Soleria - A Canção de Dama Lua

By solerianos

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Filhos sempre querem ter histórias maiores do que as dos seus pais. Mas quando você é filho do maior mago do... More

Introdução
Cap. 01 - Dente de Dragão
Cap. 02 - A Fenda
Cap. 03 - A Reconstrução Impura
Cap. 04 - O aniversário do Príncipe
Cap. 05 - A Caverna do Dragão
Cap 6. A solidificação de luz.
CAP.07 - A sabedoria do rei
CAP.08- O chamado a Vila Azul
CAP.09 - A luz.
CAP.10 - O viajante e o prisioneiro.
CAP.11 - Reconstrução da alma.
CAP.12- A ira do rei.
CAP.13- As duas caravanas.
CAP.14 - Os dois navios de Cielo.
CAP.15 - Presentes e despedidas.
CAP.16 - Alguns dias antes.
CAP.17 - Thomas o prateado.
CAP.19 - Em busca da Terra Normanda.
CAP.20 - O martelo de Thor.
CAP.21 - A batalha campal.
CAP.22 - Até logo, Ilha Nórdica!
CAP.23 - A menina e o rei.
CAP.24 - O ataque dos homens múltiplos.
CAP.25 - A Alma Negra.
CAP.26 - O namoro real.
CAP.27 - Boas vindas flamejantes a Paradiso.
CAP.28 - Soldadinhos de Chumbo.
CAP.29 - O chato
CAP.30 - O ladrão das sombras.
CAP.31 - A provação de Abil.
CAP.32 - O diamante falso.
CAP.33 - O homem no espelho.
CAP.34 - O início da chuva.
CAP.35 - Guerra entre os líderes.
CAP.36 - Desespero.
CAP.37 - A princesa do raio branco.
CAP.38- O nascimento de Dama Lua.
CAP.39 - Derfel.
CAP. 40- A revolta de Alfred.
CAP.41 - Filho da chuva.
CAP.42 - Os dois Vikings.
CAP.43 - A canção de Dama Lua.
CAP.44 - O mundo é o nosso lugar.

CAP.18 - Apolônios se apaixona.

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By solerianos

Desde o encontro com o prisioneiro do mundo inferior, Apolônios se sentia doente. Vivia fraco, suas intensas sessões de treinamento com as tropas de Ragnar pareciam inúteis e isso só aumentava o número de reclamações do general em seus ouvidos.

— Parece que você conseguiu se tornar mais inútil do que sempre foi! — Reclamava o General. — Ainda queria ir nas caravanas. O que um imbecil como você faria para proteger os príncipes? — O General sabia que aquilo era um ponto fraco para o rapaz e utilizava esse argumento sem piedade. — Você hoje está na guarda do rei, é um aprendiz e mesmo assim está servindo na porra do castelo como um cuidador de nosso prisioneiro. Acredito que o serviço de limpar as fossas seria melhor para alguém como você. — Era notório que o velho guerreiro não gostava do rapaz, mesmo sendo um parente distante.

— Deixe-me tentar novamente. — Dizia o rapaz sem fôlego.

— Vou deixar pelo simples prazer de te ver apanhar novamente — o rapaz treinava com outro soldado mais experiente, já havia sido derrubado duas vezes com violentos golpes em sua cabeça, mas mesmo assim teimava em se provar, mostrar o seu valor. — Podem começar!

O guerreiro mais experiente girou sua espada para a esquerda, sendo rapidamente esquivado por Apolônios, que fintou e deu um golpe lateral crescente vindo pela direita, parecia ser um golpe em cheio nas costelas do oponente, que no último minuto subiu o escudo em dissimulada falta de equilíbrio.

— Está mais lento hoje, amigo do príncipe. — Ironizou o soldado, dando-lhe um preciso golpe no pescoço, fazendo com que o rapaz entrasse em uma crise de tosse desesperadora.

— Muito bem! Para vocês dois por hoje é só. Vão se trocar e descansem, Apolônios, se for para mostrar esse desempenho ridículo é melhor nem aparecer amanhã. — Berrou o General para o rapaz ainda no chão tentando recobrar o ar que teimava em lhe escapar.

