Legend - O Feiticeiro Oculto...

Von Y_Silveira

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Meicy Kallú se descobriu feiticeiro ainda criança e para aprender mais sobre seu misterioso dom, se alistou n... Mehr

AVISO IMPORTANTE
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
PARTE I
I - A CARTA
II - A GAROTA NO RIO
III - O CONFRONTO
IV - A CERIMÔNIA DE CONSAGRAÇÃO
V - O SEGREDO DO GATO
VI - O INSTITUTO
VII - SEGREDOS
VIII - A PRIMEIRA AULA DE SIDELÊNICO
IX - A FADA
X - A ENTRADA SECRETA
XI - A ENCRUZILHADA
XII - A CURA
XIV - A TUMBA
XIV - OS DEMÔNIOS
XV - CORAÇÃO NEGRO
PARTE II
XVI - O JARDIM DAS ROSAS
XVII - O ÚLTIMO TESTE
XVIII - DEFLORAMENTO
XVIX - O LEÃO NEGRO DE TRÊS CABEÇAS
XX - FIM DO TESTE
XXII - OS GUARDIÕES
XXIII - ATRAVÉS DO OCULTO
XXIV - O ELFO DEMONÍACO
XXV - ESMAECER
XXVI - O DESTINO DA MAGA
XXVII - A NOVA MISSÃO
XXVIII - UM NOVO DEUS
XXIX - A CAVERNA DE CRISTAL
XXX - A CASA NA ÁRVORE
XXXI - PIRILAMPOS
XXXII - ALÉM DO RITUAL
XXXIII - DE VOLTA PARA CASA
XXXIV - DESESPERANÇA
XXXV - LIFÁRIUS
XXXVI - DECISÕES
XXXVII - UM NOVO AMANHECER
PARTE III
XXXVIII - DE VOLTA À LAUCANA
XXXVIX - MARTA MORTE
XL - O ESPETÁCULO
XLI - FIM DE SEGREDOS
XLII - O CEMITÉRIO
XLIII - REENCONTROS
XLIV - A DECISÃO
XLV - SEM ESCOLHA
XLVI - A SENTENÇA
XLVII - O MAGO INFERNAL
AGRADECIMENTO

XXI - A MISSÃO EM MENGIE

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Von Y_Silveira



O canto em couro soava como música sacra, tornando aquele ambiente obscuro um tanto mais sinistro. Mais uma vez, os seis jovens estavam no salão principal, porém, para a formatura. Todos da plateia estavam com vestimentas negras, estavam em pé segurando seus livros de cânticos sidelênicos. Os formandos estavam no altar, somente eles usavam o manto branco, na qual, seria aquelas vestimentas que usariam a partir dali. Meicy observava todas aquelas pessoas e percebeu que a sua mãe estava presente, não a via há uns meses. Também estavam lá a sua irmã menor e o seu pai que se encontrava um pouco diferente. Ele havia retirado o cavanhaque. Todos estavam distraídos com aquela canção, o jovem não queria aceitar, mas no fundo, ela estava agradando aos seus ouvidos.

Itano Siristh estava trajado com um manto negro, ricamente trabalhado em fios de ouro, principalmente o brasão no peito: O símbolo do pentagrama. Ele já estava pintando as faces dos formandos com a tinta vermelha, da mesma forma como na Cerimônia de Consagração, até mesmo precisaram recitar o juramento novamente, a única diferença era que no final, eles receberiam a máscara branca e a abençoada vida eterna, também conhecida como "Benção de Karen", que somente os anciões guardavam em suas pedras esverdeadas — Presente da deusa — Ainda faltava conhecer o ancião responsável por eles após a formatura, mas Meicy já sabia quem seria, pois, ele olhava fixamente para eles da plateia. Salomon Hejikow, um dos anciões mais respeitados da seita e também o mais temido por ser bastante rigoroso.

Ganna sorria ao olhar da plateia o índio, Itano estava concluindo a pintura de sua face. A maioria dos professores e servos estavam presentes, tornando o público aquele ano ainda maior. Chegou a vez do rosto de Meicy ser pintado. O Ancião mestre se posicionou em sua frente e mergulhou o dedo indicador na taça dourada com tinta vermelha que uma das servas segurava ao seu lado. Da mesma forma como na Cerimônia de Consagração, ele começou a balbuciar palavras sidelênicas, porém, incompreensíveis. Logo ele terminou o desenho que representava um pentagrama e partiu para Kelmo ao lado, que também era a última da fileira.

