Longe dos olhares de todos que estão prestando atenção em alguma piada que meu pai esta contando. Pego um copo bem cheio, da bebida mais forte que encontro e viro tudo de uma vez. Se aquele garoto acha que vai acabar com a minha noite, ele está muito enganado. Eu vou me divertir muito, comer muito e beber muito. Ao final da noite pode ter uma adaga no meu peito, mas pelo menos eu irei aproveitar. Quando o amargo da bebida começa a descer pela minha garganta, preciso levantar a cabeça para não vomitar.
- Não é tão ruim assim - Termino de falar e faço uma careta, botando a língua para fora e balançando a cabeça. Isso é horrível, como tem gente que bebe tanto isso que fica bêbado? Mas como eu não quero saber, encho o copo até a boca novamente e encho minha mão com alguns aperitivos saborosos.
Olho para os lados para ver se ninguém me observa e não, ninguém. Até quem deveria estar de olho em mim a noite toda, parece estar em uma conversa muito animada com a cabelo de palha da Astrid. Sigo até meu refúgio para me livrar de todos os pensamentos negativos. Olha eu, fugindo da minha própria festa.
Sento num monte de feno e fico olhando a escura floresta. Os sons vindo dela e a noite estrelada, deixa meu refúgio, atrás da casinha do Angus, mais agradável ainda. Bebo mais um gole, logo como os aperitivos e por fim termino de beber e comer tudo. Parece que agora consigo pensar mais claramente nas coisas. E pensando bem, o Gabriel está aqui, pode até ser bom.
Quando ele for atrás de mim, para me matar. Eu finjo que estou bêbada, o que não seria muita mentira, visto o que tenho em mente fazer. Só posso estar bêbada mesmo, eu nunca faria isso normal ou pensaria. Eu beijo ele e acabo a maldição do azar, quando ele ficar confuso pelo que eu fiz ou eu corro, ou eu grito e sou salva pelos habitantes aqui presentes. Perfeito, esse plano é muito ... ridículo.
- Eca - Exclamo alto e recosto relaxadamente na parede. Eu nunca vou beijar aquele garoto que quer me matar. Estou meio bêbada, mas não a ponto de fazer essa loucura.
Balanço a cabeça e fico de pé, mas ao fazer isso dou uma desequilibrada e logo sou amparada, por braços fortes. Levanto a cabeça e arregalo os olhos ao constatar o rosto a minha frente, que ainda mantém os braços ao redor de minha cintura. E novamente, minhas mãos começam a tremer de leve. É tão mais fácil pensar nas coisas, no real é bem tenso e medonho.
- Vejo que meu trabalho vai ser mais fácil ainda - Ele diz e eu tento me separar, mas ele apertar seus braços ao meu redor, me machucando um pouco e ele logo me encosta na parede. Bufo e desisto totalmente de tentar fugir - Você fica bem quietinha quando está meio alta hein - Ele fala e simplesmente reviro os olhos.
Eu acho que fiquei um pouco incomodada, por ele ter dado atenção a cabeça de palha lá, sendo que o foco dele tem de ser eu, mesmo que não seja para algo bom, por que bom, ele quer me matar né.
- Só faz logo o que tem de fazer - Digo meio emburrada e ele franze a testa.
- Aconteceu alguma coisa? Parece meio estressada - Da uma debochada no fim e fecho os olhos.
- Só estou alta demais e isso me faz aceitar o que vai acontecer. Anda logo vai, pega essa adaga, enfia no meu coração e pronto, pode ir para casa - Forço um sorriso, que por algum motivo, não sai bonito como geralmente acontece.
- Você esta bem demais para o que vai acontecer - Fala e faço que não, num ar despreocupado.
- Aproveita, até por que esse vestido me aperta tanto, que nem posso fazer nada para tentar fugir - Digo e ele ri, não vejo motivos para isso. Senhor, que vontade de quebrar os dentes brancos e alinhados dele.
- Hum - Ele resmunga meio desconfiado e cruzo os braços. Ele agora está a uns centímetros de mim, já não me segura mais - O que você esta tramando?
- Você fala e faz perguntas demais para alguém que vai matar. Só faz logo e pronto, aproveita que a bebida esta fazendo efeito - Digo e ele da de ombros.
