Meu Estranho Mafioso

By AiNagaba

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Natsu Dragneel. Para você esse parece um simples nome, porém para Lucy Heartifilia foi a razão de todos os pr... More

Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Catorze
Extra: Minha Luz
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Contos de Ultear
Vinte e um
Vinte e dois
Contos de Ultear
Vinte e três
Vinte e quatro
Contos de Ultear: Especial Igneel
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Contos de Ultear: Especial Igneel
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Contos de Ultear
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Contos de Ultear
Trinta e seis
Trinta e sete
Contos de Ultear
Trinta e oito
Trinta e nove
Contos de Ultear: Especial Igneel
Quarenta
Quarenta e um
Extra: Gentileza
Quarenta e dois
Quarenta e três
Extra: Problema
Quarenta e quatro
Quarenta e cinco
Quarenta e seis
Quarenta e sete
Quarenta e oito
Quarenta e nove
Cinquenta
Cinquenta e um
Extra: Antecipação
Cinquenta e dois
Cinquenta e três
Cinquenta e quatro
Cinquenta e cinco
Cinquenta e sete
Cinquenta e oito
Epílogo
Curiosidades de Meu Estranho Mafioso

Cinquenta e seis

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By AiNagaba

JUDE DEVORA ALMAS. Quando Natsu contou-me que era assim que Igneel chamava meu pai, não entendi o porque desse apelido. Mas, vendo a maneira como meu pai, aquele que havia sido gentil comigo a vida inteira, olhava de mim para Natsu e, enfim, Igneel, explicava tudo. Era como se ele fosse mesmo devorar nossas almas.

— Então — começou ele, com aquela voz grossa —, quem quer começar com a explicação?

Estávamos na sala. Aries, junto a todos os outros presentes no momento, haviam sido expulsos do cômodo por Igneel. Ver meu pai, que não havia mudado nada em todo aquele tempo em que não nos víamos, sentado em uma poltrona com os braços cruzados, os olhos fincados em mim e a boca em uma linha reta e rígida foi bom e ruim ao mesmo tempo.

Estava com saudade. Muita saudade mesmo. E fora uma filha terrível em não manter contato com ele mesmo depois de ter prometido para Rogue — o moreno não sabe disso, claro.

Foi então que lembrei tudo o que havia omitido dele. E Natsu, que estava parado ao meu lado com a cara mais tapada que já o vi fazer, não ajudava muito.

O silêncio reinava na sala. Igneel estava parado como uma estátua, porém mesmo assim lhe lancei um pedido silencioso de socorro por olhar.

— E... — Começou ele, tentando me ajudar. — Então, Jude... — Deu um soco amigável no ombro de papai. — Judão! Como andam as coisas? Faz tempo desde que tive notícias suas...

— Não tente fingir que nada aconteceu, Igneel. Depois teremos uma conversa séria, só nós dois. — Cortou o loiro.

Igneel engoliu em seco, como se houvesse escutado um "depois vamos ter uma conversinha" da mãe.

— Sim, senhor... — A voz do rosado foi morrendo com a frase.

Jude virou-se para mim e Natsu.

— Lucy. — Chamou, fazendo meu corpo dar um pulo devido a ansiedade.

— Si-sim? — Perguntei, encarando seus olhos caramelados.

Ele manteve meu olhar, o silêncio tornando-se algo aterrorizante. Soltou um suspiro, aparentemente desistindo do que quer que fosse dizer.

— Estou cansado da viagem, creio que é melhor deixar para depois a conversa sobre o seu — olhou para Natsu e soltou um pigarreio — namorado.

É... Estava incrivelmente ferrada.

— Opa, como sou mal educado! — Natsu exclamou de repente, assustando-me. — Onde estão os modos que meu pai me ensinou? — Papai arqueou uma sobrancelha. — É um prazer, senhor Heartfilia. — O rosado ofereceu-lhe a mão. — Aceita alguma coisa? Café, água... Talvez champanhe? — Encarei o Dragneel. — Soube que gosta de um bom Krug Clos. Um homem de bom gosto, devo admitir...

