Soleria - A Canção de Dama Lua

By solerianos

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Filhos sempre querem ter histórias maiores do que as dos seus pais. Mas quando você é filho do maior mago do... More

Introdução
Cap. 01 - Dente de Dragão
Cap. 02 - A Fenda
Cap. 03 - A Reconstrução Impura
Cap. 04 - O aniversário do Príncipe
Cap. 05 - A Caverna do Dragão
Cap 6. A solidificação de luz.
CAP.07 - A sabedoria do rei
CAP.08- O chamado a Vila Azul
CAP.09 - A luz.
CAP.10 - O viajante e o prisioneiro.
CAP.11 - Reconstrução da alma.
CAP.12- A ira do rei.
CAP.14 - Os dois navios de Cielo.
CAP.15 - Presentes e despedidas.
CAP.16 - Alguns dias antes.
CAP.17 - Thomas o prateado.
CAP.18 - Apolônios se apaixona.
CAP.19 - Em busca da Terra Normanda.
CAP.20 - O martelo de Thor.
CAP.21 - A batalha campal.
CAP.22 - Até logo, Ilha Nórdica!
CAP.23 - A menina e o rei.
CAP.24 - O ataque dos homens múltiplos.
CAP.25 - A Alma Negra.
CAP.26 - O namoro real.
CAP.27 - Boas vindas flamejantes a Paradiso.
CAP.28 - Soldadinhos de Chumbo.
CAP.29 - O chato
CAP.30 - O ladrão das sombras.
CAP.31 - A provação de Abil.
CAP.32 - O diamante falso.
CAP.33 - O homem no espelho.
CAP.34 - O início da chuva.
CAP.35 - Guerra entre os líderes.
CAP.36 - Desespero.
CAP.37 - A princesa do raio branco.
CAP.38- O nascimento de Dama Lua.
CAP.39 - Derfel.
CAP. 40- A revolta de Alfred.
CAP.41 - Filho da chuva.
CAP.42 - Os dois Vikings.
CAP.43 - A canção de Dama Lua.
CAP.44 - O mundo é o nosso lugar.

CAP.13- As duas caravanas.

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By solerianos

O dia amanheceu nublado, algo raro para o sempre ensolarado clima do continente. A chuva tendia a cair a qualquer minuto e todos na cidade branca faziam suas tarefas nervosos, olhando para cima. Queriam evitar que seus tecidos e alimentos se estragassem caso a água caísse.

Após o longo tempo de desconforto no pequeno barco, finalmente Ultrhed tinha uma cama decente, havia dividido o quarto com Abil, e incomodou bastante o elfo durante a noite com a sinfonia de roncos desenfreada pelo cansaço acumulado. O viajante acordou de mau humor quando o líder verde o chamou, porém, sabia que aquele seria um longo dia. Tomou um demorado banho e fez uma careta ao lembrar que em breve estaria no mar novamente, não usufruindo de todo aquele conforto. Lembrou-se de uma velha canção de seu povo, que dizia a alegria de ir ao mar, e por um segundo, um sentimento nostálgico tomou seu peito.

Finalmente, ao descer para o salão principal encontrou com os líderes de Guilda, que assim como ele, haviam permanecido no castelo. Faltava apenas Gaiga, que foi recebido com uma explosão por todos ao trazer o filho recém-recuperado.

— O matador de dragões! — Gritou a anã, oferecendo um brinde, enquanto o General, lembrava da existência de todos os meus ferimentos me dando um forte abraço.

— Você nos assustou seu pestinha. — Dizia Ragnar, dando uma piscadela para o príncipe.

O viajante percebeu que a atenção de todos havia mudado de foco. Desde que havia chegado, precisava trocar algumas palavras com o líder azul, mas sempre era impedido e alí estaria sua oportunidade ideal.

— Eu sei que deve ter algumas dúvidas. Não tenho permissão de esclarecê-las, a gema como pôde ver é real, eu realmente sirvo ao Elfo azul. Um dia você entenderá tudo, peço apenas que me dê seu apoio.

— É bem difícil acreditar em toda a sua história, soldado. O artefato que me deu é algo bem incomum de se ver. Eu deveria saber da existência de todas as gemas, pelo menos a do meu elemento. Não se preocupe em me dar explicações, até porque sei que és um simples mensageiro. Quero que saiba que estou me alistando nessa jornada para conhecer esse seu Elfo eterno, ele sim me dará toda a explicação que preciso. — Ao terminar o pequeno discurso o mago se levantou e me cumprimentou, enquanto eu lhe agradecia por ter retornado a caverna para nos resgatar.

A aquela altura, eu já estava com a cabeça doendo, de tanto ouvir o príncipe e o anão tentando me explicar tudo o que havia acontecido naqueles poucos, porém, longos dias ao qual eu fiquei desacordado. Achei estranha a animação de meu pai, que sempre entrava na conversa quando os dois se enrolavam com algum fato. Percebi que havia nascido uma pequena cumplicidade entre meu pai e Rick, os dois sorriam e contavam animadamente as histórias. Confesso, era esquisito ver meu pai sorrir.

Havia notado também, a presença do viajante, que me deu uma longa encarada de cima a baixo. Previ seu pensamento, não conseguia acreditar que um menino gordinho e esquisito conseguiria derrotar o poderoso dragão de metal. Mas a alegria foi logo encerrada, pois todos se sentiam incomodados com o silêncio do rei. Que foi um dos primeiros a me cumprimentar a respeito da minha melhora, porém logo depois se sentou e apenas observou a todos. Buks e Rick se entreolharam nervosos com a possibilidade de serem expulsos da mesa, conforme o usual quando o assunto era sério.

