Trono de Sangue

By lyrarocha

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1º Lugar nas Olimpíadas Literárias promovida pelo @DesafioEmLetras Em uma época regada de sangue e dor, gra... More

Sinopse
Prefácio
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo - 5
Capítulo 6 - Parte I
Capítulo 6 - Parte II
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16 - Parte I
Capítulo 16 - Parte II
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21 - Parte I
Capítulo 21 - Parte II
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24 - Parte I
Capítulo 24 - Parte II
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29 - Parte I
Capítulo 29 - Parte II
Capítulo 30
Conto Especial - Feliz Dias dos Namorados
Capítulo 31
Capítulo 32 - Parte I
Capítulo 32 - Parte II
Capítulo 32 - Parte III
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35 - Parte I
Capítulo 35 Parte II
Capítulo 36
Capítulo 37 - Parte I
Capítulo 38 - Parte I
Capítulo 38 - Parte II
Capítulo 39
Capítulo 40 - Parte I
Capítulo 40 - Parte II
Capítulo 40 - Parte III
Capítulo 41
Capítulo 42 - Parte I
Capítulo 42 - Parte II
Capítulo 43

Capítulo 37 - Parte II

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By lyrarocha

Evelyn piscou uma última vez, antes de se colocar de pé e sair da tenda. Seus braços e mãos estavam pintados com os símbolos de Ílac. Ela vestia um vestido glamoroso. Não como os seus do castelo, mas, pela primeira vez, ela sentia que era perfeito para o que estava prestes a fazer com Elijah.

Por incrível que parecesse, não estava tensa. Pelo menos não por esse motivo. Pensar no guerreiro não trazia aflição. De tudo, se pensasse em um mundo alternativo onde tudo desse certo, saíssem vivos e acabasse a guerra, ela lidaria com ele depois. Elijah jamais seria um novo Jeffrey em sua vida, disso ela tinha certeza.

As criadas estavam no fundo da tenda, seus olhos brilhando em direção a ela. Evelyn não sabia como era a sua imagem, mas com a dedicação que as mulheres tinham tido sobre si, duvidava que estaria mal.

Virou para a porta, ouvindo o alvoroço do lado de fora. Seus passos foram comedidos, lentos, porém firmes. Uma capitã, parte do seu pelotão e que fazia a guarda ali no momento, abriu para ela. Evelyn olhou para fora, vendo todos seus homens e cidadãos da aldeia próxima reunidos em volta. Eles deixaram aberto um corredor, formado pelos soldados do mais alto escalão da tropa, cada um segurando um objeto em mãos e ao final... Elijah Graeff, o grande guerreiro. Seu cabelo e barba levemente aparados e bem vestido, com a flor da esperança em mãos.

Foi o único momento que Evelyn vacilou, mas foi tão mínimo, que ninguém poderia perceber, além do seu futuro marido, claro, que conhecia-lhe além do que ela desejava.

Evelyn começou a andar e a cada passo que dava, a fileira dos soldados de cada lado se ajoelhava, estendendo o presente em mãos. Era um rito de Ílac que ofertas fossem dadas aos noivos, símbolos de Ílac como força, amor, longanimidade...

O soldado abaixava-se, dobrando-se sob um dos joelhos e depositando ao chão o presente. Havia um bracelete de ouro, símbolo da prosperidade, um pedaço de lã, como oferta de fartura, e assim por diante, um a um, até que Evelyn tivesse passado por todo longo corredor e estivesse de pé frente a Elijah, que parecia literalmente como o Rochedo em sua expressão, mas tinha o pulmão subindo e descendo, mais rápido do que o habitual.

Quantos sonhos de menina ela havia tido sobre esse momento? Mas haviam sido como pó, tão frágil, logo espalhado e dispersado com o vento chamado vida.

Encarou os olhos daquele que um dia teve todo o seu coração e viu sua garganta subir e descer e um leve endireitar do seu corpo. Ela achou que não ficaria nervosa, mas estava. As lembranças vinham pipocando como um maremoto sem controle, despedaçando tudo que encontrava em seu interior. O corpo vacilou por um momento, mas ao focar em Elijah, vendo talvez o mesmo desespero emocional que o seu, ajudou que continuasse a caminhar, passo a passo, em direção da única pessoa que poderia confiar.

