Side Effect (Dramione)

By CarolUmbelino

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[...]Eu ainda conseguia ver e sentir a dor no rosto de Draco. A imagem da lágrima solitária escorrendo pela p... More

Prólogo
Cutucando as feridas
A homenagem
Monitores
Primeira ronda
As corujas negras
Hermione
Julgamento
Detenção
Não vou me desculpar por isso
A Torre de Astronomia
Deixe-os ir
Crucio
Amizade ameaçada?
Bônus: Visão de Draco Malfoy
A entrevista
Borboletas
Não posso deixar que faça isso
Um desespero bom
Instituto Lilian Potter
Draco
Lily?
Lide com isso, Potter
Não vou a lugar nenhum
Aconteceu ou não aconteceu?
Você demorou...
Mas. Que. Merda. É. Essa?
Só queria um ano comum
Foi o Malfoy!
Detenção até o fim da vida não é má ideia
Essa é a graça da magia
Do the Hippogriff
Magic Works
Céu Noturno
Ele não teve escolha!
O que vamos fazer?
Não tem nada de óbvio no amor
Só ele?
Desiluminador
Everte Statum!
Só, confie em mim
Luna
Manipulável
Um soco no estômago
Avada Kedavra!
O patrono
Você faz parte dessa "escória". Nasceu dela.
Eu te amo, Draco Malfoy
Você estava certa, sangue-ruim
Não foi suficiente
Será que valeu a pena?
A culpa é toda sua
Casa comigo?
É melhor você ir
Vida normal... ou, quase isso
Culpa e saudade
Sotaque francês
Comissão ogranizadora
Algumas pessoas ainda preferem os quartos
Achei que você era do tipo que prefere os quartos
Queria que você é quem tivesse morrido
Você é patética, Parkinson
Silêncio perigoso
Ronald? Quem é Ronald?
Um lado ameaçador
Vá até lá
Ginevra Weasley
Visão de Draco Malfoy: Aquilo não foi só um aviso
Ingênua
Visão de Draco Malfoy: Estraguei tudo... Mais uma vez
Ele não se importa
Visão de Draco Malfoy: Não podíamos esperar mais
Visão de Draco Malfoy: Você não pode controlar tudo
Visão de Draco Malfoy: Por que ele não fugiu?
Visão de Draco Malfoy: Tentando convencer a mim mesmo
Aurora

Vermelho Escuro

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By CarolUmbelino


As botas de couro de Gina apertavam meus pés e tornavam ainda mais difícil caminhar pelas pedras escorregadias. Por segurança, aparatamos a cerca de 2,5km de distância do castelo, na beira do mar. Andamos pela praia de pequenas pedras, escondidos pelo alto barranco que separava o mar do vale de vegetação rasteira, em direção às ruínas de Castelo . Avançamos devagar, atentos ao que estava ao nosso redor, mas principalmente, porque Harry e Gui discutiam sobre nossa abordagem à construção. O Weasley mais velho achava mais seguro observar a movimentação e esperar escurecer. Enquanto Harry queria agir imediatamente. Algo com que eu concordava total e indiscutivelmente.

- É exatamente com isso que eles estão contando. Nosso desespero e consequente despreparo. Precisamos agir com cautela.

- Já temos um mapa do castelo, sabemos quantos, aproximadamente, eles são. Que se exploda a cautela, Gui. Quem sabe o que eles podem estar fazendo com ela nesse exato momento. É de Rodolfo Lestrange que estamos falando...

- Harry... - Gui começou.

- O cara torturou os pais do Neville até a loucura.

Ele tentou baixar o tom de voz o máximo que pode para dizer aquilo, apesar da raiva. Era para apenas Gui ter ouvido. Mas estávamos muito próximos. Senti Luna ficar tensa ao meu lado. Os olhos de Neville escureceram por um instante, perdendo completamente o foco. Então, ele olhou para Harry decidido.

- Vamos estabelecer um tempo. Digo para esperarmos duas horas, enquanto observamos, fazemos rondas, testamos possíveis feitiços de proteção e procuramos por armadilhas.

- Duas horas! E eu entro com ou sem vocês. - Harry decretou.