Alguns momentos depois, já era capaz de se colocar de pé para se trocar nos lavabos da área de treinamento do interior do castelo. Mas antes se permitiria ter um momento de prazer. Seu nome era Emma, uma jovem na faixa dos 19 anos, com cabelos castanhos claros e olhos da mesma cor. Parecia ter um corpo moldado a mão e tinha a gargalhada mais gostosa do mundo, pelo menos para ele.

Arrancou uma flor discretamente de um canteiro e, ao invés de se dirigir aos lavabos, foi direto para a cozinha do castelo onde a menina trabalhava junto a mãe. Escondeu-se atrás da pesada porta de madeira e fez pequenos ruídos tentando chamar a sua atenção.

— Emma, seu namorado está aqui novamente. — Berrou uma roliça mulher, mexendo em um pesado caldeirão. Ao entender o que se passava, a menina deu um olhar frio para a interlocutora da notícia e se dirigiu a porta onde o rapaz a esperava.

— Lhe trouxe isso! — Apolônios mostrou a flor um tanto quanto amassada por estar guardada em seu bolso.

— Outra flor! — Disse ela em um ânimo forçado. — Obrigada.

— De nada, linda. Para você eu daria todas as flores do mundo. — Respondeu o rapaz com um brilho em seu olhar.

— Não precisa. Tem notícias de Roger?

— Não. Ragnar me manteve aqui para proteger o castelo, pois não sei se você sabe, a invasão do mundo inferior será aqui em Soleria e o general decidiu manter os mais fortes guerreiros ao seu lado. — O rapaz estufou o peito enquanto se gabava para a moça, sempre olhando as suas reações de acordo com o que falava.

— Eu escutei que você foi rapidamente dispensado quando tentou se alistar. — Respondeu a menina com uma expressão de desdém.

— As pessoas falam muitas besteiras. — Corrigiu o rapaz irritado. — Mas vamos mudar de assunto. Hoje à noite, vamos fazer algo? — Nesse minuto a menina olha para trás e vê a roliça mulher lhe fazendo um sinal de sim com a cabeça.

— Podemos sim. — Disse a menina soltando todo o ar de seu pulmão. — Mas vamos fazer algo bom, não quero apenas saber de flores ou coisas do tipo, me prepare algo especial e quero um presente.

— Um presente? — Perguntou o rapaz sem entender.

— Lógico, não teremos um encontro? Você deve me dar um presente, algo bem precioso.

— Precioso? — Perguntou o rapaz incrédulo.

— Sim, se quiser sair comigo é desse jeito, se não, é melhor nem me procurar.

— Lhe darei algo caro, pode deixar. Te encontro em sua casa. — A menina apenas deu com os ombros e voltou a seus afazeres, enquanto o rapaz girava os calcanhares pensando em que poderia fazer para seduzir a menina.

— Isso mesmo Emma, ele é amigo do príncipe e parente do General, vai ser um bom partido para você. — Disse a mãe da moça.

— Bom partido? Esse daí é um perdedor, nunca fez nada que tenha sido reconhecido.

— Para uma cozinheira ele é ótimo, ou você quer um fracassado que nem o seu pai?

— Mas mãe, eu quero o príncipe. Quero morar nesse castelo, quero algo melhor.

— Você conquistando o príncipe Emma? No dia que isso acontecer eu troco o meu nome. — Respondeu a mulher.

— Troca o nome, é? Para qual? — Perguntou a menina, se sentindo divertida.

— Não sei você escolhe.

— Então vai ser língua de trapo, porque a senhora fala muito, e muita besteira. — Disse a menina gargalhando.

— Besteira nada, só acho que é bonita demais para ficar se enganando esperando um príncipe que nem da sua existência sabe, enquanto tem um bom partido como esse batendo em sua porta. Daqui a pouco ele se enche de você e arruma outra, aí você vai ficar chupando os dedos.

