Capítulo 7

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^^ Mérida ^^

Após vir para o quarto, ontem à noite, não pude sair mais. Castigo nessa altura da vida, eu to podendo mesmo. Pela milésima vez eu tento abrir a porta e olha que não são nem dez horas da manhã. Chuto o sapato ao meu lado quando vejo que ainda continuo trancada. Minha mãe mandou a empregada trazer meu café e só. Ela parece que não me conhece, eu sou igual ao urso Zé colmeia, daquele filme. Fome absurda.

Mudo a roupa que estou, um pijama curto, short e top. Coloco um short jeans e uma blusinha de alça, preta. Me olho no espelho e até que estou bonita hoje. Viro as costas para o espelho e vejo, saindo pelo ombro, a marca de garra, agora já curada. A marca da garra, começa dois dedos abaixo de meu ombro direito e se estende uns vinte centímetros até o centro das costas. Um belo de um estrago, para alguém que tinha as costas, brancas, macias e sem marca alguma.

Saio de frente o espelho e vou até a janela. Meu quarto é no segundo andar, porém eu tentarei sair mesmo assim. Abro a janela e olho para fora, a vista da minha janela, é nos fundos da casa, uma grande floresta. Sento na beirada da mesma e olho para baixo, coloco o pé em uma parte altinha que fica um pouco abaixo da janela. Deixo meu pé lá e seguro na janela, olho para baixo e vejo a altura, mas tem algo bom, se cair, do chão eu não passo. Respiro fundo e dou um passo para o lado e mais outro. Seguro em uma parte mais alta da parede e logo seguro a janela do quarto dos meus irmãos, lentamente ando pela parte alta e chego a janela deles. Ando mais um pouco para o lado e pulo sobre o tronco grosso da arvore, é a passagem da janela deles, para a casa da arvore.

Entro na casa e uso a portinha para descer, assim faço e começo a correr floresta a dentro. Ainda bem que ninguém estava por perto, pois odiaria ter de me explicar. Estou me sentindo tão mal emocionalmente, acho que se falarem oi para mim, eu choro. Tudo isso que está acontecendo e ainda tem a minha mãe, é horrível. Tirar o Angus de mim foi o cumulo do absurdo. Eu não tive culpa de nada que me aconteceu nesses dias, pois eu estava apenas passando.

Chego ao primeiro riacho, que tem em direção ao norte. Ando pelas pedras e me aproximo mais da grande cachoeira, sento sobre a pedra e fecho os olhos. Começo a pensar em tudo que me aconteceu essa semana e sem muito pensar, dou um grito tão alto. para aliviar tudo que está preso. Após o grito mordo os lábios tentando reprimir a vontade de chorar, mas parece impossível. Começo a chorar por tudo e também por nada, não estou acostumada a fazer isso. Meu choro a princípio parece algo engasgado, acho que por não ter motivos para chorar a tanto tempo, parece até que desaprendi. Mas logo estou chorado baixinho e agarrada ao meu joelho, mesmo que eu fique tanto tempo sem chorar e sem demostrar sentimentos. Eles ainda estão aqui e me parece que eu sinto mais, do que os que mais demonstram.

Parece até irônico, os que menos demonstram, são os que mais sentem. Após um tempo, minha cabeça parece doer de tanto que chorei. Respiro fundo e limpo os resíduos de lagrimas, com as costas das mãos. Retiro a blusa ficando apenas de sutiã preto e o short, ficando com a calcinha box, também preta. Pode ser que eu tenha um certo vicio nessa cor e em verde. Deixo sobre a pedra e pulo no riacho, na parte mais funda. Volto a superfície e tiro o excesso de água do rosto. Fico de barriga para cima e começo a boiar, com os braços abertos e mexendo no ritmo da água.

Eu queria que as coisas fossem mais fáceis, que eu não precisasse namorar só por que eu vou liderar o povo. Desde quando se precisa de homem para fazer isso? Creio que eu, sozinha, poderia muito bem ser uma ótima líder. Minha mãe sempre pega no meu pé, por tudo. Se eu saio demais, sou errada. Se não cuido dos meus irmãos, sou errada. Se não utilizo os malditos talheres de forma certa, sou errada. Se não uso vestidos, sou errada. Se não quero namorar, também sou errada. Sou interrompida de meus pensamentos e afundo o corpo na mesma hora, quase engolindo bastante água pelo susto.