Quem é esse?, pensei chocada. Ver Natsu tentando ser educado era extremamente estranho. Não que Natsu não o fosse, mas era muito esquisito vê-lo ser mais estranho que o normal.

— Você disse Krug Clos? — Jude perguntou, com um brilho interessado nos olhos. — Não é algo que vejo dizerem com frequência.

— De fato. É um champanhe considerado raro e caro, porém que tem um sabor sublime...

Natsu estava usando o que disse para ele faz muito tempo para ficar bem para meu pai?! Observei pelo canto do olho a expressão curiosa de Igneel. Assim como eu, ele devia estar achando aquela situação muito surreal.

— Adoraria tomar um pouco dessa maravilha — o loiro pigarreou —, porém terei que negar dessa vez. Lucy, vá fazer suas malas.

— Oi? — Murmurei. O sorriso falso de Natsu parecia ter sido arrancado de sua face.

— Suas malas. — Repetiu. — Vá arrumá-las. Você vai voltar comigo.

— Jude, creio que levar a garota de volta quando estamos no final do ano escolar seja... — Igneel tentou intervir.

— Não faço ideia do que está falando. — Papai interrompeu-o. — Só vou levá-la até o mesmo hotel em que estou hospedado.

— Não vejo porque você... quero dizer, o senhor faria isso. — Natsu pronunciou, botando-se protetoramente em minha frente. — É claro que quer sua filha por perto, mas levá-la quando já está acomodada em outro lugar é...

— Vou levá-la para um lugar seguro. — Pelo visto papai estava em um dos dias em que sua paciência acabava rápido. — Não acho que queira entrar em uma discussão comigo, garoto. Lucy vai comigo.

— Talvez eu queira. — Natsu respondeu. A tensão começava a tomar o lugar.

— Irch! — Igneel exclamou, correndo até Natsu e tampando a boca do filho. Podia jurar que seu rosto estava azulado. — Tudo bem, Jude. Perdoe esse meu filho imbecil. Às vezes ele não tem noção do que faz.

— Tudo bem... — Jude balbuciou. — Lucy, não me faça repetir. Estarei esperando no hall.

— Ah... — Observei o olhar furioso de Natsu. — Tudo bem.

Dirigi-me até meu quarto, temendo o momento em que ficaria sozinha com papai. De certa forma, entendia o medo de Igneel. Meu pai sempre fora alguém de pulso firme, por isso conseguiu expandir os negócios da família.

— Lucy, espere! — A voz de Natsu alcançou-me, e virei para vê-lo correr em minha direção no corredor.

— O que foi? — Questionei.

— Isso é... Você sabe... Vou te ajudar com as malas. — Ofereceu.

— Oh... Obrigada, isso vai tornar as coisas mais rápidas.

Algo na expressão dele me dizia que não havia gostado de ouvir aquilo.

— Por que as coisas sempre ficam assim? — Indagou quando voltamos a andar.

— Assim como?

— Quando estamos bem, algo sempre aparece para nos atrapalhar. É diferente de quando brigamos.

— É verdade... — Olhei na direção dele, pensativa. — É como se estivéssemos destinados a ficar separados. — Sorri tristemente.

— É por causa de coisas como essa que não acredito em destino. — Comentou.

Parei abrutalmente, encarando-o. Natsu fez o mesmo.

— Eu... — Tentei dizer, porém a voz ficou presa em minha garganta.

O rosado entrelaçou os dedos com os da minha mão.

— Agora que seu pai está aqui, parece que ficará difícil nos vermos... — Meneei a cabeça, concordando. — Meu avó também está em Magnolia... Parece que a situação só se complica. Mas — olhou em meus olhos — ainda quero ficar ao seu lado. Você me apoia nas situações que menos imagino, e quero retribuir isso. — Abraçou-me. — A situação deve ser tão chocante para você...

Permiti que algumas lágrimas rolassem pelo meu rosto.

— Sei que é errado... — Balbuciei, agarrando a camisa dele. — Porém quero ficar.