Mirá-lo era a única coisa que fazia apagar todos à volta, era o que a fazia esquecer que o motivo de estarem fazendo isso ia além deles. Que talvez em outras circunstâncias, o sonho nunca aconteceria.

Tantas coisas morreram, tantas coisas foram derrubadas ao chão, mas aqui estavam eles novamente, juntos, numa mesma missão.

Quando chegou ao último passo, não haviam soldados, ou aldeãos... Era Elijah ali e, por um segundo, era real. Era o amor do passado, mas era também o futuro, independente do que pudesse haver entre eles. E por mais falso que pudesse ser o que fariam ali, o sentimento era tão real que doía cada uma das suas entranhas.

Elijah ergueu a mão e pegou a dela, com ternura trouxe até os lábios e depositou um pequeno beijo, sem deixar que seus olhos escapassem de Evelyn. Como poderia os anos passarem e ainda fazer tudo tão intenso e avassalador? Elijah tremia cada grama do seu ser, ainda que tentasse ficar estoico do lado de fora. Mas no momento que a mulher de cabelos negros parou em sua frente, ele tinha certeza que todos haviam percebido.

Não era o protocolo, mas não conseguiu soltar a mão dela. Estavam nisso juntos. Era por Alyssa, ela era o elo que os unia ali, mesmo sem sua presença. O fruto de uma união fazendo com que essa mesma união se selasse novamente.

Ambos viraram-se em direção ao sacerdote que aguardava-os. O silêncio espalhou-se pela multidão reunida e o homem ressoou uma oração, que foi acompanho pelos presentes. O temor espalhado na alma de cada um que assistia. Não era apenas um casamento, mas era a mulher tão idolatrada e amada pelo povo, junto com o guerreiro mais temido e respeitado. As duas almas mais potentes de Ílac juntas.

As pessoas poderiam não entender nada do que se passava ali, não faziam nem ideia de que ponto havia unido esses dois, mas fazia sentido aos olhos terrenos; e ter os dois de mãos dadas ali trazia um ímpeto nos corações das pessoas, a intensidade do momento abalando cada coração.

O sacerdote ergueu as escrituras, recitando os versículos sagrados. Após alguns minutos, entregando a palavra do Divino, ordenou que o casal se virasse para prosseguir com as declarações.

Evelyn respirou fundo frente a frente para Elijah, seu coração saltando pela boca, ergueu as mãos e colocou por cima das do Guerreiro, que estavam estendidas em sua direção. Ela controlou um pequeno sorriso ao notar que a palma dele estava tão úmida quanto a sua, o que aliviou um pouco a situação. Não tinha porque temer, esse era o seu Elijah. Uma versão mais robusta e empedrada, mais séria e machucada. Mas ainda era ele. A pessoa que nunca a machucaria intencionalmente, que a enxergou mais do que qualquer um.

— Eu, Evelyn Kreigh, rainha de Ílac, aceito este homem, Elijah Graeff, O Rochedo, General do meu exército e homem a quem confio, como meu esposo para ser o meu companheiro e ajudador. Que você ande os meus passos e me acompanhe no meu destino. Te prometo o meu coração, a minha força, a minha proteção e toda minha verdade. — Os recitais haviam sido adaptadas, mas ela era a rainha, ela podia. E ela queria dizer isso a ele, uma promessa real do que entregaria com o selo desse casamento.

Ela sentiu a mão de Elijah tremer um pouco mais ao finalizar a sua declaração, ele fechou os olhos brevemente, quase como uma longa piscada e abriu-os para acariciar o seu polegar na mão de Evelyn antes dele mesmo recitar suas próprias palavras.

— Eu, Elijah Graeff, General do exército de Ílac, conhecido como o Rochedo, aceito como minha esposa, Evelyn Kreigh, minha rainha, a maior e mais poderosa mulher de todos os impérios. Confio-lhe aqui a minha alma, pois o coração sempre foi seu. Deposito minha fé e devoção e prometo estar contigo por todo o caminho, seja qual for. Estaremos juntos, para todo sempre. Que o passado seja o passado e que eu seja recebido no seu novo futuro — terminou, suas palavras saindo com intensidade diante do seu timbre grave.