No alto da copa das arvores, uma grande sombra passou e logo sumiu. O que me causou susto com certeza, pois eu vi aquele dragão e não sei se ele sobreviveu. Olho novamente para o céu e nenhuma sombra aparece novamente. De repente no alto da cachoeira, um grande, enorme e gigante, dragão, pousa majestosamente.

- DRAGÃAAAO - Grito morrendo de medo e ele se assusta. Ele abre as asas e se prepara para voar em minha direção. Nado rápido até a beira do riacho e saio rápido da água, quando o dragão faz seu voo pouco acima de mim, indo em direção a uma arvore, dou um pulo me transformando na hora em urso. Sem olhar para trás, sem escutar mais nada, eu apenas corro.

Qual é a merda do meu problema? Eu não lembro de ter quebrado um espelho se quer, qual motivo de tanto azar? Quando começo a ver a parte de trás de minha casa, diminuo meus passos e passo a andar. Chego ao grande jardim de minha mãe e passo com cuidado, não posso estragar nada. Já no quintal, longe do jardim, vou até uma corda, com um lençol estendido. Puxo com a boca e entro embaixo, fazendo com que me cubra, desfaço a transformação e logo estou de joelhos no chão. Ajeito o lençol e me levanto, o lençol está molhado, merda. Escuto um pigarro e olho em direção a minha mãe, parada e de cara feia. Que saco, ela está em todos os lugares.

- Se bem me lembro, você estava de castigo - Ela fala enquanto caminha até mim, engulo seco - Qual seu problema? Por que não pode pelo menos uma vez na vida me obedecer? Qual motivo de sempre me desrespeitar? ANDA MÉRIDA, RESPONDE - Fala normalmente e logo grita, me encolho.

- Eu não sei - Minha voz sai abafada.

- Não sabe? Não sabe o que? O motivo de ser tão rebelde? Quer saber Mérida? Eu cansei de você, cansei de tentar te ajudar, cansei de tudo. Faça o que quiser da sua vida, seu pai que se vire agora - Fala e vira as costas, seguro seu braço, fazendo ela se voltar para mim.

- Mãe, desculpa - Começo a chorar e abraço ela apertado, que se mantém totalmente imóvel.

- Mérida ... - Fala, mas aperto ela mais forte.

- Por favor - Peço e ela me abraça, acariciando meus cabelos atrás. Acho que ela só está fazendo isso, pois estou chorando. Algo bem difícil na frente deles, eu não gosto dela me repreendendo, mas também não sei o que seria de mim, sem ela me repreendendo.

- Tudo bem, vai para o quarto - Diz se afastando um pouco. Assinto e segurando o lençol, sigo para dentro de casa.

Se esse descontrole emocional que estou, não for TPM, não sei o que pode ser. Destranco a porta do quarto e entro, indo direto para o banheiro. A partir de hoje, eu é que não vou mais ficar saindo. Toda vez que saio, eu quase morro. Tudo depois que conheci aquele garoto, parece que ele me amaldiçoou com azar infinito e agora, quando não encontro ele, encontro monstros piores. Finalmente minha mãe terá o que sempre quis, uma filha mais presente. 

Poxa Mérida, faz isso não. Como vai encontrar o Gabriel assim? Presa dentro de casa? 😂

E ai amores, gostaram do cap?

Amanhã eu não vou ter tanto tempo, pois precisarei resolver uns assuntos, mas na quinta, pretendo gravar o vídeo que falei no cap anterior. Vou tentar explicar todas as coisas sobre o nosso mundo e de forma simples. Caso queiram perguntar algo, só comentar ai que vejo se da para incrementar no vídeo. Também revelarei algo bem importante no fim do vídeo 😍❤

Então é isso 😍
Beijos melosos e amo vocês ❤

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