Quando ele vira um pouco o tronco para trás, para pegar na cintura, na parte de trás do cós da calça dele a adaga. Parece que tudo fica em câmera lenta, quando no mesmo tempo que ele vira já com a adaga na mão, levanto os dois braços indo em direção ao rosto dele. Ele se sente ameaçado e encosta a adaga na minha barriga ao mesmo tempo que encosto meus lábios nos deles. Fechando os olhos, pois tenho quase certeza que os dele estão arregalados. A adaga ainda está encostada em minha barriga, mas não a movimento de adentrar ao meu corpo.
Uma leve pressão nos faz se afastar e quando abro os olhos, uns feixos amarelos saem de mim e caem no chão. Consegui, o azar saiu, agora é só correr. Empurro o peito dele, fazendo-o cambalear para trás. Ainda confuso com o que aconteceu.
- Obrigada por me livrar do azar, creio que o lance de me matar vai ficar para depois - Falo e ele parece entender o que aconteceu, será que ele sabe o lance dessa maldição. Que seria nós dois ficarmos juntos? Tomara que não.
- Você... - Nem termino de escutar o que ele vai falar, pois me ponho a correr. Completamente feliz pelo azar ter ido embora e constrangida por ter roubado o beijo de um caçador que quer me matar. Toda cambaleante, corro sem olhar para trás.
Me enfio no meio da multidão e logo chego correndo ao palco em que meu pai se encontra. Fico ofegante, chamando a atenção de alguns.
- Filha - Meu pai me chama e olho para onde ele está, no canto do palco falando com uns homens que já sei que ele quer que eu namore um de seus filhos - Venha conhecer seus ...
Não tenho tempo de ouvir a frase do meu pai, pois meu braço é puxado e logo estou sendo pressionada contra o corpo do Gabriel, ah, e com a boca na boca dele. Ele puxa minha nuca e tenta aprofundar um beijo. Que céus, eu deixo, ele ta com um gosto bom na boca. É tão estranho está beijando ferozmente alguém, em cima de um palco, com olhares sobre mim e muitos suspiros de susto. Fico totalmente sem reação quando ele se separa de mim, com um sorriso e a boca meio avermelhada.
- Quando for beijar alguém, faz direito - Dito isso, ele pula do palco e some em meio a multidão. Ainda estou totalmente sem reação e só consigo ver os olhares sobre mim.
- Mérida, o que ... - Não deixo minha mãe terminar de falar.
- É o caçador mãe - Digo apontando para onde ele sumiu e começa um alvoroço. Eu nem pensei direito no que acabou de acontecer e ainda entreguei ele para um bando de gente que adoraria tirar a pele de um caçador. Mas também, quem mandou ele me beijar. Ta, eu beijei ele primeiro, mas foi escondido e não na frente de todo mundo.
- Onde ele está? - Escuto um grito e olho pro lado, meu pai está muito alterado e com uma arma em mãos. Céus, o que eu fiz? - Me tragam o caçador - Diz e logo começa um burburinho. De repente la no fim da multidão, uma roda se abre e consigo ver o Gabriel no meio dela. Com adagas nas mãos, tentando se proteger das vaias e avanços que dão para cima dele.
Meu pai começa a descer e ir em direção a ele, o pessoal abre caminho até o local em que ele está. Fico completamente nervosa por tudo e também por nada, minha cabeça ta uma confusão.
- Mãe, mãe, mãe - Começo a chamar por ela e logo ela aparece - Se ele matar o Gabriel, eu, eu, eu me descontrolo pra sempre - Digo por fim, aceitando toda a maldita realidade que me foi imposta.
- Parece que alguém leu ...
- Mãe, não. Ê serio, eu beijei ele primeiro. Então eu selei com ele tudo isso, se ele morrer por alguém do nosso clã, vai ser pior - Eu li todo o livro, então eu aprendi bastante. Se fosse ele a me beijar primeiro, ai sim, caso algo acontecesse com ele. Eu teria outra pessoa para me ajudar a controlar, mas não foi o que aconteceu e eu to com medo. Eu não pensei muito bem no que estava fazendo. Eu também não fazia ideia de que ele correria atrás de mim e me beijaria na frente de todo mundo.