O desjejum foi retirado da grande mesa do salão principal, e o rei se mantinha quieto em seus pensamentos, quando foi avisado que três pessoas haviam chegado ao castelo. Eram Cielo e Seadra da Vila do mar e Raid o elfo de fogo. A chegada de seus comandados deixou Sonny e Maria surpresos. Não haviam solicitado as respectivas presenças, porém, quem havia os convidado foi o Rei, através de Harpias mensageiras.

O tempo continuou a correr, enquanto a conversa era jogada fora, todos mantinham expressões ansiosas, pois o rei não explicava o motivo de todos estarem alí. Gerard havia quebrado o seu silêncio e nesse momento conversava com Ragnar e Derfel e já era quase a hora do almoço, quando um grande alvoroço foi ouvido do lado de fora do castelo. Rick e Roger correram para o parapeito do andar superior tentando entender o que ocorria, e viram as pessoas da cidade correndo em desespero. Automaticamente puxaram suas espadas e desceram avisando que estavam sendo atacados. O rei simplesmente sorriu e se aproximou de Abil.

— Sua irmã a cada dia me surpreende mais.

Dois mensageiros se aproximaram com expressão de pavor no rosto.

— Senhor, três Orcs do Norte se aproximam. Enviamos batedores e a senhorita Abgail nos disse que eles seriam convidados do senhor. — Explicou o primeiro esbaforido, a surpresa foi geral ao saber que o rei havia convocado os seres do Norte para aquela reunião.

-Lá vamos nós de novo. — Disse o príncipe me olhando com o sorriso já estampado no rosto.

-Menos Rick. — Resmungou meu pai, recebendo um muxoxo do príncipe. Pronto, eles eram inimigos novamente e o mundo voltava a fazer sentido.

— Deixe-os entrar soldado! — Disse o rei sorrindo para Ragnar. — Pinheiro finalmente chegou! -Disse estalando os dedos.

Rick ficou impressionado quando o portão se abriu e pode ver as lendárias criaturas. O primeiro parecia ser o mais velho entre eles, tinha uma armadura que parecia ser feita de pedra, fomos descobrir mais tarde que se tratava de ossos, montava um enorme animal, que mais parecia um touro feito todo de minerais. O segundo era o mais novo do grupo, tinha algumas proteções de metal ao longo do corpo e uma grande espada que se arrastava pelo chão. Estava montado em um gigantesco gato e ao ver aquilo eu fiquei maluco em quão legal aquilo parecia ser. O último vinha em um grande lobo, era possivelmente o maior dos três homens, e possuía um grande porrete, pendurado nas costas.

Rick olhava para tudo incrédulo, e quando o que parecia ser o mais velho desceu de seu animal e tirou seu capacete foi tomado por uma visão de horror. O rosto de todos os três era horrivelmente deformado, parecia com algumas queimaduras que os anões tinham ao longo do corpo, mal dava para distinguir o que era olhos, nariz e boca. O rapaz montado no enorme gato percebeu sua cara de nojo. Mas nada se comprava com a expressão de Gaiga, ao se deparar com as horrendas figuras.

— Ragnar! Como está gordo, só não está pior do que Derfel! — Gritou o mais velho, que parecia ser o líder, dando um grande sorriso, e deixando o General e o líder negro encabulado.

— Posso estar gordo, mas ainda sou o melhor guerreiro do continente. — Disse olhando para o guerreiro que vinha logo atrás.

— Acredito que Ferox discorde disso, será uma ótima batalha certo, Gerard? — Disse o orc dando uma piscada para o rei.

— Isso realmente não importa, desde que eu continue a chutar esse seu traseiro! — Respondeu o rei, dando um grande abraço no orc. — A quanto tempo meu amigo! Não me diga que esse é o pequeno Garra? Como está grande!

Logo atrás Abgail vinha montado em seu cavalo de raízes, ao me ver junto aos outros, deu um grande sorriso desmontando do animal e correndo em minha direção.

— Você acordou! — Gritava ela, pulando e me dando um grande abraço.

— Acho que sim. — O cheiro da menina me deixou entorpecido por alguns curtos momentos, ela então tascou um beijo minha bochecha e senti o rubor tomando-me de assalto. Aquele devia ser o melhor momento da minha vida até o momento. Coloquei em minha lista mental, me machucar mais vezes.

— A senhora também recebeu convites? — Perguntou Abil, surgindo logo atrás de mim. — Creio que isso seja obra sua, posso saber como abriu o portão? — O elfo tinha a fúria aparente estampada em sua cara. Mais uma vez, havia sido deixado para trás em uma decisão importante como aquela. Guardar os muros de Soleria era a sua função, se sentiu deixado de lado e estava irritado por Gerard colocar sua irmã para realizar aquilo.

— Não abri portão nenhum, eles passaram pela brecha do muro que passamos, quando fomos para a caverna do dragão. -Nesse momento o elfo quase explodiu em fúria.

— Você mostrou a eles a brecha de nosso muro, para os Orcs? — Disse quase sussurrando, impedindo assim um desconforto diplomático, sem sucesso. Maria passava ao seu lado e escutou todo o assunto.