Evelyn piscou, tentando conter o brilhar dos seus olhos lacrimejantes, ambos se entreolhando, muitas palavras não ditas passando entre eles, além das sussurradas por enigmas ali.

O sacerdote deu o sinal, erguendo as mãos para abençoar o casal. Em seguida, a adaga foi trazida e entregue a Evelyn primeiro, que deu um passo até Elijah, que tinha a mão estendida. Colocou sua palma por baixo da dele e fez um pequeno corte. O guerreiro repetiu o processo, agora na mão de Evelyn e, em seguida, ambos estenderam a palma um para o outro, unindo-as e ouvindo o alvoroço do povo que gritava e cantarolavam músicas festivas em animação com a união.

Dado o sinal, Evelyn empertigou o corpo, esperando o momento que ela menos queria. Lembrou-se do seu antigo casamento com Jeffrey, como ele fez questão de beijá-la intensamente diante do público, dando um espetáculo para todos os presentes. Era o que o povo queria assistir e ele queria mostrar que tinha o domínio sobre ela. Fechou os olhos, não querendo ver as risadas e nem reviver nada parecido novamente daquela situação humilhante, mas foi surpreendida quando sentiu as mãos quentes de Elijah no seu ombro e bochecha e os lábios úmidos dele na testa dela, num gesto de imenso carinho.

Ela abriu os olhos devagar, o corpo dele perto do seu, as respirações próximas o suficiente para sentir o sopro que saía do nariz do homem. Ele afastou-se vagarosamente dela, deixando suas mãos caírem até que a mão direita dele pegasse a mão cortada dela e ele a levasse até os lábios, deixando um beijo na ferida.

Evelyn respirou fundo e soltou a respiração vagarosamente, o mundo ao redor sumindo novamente. Precisava sair dali rapidamente. Havia tanto que queria dizer, Elijah merecia mais do que isso. E se talvez a última coisa que pudesse dar a ele era a verdade, ela o faria. Pela primeira vez, queria que o Guerreiro se sentisse amado e merecedor de todo o amor que ele deveria ter recebido durante a vida e havia sido poupado.

Talvez fosse por isso que ignorou toda a multidão que celebrava, segurou a mão dele e puxou-o de volta ao corredor em direção de volta a tenda que passariam a noite.

As pessoas começaram a assobiar e gritar, ainda mais alto por ser a rainha a levar o guerreiro, acostumados com os homens ansiosos a levarem suas esposas para selarem a sua união.

Mal sabiam que não era nada disso. Evelyn só precisava estar a só com Elijah. A necessidade a consumia ao ponto que sentia que iria explodir. Ela tinha vontade de rasgar tudo e gritar, morrer mil vezes e voltar a vida, estraçalhar-se pelos segredos que a consumiram por tanto tempo.

Ela levou-o sem hesitar até chegarem a tenda. Alguns guardas ficariam a postos na entrada, e impediriam qualquer um que tentasse se aproximar por toda a noite. Deixou Elijah no centro do local e virou de costas, andando até uma pequena mesa que estava arrumada com um grande banquete em homenagem aos noivos. Ela tirou de lá uma garrafa de vinho e depositou o líquido em uma taça, virando o conteúdo por sua garganta de uma só vez.

Elijah olhava para a rainha confuso. Também não era fácil para ele e já imaginava que as emoções estariam a todo vapor, mas não compreendia a fundo o que se passava com ela.

— Alguma coisa errada? Evy... Você sabe que não precisamos fazer nada aqui. — Ele deu um passo incerto na direção dela, que foi correspondido com uma risada triste e sarcástica por parte da rainha.

— Por favor, não — ela pediu, estendendo a mão.

Elijah arqueou a sobrancelha, ainda perdido.

— Não seja assim... tão bom — implorou com tristeza em seus olhos.

— Evy — ele tentou novamente.

— Não, Elijah. Eu não posso... — Parou, mordendo o lábio com força. — Eu não mereço isso. Você... Por que é assim? Por que foi me amar? — Uma lágrima por muito guardada escorreu pelos olhos dela. — Você tem ideia do quanto teve que pagar por isso?