Aquelas podem ter sido, definitivamente, as duas horas mais longas da minha vida. Com a ajuda de Angelina, Héstia e Luna tentei encontrar todos os feitiços de proteção que conhecíamos, mas isso apenas nos deu algo com que passar o tempo, nada mais. Os garotos resolveram criar um revezamento em trios para vigiar a movimentação no castelo e fazer rondas pelo perímetro. E ao fim das duas horas eu sabia que meus pés estavam sangrando dentro das botas apertadas.

Apesar do horário, não havia nem sinal de sol. E o vento que vinha do mar, batia com força contra a pele descoberta do meu rosto, castigando-a. A praia se estendia muito além de onde estávamos, permeando toda a lateral do castelo e adiante. Mesmo dali dava para ver que havia restado pouco do que um dia foi . Os muros não existiam mais; das duas torres em forma de D que eu conseguia ver, apenas uma ainda tinha algo que se podia chamar de terceiro andar; e não havia nem sinal de portões. A pedra cinza, escurecida pelo tempo, tornava o que restou da construção um cenário mórbido e sombrio.

- É isso. Estou indo. - o menino que sobreviveu anunciou.

- Todos nós estamos. - retruquei impaciente.

Começamos a caminhar ainda mais próximos ao barranco. De repente, o ritmo não parecia rápido o suficiente e comecei a correr quase ao mesmo tempo que Harry, ignorando os protestos dos meus dedos dos pés. O chão de pedras e raízes não contribuía em nada para o nosso avanço, sentia uma fisgada no joelho a cada vez que pisava com um pouco mais de força no chão; e devo ter virado o pé uma centena de vezes, até que as paredes de pedra cresceram sobre nós. Harry não parou, aproveitou uma rocha mais alta para dar impulso e apoiando as mãos na grama, içou o corpo. Neville passou por mim antes que eu me desse conta do que estava acontecendo e fez o mesmo. Mas, uma vez lá em cima, esticou a mão para me ajudar a subir. Assim que coloquei os dois pés no chão, hesitei, dividida entre ajudar os outros ou seguir Harry. Então, Neville decidiu por mim:

- Vai. A gente alcança vocês.

Ele não precisou dizer uma segunda vez. Contornei a gigante estrutura de pedra pela esquerda, já com a varinha em punho, e entrei no que um dia deve ter sido o pátio do castelo. Mesmo uma olhada rápida mostrava que podíamos facilmente descartar o terceiro andar das torres mais próximas como esconderijo em potencial. No geral, havia poucas paredes de pé, mas, ainda assim, inúmeros lugares onde se esconder. Harry corria em direção a uma porta escavada na pedra com o mapa improvisado na mão. Do outro lado do pátio, erguia-se outra construção, a outra torre. Ela não estava em melhor estado, mas era um esconderijo tão bom quanto qualquer outro. Lembrei-me na explicação de Narcisa. No primeiro andar, a portaria era dividida em três salas. O segundo tinha um ambiente só. O terceiro, um hall e câmaras. Não foi uma decisão difícil, e talvez não tenha sido totalmente inconsciente também, correr para a torre oposta. Percebi que alguém me seguia e olhei para trás rapidamente para encontrar Neville e Luna.

Parei assim que cheguei à porta e levantei um pouco mais a varinha, segurando-a com as duas mãos. Pisei com cautela para dentro. Mesmo com os montes de escombros e móveis destruídos dava para ver que a ante-sala era ampla. Como uma parte da parede posterior havia caído, ela também estava bastante clara. Mas assim que me aproximei do primeiro portal, percebi que a luz que entrava pelas rachaduras nas pedras e pelas poucas janelas não era suficiente em todos os ambientes. A segunda sala era sombria e abafada. E uma sensação estranha, incômoda, começou a se formar no meu estômago. O negro das paredes contribuía para a formação de longas e escuras sombras nos cantos. [...] três salas. Eu duvidava que fossem manter Gina em lugar de tão fácil acesso, mas eu precisava checar.

Olhei para Luna e Neville antes de entrar pelo segundo portal e de novo antes de começar a subir as escadas logo à frente dele, meu coração parecia acelerar a cada degrau. Se Narcisa estivesse certa o segundo andar tinha um ambiente só, o que significava que sairíamos da escada direto para a linha de fogo. Apurei os ouvidos, mas não havia som algum. E isso me deixou ainda mais angustiada. Abaixei-me e continuei a subida. Mas não havia nada lá. Apenas a grande sala vazia.