— Eles não são inimigos, elfo, são nossos amigos de infância. Acredite, se eles quisessem nos invadir eles não precisam de uma brecha no seu muro. — Ela deu um sorriso para o jovem líder verde e fez um carinho em seu braço como forma de consolo, porém, não pode fazer nada a respeito do maligno olhar que ele lançou sobre a irmã.

Apolônios descia preguiçosamente as escadas, quando viu toda aquela confusão. Havia dormido no castelo junto a Drake e Roger. Os três meninos também conversaram quase que a noite inteira a respeito do interrogatório ouvido na noite anterior e estavam convictos a se alistarem como voluntários.

— Bem acredito que estamos todos aqui. — Começou o rei. — Venham todos, vamos sentar a mesa, para que eu coloque a situação que temos. — Todos os líderes, junto aos Orcs seguiram até o grande salão real, onde os funcionários do castelo se apressaram para servir jarras de água e vinho. — Estão esperando o que? — Perguntou o rei para seus dois filhos, que ficaram surpresos naquele momento. — Vocês vão dar um jeito de escutar mesmo, que se sentem conosco. — Roger olhou com fúria para o irmão mais novo, que apenas deu de ombros enquanto todos entrávamos na grande sala.

— Eu enviei um pequeno resumo sobre o ocorrido ontem, ao meu velho amigo Pinheiro, acredito que já esteja a par dos assuntos. Gostaria de apresentá-lo ao viajante em questão, Senhor Ulthred. — Continuou Gerard apontando para o rapaz.

— Perfeito, eu li sua mensagem e sai o mais rápido possível, cavalguei a noite inteira sem descanso para aqui estar. — Disse o orgulhoso orc.

— E eu lhe agradeço por isso. — Respondeu honestamente o rei.

— Como o pedido trouxe meu filho, Garra meu melhor descendente que estará pronto para qualquer tipo de necessidade. — Rick achou estranho ao reparar que o jovem orc conversava normalmente com Agnes, como se fossem velhos conhecidos.

— Sim com certeza um poderoso guerreiro será de grande serventia. — Respondeu Ragnar.

— Precisamos conversar a respeito de nossas informações recolhidas no dia anterior, todos os que não estiveram presentes também já foram atualizados a respeito do assunto. — Nesse momento Abil olhou para a irmã que confirmou com a cabeça. Aquela reunião estava muito confusa para o elfo, não entendia a necessidade de todos os subalternos, assim como os príncipes ali. — Os outros que não receberam cartas, se tratam de espiões, bem chatos por sinal. — Disse sorrindo para os filhos.

— Você sabia? — Perguntou Rick.

— Eu sempre sei! — Respondeu o pai. — E todos os que aqui estão deverão participar de alguma forma, protegendo o nosso reino, ou viajando para terras desconhecidas. — Um falatório começou no salão, aquela decisão do rei havia pego alguns líderes de surpresa, todos acreditavam que sua presença seria certa nas caravanas, mas o discurso pareceu diferente.

— O rei está certo. Não sabemos o que encontraremos nessa viagem. Fora a necessidade de proteger o reino, precisaremos de três equipes para isso, Senhor. — Disse Gaiga se levantando da cadeira. — Tenho como sugestão, utilizarmos uma pessoa de cada Guilda em cada caravana, assim como na força tarefa do reino, que terá como missão proteger Soleria.

— Exato, eu havia pensado em algo parecido. — Respondeu o rei, sorrindo pela perspicácia de meu pai. — Acredito que teremos mais problemas em solo, do que no próprio mar. Pinheiro divida com todos o seu relato. — Disse apontando o queixo para o orc, que deu um tapa no ombro do filho dando um sinal de que era a hora de revelar algo, rapidamente o jovem orc saiu do castelo, retornando algum tempo depois com um embrulho de pano.

— Senhores, vimos algumas criaturas como essa sobrevoando as nossas terras, eles pareciam apenas estar conhecendo o terreno, porém, conseguimos capturar duas. — Disse Pinheiro tomando posse do embrulho e mostrando a todos um cadáver medonho, parecia a mistura de um homem com um morcego, com a pele em um vermelho escuro.

— Voadores! — Levantou— se Ulthred. — Eles são os batedores do mundo inferior.

— Certo. Nossa situação é crítica. Por isso já enviei alguns pedidos para adiantar o andamento da caravana. Cielo, quanto tempo precisará até que os barcos estejam em perfeitas condições? — O rei fez aquela pergunta surpreendendo a todos, principalmente os mais antigos que sabiam da história daqueles dois navios.

— Acredito que uma semana senhor. — Respondeu tímido o menino.

— Hydra do mar e Quebra-ondas? — Perguntou Ragnar. — Eram esses os nomes, certo? — Disse dando um caloroso sorriso para Cielo. — Eles eram lindos no tempo de seus pais. Espero que faça um bom trabalho neles. — Disse lhe dando uma piscada de olho.

— Eram bonitos sim. — Um ar nostálgico tomou o rei por um instante. — Então teremos uma semana para as caravanas saírem. Abgail, já solicitou os suprimentos requeridos? A menina elfa respondeu que sim com a cabeça. — Perfeito, acredito que não teremos grandes problemas então. Agora, devemos discutir a respeito daqueles que estarão nos barcos.

— Eu gostaria de me indicar. — Levantou— se Sonny, encarando o viajante.

— Eu sabia que faria isso meu amigo, mas eu tomei uma decisão. — Respondeu o rei. — Quero que fique ao meu lado nessa batalha. O mago azul olhou incrédulo para Gerard, percebeu que tudo já havia sido programado por ele e por um momento o admirou pela capacidade de planejamento estratégico.