Elijah balançou a cabeça porque ele sabia. Não seria hipócrita. Se tivesse se apaixonado por qualquer outra mulher, teria sido fácil. Teria um amor tranquilo e uma vida estável.

— Você não deveria — murmurou ela com dor.

— Quem dera se na vida pudéssemos escolher apenas os caminhos fáceis... — Elijah sussurrou. — Mas, Evelyn... Eu posso ter passado pela moenda, sendo triturado de todas as formas possíveis no processo. Mas eu nunca vou poder deixar essa vida sem dizer que eu tive um amor avassalador.

Evelyn não conseguiu se conter, suas lágrimas escorreram e seu corpo convulsionou com o choro por tantos anos guardados, por tudo que teve que passar, tudo que teve que enfrentar... sozinha. Elijah caminhou até ela e a abraçou, deixando que ela soltasse do seu interior o que por tanto tempo ela prendeu.

— Eu não queria fazer isso com você, eu juro — ela falou contra o corpo dele, sua voz abafada contra sua camisa.

— Eu não entendo, Evy.

E realmente não entendia. Para ele Evelyn era uma incógnita. Hora ele pensava que ela o amava, outra hora que o odiava. A mesma mulher que havia dado o seu coração fora a que havia sido tão cruel com ele. Ela havia o expulsado afinal, ele e a seu pai, que morreu pela doença, fome e exaustão.

Evelyn se afastou levemente do corpo dele, passando a mão por sobre os olhos molhados para conseguir focar no guerreiro antes de falar.

— Eu tinha dezessete anos, não sabia o que fazer. Talvez se tivesse falado com meu pai as coisas teriam sido diferentes. Ou não. Eu tinha um casamento prometido a Henrique e tinha você... Minha mãe sabia sobre nós, Elih. Eu não consegui pensar em nenhuma outra maneira que pudesse te salvar a não ser te mandar para longe. Era isso ou ela mandaria te executar. E eu duvido muito que Rory Buckhaim aceitaria que o filho fosse traído e trocado por um plebeu. — explicou, balançando a cabeça.

— Evy, eu... — Elijah estava sem palavras.

— Por favor, me escute. Eu quero te contar tudo. Você merece saber a história toda, Elijah. Eu lhe prometi toda a minha verdade e essa é a única coisa que posso te dar. Eu sei que não é nada e não muda o que passou. Mas eu quero que saiba porque você foi amado, Elijah. Da mesma maneira e intensidade que me amou, talvez até mais. Eu te amei e te amo com todo o meu ser e coração. Além dos meus filhos, você foi a única coisa boa e real na minha vida e se eu partir nessa guerra, eu não quero morrer sem que você saiba a verdade.

Elijah começou a tremer e teve que recuar, andou até a cama, sentando ali e colocando os cotovelos por cima dos joelhos, a cabeça apoiada nas mãos, olhando para o chão. Evelyn caminhou, abalada, até ele, ficando na sua frente. Não poderia parar agora. Talvez fosse a única oportunidade que teria.

E ali, na frente dele, em meio as lágrimas e dores, soltando tudo o que lembrava, ela contou. Falou sobre as ameaças da mãe, sobre todas as torturas que levou no lugar de Elijah e das mentiras que lhe foram impostas. De como não se aguentou e temeu ao saber que ele fosse a Ocland, mas nada podia fazer para o impedir. Como haviam se amado no dia que se encontraram ainda jovens, mas não podia contar a verdade, pois saber que ele estava vivo era a única coisa ainda que a permitia ficar de pé. Colocou para fora quando descobriu a gravidez e como doeu saber que nunca poderia contar a ele. Como a mentira sobre Henrique saiu amarga nos seus lábios diante dos seus pais e a realeza de Medroc.

O chorou aumentou ao relembrar como o lugar de Henrique havia sido usurpado por Jeffrey e como sofreu nas mãos dele, feridas tantas que não poderia contar. E como entendeu que teve que ficar quieta e passar por tudo até aprender a se defender sozinha, como teve que lutar por sua vida e pela vida da filha deles para sobreviver. Como em meio a tudo isso criou seus filhos e tornou-se a rainha que é hoje, pensando não só nela, mas em todo um povo que sofreria se suas escolhas fossem diferentes.