- Droga. - Neville deixou escapar quando surgiu da escada atrás de mim.

- Eles tem que estar por aqui em algum lugar. Não faz sentido. Quer dizer...

- Talvez Harry e os outros tenham dado mais sorte com as torres do lado norte.

- Não. Olha!

Luna falou pela primeira vez, apontando para o que parecia um monte de poeira e lixo. O chão estava imundo, coberto de pedaços de madeira, lasca de pedra, excremento de rato, penas e pêlos de animais. Nada que realmente merecesse atenção. A loirinha entretanto caminhou até o local para onde havia apontado e se abaixou remexendo no meio da sujeira de onde tirou algo e estendeu para mim.

- Luna, desculpa. Mas esse não é o momento para falar de qualquer bicho estr-

Parei no meio da frase, assim que finalmente enxerguei nas mãos de Luna, o que ela tinha visto a metros de distância. Um chumaço de cabelos longos e ruivos, muito ruivos. Eu não precisava especular para descobrir de onde tinham vindo. Era coincidência demais. Peguei aquela pequena parte de Gina das mãos de Luna com os olhos já cheios d'água e sussurrei.

- Eles estiveram aqui.

- E se ainda estiverem? - ela sussurrou de volta meneando a cabeça em direção à escada de onde viemos e que se estendia para o andar de cima.

- Um hall e câmaras. - Neville disse baixinho.

- Parece o lugar ideal para manter alguém preso.

Então, ele se adiantou a nós e chegou primeiro a escada, mas galgou os degraus com cautela. Um extenso corredor se estendia à nossa frente, de cada lado dele se abriam várias portas. Neville gesticulou na nossa direção, com dois dedos levantados e apontou para as portas da direita, depois apontou para o próprio peito e, então para a coleção de portas à esquerda. Concordei silenciosamente e pisei macio rumo à primeira porta. Dentro da cela, a parede oposta havia desabado, como no primeiro andar, e a luz do dia me fez piscar algumas vezes. Olhei em direção às outras torres, mas não consegui ver ninguém.

Os cabelos da minha nuca se arrepiaram segundos antes, como se eu previsse o que ia acontecer, então, um grito engasgado ressoou pelas paredes de pedra do corredor, fazendo-nos pular. E a porta se fechou com um baque surdo atrás de nós, cobrindo Luna e eu de poeira.

- Neville! Neville!

Esmurrei a madeira. A porta tremeu em resposta e a luz bruxuleante de feitiços sendo lançados do outro lado entrou pelas frestas junto com o som de pedra espatifando. Não avisei a loirinha o que ia fazer, apenas agarrei a mão de Luna e aparatei para o andar de baixo. Assim que senti o chão sob os meus pés, puxei-a comigo até a escada. Subi os degraus de dois em dois e alcancei o topo da escada a tempo de ver uma cabeleira loira desaparecer no fim do corredor. Entretanto, não havia sinal de Neville em lugar algum.

- Neville. - chamei de novo, enquanto caminhava pelo corredor.

Estaquei e me virei em direção ao som, quando uma porta atrás e à minha esquerda se moveu revelando um Neville descabelado e coberto de poeira.

- Hermione, Luna! Graças a Merlin vocês estão bem. A porta se trancou atrás de mim, então, eu ouvi os barulhos e vi a claridade. Onde eles estão? Não me diga que eles conseguiram fugir...

Encarei o rapaz alto e esguio que gesticulava para mim, tentando colocar algum sentido no que tinha acabado de acontecer. Se ele também tinha ficado preso em uma das câmaras, quem tinha duelado com os Comensais? Porque eles estiveram ali, eu tinha certeza. Por mais que doesse admitir, eu devia a verdade a mim mesma. E a verdade sufocante era que eu poderia reconhecer aqueles cabelos em qualquer lugar, até mesmo no escuro, mesmo que se passassem mil anos. A pessoa que tinha acabado de aparatar quando alcançamos os topo da escada era Draco Malfoy.