— Senhor rei, acredito então que a melhor forma de obtermos sucesso seria todos os líderes de Guilda indo nessas embarcações percorrer as ilhas, pois caso alguma não reconheça a sua bandeira, seríamos os mais aptos a estar lá. — Gaiga havia se convocado para a batalha e todos os líderes o olharam com estranhamento, não era comum concordarem com algo que ele falasse, mas logo fizeram um sinal de afirmativo, apoiando a idéia do meu pai.

— Pois eu acredito que o senhor esteja errado. — Respondeu Uthred, sendo recompensado com um olhar mortal do líder branco. — Acredito que os guerreiros mais fortes de Soleria devam permanecer aqui, para caso a invasão aconteça antes do esperado, assim conseguiriam realizar uma guerrilha enquanto os outros exércitos não chegam. Ragnar aprovou de imediato aquela ideia, aumentando o mau humor de meu pai.

— Eu concordo com o viajante, segundo o mesmo, todos tem algum conhecimento do grande rei ao redor do mundo, não creio que essa incursão traga muitos problemas. — Começou o comandante da guarda real. — Acredito que o bom e velho Roger, consiga tranquilamente liderar uma das comitivas, onde se eu pudesse indicar, escolheria Seadra da vila da água e o elfo do fogo Raid, seria um bom time. — Completou Ragnar, dando um forte tapa no ombro de Roger, sendo respondido com um sorriso, os outros dois também estufaram o peito mediante do elogio.

— Também gosto bastante do menino Drake da cidade da luz e acredito que Abgail da tribo da floresta também seriam bem relacionados a missão. — Completou o rei, fazendo um pequeno cumprimento a Abil, irmão de Abgail.

— Acredito que minha filha também poderia completar, já que tirando o príncipe, temos uma pessoa de cada vila. — Acrescentou Derfel.

— Vocês também se esquecem de nós. — Resmungou Pinheiro. — Acredito que não exista guerreiro na ilha mais forte do que Garra e Ferox. — Disse ele provocando Ragnar novamente.

— Pelo faro já reconhecido de Ferox, eu preferia que ele ficasse entre nós. — Interferiu o rei. — Fora a sua força, me sentiria mais confortável em uma guerra com Ragnar e ele ao meu lado. — E nesse momento foi respondido com uma careta da anã, causando um pequeno sorriso na expressão do rei. — Porém, não me interfiro quanto a Garra estar nessa embarcação. Só acho que teremos problemas com a segunda embarcação. — Disse encarando de maneira irônica o viajante.

— Acredito que não. — Respondeu Uthred. — Achei ótima a ideia de o príncipe participar da primeira embarcação. Por que não enviar o outro na segunda? — Rick quase deu um pulo de sua cadeira nesse momento, era tudo o que queria, a aventura definitiva que lhe traria histórias para crianças e músicas para os bêbados.

— Liberar Rick, em um barco por um mundo desconhecido? — Perguntou Maria com um sorriso no rosto. — Eu com certeza queria estar nesse barco. Completou.

— Rick, Tai e Buks. — Respondeu Ragnar, quase em gargalhadas, sendo acompanhado pelo rei e Maria. — Isso ia ser extremamente engraçado, seria como lotar um navio com pólvora e jogá-lo ao mar. Nós três nos entre olhamos e respondemos com um muxoxo.

— Verdade. — Respondeu o rei, quase engasgando de tanto rir. Meu pai permanecia em silêncio, enquanto os outros líderes sorriam do general e de Gerard. Já Ulthred e os orcs não entediam o motivo de tanta graça. — Eu definitivamente queria estar nesse barco. — Disse me dando um caloroso sorriso.

— Não sei por que tamanha graça. — Começou o viajante. — Até onde eu percebi o príncipe é bem entrosado com os amigos e para ter realizado o feito do dragão, eu não discutiria sobre sua força. Fora que a inteligência dele e do menino gordinho. — Dessa vez fui eu quem quase pulou da cadeira, odiava ser chamado de gordo. — Superou os feitos de todos vocês. — Completou o viajante.

— Acredito que o envio dos dois príncipes, seria motivo mais do que suficiente para que todos possam seguir a bandeira de Soleria. Os líderes das nações saberiam por quem eles lutariam. Pelo o carinho que vocês falam, não teríamos problemas em fazer com que todos venham para a nossa causa. — Disse o orc apontando em nossa direção, terminando assim a sessão de risos do rei.

— Senhor Ulthred. — Gerard chamou a atenção do viajante, frisando o título de senhor. — Meu filho menor, é como iremos dizer. — Pensou por alguns instantes o rei. — Meio impulsivo. — Disse ele divertindo Maria e Ragnar. — Eu até autorizo a ida de Rick nessa viagem, mas peço uma condição apenas. — Ulthred deu de ombros para o rei. — O senhor o acompanhará em sua tripulação. Questionou o rei desafiador.

— Com certeza. — Disse o viajante, acompanhando a diversão do rei e vindo em nossa direção, se ajoelhado na frente de Rick. — Será uma honra viajar em sua companhia, vossa majestade. — Ninguém nunca havia visto o príncipe tão envergonhado quanto naquele momento, tinha ficado completamente sem-graça mediante da ação inesperada do viajante. Buscou imediatamente o olhar de Agnes, para ver se a menina estava vendo o que acontecia e recebeu um pequeno sorriso como resposta. Porém, a diversão do rei se tornou orgulho naquele momento, e o mesmo veio em nossa direção.