Ao terminar, tentou respirar no meio da ofegância da sua voz e olhou para Elijah, só agora notando que ele chorava também. As mãos estavam sobre o rosto, mas ela via pingar e escorrer por entre os dedos, um soluço preso e doloroso ecoando dele, enquanto suas costas tremiam. Frente a frente, ambos tinham suas almas despidas, nenhuma cobertura ficando entre eles.

O guerreiro deixou suas mãos caírem e ele balançava a cabeça em negativa. Atordoado, levantou-se e caminhou para Evelyn, as lágrimas ainda correndo por sua barba e olhando para o rosto destruído da rainha. A mão dele foi até a dela, trazendo-a para cima, até que seus olhos pudessem ver de perto a ponta do dedo arrancada, a marca que simbolizava toda a história que fora retirada das suas mãos.

Ele levou até os lábios e deixou um beijo no lugar. Sem se conter, seus lábios continuaram beijando mais e mais, ele levantou a mão dela, beijando cada pedaço da sua palma, o dorso, os dedos, o pulso... Ele queria reverenciá-la, beijar cada parte dela e tirar a dor que ela levou sozinha tanto tempo. Os beijos se misturavam entre as lágrimas dele na pele morena da rainha. Ele passou para os braços dela e subiu para o seu rosto. Os beijos passaram por cada lágrima da mulher, bebendo o sofrimento que saía da sua amada.

— Eu não sei o que, mas eu queria ter feito alguma coisa — confessou em prantos, enquanto a beijava por toda parte. — Eu não posso acreditar que te deixei passar por isso.

— Eu sei... — Evelyn soluçou, enquanto era reverenciada pelos lábios de Elijah. — Não se culpe, pelos céus, não... Não há nada que pudesse ser feito. O que foi... Passou — Ergueu as mãos e colocou no rosto dele, trazendo-o para que olhasse nos olhos dela. — Você não tem culpa! — enfatizou com as lágrimas escorrendo.

Elijah não tinha palavras para responder, só sabia que se possível, amava mais ainda essa mulher do que sabia que poderia amar. Por isso, completou a única coisa que poderia fazer e que mostraria o que sentia no momento, aproximou seus lábios e a beijou-a com todo o seu coração.

A boca de Evelyn se abriu de imediato, correspondendo a mesma vontade que a dele, ambos consumidos pela dor que passaram e pelo amor que sentiam um pelo outro. O braço dela passou pelo pescoço de Elijah em apoio e as grandes mãos dele trouxeram o corpo dela para junto, colando seus troncos. O aperto era quase mortal, mas era como se fosse pouco. Todo espaço era muito para quem por tanto esteve separado.

Elijah impulsionou Evelyn para cima e ela ergueu suas pernas e enrolou-as no corpo do seu agora marido, sem cortar o beijo por nenhum momento, ainda que bagunçado e eufórico, era tudo o que precisavam naquele instante. O guerreiro girou-os e jogou-os com cuidado para a cama que estava detrás deles, seu corpo por cima do dela, afastando-se devagar.

— Eu quero te amar — ele sussurrou para ela, deslizando os dedos pelos fios pretos e agora soltos pela cama.

— Então ame — ela sussurrou de volta, observando-o a encarar.

— Eu nunca imaginei que estaríamos nesse momento. — Ele balançou a cabeça, mais para si mesmo, uma lágrima voltando a escorrer pelo seu rosto.

— Amanhã podemos estar mortos. — Evelyn levou os seus dedos até a bochecha dele, deslizando até chegar aos lábios do guerreiro. — Mas essa noite é nossa. Mesmo que nossa história dure só hoje... não há a rainha e o guerreiro. Somos só nós, Elijah. Me ame!

Ela não precisava pedir novamente, Elijah abaixou o seu corpo e selou os seus lábios com os dela, deliciando-se vagarosamente pela textura macia daquele beijo. Como se tivessem o tempo do mundo, as mãos dele desataram os nós do vestido dela, um a um, reverenciando cada pedaço de pele que ia se mostrando no processo. Um beijo sendo deixado enquanto o tecido ia saindo e largado de lado até que Evelyn estivesse nua, sendo amada e adorada como merecia todo esse tempo.

