceria. Adrien continuou me olhando com uma expressão neutra, como se estivesse processando cada palavra minha.

— Você sabe que esses sonhos só acontecem porque você tem esse medo, não é?

Ele parecia calmo, como se estivéssemos conversando sobre o Natal. Isso fez com que eu também me acalmasse.

— Eu sei.

— Então, você pode pelo menos tentar...

— Tentar não ter esse medo? Isso não está nas minhas mãos, Adrien. Não é algo que eu faça algum tipo de esforço para sentir.

Ficamos em silêncio novamente, e notei que pela primeira vez estávamos conversando sobre aquele assunto delicado. Era o assunto que evitávamos de todas as maneiras, mas agora lá estava ele, tomando aquele momento como se a conversa fosse banal. E embora não fosse nada banal, embora estivesse sendo difícil conversar sobre aquilo, também não estava sendo completamente ruim. Na verdade, parecia um tanto libertador e algo me dizia que eu sairia dali com alguns quilos a menos nas costas.

— Eu não vou te deixar novamente, já te prometi.

— Eu sei, você já me disse...

— E vou repetir quantas vezes forem necessárias até que você acredite em mim. — Ele parecia levemente exaltado.

— Eu acredito em você.

— Não, não acredita. Se acreditasse...

— Eu acredito, juro, mas não consigo mandar na minha insegurança. Desculpa se isso te deixa magoado...

A voz dele subiu uma oitava.

— Não fico magoado, eu fico puto por perceber que você ainda não confia em mim!

— Se não confiasse eu não estaria aqui com você. Não depois de tudo o que passei. — Respondi na mesma oitava.

Ele pareceu perder o fio do pensamento.

— Você... você não...

— Você confia em mim?

— Mas é claro que confio! — Ele disse, parecendo ofendido com a pergunta.

— Então que merda foi aquela de me prender na sua casa se eu decidisse ir embora?

— Aquilo foi no início! Eu já te dei a chave do apartamento, você pode sair quando quiser! — E como se estivesse se apressando a adicionar um detalhe importante à conversa, interrompeu minha resposta — Mas se você fizer isso, eu vou mesmo atrás de você.

— Se confiasse mesmo em mim não haveria esse "se" na sua frase.

Adrien me olhou com desespero, aquele desespero de derrota aceita. Ele sabia que meu argumento era válido.

Sem muito mais o que falar, ele olhou para as mãos em seu colo e suspirou sem vida. Fiquei um pouco triste em vê-lo daquela forma, então fui eu a quebrar o silêncio.

— Você realmente acha que eu consideraria a possibilidade de te deixar depois de tudo que te contei que sentia e que passei desde que foi embora? Só me diz por que motivo eu faria isso?

Ele sabia que eu realmente não tinha motivos. Mas ainda assim, hesitava.

— Você disse que iria embora aquele dia...

— Eu não sabia o que você queria comigo naquele dia. Parecia apenas querer brincar com a porra da minha dor.

— Eu não queria! De forma alguma. Eu só estava assustado e não sabia ainda como lidar com tudo aquilo! Eu não sabia...

— Eu sei disso. Agora.

Ele abaixou a cabeça outra vez, e eu poderia até dizer que estava se fazendo de coitado de propósito se não o conhecesse bem. Mas Adrien, no fundo, era mesmo uma criança que precisava de confirmações e certezas. Ele também era inseguro e nisso teríamos que trabalhar juntos. Nas nossas inseguranças.

— Você nunca deixou claro que não iria...

— Adrien. — Segurei seu queixo de maneira firme e fiz com que ele olhasse para mim — Eu não vou a lugar algum. Não vou te deixar. Confia nisso.

Seu queixo era muito grande para minha mão pequena. Ele poderia se desvencilhar do meu aperto com facilidade, mas não o fez. Ao invés disso, ficou me encarando com aqueles olhos no tom de esmeraldas tristes, brilhantes, lindos.

Meu Deus, eu queria ter um filho com aqueles mesmos olhos um dia.

Ele piscou algumas vezes, seu rosto muito próximo ao meu. Sem pensar, deixei que meu corpo agisse por vontade própria e me aproximei de sua boca, beijando-o apaixonadamente, com calma. Ele retribuiu, me puxando gentilmente para mais perto dele, e quando me dei conta, já estava sentada em seu colo, sem nenhum esforço.

Não era um beijo furioso ou desesperado. Era uma demonstração de carinho simples, confortável, algo que raramente acontecia conosco. Era um momento no qual ambos nos permitíamos desfrutar da companhia um do outro nos libertando aos poucos de todos aqueles fantasmas que ainda nos cercavam.

E se tornou simplesmente um dos momentos mais perfeitos da minha vida.

— Acredita em mim? — Perguntei, ainda contra sua boca.