- Cam, ele ... - Minha mãe não consegue terminar. Pois um tiro é disparado em direção ao Gabriel, fazendo meu corpo gelar e eu sentir a dor do impacto da bala no estômago dele, grito pela dor. Caio no chão completamente desolada, sentir parte da dor que ele sentiu ao receber o tiro, é agoniante. Ser atacado por alguém do nosso clã, faz com que em parte eu sinta também - Mérida - Minha mãe vem me ajudar a levantar.
- Eu to com medo - Digo tremendo e com os olhos cheios de lágrimas, eu não quero ser um urso descontrolado para sempre.
- Banguelaaa - Escuto o grito de agonia dele, assim que consigo me levantar. Começo a andar em direção ao local, ele leva a mão a barriga, que esta jorrando sangue.
Ele cai ajoelhado no chão no momento que eu e minha mãe chegamos.
- O que você fez? - Minha mãe da um tapa no meu pai, que fica sem entender.
- Defendi a todos do caçador.
- Ele é só uma criança - Minha mãe olha de cara feia pro meu pai e quando faz menção de ir ajudar o Gabriel. No céu, uma grande escuridão aparece e pousa bem no meio da roda, que se afasta mais. Todos ficam em alerta ao ver o grande dragão.
Fico observando a cena, o Benguela fica fazendo barulhos com a boca para afastar o pessoal, defendendo o Gabriel. O Gabriel tenta chegar até ele e quando encosta nele, geme de dor. O Banguela fica em posição para o Gabriel subir e quando ele tenta fazer isso. Cai no chão novamente, devido a fraqueza e dor. O grande dragão se acomoda ao lado do caçador e usa sua asa para tapar ele. Deixando ele totalmente coberto, sem parte alguma exposta.
- Eu preciso ajudar ele - Minha mãe diz e decido tentar falar com o banguela. Ele ta protegendo o Gabriel como uma mãe protege o filhote.
Meu coração se parte quando o Banguela começa a fazer uns sons, tipo de dor, choro. Não sei, mas isso está me partindo o coração. Dou um passo e a atenção dele vem para mim, rosnando para que eu pare, mas não faço isso. Uma bola de fogo começa a se formar em sua boca e me aproximo mais.
- Oi, sou eu. Você me salvou ontem - Do um sorriso e ele levanta a cabeça inclinando um pouco. Acho que agora me reconheceu. Ele fica apontando a cabeça para onde o Gabriel está, escondido abaixo de sua asa - Minha mãe pode ajudar ele. Eu prometo que ele vai ficar bem - Falo e seus olhos parecem implorar para que seu amigo seja salvo. Ele fecha a boca e logo abre, fazendo palavras em forma de fumaça sair.
" Amor, amigo, ajuda" Leio as palavras e logo a fumaça some. Olho para ele e assinto.
- Eu vou ajudar ele - Dou um sorriso e ele levanta a asa, mostrando o Gabriel deitado no chão, desacordado. Ele me olha em confirmação e começa a voar, acima de nós.
- Pega ele Cam - Escuto minha mãe e olho para eles.
- Ele é um caçador - Diz contrariado.
- Ele é o bloqueio dela, o escolhido. Vai logo - Faz cara feia e meu pai me olha, com os olhos arregalados - Vai logo homem - Ela empurra ele, que vem correndo até nós.
Meu pai pega o Gabriel no colo e o leva em direção a nossa casa, sendo seguido pela minha mãe. Ela é tipo a médica aqui, ela até se profissionalizou nisso. Então sei que ela vai fazer de tudo para ajudar ele.
Olha eu aqui genteeee 😍
Foram nove meses de muita luta e cuidado, mas eu to voltando, mesmo que aos poucos ❤
Heitor nasceu dia 20 de agosto, passamos por um momento delicado na hora, precisei fazer uma cesárea de emergência, mas graças a Deus deu tudo certo 👐
Ele nasceu com 3,605 kg e 54 cm. Uma lindeza e claro, a minha cara hsushau
Estava com saudade de vocês e também dos meu bbs livros 😍
Quem quiser me seguir no instagram. Eu quase não entro, mas posto fotos lá.
@larissa_pimentel19
Conheçam o amor da minha vida 😍❤
Lindoooo 😍😍