— Rick, ele está fazendo um juramento a você. — Começou ele. — Saque sua arma e de sua benção aceitando o juramento. — Já havíamos visto aquilo com novos soldados que entravam na guarda real, os mesmos prestavam juramentos ao rei, que sacava Luminus, a poderosa espada forjada pela anã de fogo e lhes dava sua benção, tocando uma vez em cada ombro, aceitando assim o juramento. Agora era a vez de Rick, ter o seu primeiro guerreiro juramentado e timidamente ele sacou a pequena Dente de Dragão da bainha de couro. Lentamente a encostou em cada ombro do viajante. Pude notar uma expressão de incredulidade na face de Roger, que apesar de ser o sucessor direto ao reinado, não havia nenhum guerreiro juramentado.

Drake e Apolônios rapidamente se levantaram para também se ajoelhar, mas o rei negou a ação. Olhou para os guerreiros que seguiriam o filho mais velho e viu que talvez o viajante estivesse certo. O carisma de Rick seria algo fundamental para essa missão, junto ao intelecto avançado do filho mais velho. Chegou a conclusão de que seria bem representado pelos dois.

— Então na segunda comitiva, teremos Rick, Tai, Buks e Ulthed. — Disse o rei olhando para o rosto do líder branco, vendo se ele possuía algo contra a inclusão de seu filho naquele grupo.

— Eu acredito então. — Começou Derfel. — Que Agnes se junte a eles. — Disse o líder negro, sendo amplamente apoiado por Rick.

— Com certeza! Eles já estão entrosados em batalha. — Disse Ragnar dando uma piscada para o príncipe. — No caso teríamos que substituir Abgail também. — Continuou. Sendo negado imediatamente pelo rei.

— Não concordo, quero deixar claro que minha decisão não se baseia na desconfiança de suas habilidades contra uma possível batalha a acontecer aqui e saindo um pouco do que havíamos combinado. — Ele se virou para Abil. — Eu me sentiria mais confiante se pudesse tomar conta de meu filho mais novo. — Naquele instante um grande mal-estar se posicionou no salão.

O que todos pensaram é que existia certo medo decorrente a experiência de Abil, quanto a líder de Guilda. Ele era o mais novo líder daquela sala, mesmo que para os elfos o tempo passa diferente do que para os humanos. Para os elfos o tempo é gasto em decorrência do uso de magia que utilizam, nesse aspecto, apesar de Abil ter domínio, quase que completo de todos os caminhos da magia verde, ainda era subestimado a ir a uma missão menor, que eram as comitivas, do que ficar e defender a ilha junto a todos os outros líderes de Guilda. Porém foi o contrário, o rei havia de confiar o suficiente para tomar conta de Rick e dos meninos, era uma precaução contra o viajante, caso houvesse algo obscuro nesse plano, se sentiria mais tranqüilo sabendo que o elfo estava lá.

Gerard sabia que não poderia revelar isso, até para não criar uma situação constrangedora com o viajante. Queria criar um sentimento de honra para o elfo, mas foi o contrário, pois apesar do sincero apelo do rei, foi sentido o mal-estar por todos. Abil tentou disfarçar com um sorriso sem graça e veio em nossa direção, assim como Uthred, se ajoelhou perante Rick.

Nessa hora Rick surpreendeu a todos e se ajoelhou também. Ele havia percebido a mágoa de Abil quanto a esse comportamento de todos. Ele sabia bem o que era ser subestimado, sabia o que era as pessoas inferiorizarem a sua presença e sabia que era muito mais capaz do que todos imaginavam. E por isso estava de joelhos junto ao elfo.

— De você eu não aceito o juramento. — Começou ele, sendo acompanhado pelos grandes olhos do elfo, arregalados pela surpresa. — Pois te considero como igual e quero que você seja meu igual. — Um sorriso surgiu no rosto de Ragnar. Aquele havia sido o discurso que o rei havia feito para o General quando se tornou líder do exército de Soleria. — E de você quero apenas a vontade e o querer, não quero lhe ter jurado, mas quero ser merecedor de sua vontade, pois enquanto eu merecer que me proteja, eu mesmo lhe juro ser seu protetor. — Lágrimas surgiram nos olhos do elfo. Pois ali estava alguém que pela primeira vez lhe dava o reconhecimento que sempre achou merecer.

O líder branco fez uma cara de espanto, ele havia contado isso aos meninos há muito tempo atrás e sempre achou que Rick nunca tivesse aprendido nada de seus ensinamentos. Ali estava uma prova de que nem tudo foi em vão quanto ele imaginava. O que ele não sabia, era que o rei contou essa história do juramento diversas vezes para o príncipe quando o mesmo era pequeno, fazendo com que decorasse cada palavra. E naquele momento Gaiga foi capaz de ver nos olhos do rei, que ele sempre soube que o seu filho estaria preparado para o que viria.

— Você já percebeu? — Meu pai se assustou com a voz ríspida de Pinheiro. — O maldito nos fez de marionetes o tempo inteiro. — Completou o orc com um pequeno sorriso no rosto.

— Desculpa, não entendi. — Respondeu meu pai, evitando olhar para a face monstruosa do orc.