— Acho que prefiro chupar o dedo do que. . .— A menina olhou para a porta para ver se o seu inconveniente pretendente realmente tinha ido embora.

— Do que o que menina? — Perguntou a mãe.

— Do que nada mãe. — Disse ela soltando uma alta risada. — Vamos, temos muita coisa para fazer ainda hoje, e tenho que estar pronta para o encontro com o seu bom partido.

⁕⁕

Apolônios vagou perdido para o lavabo, teria que dar algo bom e de valor para a menina, mas não possuía nada desse tipo e seria bem complicado para arranjar, tendo em vista o curto espaço de tempo que teria. Tomou banho na grandiosa piscina, deixando seu corpo gritar de todas as feridas que havia recebido naquele dia. Quando finalmente relaxou, deixou sua cabeça a vagar, sentia uma vontade frequente de vomitar e parecia não mais manter seus pensamentos em ordem.

Sentia-se constantemente ofendido por não ter ido à viagem, junto a Roger e os outros. E todas as ofensas de Ragnar apenas pioravam o seu ânimo. Não entendia o motivo pelo qual o general o tratava tão mal, sempre se mostrava disposto a ajudar, fazer vontades e agradá-lo, mas nada parecia funcionar. Praticamente chegava ao ponto que realmente não dava mais importância para o que ele realmente achava, pensava em seu futuro e a única certeza que tinha era que precisava ter um bom desempenho na guerra que viria. Só assim seria reconhecido pelo general, se tornaria alguém de renome e prestígio em Soleria. Fora a sua principal ambição no momento, que era conquistar o coração da doce Emma.

Novamente sua cabeça matutava a respeito da promessa feita para a moça a respeito do presente precioso.

"O quarto do rei"

Ouviu aquilo quase como um sussurro e no momento a ideia pareceu genial. Era de conhecimento de todos, que o rei mantinha os pertences da rainha Magda em seu quarto, possivelmente ele conseguiria pegar algo sem que ele percebesse e um artefato de uma rainha com certeza seria algo valioso e raro, a ideia pareceu genial no momento.

A euforia fez com que ele colocasse em prática o plano naquele momento. Sabia que o rei tinha sua sessão privada de treinamentos com o General após o treino dos soldados e que ambos estariam ocupados por um bom tempo, assim como a sonolenta guarda real, que naqueles dias era praticamente inútil. Acreditou não ter muitos problemas em furtar algo. Subiu as escadarias praticamente sem ser visto, sempre olhando e escolhendo o momento exato em se mover. Estava apavorado, imaginando o que aconteceria a ele se fosse pego. Com os passos mais leves que já deu na vida, passou pelo longo corredor até chegar ao quarto real, e empurrou a pesada porta de mármore observando o grandioso cômodo perfeitamente arrumado. Fechou a porta praticamente sem ruído e se dirigiu no maior armário que ali existia, o abriu e viu uma série de vestes do próprio rei, uma pesada armadura de combate e algumas armas de beleza incomparável. Dirigiu-se então para um armário menor, onde encontrou algumas peças em couro, calças dos mais variados tipos e um pedaço de pano num tom de roxo, enrolado em algo ao qual não teve curiosidade para descobrir.

Percebeu um subcomodo, com um grandioso espelho a esquerda e na direita o que parecia ser um grandioso armário com vestidos de todas as cores imagináveis e de todos os tipos. Entrou naquele cômodo que parecia ser um closet e sentiu um cheiro de guardado, misturado com algo cítrico, em suma, o cheiro era agradável. Passou as mãos pelos vestidos até encontrar uma penteadeira ao final do pequeno corredor. Se aproximou sorrateiramente e percebeu que na bancada existiam diversos cosméticos, pensou que aquilo seria algo bom para presentear sua amada, mas decidiu procurar pelas gavetas do pequeno móvel só para ter certeza de não existir nada melhor. Apesar do escuro, tateou as gavetas com velocidade impar, até encontrar algo brilhante que lhe chamou a atenção, era uma grande caixa de madeira com adornos dourados e ao abri-la descobriu um colar de beleza absurda.