Salomon se movimentou em meio ao público e se direcionou até o altar. Aquele culto já estava chegando ao fim. Itano terminou de pintar a face de Kelmo e Meicy reparou o quanto a caçadora o olhava fixamente, era quase como se pedisse um pouco de atenção do pai, porém, ele a ignorou. O Ancião mestre limpava as mãos sujas de tinta com um pano e em frente aos seis garotos sorria. Kainã e seu pai eram bastante parecidos, por um momento, o jovem feiticeiro viu a imagem sádica do caçador. Franziu o cenho e cerrou uma das mãos em punho. A vontade que ele tinha era de socar o garoto Siristh ali mesmo, no meio do culto e na frente de todos. Meicy sentiu uma mão em seu ombro. Nem tinha se dado conta que Itano estava bem ali em sua frente novamente, o encarando de uma forma séria.

— Algum problema, rapaz? Me parece ansioso. — O Ancião mestre perguntou.

Meicy sentiu a sua pele gelar pelo susto, era quase como se Itano estivesse lendo seus pensamentos, mas foi engano seu. Ele suspirou pesadamente, tentando se concentrar no presente. Itano pareceu sorrir.

— Tenha calma! — Ele falou, dando leve batidinhas no ombro do jovem feiticeiro. — Já está terminando.

Ele se afastou após concluir e foi ao encontro de Salomon que já estava no altar. Meicy observou. Itano e seus filhos tinham uma personalidade distinta, se não fosse pela aparência, nunca diria que teriam algum parentesco.

Uma serva — a mesma que estava com taça dourada de tinta — estava entregando as máscaras aos formandos. Meicy nem havia percebido, já que estava com a sua atenção voltada à dupla de anciões não muito longe. A jovem de pele bronzeada e cabelos escuros e longos parou em frente dele e lhe entregou uma máscara branca, lisa, sem detalhes, apenas com a abertura para os olhos. Meicy a recebeu sem muito interesse. Olhou para a jovem que sorria.

— Coloque-a por favor! — Pediu a moça.

Meicy obedeceu. Colocou a máscara na face, sentindo-se estranho em usar aquela peça, mas sabia que era fundamental, ou melhor, obrigatório. Em qualquer missão era necessário esconder a face, algo como para preservar a identidade e também intimidar o inimigo, como também, fazia parte do uniforme.

— Que lixo! — Kelmo reclamou baixinho ao receber a sua máscara. Pelo visto, ela havia odiado o presente.

Itano Siristh se aproximou ao lado de Salomon. O Ancião mestre olhou para o público e bateu uma mão a outra. As pessoas instantemente haviam entendido aquele sinal e pararam com o cântico. O homem sorriu amistoso.

— Para finalizarmos, Salomon Hejikow, um de nossos anciões de treinamento e caça distribuirá... Digamos... A recompensa! — Ele olhou para os seis jovens. — Vocês passaram por um treinamento árduo nesses últimos anos e provaram ser competentes para se tornarem verdadeiros seguidores da deusa Karen. Como conhecimento de vocês, sabem que todo formando recebe a vida eterna, porém, fiquem cientes que a vida eterna não tornará vocês imortais, portanto, cuidem-se bem.

— Também é necessário saber das consequências ao receber a vida eterna. — Salomon completou em um tom rigoroso. — Vocês irão sentir um certo desconforto por alguns minutos após receber a "Benção de Karen", mas não irão morrer por isso. Outro fato importante é que não irão mais envelhecer. Claro! Cabelos e unhas crescerão normalmente, mas a juventude ficará preservada por toda eternidade. — Ele estreitou os olhos como se guardasse a pior das consequências para o final. — Se acontecer de perderem a vida eterna de seus corpos, vocês morrerão instantaneamente. Entretanto... Isso só aconteceria como pena após um julgamento. Vocês sabem das leis da seita, não é necessário citá-las aqui, mas não terei compaixão de quem contrariar as regras. E a proposito... Vocês farão parte de minha equipe de seguidores!

Os jovens olharam uns para os outros, estupefatos com a última notícia, menos Meicy que já esperava por isso. Adádidas também estava surpreso, mas não demonstrava animação. Se ele como filho já temia o próprio pai, imagine os outros seguidores?

— Muito bem! — Itano Siristh sorriu. — Então vamos começar a distribuir a Benção da nossa deusa. Por favor Salomon, comece!

