AZRIEL
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A fêmea me acompanhou para o salão de armas, pegando um arco com flechas e uma espada colocando-a com a fivela ao redor da cintura. Puxei minha espada do suporte e caminhei para a saída da Casa dos Ventos em direção a cidade, me perguntando quem seria louco o bastante para atacar em tempo de paz; e principalmente, porque os encantamentos de proteção da cidade, tão bem mais arquitetados e seguros, haviam falhado.
“Eu não sou o inimigo, Azriel. Mas ele está vindo. ”
Recordo as palavras de Callyen em minha mente. Ela disse saber de quem se tratava ser o invasor. E a parte obscura — e lógica — da minha mente, a ligou de imediato ao iminente ataque. A fêmea tinha algo com essa invasão, o quê, exatamente, eu não sabia, ainda. Essa conjectura serviu apenas para aumentar a frustração que estava me consumindo. Eu não havia feito meu trabalho corretamente, e mais uma vez, minha cidade, minha casa, estava sofrendo com o meu maldito fracasso.
Atravesso no meio do vôo, surgindo numa das ruas, encobrindo um grupo de soldados inimigos, cegando-os com as sombras. Avanço, liberando o poder através dos sifões, criando um escudo enquanto atravessava as sombras cortando as gargantas desses malditos. Observo mais a frente quando Callyen aterrissa entre um grupo de soldados que estavam atacando civis, e atira duas flechas, uma acertando o peito e a outra, a cabeça do mais próximo.
Alguns dos soldados e poucos dos meus batedores avançam para alguns dos soldados inimigos, matando-os. Rapidamente, percebo que não dão soldados comuns, além do sangue negro, os malditos simplesmente viravam pó, depois de mortos. Sigo para uma das praças centrais, próxima ao Sidra onde a aglomeração de inimigos era maior. Assim que chego, atravessando o espaço num salto de sombras e vento, vejo a pouca aglomeração, e o que mais me surpreende é que mesmo um grupo pequeno de inimigo conseguiu fazer tamanha destruição. Caminho em direção ao aglomerado, onde vejo uma fêmea – em roupa de batalha, os cabelos cor de cobre presos numa trança que passava dos quadris –, a frente do grupo, ela segura um de meus batedores pela garganta, e eu posso ver as unhas brilhando enquanto ela as crava na garganta do macho. Ela percebe a aproximação, e sorri, deliberadamente, para mim enquanto rasga a garganta do feérico.
Sinto quando Callyen surge do meu lado, vindo pela rua de trás. Os cabelos estava selvagens, o vestido, manchado com sangue negro e uma mancha carmesim do sangue dela. A fêmea inimiga sorri, quando Callyen rosna em sua direção. Sinto as sombras se agitarem ao meu redor, instintivamente querendo ir direção a fêmea ao meu lado, protegê-la. Eu as seguro próximas a mim de qualquer forma. Elas sussurram em meus ouvidos enquanto eu observo a interação silenciosa das duas fêmeas.
“Não sou o inimigo... Mas ele está vindo em busca de vingança.”
Inferno, então era isso!
Como eu pude ser tão displicente?!
— Não. — Callyen segura meu braço quando começo a me mover em direção ao grupo, disposto a mata-los, a todos os miseráveis que ousaram invadir minha cidade. Eu apenas olho, de sua mão ao seu rosto, havia determinação ali, ódio cru e... Rancor. — Tome cuidado, Encantador de Sombras, Valissa não é o rosto bonito que aparenta.
— Ao que parece, você os conhece bem. — consigo sentir o gosto amargo da acusação em meu tom de voz. Ela me olha, a sombra da mágoa em minhas palavras, transparece rapidamente em seu semblante antes que ela o congelasse novamente na máscara que estava mantendo.
Inferno de fêmea!
— Eu a conheço, sim. E novamente, Azriel, não estou pedindo para confie em mim. Estou dizendo para que não a subestime como fez comigo. Tire os civis das proximidades, e a deixe comigo. — Callyen diz, a voz entretanto, transparecendo a mágoa que seu rosto e olhar já não mantinham.
— Eu não vou deixá-la... — começo a formentar uma fala, quando sou interrompido pelo som de escárnio vindo da outra fêmea, Valissa.
Ela olha, um sorriso de escárnio estampando no rosto bonito.
— Será que o casalzinho já acabou de discutir a estratégia? — Valissa questiona sarcástica, enquanto observa as mãos sujas com sangue. — Olá Callyen, querida.
— Valissa. — A fêmea ao meu lado responde com aceno de cabeça enquanto conserta firmemente a postura, em defesa.
— Sabe, meu Senhor está muito, muito zangado porque você fugiu.