Rapidamente concluiu que aquilo era demais, precisava de uma peça menor, que chamasse menos atenção. Abriu outra gaveta e achou dezenas de caixas menores e após abrir uma por uma, achou um par de brincos de pérola que seriam perfeitos para o presente ao qual conquistaria sua dama. Esse sim era um presente valioso, conforme ela mesma havia pedido.

Guardou a caixinha no bolso e com menos ruído ainda, se dirigiu a pesada porta de mármore abrindo-a em silêncio da mesma forma que a fechou quando entrava no quarto. Passou sorrateiramente pelo corredor e quando conseguia já enxergar as escadas, escutou um som de porta se abrindo a suas costas.

— Apolônios, não é? — A voz era conhecida, ao se voltar percebeu que era o líder da Guilda negra.

— Senhor Derfel! — Disse o rapaz empalidecendo por completo.

— Nossa parece que viu um fantasma, está procurando por Gerard? — O líder negro havia dado a desculpa ao qual sua cabeça estava desesperada a pensar.

— Exato, mas ao chegar lembrei que ele está treinando com Ragnar. — Respondeu quase gaguejando.

— Isso mesmo, também estou querendo falar com ele. Tudo indica que vou treinar com os dois a partir de amanhã. Ragnar continua lento como um bicho pesado? Acredita que uma vez vi o pai de Abil construir um animal que ele chamou de elefante, do nada. O bicho era gigantesco e se movia bem pesado e fazia um som estranho, tinha um nariz gigantesco que encostava no chão, isso porque ele devia ter uns três metros de altura! Que animal bonito, Apolônios. Mas ele morreu algumas semanas depois, uns anões tentaram cozinhar ele, mas o gosto era horrível. — O líder negro falava sem parar, como era de sua fama. — Quem sabe um dia Abil consiga fazer outro animal daqueles, quando os meninos voltarem irei pedir. — Nesse momento ele viu o olhar opaco do rapaz. — Eu soube que você solicitou para participar da caravana, não é? — O rapaz respondeu timidamente que sim com a cabeça. — Não se preocupe, precisamos de guerreiros fortes em Soleria para defender o rei e assim, mantermos o nosso reino seguro. Pode deixar que com a guerra em vista, teremos muitas cabeças para estourar! — Disse batendo um punho contra o outro fazendo um barulho maior do que ele imaginou ser possível.

— Com certeza. Senhor, eu preciso entregar uma mensagem para o rei. — Disse timidamente voltando para as escadas.

— Apolônios, aproveite que está indo falar com Gerard e diga para me chamar aqui no quarto assim que o treinamento acabar tenho algumas estratégias de defesa que queria debater com ele. Sabia que esses caras do mundo inferior são capazes de voar também? Não seria incrível ter a capacidade de voar? Imagina ver todo o reino de cima, ter toda aquela liberdade. Acredito que em um ambiente escuro eu consiga levitar usando as sombras, claro, mas não teria graça, seria interessante ver os campos, ver toda a vila branca do céu, não é? — O desespero do rapaz já era aparente, para Derfel que não vivia ali no castelo era tranquilo a explicação, mas para qualquer outro que entendia o dia a dia do castelo saberia que aquela desculpa era ridícula.

— Senhor, eu preciso ir. —

— Só não esqueça de pedir para o rei me convocar. Uma última coisa! — O líder negro não reparou, mas o rapaz revirou os olhos. — Poderia pedir para alguém me trazer um copo de água? Melhor uma jarra! A minha acabou e estou com uma sede!

— Com certeza senhor. — O rapaz desceu a grande escadaria a toda velocidade, sabia que havia perdido um tempo precioso com o mago negro e que com o tom alto de voz dele, deveria ter chamado atenção de algum servo do castelo. Segurava a pequena caixa com os brincos no bolso de sua calça com força, sentindo a mesma machucar suas mãos e, ao chegar ao grande salão rumou ao grandioso portal do castelo, sentia que toda culpa iria abandonar seu corpo após passar pelo grandioso portão.