— Acredito.

Ele beijou meu queixo, minha orelha e toda a extensão do meu rosto. Tentou beijar meu pescoço, mas se enrolou com a gola alta do meu suéter e, derrotado, bufou. Eu ri sem motivo.

— Eu amo o seu perfume. Sempre amei. E parece que agora ele ficou ainda mais provocante.

— Sempre amou? — Olhei para ele como se o desafiasse a lembrar que usava aquele "perfume" havia muito tempo.

— Sempre. Desde o primeiro dia em que senti.

Ele falava enquanto inspirava e expirava na pele do meu rosto, em todos os lugares que conseguia alcançar. Os arrepios que se formavam ali não tinham nada a ver com o vento frio do jardim.

— Posso te perguntar uma coisa? — Falei, um pouco tímida. Eu estava curiosa. Ele havia me deixado curiosa.

— Claro.

— Desde quando você gosta de mim?

A pergunta saiu baixa até mesmo para nossa mínima distância. Ele não pareceu se abalar e continuou trilhando beijos suaves pela linha do meu queixo.

— Não sei...

— Você disse ontem p'ra sua família que foi no dia em que nos encontramos no parque perto da sua casa...

— Achei que aquele era o momento perfeito para ser a nossa história. — Falou calmamente, voltando à minha boca e pontuando cada frase com um selinho — Na verdade, eu já gostava de você antes daquele dia, só não estava ciente. Mas independentemente disso, aquele dia foi realmente marcante e especial. Talvez nele eu tenha começado a me dar conta do que já sentia por você e não percebia.

— E quando ficou ciente?

— Um pouco antes do seu aniversário.

— E quando admitiu?

Eram perguntas diferentes, e ele sabia disso. Seus olhos, de volta aos meus com aquela intensidade, confirmavam esse detalhe.

— Quando fui embora.

Ele sorriu um pouco triste. Embora eu tivesse medo de lembrar desses detalhes com Adrien, não estava triste. Talvez a crescente liberdade entre nós estivesse deixando tudo mais confortável, pelo menos para mim. E eu queria que ele estivesse tão confortável quanto eu. Queria que aproveitássemos cada momento como este para nos permitir libertar de todas as mágoas, inseguranças e traumas.

— Tudo o que disse para sua família foi verdade? Inclusive aquilo sobre o trovão?

— Sim, foi tudo verdade. Quanto àquela sensação, foi bem inexplicável para ser sincero, por isso resolvi fazer a pesquisa. Você também sentiu aquilo?

— Senti. Mas também achei inexplicável. Não fazia ideia do que poderia ser ou mesmo que você havia sentido também e preferi simplesmente ignorar.

Abracei-o pelo pescoço como costumava fazer e o beijei no rosto.

— Mais alguma dúvida? — Ele perguntou, brincando com uma mecha do meu cabelo.

— Na verdade, sim. — Respondi, me lembrando de repente de uma coisa — Lembra do dia em que esteve comigo pela última vez antes de você sumir por um tempo e depois... ir embora de vez?

— Lembro, o que tem? — Lançou um sorriso triste.

— Você disse que ficou ciente de que gostava de mim um pouco antes do meu aniversário e, naquele dia, bem... você pediu para que eu fingisse me importar e sentir algo por você, lembra?

— Lembro. — Agora seu olhar estava um pouco ausente.

— Você parecia estar bem chateado com alguma coisa. Parecia que alguém tinha feito você pensar que não era importante. Fui eu quem fiz algo para que fizesse você pensar daquele jeito? Foi naquele dia que você ficou ciente?

— Não, não foi você, mas eu acho que foi naquele dia sim. — Agora sua expressão estava bem melancólica.

— O que aconteceu para você estar daquele jeito então?

— Foram só umas pessoas infelizes da festa em que estava. Pessoas fúteis, falando futilidades... mas eu estava sensibilizado e aquilo acabou me afetando mais do que deveria. Porque está lembrando disso agora?

— Eu não fingi. Eu realmente sentia algo e me importava com você, mas estava muito apavorada em sentir. Não podia confundir as coisas entre nós, não podia dizer...

Seu olhar agora voltava a brilhar e um sorriso tomou conta de sua expressão, não pude deixar de sorrir também. Ele realmente ficou feliz com meu relato e eu fiquei feliz em contar aquilo para ele. Acho que era o momento certo de dizer.

— Foi por isso então que me pediu para fingir também?

— Foi sim. Humm... posso perguntar uma última coisa?

— Vá em frente. — Agora com um sorriso brincalhão no rosto.

— Aquela citação no papel do meu buquê.

— Que citação?

— De Gandhi. Em lápis, no verso do papel com o nome das flores.