Ele passou seus lábios no pescoço dela, deslizando seu nariz pela pele macia e descendo entre os vales dos seios da mulher, um leve suspiro sendo expirado. Não era nele que pensava quando sua língua percorreu o local, era tudo para Evelyn, e cada ofegar que ela dava aos seus carinhos, era a resposta que ele precisava para continuar, mais e mais até que tomasse tudo dela e arrancasse cada exultação e gozo da sua alma.

Sua boca desceu até os vales mais íntimos da sua amada, passando as mãos nas coxas dela enquanto entregava o melhor que podia dar à mulher. Sentindo o corpo da rainha se remexer diante dele e os gemidos responderem a devoção que ele depositava ali, até que o ciclo tivesse se completado e todo o fôlego fosse arrancado de Evelyn.

A rainha não tirou seus olhos dele, a adoração que ele emitia não poderia ser perdida e ela precisava beber todo amor que ele emitia com o seu corpo e alma. E, assim que havia ido até as alturas e voltado, ela sentou-se, pronta para fazer o mesmo com ele. Ambos mereciam serem amados e não haviam maiores ou menores ali.

Evelyn o despiu e, pela primeira vez, Elijah permitiu, deixando que ela cuidasse dele, tirando cada peça de roupa e o amando assim como ele havia feito, ele agora deitado e ela por cima, deixando em seus toques e carinhos aquilo que queria ter expressado há tanto tempo, mas foi impedida. Deixando que seus lábios agissem por si, acima das palavras, mas mostrando aquilo que já não podia mais ser verbalizado. E quando ambos haviam conseguido entregar tudo de si um ao outro, Elijah puxou Evelyn para cima e ela completou a ação, conectando-se a ele da forma mais física e íntima que um homem poderia se conectar com uma mulher.

Não era mais Evelyn ou Elijah. Eram algo único, profundo e especial. Cada movimento que faziam, apesar de satisfazer as suas carnes, alimentavam os seus espíritos. E cada elevar da adrenalina que vinha, também trazia a cura que as almas cansadas precisavam para sobreviver. Foi por isso que ela chorou; e ele também. Não queriam que acabasse, queriam permanecer naquele invólucro eterno de amor e compaixão. Lentamente, movimento a movimento, de forma que eternizasse o momento, o casal apaixonado se entregou, permitindo-se apenas... amar.

E ao fim, quando a bolha precisava estourar e o ápice de tudo que fora construído surgiu em uma avalanche inevitável, transbordante e explosiva, só sobraram os dois, cansados, destruídos, mas saciados. E Evelyn, com seu corpo jogado por cima de Elijah, sorriu. E aquele sorriso era tudo que precisava para nascer de novo algo que o guerreiro pensou por muito tempo haver perdido. Esperança. E ele sorriu de volta, deixando que as expressões por tanto tempo do seu rosto não usada desenferrujassem, dando a ela mais um pedaço seu, um pedaço que achou que nem existia, mas por Evelyn, era possível. Sempre era possível. Porque esse era o amor deles. Podia não ser perfeito, mas era real. Tanto quanto duas almas que se amavam profundamente poderiam ser.

_______________

Nota da Autora:

Eu confesso que estou sem ar. Iniciar esse capítulo foi difícil porque além dele ser o ponto onde todos os leitores desejavam, ele tratava do nosso casal. E tudo que envolve esses dois é intenso e me leva a um nível na escrita onde fico sobrecarregada de emoções. Eu demorei conseguir ter a coragem para iniciar e conseguir entrar nesses personagens, mas assim que foi feito, não consegui parar, porque é isso que eles fazem comigo. Eu brinquei com algumas leitoras que eu me senti drogada depois de encerrar o capítulo de tão sobrecarregada que fiquei. Mas foi uma sensação muito boa e satisfatória e eu só espero que vocês amem tudo como eu amei. E espero de coração ter conseguido ter passado toda a energia que o momento pediu.

ENFIM O GRANDE DIA CHEGOU! E eu preciso muito mesmo do feedback de vocês para essa grande cena porque todas nós aguardamos muito a chegada dela. <3

Aproveitem esse momento delicioso porque ele acaba a partir de agora nessa reta final hahaha

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