Sabia que o rei não verificaria aquelas joias a anos, seu crime havia sido perfeito, porém ao passar pelo portal encontrou Sieguifried e meu pai, que o cumprimentaram e entraram no castelo sem maiores delongas. O rapaz suava frio e chegando à parte externa, correu como o vento em direção a sua casa.

Aquela seria a grande tacada para chegar ao coração de Emma, nada poderia dar errado. Já havia imaginado tudo, até o casamento dos dois, que obviamente seria realizado por meu pai, honra maior não existia em todo o reino. Teriam três filhos, dois meninos que viriam a se tornar os melhores guerreiros do reino, melhores até que Drake que na época era reconhecido como um gênio. Mas o seu xodó seria a menina, Emilia. Teria os olhos da mãe e o mesmo tom de cabelo. Seria a portadora do sorriso mais belo do mundo e, quem sabe, ela pudesse se casar com o filho de Roger, fazendo com que, finalmente, ele entrasse para a família real, mesmo sendo um agregado.

Mal percebeu a distância entre o castelo e sua casa e ao entrar mal cumprimentou os pais que acabavam de chegar da tecelagem. Dirigiu-se para o quarto onde guardou a caixinha em um velho armário de madeira com ruidosas dobradiças de metal. Escondeu-a em um emaranhado de roupas e perdeu mais alguns momentos sonhando em como seria o momento da entrega do presente, o que ele falaria? Como ela reagiria? Porém, seus pensamentos foram rapidamente quebrados pelo chamado de sua mãe para a hora do almoço.

⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕

O dia passou lento, se arrastando. Após a refeição, o rapaz teve que voltar ao serviço de carcereiro, o curto tempo que passara com o prisioneiro, já havia sido o suficiente para detesta-lo. Desprezava-o da melhor maneira que podia, mas o sorriso de deboche que parecia estar esculpido em sua face o irritava profundamente, parecia que quanto mais perto do prisioneiro pior se sentia. Sua cabeça parecia que ia de encontro ao chão de tão pesada. O sono era um inimigo constante, uma confusão mental o deixava impaciente, enquanto o prisioneiro apenas sorria e nunca o perdia de vista. Foram seis longas horas de serviço, até ser rendido pelo próximo guarda do turno. Voltou para casa como um foguete, trocou de roupa e pegou o pequeno tesouro para a sua amada. Cruzou o vilarejo cantarolando e ao avistar a casa de Emma apertou o passo ao mesmo ritmo que as suas batidas do coração.

A menina apareceu sonolenta na janela, quando ele a chamou. Possivelmente havia esquecido o encontro, ou simplesmente acreditou ter desanimado o rapaz com o pedido do presente, que para ela parecia ser impossível, mas ali estava ele com um grande sorriso no rosto e com a mão vermelha da pressão que fazia na caixa. Ela demorou alguns instantes para sair, e quando saiu, parecia mais linda do que nunca. Vestia um vestido de um azul claro que realçava os belos olhos castanhos e seus cabelos tinham um cheiro cítrico diferente da mistura de cheiros da cozinha. Era simplesmente uma visão inspiradora.

— E não é que você veio mesmo. — Disse a menina fechando a porta de casa. — Trouxe-me algo? — Continuou com a expressão de desdém. O sorriso no rosto do rapaz ficou maior ainda e lentamente tirou a caixinha do bolso e a ofereceu para a moça.

— Algo bonito e valioso, assim como você. — Havia pensado naquela frase o dia inteiro, a menina pegou a caixa com desconfiança, encarando os olhos do rapaz e a surpresa em seu rosto valeu a pena de todo o risco corrido naquela manhã.

— São. . . são lindos Apolios! — Disse a menina sem acreditar.

— Apolônios. — Corrigiu o rapaz.

— Isso aí. — Diz ela sem dar muita atenção ao que ele dizia. — Onde você arrumou isso? Nunca vi nada parecido.

— Você me pediu algo belo e valioso! Isso é uma simples demonstração do que eu posso fazer por você, agora o que eu ganho? — Aquela pergunta pegou a menina de surpresa.