— Ele já tinha tudo planejado, antes mesmo de chegarmos aqui. Ele tinha todos os preparativos prontos e já sabia quem estaria em cada barco e quem permaneceria aqui. — Meu pai ficou surpreso com tudo aquilo e ao pensar a respeito, percebeu que era realidade. O rei não havia parado para pensar em momento algum, levava as opiniões que considerava corretas a frente, mas bloqueava qualquer outra idéia que estava fora de seus planos. Fazendo isso dava a sensação de que todos participavam da construção do modelo de defesa a ser adotado, mas o orc estava correto. Tudo aquilo já estava planejado a muito na cabeça do rei.

— Você tem razão. — Respondeu meu pai em um sussurro.

— O maldito é espero. Por isso, sempre que ele pede eu lhe empresto minha espada. — Completou Pinheiro.

Abil mexeu rapidamente nos olhos e se levantou sendo apoiado pelo príncipe. Nunca existiu muito contato entre os meninos e a tribo elfica, tirando aquela ocasião com a linda Abgail. Mas naquele momento foi fácil para Rick entender o que acontecia, ele era muito bom em entender as pessoas, percebeu que não conseguiria o melhor do elfo com um juramento forçado, ele precisava de uma prova de confiança, e aquela havia sido a prova de que Rick confiava no elfo e o aceitava como parte integrante do seu time.

Novamente Apolônios se aproximou, para prestar juramento ao outro príncipe e foi a vez do líder branco exercer o seu papel de chato.

— Sente-se e comporte-se, é lógico que vai existir uma cerimônia onde todos terão que realizar seus juramentos em público. — Estragou o momento meu pai.

— Festa! — Exclamou o grande Orc.

— Festa! — Respondeu Derfel, conseguindo o sorriso de todos.

— Acredito que para encerrar, só ficou faltando alguém da vila da água. — O rei ignorou a alegria crescente pelo banquete a ser realizado.

— Qualquer um menos o Cielo. — Eu falei tão baixo quanto era capaz, sendo ouvido apenas por Rick que estava ao meu lado, que fez um sinal positivo com a cabeça concordando imediatamente com o meu pensamento.

— Acredito que Cielo, seja um bom aprendiz. — Era incrível como o meu pai sempre conseguia falar as piores coisas, nos piores momentos. E agora o arquirrival de nós três, estava escalado em nossa embarcação. O nome do rapaz foi de imediato aceito, por todos os presentes.

— Então a primeira comitiva será composta de Roger o Príncipe de Soleria, Drake da cidade da luz, Seadra da vila da água, Abgail da tribo da floresta, Raid da vila do fogo e Garra da cidade dos Orcs. — Ditou o rei, enquanto o líder branco documentava. E olhando novamente para o filho mais novo com um pequeno sorriso. — A segunda comitiva, será formada. — Fez uma pausa, com um olhar divertido para Ragnar e Maria. Por um momento desejou ser jovem novamente e acompanhá-los naquela aventura, sabia que seus amigos também tinham o mesmo pensamento, pois não foi um desprezo da parte deles aquelas risadas, mas sim das situações engraçadas nas quais eles achavam que os jovens iriam se meter. — Rick príncipe de Soleria, Tai da Cidade da luz, Cielo da vila da água, Buks da vila do fogo, Abil líder da tribo da floresta e Agnes do castelo negro. — Ele fez uma pequena reverencia a Derfel, aprovando a escolha da filha para a comitiva de Rick. — E não esquecendo o viajante, Ulthred do pântano, soldado de chumbo do elfo eterno azul.

— Senhor Ragnar, devo relatar algo. — Começou Apolônios, o General odiava o rapaz, que vinha a ser seu primo de longa distância. Achava-o arrogante e bajulador, se mantinha ao lado do príncipe por ser seu capacho e fazer todas as suas vontades.

— O que deseja Apolônios?

— Percebi que meu nome não consta em nenhuma das duas listas. — Disse o menino para a ira do General.

— Você é o melhor de sua classe em que Apolônios? Você matou alguma criatura mitológica? É o aprendiz direto do líder de sua Guilda ou algo do tipo? — O jovem ficou paralisado, não acreditando na resposta do General. — Você terá grande serventia aqui em nossa ilha, precisarei de todos os soldados que eu puder ter. — Aquilo foi como uma facada no coração do jovem. O mesmo nunca tivera talentos excepcionais, porém, sempre teve como ganância crescer na vida, ser um sargento ou alguém de importância no exército, ser líder de Guilda, qualquer coisa seria o bastante. Porém, na oportunidade de sua vida, havia sido recusado sem dó e o pior toda a sua inabilidade exposta para os grandes figurões do reino. Em seu interior crescia um ódio pelo General, que há muito já havia nascido e não percebido. Ele iria ser alguém na vida, independente do que tivesse que ser feito.

O jovem buscou auxílio do príncipe, que apenas sorriu da situação, coube ao rei melhorar o clima.

— Lembre-se, no início da reunião eu queria os mais fortes ao meu lado. — Disse piscando para o jovem menino.

— Precisaremos informar a população a respeito de tudo o que está ocorrendo. — Lembrou Gaiga, porém o rei deu um pequeno sorriso.

— Nas cartas que enviei aos aprendizes, já fiz um resumo de tudo o que ocorreu. A população é sedenta de notícias e já havia planejado uma cerimônia para amanhã, onde seria explanado as decisões tomadas hoje em nossa reunião. Também já tinha em mente, a grande maioria dos nomes dessa expedição, tendo algumas ressalvas. — Nesse momento Gerard deu um olhar carinhoso ao príncipe e seus amigos. — Acredito que todos precisam saber que tempos sombrios virão.