— Hmmm... — Ele pareceu pensativo, tentando se lembrar — Acho que aquilo fui eu bêbado. Eu costumo ser mais sincero quando bebo. Não fico me policiando ou guardando o que sinto e penso. Acho que você já notou isso.

— Já.

— Pensei que tivesse apagado antes de entregar a você, mas eu estava mesmo bêbado. Aquele era o meu dilema. Eu não queria assumir, mas ao mesmo tempo queria que você soubesse de alguma maneira.

— Eu não tinha entendido. Mas resolvi guardar o papel p'ro caso de você querer explicar algum dia.

— E já descobriu sua flor favorita?

— Você me fez gostar de jasmim. — Sorri.

— Se estivéssemos na primavera, você estaria rodeada delas agora.

— Bom... — Comecei, um pouco sem graça — Talvez...

— Sim. — Ele me interrompeu — Você vai estar aqui na próxima primavera.

— Sério? E qual vai ser a ocasião? — Perguntei sem muita curiosidade.

— Você vai ver. — Ele falou com um ar misterioso propositalmente exagerado.

Então me perguntei como ele me traria assim, sem mais nem menos, sem ter que largar suas obrigações. Diferente de mim, Adrien tinha coisas para fazer.

— Viremos juntos? — Perguntei antes que pudesse raciocinar e chegar à conclusão que aquela pergunta era idiota.

Ele riu.

— Claro.

— Não vai atrapalhar seus compromissos na empresa?

— Não, não vai. — Sorrindo, me deu um outro selinho.

Aquele assunto me fez lembrar de algo que martelava na minha cabeça havia algum tempo. Era um pedido de ajuda, e por mais que não houvesse problema algum, eu me sentia um pouco envergonhada em falar disso com ele.

— Hm... Eu queria te pedir uma coisa...

— Qualquer coisa.

— Qualquer coisa? Promete?

Ele hesitou por um momento, talvez considerando a possibilidade de que eu pedisse algo completamente esdrúxulo. Mas, por fim, consentiu.

— Diga.

— Eu queria a sua ajuda... bom você é uma pessoa que normalmente consegue as coisas que quer, certo?

— Eventualmente... — Estava desconfiado.

— Eu só queria que você, sabe... tentasse conseguir uma coisa p'ra mim.

Continuou em silêncio, esperando que eu explicasse.

— Não que eu esteja te usando, não é nada disso, mas é que eu já tentei muito...

— Estou ouvindo.

Ele estava ficando um pouco tenso, e eu podia notar isso.

— É que eu queria que você me ajudasse... a conseguir um emprego. — Me calei, mas como o silêncio parecia incômodo, me apressei em falar outra vez — Eu sei que não sou qualificada p'ra nada, mas não estou pedindo uma coisa muito elaborada. Só queria trabalhar em alguma coisa, qualquer coisa, para ocupar o meu tempo e para pagar pelo menos um pouco das despesas que eu já te dei...

Ele continuou me olhando calmamente, aparentemente mais aliviado pelo simples fato de não estar mais sendo enrolado. Mas ainda estava sério.

— Você sabe que não precisa trabalhar.

Era óbvio que eu sabia disso. Se fosse levar em conta o quanto Adrien ganhava, sabia também que ele conseguiria sustentar talvez muitas famílias sem esforço nenhum.

— Eu quero.

— Por quê?

— Já te disse... — Comecei, tentando parecer menos envergonhada — Essa situação me deixa desconfortável. Além disso, trabalho desde muito cedo, estou acostumada a me virar.

— De que situação está falando?

— Você sabe qual situação. Eu não quero ganhar nem perto do que você, não vislumbro isso. Meu salário pode ser o que você costuma dar de gorjeta a alguém. Só quero ganhar alguma coisa. Não quero ser um peso morto...

— Ainda se acha um peso morto? Depois de todo esse tempo? Você escutou alguma palavra que eu te disse até hoje?

Apesar de contrariado, ele estava calmo. Isso era bom.

— Eu ouvi sim... — Me aproximei de seu rosto, sem nenhum motivo em particular — Eu só quero colaborar com alguma coisa também, me sentir útil. E sei que não precisa, mas eu me sentiria melhor. Muito melhor. E não estaria te pedindo se conseguisse sozinha.

Ele continuou me olhando, outra vez querendo que eu continuasse sem que ele precisasse pedir e como não teve hesito.

— Você tentou?

Resolvi ser sincera e falar exatamente o que me veio à cabeça, mesmo que aquilo parecesse inapropriado.

— Sim. Mesmo totalmente sem ânimo, eu passei o mês todo tentando diariamente desde que deixei a L'Amok, mas não consegui nada, nem uma única chance. Com uma educação interrompida, não me restaram muitas opções. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente para as profissões mais simples. As chances de uma mulher sem ensino secundário concluído são muito poucas. Como não tenho experiência em nada, as coisas ficaram ainda mais difíceis. Por fim e já sem esperanças, ainda dei o azar de um cara me reconhecer... Foi quando eu surtei e você me encontrou.