- Aconteceu o mesmo com a gente. - Luna disse. - Mas aparatamos para o andar de baixo e voltamos. Só que não tinha mais ninguém aqui.

- Queria ter pensado nisso! Mas, então, quem encurralou eles no corredor? Porque eu não fiquei louco, aconteceu um duelo aqui. - ele apontou para um buraco na parede na altura da minha cabeça depois para uma das portas, agora totalmente destruída, mais adiante, como que para confirmar o que havia dito.

- Alguém pode ter vindo atrás de nós e surpreendido os comensais no momento em que eles nos prenderam nas câmaras.

- Não.... O plano era justamente atrair Harry... nos atrair para a emboscada. E, além do mais, cadê essa pessoa? - minha voz saiu estridente, exasperada. E o choque da compreensão retirou toda a cor dos rostos de Luna e Neville.

- Ah. Por favor, não... - ela levou as mãos até a boca para sufocar um soluço.

- Não... Não... Não...

Neville tropeçou em direção à câmara mais próxima e escancarou a porta. Erguendo a varinha acima da cabeça ele gritou:

- Lumus Máxima!

A bola de luz deixou a ponta da varinha e flutuou pelo ambiente até a parede oposta, deixando claro que o cômodo estava vazio. Então, ele seguiu de forma apressada para a próxima cela. Assim que entendeu o que ele estava fazendo, Luna começou a imitar o gesto nas câmaras do lado oposto.

Permaneci no corredor, sentindo como se tivesse engolido uma das pedras que formavam a grossa parede ao meu lado e agora ela puxasse meu estômago para baixo, provocando uma dor aguda que me atrapalhava a respirar e fazia com que fosse difícil raciocinar sobre qualquer coisa. A imagem dos cabelos loiros desaparecendo no fim do corredor ainda piscava no fundo da minha mente. Neville deu um passo para trás saindo da última câmara, com os ombros curvados e ar derrotado. Luna colocou a cabeça para fora da sua, o rosto sem cor alguma e os olhos arregalados denunciavam que ela não tinha descoberto nada agradável.

- Aqui. - ela suspirou de forma quase inaudível.

Tenho certeza que meu coração não bateu durante o tempo que levei para fazer o caminho até onde ela estava. Tropecei duas vezes e tive que me apoiar na parede para não cair, enquanto minha mente percorria as lembranças, os rostos de todos os que nos acompanhavam na busca aparecendo em sequência na minha cabeça. Neville chegou primeiro, mas não terminou de entrar na câmara, e acabou parado bloqueando a passagem. Tive que empurrá-lo para o lado e, quando ele se afastou, desabei de joelhos.

O chão a minha frente estava coberto de sangue. O vermelho escuro tingia as pedras, escorrendo pelas frestas entre elas. O líquido também manchava parte da parede na altura do meu ombro, como se Ronald tivesse se apoiado ali em algum momento antes de cair. O cheiro forte de ferro, poeira e mofo atingiu as minhas narinas e meu estômago revirou. Pequenos pontos pretos começaram a tingir a minha visão...

- Hermione...

O som vinha de longe, como se a pessoa estivesse no fim de um longo túnel. Abri os olhos, mas estava muito escuro. Eu sentia frio e queria que ela me encontrasse, me tirasse dali. Então, tentei encontrar minha própria voz para responder, mas não consegui.

- Hermione...

Ela estava mais próxima agora. Quase ao meu lado. Reconheci o timbre agudo e, ainda assim, calmo e reconfortante: Luna.

- Hermione, por favor, olhe para mim?

Pisquei tentando ajustar os olhos à escuridão e fui surpreendida pela claridade difusa. O céu cinzento e cheio de nuvens brilhava acima da cabeça de Luna. Ela estava agachada ao meu lado e apesar da voz calma, sua expressão era preocupada. Apoiei-me nos cotovelos e olhei ao redor. Estávamos no pátio do castelo, perto da saída da torre.

- O que... Cadê... - não consegui terminar a pergunta, mas sabia que ela tinha entendido.

- Mandei um patrono para avisar os outros. - ela ignorou a minha meia pergunta, apontando para para o outro lado do pátio. Harry corria para nós, acompanhado dos outros. Um tremor percorreu meu corpo assim que as imagens da cela cheia de sangue e do corpo estirado no chão invadiram minha mente e Luna envolveu meus ombros com o braço, ajudando-me a sentar.