Meu pai analisou mais uma vez o que o grande orc havia dito. Apesar da postura preguiçosa que na maioria do tempo apresentava, via Gerard como um dos maiores estrategistas que já teve a oportunidade de conhecer. Isso fez com que em seu coração ardesse uma chama, estava entre os melhores homens do reino, precisava cada vez se aperfeiçoar mais para se manter naquele seleto grupo. E naquele momento sem eu perceber ele me olhou, e se deixou sorrir pela primeira vez na reunião. Pois ali estava o seu filho, entre todos aqueles homens poderosos, sendo reconhecido pelo seu poder. A chama que ardia em seu peito se esquentou um pouco mais, seus pelos se arrepiaram e sentiu o rosto corar. Deixou o orgulho por mim arder em seus pensamentos, porém, até o dia de sua morte ele nunca havia falado nada daqueles sentimentos.

Assim as duas caravanas foram criadas, foi acertado que a cerimônia dos juramentos deveria ser realizada na manhã seguinte, para depois Agnes e Garra voltassem para casa e fizessem seus arranjos relacionados a viagem.

As notícias da reunião se espalharam com uma velocidade inacreditável, e uma nuvem negra se alastrou no humor dos habitantes de Soleria. Muitos sussurravam a respeito da inconsequência do príncipe em matar o Dragão de Metal, faria com que uma guerra estourasse no pacífico reino.

Por incrível que pareça eu, Rick e Buks, passamos o resto do dia calados. O anão e o príncipe mal podiam acreditar em toda a aventura que os esperaria, enquanto o matador de dragões, conforme começavam a me chamar, estava morrendo de medo daquela aventura sanguinária que estava por vir. Estávamos a caminho de uma grande guerra, onde enfrentaríamos criaturas estranhas, como aquela que os orcs mostraram. Fora que teria que rodar por um mundo, suplicando para outros exércitos se juntassem a nossa causa. Seria algo complicado e por mais que tentasse, não conseguia ser mordido pelo bichinho da adrenalina.

Ainda era capaz de sentir todas as feridas que o Dragão causou em meu corpo, quase havia perdido a vida a poucos dias atrás e quando finalmente acordo, lá estava Rick me levando para outra aventura. Xinguei o príncipe mais uma vez, só que dessa vez em voz alta e os dois riram da minha cara. Também sorri naquele momento, era como o anão sempre dizia... que se foda!

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No dia seguinte, representantes de todas as partes do reino, fizeram mais uma vez a longa viagem, até o castelo branco, onde foi apresentado todo o cenário da guerra iminente, assim como o plano de ação para conseguir o apoio do então chamado "Exército do mundo". As comitivas foram apresentadas e muitas palmas foram dadas ao Príncipe Roger, porém, a população não recebeu com tanto ânimo seu irmão mais novo, o que causou algum estranhamento entre a cúpula dos líderes e principalmente no rei.

Ao ver o frio comportamento da população, Rick percebeu que sua missão na caverna do dragão havia falhado. Pois não tinha conquistado o coração da menina, os bêbados não contavam sua história de forma gloriosa e a população o via como um jovem inconsequente. O menino havia percebido que todo o reino estava com medo, percebeu que precisaria se esforçar ao máximo, para assim reconquistar o seu povo, fazer com que tenham orgulho de tê-lo como príncipe.

Os juramentos correram perfeitamente como o planejado, sem nenhum fato extraordinário. Houve uma desanimada festa e antes do encerramento, mais da metade das pessoas já haviam ido embora. Os líderes e seus aprendizes também deixaram o reino branco para começar os preparativos da longa jornada e dentro de uma semana, se encontrariam na Vila do mar, onde dariam início a aquela jornada.

A noite corria calma, pesadas nuvens passeavam sem pressa pelo céu ameaçando a chuva desabar a qualquer minuto. Todos os meninos haviam ido embora deixando o príncipe em um raro momento com seu irmão mais velho. Os dois apenas olhavam o tempo acinzentado acima de suas cabeças, na parte externa do castelo, não percebendo que o pai se aproximava sem barulho.

— Acredito que irá chover. — Disse o rei para espanto dos dois filhos, que se entreolharam, com tamanha idiotice. O tempo havia passado carregado o dia inteiro, e era nítido o cheiro de terra molhada evidenciando que a água viria. — Temo que teremos muitos dias prateados daqui para frente. Desejo que não encontrem problema algum nessa viagem inesperada, mas realmente não acredito que ela se desenrole sem nenhum tipo de incidente. — Nesse momento pequenas gotas começavam a cair do céu, molhando lentamente o chão de terra batida. — Não deixem que a água que cai feche seus olhos, meus queridos. Sempre enxerguem além, vocês devem ser aqueles que darão segurança a todas essas pessoas, que nesse momento se preparam para dormir preocupadas.

— Somos as duas águias do reino. — Disse Roger, dando um pequeno sorriso para o pai. Era assim que o rei os chamava, quando pequenos, quando não paravam quietos um minuto, correndo sempre em busca de novas descobertas.