— Como assim? O que você ganha? — Perguntou a menina, tendo quebrado o feitiço do momento.

— Você me pediu algo valioso e eu trouxe para você, não ganho nada? — Disse ele oferecendo um sorriso sedutor.

— Muito obrigada! — A menina estendeu a mão e deu um sorriso para o rapaz.

— Um aperto de mão? — Disse ele apertando a menina e a puxando para perto. — Eu mereço mais! — Disse roubando um beijo na boca da menina, que correspondeu. — Bem melhor.

— Menino maluco! — A menina estava corada, mas no final deu um pequeno sorriso. — Deixe-me coloca-los.

— Com certeza!

— Deixe-me perguntar uma coisa. — A menina estava enrolada para colocar os brincos enquanto falava. — Você é carcereiro do prisioneiro que veio do mar, não é? — O rapaz fez um pequeno sinal de sim com a cabeça.

— O único aprendiz a trabalhar no castelo! — Disse estufando o peito.

— Dizem que ele tem a pele vermelha e que é capaz de ler uma pessoa apenas com o olhar, isso é verdade?

— A pele vermelha é verdade, mas quanto as outras coisas não acredito. Acho que em uma luta eu conseguiria vence-lo sem maiores problemas.

— Você tem livre acesso a ele? Você me levaria lá para vê-lo? — O rapaz pensou por alguns instantes. — Por favor! Seria o melhor primeiro encontro que eu já tive.

— Você teve muitos primeiros encontros? — Perguntou o rapaz quebrando sua linha de pensamento.

— Não importa Apolo, podemos ir ou não? — Questionou a menina já perdendo a paciência.

— Apolônios. Vamos, irei te dar o melhor primeiro encontro do mundo. Eu conheço o carcereiro da noite, não teremos maiores problemas para entrar, mas me prometa que nunca irá falar nada a respeito.

— Com certeza! — A menina batia palmas animadas.

Os dois seguiram para o castelo e em certo momento, o rapaz tentou dar a mão para a moça que consentiu. Seu coração batia mais forte, seu rosto estava quente de tanto rubor, seu estômago se revirava dentro de sua barriga. O que há muito tempo ele sonhava estava finalmente acontecendo, ele estava ao lado da menina que ele era apaixonado.

Chegando ao castelo, eles pegaram uma entrada secundária para as masmorras e ao encontrarem com o carcereiro, o rapaz deu uma rápida explicação que foi seguida por um pequeno sorriso do mesmo.

— Jorg é meu amigo, não causará grandes problemas — Disse o rapaz enquanto desciam as escadas. — Então esse é Amiel, General do mundo inferior. — Falou fazendo gestos infantis com as mãos, como se o título do prisioneiro fosse algo a temer.

A menina desceu os últimos degraus e ao ver o ser de pele avermelhada na cela, fez uma expressão de surpresa que era encantadora. Mesmo o cheiro fétido da masmorra não atrapalharia aquele momento.

— Ele é capaz de nos compreender? — Emma parecia encantada com a exótica aparência de Amiel.

— Com certeza bela dama — Respondeu o General inferior. — Sou capaz de falar muitas línguas, inclusive a sua — A menina olhou para Apolônios, que encarava com ódio o ser do mundo inferior, pelo simples fato de falar com a menina. — Mas aqui eles não me deixam falar muito, então permaneço aqui quieto, seu namorado é muito corajoso! É um guerreiro de valor! — Disse voltando a expressão irônica para o rapaz.

— Me conte, como é o seu mundo? De onde você veio? — Perguntou a menina.

— É melhor não, ele é conhecido como servo da mentira. — Interrompeu Apolônios.

— Não se preocupe corajoso soldado, barras de chumbo! — Disse Amiel segurando as barras que o prendiam. — Não há nada que eu possa fazer, fora isso, acho que você seria capaz de me vencer sem maiores problemas, não é? — Perguntou o General dando uma pequena piscadela para o rapaz.

— É Apolônios, deixe-o falar! — Disse Emma colocando a mão no peito do rapaz, que encarava o General inferior.