- Vai ficar tudo bem.

- Como ela está?

Harry se jogou de joelhos ao meu lado. Olhei para ele, os cabelos rebeldes estavam cobertos de poeira, o suor se acumulava sobre o lábio superior, como sempre acontecia quando ele estava nervoso. Meus olhos arderam se enchendo de lágrimas. Ele não deveria estar preocupado comigo, não enquanto Gina ainda corria perigo. Quando Ronald... Aquele sangue todo... Outro calafrio desceu pela minha espinha, fazendo meu corpo vibrar.

- Em choque.

- Hermione - ele segurou meu rosto entre as mãos, obrigando-me a encarar os olhos verdes. - Eu sei que você está com medo, eu também estou. Estou com muito medo, Hermine. E é por isso que eu preciso de você. Eu não vou conseguir sem você.

Balancei a cabeça soltando o rosto de suas mãos. Eu queria poder fazer o que ele estava me pedindo, mas era impossível. O que eu vi naquela cela destruiu o pouco que ainda restava da minha alma. Eu estava vazia, oca, não tinha sobrado nada. Nenhum sentimento bom, nenhuma centelha de vida. Agora só havia escuridão, frio e dor. Durante a II Grande Guerra, eu lutei para proteger as coisas em que eu acreditava, as pessoas que eu amava das maldades de Voldemort, para dar um basta na matança, nas torturas, sequestros, abortos. Ter um objetivo tão forte me ajudou a continuar, a seguir em frente, mesmo quando tudo parecia sem esperança. Porque eu sabia que aquilo era certo, mas, principalmente, porque eu sabia quem eu era quando estava fazendo aquilo.

Mas dessa vez era diferente. Não havia esperança. E eu não me reconhecia mais. Ter deixado Draco se aproximar, ter me deixado envolver por suas mentiras e arrastado meus amigos para dentro delas comigo, só para ser rasgada ao meio depois, enquanto via Gina e Lily sendo colocadas em perigo... Quem quer que tenha sido aquela garota, ela foi destruída pela verdade, ficou enterrada sob os escombros da passagem secreta que Draco fez desabar. Eu havia me tornado uma pessoa suja, desprezível e indigna de qualquer tipo de solidariedade. Por causa da minha irresponsabilidade, da minha teimosia e da minha cegueira Ronald estava... Minha garganta se apertou. Encarei minhas mãos para não ter que encarar a devastação no rosto dos Weasley. Mas elas estavam cobertas com o sangue dele. A visão deveria ter feito com que as lágrimas transbordassem dos meus olhos, mas por alguma razão elas permaneceram onde estavam. Mesmo se por um milagre conseguíssemos salvar Gina... Ela nunca me perdoaria.

- Por favor... - Harry insistiu. Ele segurou meu braço logo abaixo do cotovelo e me puxou para cima, tentando fazer com que eu me levantasse. Não protestei. - Obrigada, Mione.

Pensei ter ouvido alguém chamar por mim ao longe, mas não me virei. Harry, entretanto, que num minuto segurava firme o meu braço, soltou-o como se tivesse levado um choque e congelou. Ele chamou de novo e foi o som do meu nome naquela voz que fez eu finalmente levantar a cabeça. As sílabas saíram hesitantes, entrecortadas, mas o timbre era tão familiar quanto o cheiro de grama recém cortada, tão reconfortante quando estar em casa.

Virei-me e ele estava lá, de pé, ao lado de Neville, na entrada da torre que havíamos revistado. Coberto de sangue, sujo de vermelho escuro no rosto, na frente da camisa, nas mãos, na calça; com os cabelos caindo sobre a testa; e o sorriso bobo no rosto, exatamente como eu me lembrava. Seus olhos azuis brilhavam, cheios de vida. Não sei quando comecei a correr, não sei como cheguei até ele, mas em um segundo eu estava lá, segura em seu abraço firme e protetor. Enterrei o rosto em seu peito, sentindo-o subir e descer no ritmo da respiração, ouvindo seu coração bater.

Senti minha bochecha molhada e percebi que estava chorando.

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