Salomon assentiu. Ele caminhou até o primeiro formando da fila, sendo ele Kainã que já suava frio ansiando pela dor ao receber a tal Benção. O ancião de treinamento retirou o cordão que levava no pescoço, na qual, tinha como pingente uma Amazonita — uma pequena pedra verde clara, angulosa, em formato quadricular — parecia nada menos que somente uma pedra comum. Salomon encostou a pedra no peito de Kainã, bem onde batia forte o coração. O jovem caçador sentiu a pele queimar, cerrou os dentes e os olhos e tentou suportar firme a dor, entretanto, o pior estava para acontecer. Não se sabe como, mas o seu corpo enrijeceu e só quando Salomon retirou a pedra de seu peito, fez com que ele caísse de joelhos, ofegante e molhado de suor.

O ancião passou adiante para o próximo formando, Adádidas, e repetiu o processo, acontecendo o mesmo ao jovem louro, caindo de joelhos no chão. Logo foi a vez de Lirah e Millo que como os outros, também não conseguiram ficar de pé. Salomon olhou para Meicy com uma cara fechada, fitando o rapaz da cabeça aos pés, era quase como se desconfiasse do segredo que ele escondia. O jovem feiticeiro suou frio e subitamente sentiu a pedra ser tocada em seu peito bruscamente. Assim como Kainã, ele sentiu a pele queimar, mas o pior foi o que sentiu depois. Era como se uma forte pressão crescesse abruptamente em seu estômago e espalhasse por todo o corpo, além disso, começou a sentir uma dor aguda no coração, além de um forte palpitar, algo que o fez desconfiar de uma parada cardíaca. O ar começou a ficar rarefeito e os seus pulmões se recusaram a trabalhar, um gosto amargo na boca se acentuou e uma ânsia de vômito, se não estivesse de jejum teria posto tudo para fora naquele exato momento. Assim como os seus amigos, ele caiu no chão e aos poucos a sua agonia foi cessando.

☽✳☾

Meicy ainda sentia certa dificuldade em respirar, estava ao lado de Millo e Lirah do lado de fora do salão ao término do culto. Enquanto a multidão saía em silêncio, eles ganhavam tempo naquele corredor, que afinal, a Benção de Karen ainda surtia um efeito devastador sob os seus corpos, chegando a deixar a visão turva.

— Meu amor! Estou tão orgulhosa! — Ganna se aproximou, abraçando Millo.

Meicy e Lirah se entreolharam-se, estranhando aquela cena toda.

— Bem, agora eu preciso ir. — Disse ela, se afastando do índio. — Te espero lá fora!

Eles trocaram sorrisos e Ganna seguiu o seu caminho junto a multidão. Millo voltou os seus olhos aos seus amigos que o fitavam com um semblante duvidoso.

— "Meu amor"? — Meicy repetiu a fala de Ganna de forma debochada. — Isso é novidade para mim.

Millo coçou a cabeça, envergonhado.

— Me desculpem por não ter contado antes, é que tudo aconteceu tão de repente.

Lirah sorriu, encantada.

— Fico feliz por você, Millo! — Ela falou. — Vocês estão tipo... namorando?

— Na verdade estamos noivos. — O índio revelou, tentando desviar o olhar para a multidão ao lado.

— Noivos?! — Lirah e Meicy falaram aos mesmo tempo, estarrecidos.

Millo continuou com a face virada, ainda mais corado pela vergonha e tentou evitar o contato visual com seus amigos, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, uma pessoa apareceu por trás, tão silencioso quando um felino durante um bote.

— Onde estão os outros? — Aquela voz inconfundível soou um tanto rígida. Millo virou-se para trás assustado ao escutar aquela pergunta.

— Acho que ainda estão no salão cerimonial. — Meicy respondeu sem medo.

Salomon olhou para o fim do corredor que dava acesso ao salão, algumas poucas pessoas ainda saíam lá de dentro. Olhou para Meicy com um feitio irritado.

— Vá chamá-los! Estarei na sala das estátuas. Os outros dois me acompanhe.

— Sim, senhor! — Eles responderam em uníssono e com obediência.

Meicy deu as costas e foi caminhando para o salão. Não demorou muito chegar, ao passar pela porta dupla de madeira notou o lugar já vazio, entretanto, não esperava dar de cara com a sua família e principalmente com o seu pai.

Susan o tomou em seus braços inesperadamente, antes mesmo que o jovem feiticeiro pudesse se preparar. Ela parecia chorar de emoção.

— Estou tão feliz!

Meicy nada respondeu, apenas correspondeu o abraço. Em seguida agachou-se para receber o forte abraço de Sora que não conseguia disfarçar o enorme sorriso.

— Meu irmão! — Ela falou, extasiada.

— Sora, obrigada por sua presença! — Meicy falou com um sorriso. — Em breve será a sua vez.