— Exato! — Disse o rei abraçando-lhe com um dos braços. — E tenho certeza que serão líderes maiores do que eu. — O rei deu um longo beijo na têmpora do filho mais velho, expressando todo o carinho que sentia por ele. — Enxerguem além meus pequenos, vejam o que ninguém poderá ver. Saibam sempre o próximo passo de quem joga com vocês, e não terão grandes problemas. Acredito que esse é o único conselho que posso dar a vocês, tendo em vista que navegarão por águas desconhecidas. — Rick viu em seu pai uma expressão cansada, incomum ao inesgotável rei de Soleria. — E então, o que planejam fazer nessa última semana?

— Treinarei com Drake. Marcamos treinos todos os dias, combinamos com Ragnar e teremos a sala de treinamento do castelo para isso. — Respondeu Roger.

Já Rick não havia pensado em nada e se manteve em silêncio. Sabia que precisaria melhorar muito suas habilidades, lembrando-se de seu desempenho na batalha contra o Dragão. Parou por um momento enquanto o rei o encarava em busca da resposta. Analisou rapidamente a batalha e viu que precisaria melhorar e muito sua magia. Instantaneamente olhou para a direção da casa do melhor amigo, mas não era a mim a quem precisava procurar.

— Vou passar a semana com Gaiga. — Finalmente respondeu, para espanto do irmão mais velho.

— Mas você não o suporta. — Respondeu o irmão mais velho.

— Isso tem mudado. — Disse dando um pequeno sorriso, lembrando-se do meu pai em prantos, enquanto me via desperto. — E se querem saber, começarei agora. — Mal completou a frase e já estava a toda velocidade se movendo na direção de seu objetivo.

— Essa impulsividade dele poderá causar problemas. — Disse Roger.

— Talvez. — Respondeu o pai. — Mas eu adoro problemas! — Concluiu dando uma piscadela para o filho, que ainda permanecia em seu abraço.

O menino correu como nunca tinha corrido antes, não percebeu as pessoas ao redor fazendo muxoxos pensando no que estaria aprontando agora. Ao ver a casa do líder da Guilda, tentou aumentar a velocidade, mas isso era quase impossível. Viu o mago abrir a porta escutando o barulho do lado de fora.

— O que foi? Aconteceu algo? — Perguntou preocupado.

— Sim, quer dizer não! — Respondeu o menino esbaforido. — Preciso de um favor.

— Diga?

— Quero que me treine! — A animação daquela frase foi diferente de tudo o que o líder branco havia visto. O menino sempre fugia de sua classe, então percebeu que não era hora para zombarias, até porque ele estaria no mesmo navio que seu filho.

— Se chegasse mais cedo, poderíamos já ter começado. — Respondeu dando um pequeno sorriso ao príncipe.

— Mas agora estou aqui! — O mago o encarou procurando a verdade em seus olhos e acabou percebendo algo que não reparara antes, o menino tinha o mesmo talento de seu pai em animar a todos ao redor em momentos de crise. Sentiu lentamente a adrenalina tomar conta de seu corpo e fez algo contrário de seu modo de agir, tomou uma decisão em decorrência do momento. Aquele sentimento de aprendizagem que o menino possuía, era a alegria de qualquer mestre, queria começar agora também.

— Entre meu filho. Temos muito tempo perdido para recuperar. — O menino entrou e a porta se fechou a suas costas.

Próximo ao castelo, um outro menino corria, pelos corredores do quartel General do exército do reino. Era um menino mais robusto, que tentava lembrar qual seria a porta correta. Finalmente achou uma, porém, um soldado sonolento o expulsou a cascudos. Percebeu então uma porta maior, mais ornamentada e bateu com toda a força. Quem ele buscava apareceu, coberto apenas por um lençol e quando o viu tentou diminuir a abertura da porta, no intuito de esconder algo.

— Tai! Aconteceu algo? — Perguntou o General preocupado.

— Mais ou menos! Na batalha contra o Dragão de Metal, ví que as minhas habilidades de combate corpo a corpo são pequenas. — O General me encarou, esperando o complemento daquele relato.

— Você pensou nisso, saiu de sua casa e veio correndo até aqui para me acordar e contar isso? — Perguntou o General, com o humor já azedando. — Volte para casa, Tai!

— Senhor, desculpe. É que eu pensei. — Eu procurava as palavras para falar.

— Pelo jeito ainda está pensando. — Disse com ironia, já perdendo a paciência.

— Pensei se o senhor poderia me dar um treino efetivo, nessa última semana que ficaremos aqui. — Finalmente consegui dizer. O General me encarou, pensando nos prós e contras, mas foi uma voz vinda lá de dentro que mudou todo o cenário.

— Aceite logo, e volte para cá. — Resmungou uma voz por mim conhecida. Tentei bisbilhotar dentro do quarto do General, no intuito de saber quem era. Sabia que conhecia aquela voz, pensei ser de alguma arrumadeira do castelo, mas não tinha tempo para investigações.

— Tudo bem, desde que seu pai não encha minha paciência. — Reclamou o General. — Agora saia da minha vista, antes que eu precipite seu sofrimento! — Resmungou já saindo do quarto, prestes a me dar um soco, não fiquei para saber se era ameaça ou brincadeira, corri como o vento.

O general ficou na porta por mais alguns instantes me vendo fugir, alguns soldados me xingavam por conta do barulho e Ragnar não conteve o sorriso. Lembrou-se de seus tempos de moleque. Um pesar tomou seu coração, por conta da responsabilidade que iria cair nos nossos ombros.

— Volte para cá seu rabugento. — Disse a mulher dentro do quarto.

— Olha quem está falando. — Respondeu finalmente fechando a porta. 

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