CALLYEN
✨
Valissa me olha com o mesmo olhar sádico que sua irmã. Ao meu lado, vejo Azriel apenas observar a cena se desenrolando calado, mas consigo enxergar a acusação em seus olhos castanhos dourados e foi difícil, extremamente difícil não deixar a sensação ruim se apossar do meu estômago.
— Sabe, meu Senhor está muito, muito zangado porque você fugiu. — a fêmea diz com um biquinho. Eu quis segurar seus lábios e arrancar com as unhas, juro que senti as pontas dos dedos coçarem para isso. Mas eu não me movi, não eu não me moveria e não a daria a chance de ter um ataque efetivo contra mim, ou os outros, por um deslize meu.
Ao invés disso eu apenas sorri de volta e disse:
— E você, como a boa cadelinha de caça de Ykner, veio até mim... Tsc, sinto-me lisonjeada. — pelo aperto em sua mandíbula e o tremor louco em sua pálpebra vi minhas falas surtiram efeito. Não sorri entretanto, apenas continuo a observa-la.
Valissa, era linda. Os cabelos longos cor de cobre, presos numa trança de batalha cuja ponta estava enrolada numa lâmina de ponta dupla. Ela sabia usar bem aquilo, já a vi cortar gargantas apenas de balançar a trança com aquela coisa. Os olhos verdes, a pele clara, o corpo, coberto por marcas de cortes de guerra e tatuagens. A única coisa que diferia de sua irmã, era a cor dos cabelos. Enquanto Valissa era uma ruiva, Callena tinha os fios dourados, mas ambas eram igualmente bonitas e sádicas. Parte das minhas cicatrizes eu devia a elas.
— Você, vadia, vem comigo. — ela sibila, lentamente, então eu a sinto, sinto sua magia serpenteando em minha pele.
— Vem pegar. — digo, dessa vez não contendo o sorriso quando a vejo dar início ao ataque com sua magia.
O poder ensurdecedor de Valissa me atingiu e eu senti a vertigem e o odor ocre de magia. Ergo os escudos mentais e deixo a parte de poder que eu tenho algum controle rastejar pela minha pele, sinto as marcas entalhadas na carne começarem a arder. Eu precisava ser rápida, não podia me dar ao luxo de ter um surto e desmaiar; ou deixar essa — que a mãe me perdoe — vadia me levar.
Valissa avança em minha direção e eu me preparo, junto ao ataque mágico veio o ataque físico, e foi mais difícil que eu imaginei deter ambos. Observo pela visão periférica que Azriel atravessou metade dos civis que estavam sob controle de Vallisa e matou seus seus soldados. Percebendo isso ela se enfurece, avançando contra mim, girando a trança fazendo a ponta passar e rasgar minha bochecha. Inferno! Eu sinto o veneno que ela despeja na lâmina começar a fazer efeito, o sangue brotando da ferida, ardendo e queimando; inibindo a minha magia.
Valissa sorri, satisfeita com o resultado, e gira novamente, apontando a espada contra a minha barriga a qual eu defendo, Valissa entretanto aproveita o giro para mais uma vez, fazer a lâmina da trança tentar me atingir, dessa vez entretanto, permito que a trança se enrole em minha mão e tomo pleno cuidado de não deixar que a lâmina me corte novamente. Enrolo seus cabelos em meu pulso e o puxo, com força, fazendo Valissa desequilibrar e puxo a minha espada em seu cabelo, cortando-o ao meio fora. A fêmea rosna de raiva e avança contra mim novamente, a espada e as unhas da mão livre em garras, ambos passando próximo demais da minha pele.
Defendo o ataque de sua espada eu giro abaixo do gume afiado, levantando rodo a mecha grossa do cabelo de Valissa com a lâmina na outra mão, a fêmea então avança novamente, e eu apenas espero.
Mais próxima. Mais próxima. Até que defendo seu ataque, seguro a mecha de cabelo, giro sua espada junto com meu corpo e acerto a lâmina em seu peito, enfiando-a firmemente, sentindo-a atravessando o osso a medida que sinto o sangue – e as minhas forças — escorrendo.
Antes que eu pudesse dar o golpe de misericórdia, Valissa sorri – diabólica – antes que a soltasse e ela atravessasse com o que restou dos soldados.
Antes que a escuridão tomasse a minha visão e senti, senti sua voz em minha mente, satisfeito.
Ele havia me encontrado, e não desistiria de sua vingança. Ou de mim.
N/A: Fiz o melhor que consegui, tive um bloqueio no meio do capítulo, rodei, rodei, e deu nesse capítulo aí. Enfim, vocês gostaram? Gostaram né?
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Beijos da tia Nath e até amanhã.
P. S: Gente eu vou deixar um desfibrilador e um respirador pra vocês, aguardem surpresas e fortes emoções nós próximos capítulos. (mente maligna trabalhando muahahahaha)