Ela olhou para ele com certa animação. Tocou na face do rapaz com sua pequenina mão.

— Eu te amo, Meicy!

— Eu também te amo, Sora.

Meicy não havia percebido, mas Jeon o encarava freneticamente. Ao notar, o jovem bruxo se pôs de pé, mas preferiu não trocar palavras com ele. Ajeitou a gola de seu manto e olhou para a frente.

— Preciso ir! — Disse ele.

Porém, antes que Meicy pudesse dar um passo à frente, sentiu o seu pai segurar o seu pulso.

— O que você quer? — Meicy perguntou sem olhar para ele.

— Meicy, olhe para mim! — Jeon insistiu.

Meicy virou a face roboticamente e lançou um olhar colérico para aquele homem.

— Eu só quero dizer que estou orgulhoso. — Jeon falou, tentando demonstrar um pouco de sentimento.

Meicy puxou o seu pulso bruscamente para si, fazendo com que o seu pai lhe soltasse. Ele ficou alguns minutos em silêncio pensando em alguma resposta, mas preferiu dar de ombros e seguir o seu caminho em frente. Enquanto caminhava se encontrou com Adádidas e deu o recado, mas ainda faltava os irmãos Siristh. Olhou em volta, mas já não havia mais ninguém por ali.

Alguns murmúrios começaram a soar de dentro de uma salinha no altar. A pequena sala onde Itano Siristh costumava ficar antes das cerimônias e sabendo também que era o local onde ele surgia através do portal. Meicy subiu a pequena escada e espreitou ao lado da porta. As vozes eram de Kainã e Kelmo, pareciam discutir.

— O que você esperava? — Era a voz de Kelmo. — Que ele fosse nos receber de braços abertos e nos parabenizar? Não se iluda, Kainã!

— Você não sabe de nada! Eu estudei, eu me tornei um caçador, eu provei ser digno!

— Isso não quer dizer nada! Nunca seremos como nossos irmãos. Admita! Nosso pai não se importa com a gente!

— É claro que ele se importa! Ele nunca nos colocaria nesse planeta ridículo se não se importasse.

— E onde ele está? Ele foi embora! — Kelmo começou a chorar. — Somos apenas meros bastardos, nunca ganharemos o amor dele.

— Você é idiota Kelmo! Talvez por isso ele não esteja aqui. Ele deve ter vergonha de você. Uma garota fraca e... Quer saber? Eu serei grande! Irei provar a ele o quanto sou bom e ele irá se arrepender por me desprezar. Me tornarei o filho preferido dele e ganharei o devido respeito dessa laia de seguidores.

Meicy revirou os olhos ao escutar aquele discurso de Kainã. Ele não se sentia muito confortável em ouvir a conversa dos irmãos, mas precisava interrompê-los e dar o recado de Salomon. Respirou fundo e tomou coragem para enfrentar as duas cobras.

☽✳☾

— Até quem enfim! — Salomon rosnou ao ver Meicy acompanhado pelos irmãos Siristh adentrar à sala escura.

— Me perdoe, senhor. — Meicy falou sem demonstrar receio e se juntou ao trio que já aguardava pacientemente, formando um semicírculo ao redor do ancião.

Meicy observava aquele local um tanto familiar. Havia sido naquela câmara que discutiu com o seu pai após o término da Cerimônia de Consagração há alguns anos e também que pela primeira vez viu o gato preto, ou melhor, Luciano Antunes. Observava a grande estátua central atrás de Salomon. O monumento parecia transbordar certa calma, com os braços dobrados e as mãos erguidas para o alto, da mesma forma estava os olhos, voltados para o céu, como se contemplasse algo celestial. Diferente de Isth, Karen não tinha nenhuma caraterística élfica, as suas feições eram um tanto humanas, talvez por isso os seguidores a idolatrassem tanto. O capuz de um manto cobria a sua cabeça, mas as mechas compridas do cabelo estavam bem aparentes, bem compridos e ondulados. Ele continuava a admirar a estátua, até escutar a voz de seu ancião.

— Já que estão todos aqui, lhe informarei os motivos para qual os convoquei para essa reunião.

Salomon olhava para todos atentamente. Naquele lugar com pouca iluminação, as marcas tatuadas sem uma face se tornavam um tanto mais sombria do que já se apresentavam ser. Mesmo em culto cerimonial, ele carregava a sua espada na cintura. Era impressionante como os anciões estavam sempre preparados para uma batalha!

— Devo lembrar de que agora em diante serei o líder de vocês e qualquer motivo de desobediência terei o poder suficiente para julgá-los e puni-los. Dependendo da gravidade da situação, posso retirar a vida eterna que depositei em vocês e já sabem das consequências quanto a isso.