— Lata então! — Permitiu contendo a ira.

— Minha terra natal se chama Colina de Rocha, lá nasci e fui criado. É a cidade onde se encontram os maiores mercados, daquilo que vocês chamam de mundo inferior. Não temos a dádiva do Sol, mas somos capazes de enxergar perfeitamente no escuro e assim, conseguimos viver naquele inferno ao qual vocês humanos nos colocaram.

— Como assim nós os colocamos? — Perguntou a menina se aproximando da cela.

— Há muito tempo atrás um humano nos reclusou no inferno, que vocês chamam de mundo inferior, e por isso agora nos levantamos em vingança, finalmente temos uma maior quantidade do que vocês da superfície, evoluímos com o mundo que nos foi entregue e agora podemos tomar a superfície, reivindicando o que é realmente nosso por direito. É o momento de todos os meus irmãos subirem aos céus e ascenderem perante a gloriosa radiação do Deus Sol. — O general parecia entrar em uma ira enquanto falava, fazendo com que os instintos de soldado de Apolônios despertassem.

— Já chega de besteiras, Emma é melhor voltarmos. — O rapaz continuava a encarar Amiel, enquanto ele não tirava os olhos da menina, que parecia encantada com tudo que ele dizia.

— É, eu acredito que sim. — Dizia ela presa aos olhos de Amiel, sem notar a menina deu três pequenos passos a frente. — Vamos! — Disse se virando para a direção de seu acompanhante.

— Espere! — Disse Amiel colocando um dos braços para fora das grades e segurando o braço da menina. — Belos brincos! — Disse forçando um sorriso e recebendo um chute no pulso vindo de Apolônios.

— Verme estupido! — Berrou o rapaz trazendo a atenção do sonolento carcereiro.

— Está tudo bem aí? — Perguntou Jorg, o carcereiro.

— Agora sim! — Respondeu Apolônios. — Vamos linda, acho que aqui já tivemos o suficiente. — Disse puxando o braço de Emma, que ainda permanecia vidrada no prisioneiro.

— Com certeza, tivemos o suficiente meu jovem peão. — Sussurrou Amiel esfregando os dedos aos quais estiveram em contato com a menina. — Já possuo dois lados do meu triangulo. — Continuou sussurrando e rindo sozinho.

⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕⁕

O casal voltou pelo caminho secundário, enquanto a menina falava sem parar.

— Que isso, como ele é diferente, você viu o amarelo nos olhos dele? — A menina parecia ter visto um animal exótico.

— É um desgraçado, isso sim. Quero que a guerra comece logo para eu arrancar a cabeça de alguns vermelhinhos desses. — O menino queria parecer corajoso, mas uma tontura iminente tomava seu corpo enquanto se afastava.

— Então é real, vamos entrar em guerra com essas pessoas? — Os olhos da menina se esbugalharam de medo.

— Sim, vamos lutar contra eles para manter o nosso mundo! — Respondeu Apolônios estufando o peito mais uma vez, apesar do mal-estar.

— E você não tem medo?

— Do que eu teria medo?

— De morrer? — Emma parou por um instante e observou o rapaz que a tentava impressionar.

— Quando coloquei minha armadura pela primeira vez, fiz um pacto com a morte. Ela com certeza um dia virá me buscar e quando ela vier, estarei pronto, nem um dia a mais, nem um dia a menos. — Repetiu as palavras que Ragnar vivia dizendo para os seus soldados.

— Que corajoso! — A menina puxou o rapaz pelo braço, o jogando em um beco escuro. — Realmente esse foi o melhor primeiro encontro de todos! — Disse ela abrindo lentamente a calça do rapaz. — Realmente você merece algo bonito e de valor! — Completou ela tirando a blusa.

— Mas e a sua honra? — Perguntou o rapaz incrédulo.

— Está espalhada pelo reino gatinho, agora você vai aceitar o meu presente, ou não? — O rapaz não pensou duas vezes e se entregou ao caloroso beijo da menina. 

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