Eu sabia que ele tinha entendido. Não que Adrien tivesse demonstrado de alguma forma, mas eu simplesmente sabia.

Ele suspirou.

— Tudo bem. Não vai ser difícil.

Me senti abobalhadamente vitoriosa.

— Eu já sei a resposta... — Ele começou, interrompendo minha comemoração silenciosa — Mas não custa nada perguntar: Você aceitaria trabalhar na minha empresa?

— Não!

Eram vários os motivos para aquela resposta. Primeiro, eu não queria ficar lá só por causa do meu relacionamento com Adrien. Além disso, estava ciente de que não saberia fazer nada, nem mesmo desempenhar um papel decente de auxiliar de qualquer coisa. Dessa forma, não só eu estaria ali por ser "a namorada inútil do chefe", mas também ganharia um salário bom (eu tinha certeza que ele se encarregaria disso) sem fazer absolutamente nada que fizesse jus a isso.

Além de tudo isso, quanto menos eu tivesse contato com empresários, melhor. Não estava em uma posição tão confortável para me dar ao luxo de correr riscos e arruinar com a minha vida, que finalmente parecia começar a melhorar.

E Adrien entendia todas essas razões.

— Imaginei.

— Qualquer coisa simples está bom. De verdade... conseguindo isso, meu próximo passo será voltar a estudar nem que seja à distância. Nutro essa vontade de ao menos me formar um dia. Sinto muita falta de não ter concluído meus estudos. Mas... um passo por vez. Começar a trabalhar já me deixará muito satisfeita.

— Não se preocupe. Se isso vai te deixar feliz, vou te ajudar a conseguir um emprego. E quando chegar a hora, te ajudo com a questão dos estudos também.

Suspirei outra vez, encostando nossas testas e nossos narizes.

— Obrigada. Significa muito p'ra mim.

Ele sorriu, e então senti vontade de agarrá-lo. Felizmente, antes que acabássemos os dois dentro do chafariz gelado, ouvimos uma voz ecoando ao longe pelo campo aberto. Era Emilie, fazendo algum tipo de sinal para que voltássemos.

— Essa família me ama. — Ele concluiu, me tirando de seu colo e nos colocando de pé, enquanto arrumávamos rapidamente tudo de volta na cesta.

"E quem não ama?" pensei, enquanto ajeitava despreocupadamente meu sobretudo, apertando mais o nó na altura da cintura para me manter aquecida. Eu estava leve e feliz. Estava com ele, e começava a me dar conta de que esse simples fato acabava sempre tornando tudo muito melhor.

Levantei a cabeça outra vez e vi que Adrien me encarava com uma expressão um pouco surpresa, um leve sorriso nos lábios e uma alegria contida no olhar. Imediatamente entendi o que tinha acontecido.

Eu havia "pensado" em voz alta.

Senti meu rosto corar violentamente, fervendo de vergonha.

— Ahm... Vamos? — Falei, tentando escapar daquele momento constrangedor.

Mas era óbvio que ele não me deixaria escapar ilesa. Por isso, segundos depois aceitei o fato de ser agarrada e tomada em um beijo brutal, me deixando sem defesa, exatamente como os beijos arrebatadores de cinema. Adrien finalmente me largou naquele estado gelatinoso que eu costumava ficar quando ele parava de me tocar.

— Linda.

— Certo. — Tossi, limpando a garganta e sorrindo de forma idiota — Vamos...

Saí andando na frente. Ele riu com minha atitude envergonhada, e logo me alcançou com suas passadas largas. Sem dizer uma só palavra, entrelaçou seus dedos nos meus, girando um pouco meu novo anel com seu polegar. Meu rosto foi esfriando e voltando ao normal à medida que nos aproximávamos da casa. O relógio agora marcava 9:15h da manhã.

~ • ♡ • ~ • ♡ • ~

Amores! A viagem de Natal deles está chegando ao fim, mas acho que foi super importante toda essa experiência, não é? Mari foi bem acolhida pela família, um ambiente acolhedor e relaxante, tantas revelações entre eles em uma simples conversa. Sei que vocês surtaram com o pesadelo dela, mas até isso foi importante para essa evolução e superação que aos poucos a relação deles está tomando. Eles já conseguem conversar abertamente e resolver conflitos com diálogo e tudo isso só está sendo possível porque eles estão vivenciando todas as experiências boas e ruins juntos. Agora, o que será que o gatinho vai conseguir de trabalho para nossa Mari? Ele entendeu o quanto isso significa para ela... Vamos ver o que acontece! Até o próximo! Beijinhos! 💕

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