Todos assentiram silenciosamente engolindo vários secos. Salomon falava de uma forma rigorosa e ameaçadora, era de amedrontar qualquer caçador mais experiente.

— Devo acrescentar que a nossa seita possui um certo orgulho de vocês. São a primeira turma a se formar sem reprovar em nenhuma disciplina ao longo dos anos no Instituto e por isso são os mais jovens seguidores de Karen em relação a idade. Contudo, o treinamento ainda não acabou. A minha primeira missão a vocês como líder do grupo será treinar dois jovens guardiões no planeta Mengie. Estejam prontos! A viagem será daqui meia hora!

Aquilo pegou todos de surpresa. Eles mal haviam recebido a Benção de Karen e já estavam convocados para uma missão? Era inacreditável e um tanto pressuroso.

— Mas pai... — Adádidas tentou contestar, mas se interrompeu ao receber um olhar desagradável provindo do ancião.

— Senhor! — Salomon corrigiu.

Adádidas demonstrou um certo nervosismo e tentou falar sem tropeçar nas palavras.

— Senhor, ainda estamos sentindo os efeitos colaterais da Benção de Karen, a viagem não poderia ser adiada para mais algumas horas?

Todos concordavam com Adádidas, pois, a visão de ambos ainda estava turva e os batimentos cardíacos acelerados, sem falar na dor angustiante em todo o corpo após a pressão se espalhar. Mesmo faminto, Meicy queria evitar de comer algo nas próximas horas para evitar de pôr tudo para fora contra a sua vontade e a mesma fraqueza percebia em Lirah. A jovem maga não conseguia disfarçar a tremedeira de suas pernas, ela estava preste a perder o equilíbrio a qualquer segundo, Millo e os irmãos Siristh aparentavam estarem um pouco mais firmes.

— Não seja palerma, Adádidas! Está parecendo um bruxo. — Kainã zombou.

— Cale-se! — Salomon esbravejou em um tom de voz tão alto que ecoou em toda a câmara, de modo que, poeira e terra em pouca quantidade se desprendesse do teto. O homem olhou para o caçador louro. — Acostume com suas dores. Você não é mais uma criança, de agora em diante é um caçador de verdade e mesmo se lhe faltar seus membros... — Ele estreitou os seus olhos. — Continue lutando!

Ninguém mais ousou a reclamar, enquanto Salomon continuava a explicar um pouco mais sobre a missão, eles apenas concordavam e no máximo, falavam um "Sim, senhor! ". O homem deixou a sala brevemente, mas já avisando que o portal se manteria aberto para o Instituto só por cinco minutos e eles ainda precisariam se apressar para arrumar todo o material necessário para a viagem, principalmente os bruxos que necessitavam de bastantes mantimentos.

Após o tempo proposto, os seis jovens já se encontravam na sala vazia e escura, onde apenas tinha a finalidade se abrir os portais. Meicy apoiava a alça de sua bolsa no ombro e sentia um leve desconforto da máscara que escondia a sua face. O tecido leve do seu manto branco, além de seu cabelo se agitavam com um vento fora do comum que provinha do círculo reluzente vermelho que estava projetado bem em sua frente. Os demais se encontravam na mesma situação, mas ninguém demonstrava surpresa quanto aquilo, já estavam habituados com os portais.

Ganna abria os seus olhos após terminar de se concentrar. Sentia-se esgotada. Abrir portais consumia todas as suas forças. Embora parecer um trabalho fácil sem muito esforço físico, exigia bastante esforço espiritual e isso era o bastante para deixá-la em um sono profundo por horas. Salomon a fitou por trás da máscara que ocultava a sua face. Como os outros, ele também estava trajado pelo manto branco e se não fosse pelo semblante robusto e a postura inconfundível de um ancião de treinamento e caça, poderia confundi-lo com um caçador.

— Tudo pronto, senhor. — Ganna falou, quase sem voz.

O ancião fez um gesto com uma das mãos e os seis jovens entenderam que já era hora de partir. Ganna se afastou e o homem de cabelo claro tomou a dianteira. Pisou fortemente no chão escuro e sem medo algum, entrou no portal, onde a forte luz vermelha o consumiu por completo. Os jovens o seguiram, passando de um por um e sentindo a pele queimando. A forte luz irritava os olhos e quando por fim chegaram ao destino, demorou alguns segundos para a visão se estabelecer, mas não era nada do que eles esperavam. Eles haviam chegado em um deserto. 

☽✳☾



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