— Lucy... — Murmurou, apertando-me mais ainda. — Não precisa ir. Podemos conversar com seu pai e chegar em um acordo...

— Preciso. — Interrompi, afastando um pouco para encará-lo melhor. — Não conhece meu pai, Natsu. Foi preciso muito esforço e dedicação de minha parte para convencê-lo a me deixar vir para cá.

— Posso ser muito convincente quando quero.

— Não acho que vá conseguir isso depois de enfrentá-lo daquela maneira. — Sorri.

— Então o quê? Devo deixá-lo lhe levar para longe de mim sem fazer nada?

Novamente trocamos olhares.

— Ainda vou estar em Magnolia. Só não... aqui.

— Só vai estar em Magnolia... — Repetiu. — Só não em casa. Fala sério, Lucy! Apesar de tudo, a mansão acabou virando seu lar.

Arregalei os olhos. Natsu sabia no que estivera pensando.

— Não posso dizer que está errado... — Concordei. — Mas ir contra a vontade de meu pai é algo que não planejo fazer.

— Mesmo que isso signifique nos separar?

Não vamos nos separar. — Revirei os olhos. — Só não vamos passar mais tanto tempo juntos.

— Vou sofrer de abstinência! — Exclamou, colocando a mão no peito.

— Deixe de drama, Natsu! — Bronqueei, entretanto não pude deixar de sorrir. — A situação não é tão ruim como pensa... Pelo menos, não para você.

— O que quer dizer?

— Mal mantive contato com papai desde quando cheguei em Magnolia. Como acha que ele deve estar se sentindo?

— Hum... — Balbuciou, pensativo. — Talvez deva dar um desconto para ele. Também ficaria maluco caso não tivesse notícias suas.

Senti minhas bochechas arderem.

— O que é isso? — Indaguei, notando uma cicatriz em seu pescoço. Passei meus dedos ali, sentindo a pequena elevação na pele. — Onde conseguiu?

— Ah! — Ele afastou-se um pouco, tentando tampar o corte. — Aquela miserável da Minerva me pegou de jeito quando me distraí um pouco. Não é nada demais.

— Deixou uma cicatriz e não é "nada demais"?

— Estou bem, Minerva morta... É, acho que está tudo bem. — Sorriu, tentando me acalmar. O que era impossível naquele momento por causa de meu pai...

— Olhe só o que você fez! — Ralhei, assustando-o. — Ficou me distraindo, agora papai deve estar estressado me esperando.

— Na verdade não. — Ele respondeu. — Suas malas já estão prontas.

— O quê?

Natsu apontou para o resto do corredor. Aries e Meredy vinham carregando com elas duas malas.

— Como você... — Comecei.

— Aries. — Deu de ombros.

— Rogue me disse que haviam duas opções para quando seu pai chegasse aqui: ou ele iria arrancar a cabeça de vocês três, ou ia levar a Lucy para algum lugar. — Aries disse assim que nos alcançou. — Ainda bem que ele escolheu a segunda opção.

— Lucy-nee-chan! — Meredy exclamou, jogando a mala que carregava em Natsu e pulando em meu pescoço. — Que lástima! Não queria que fosse embora! — Para minha surpresa, ela chorava. — Agora vou ter que ficar com o Baka-nii-chan para ele não se sentir sozinho.

— Não parece que se importa comigo quando joga uma mala pesada dessas na minha barriga. — Natsu disse entre arfos. Ergueu uma sobrancelha. — Aliás, isso é uma recaída ou o quê? Vou me sentir solitário sim sem Lucy aqui, mas não a ponto de querer você me fazendo companhia para mim.

— Vê isso, Lucy-nee? — Apontou para o rosado. — Estava pensando em mostrar o álbum de fotos que fiz de você para ele, mas agora não mostro mesmo!

— Álbum de quê? — Questionei chocada.

— Ah... — Meredy corou. — Isso é... Você sabe... Vou sentir muito sua falta! — Correu para trás de Aries.

— Tirando a parte de ter um álbum de fotos, todos nós sentiremos sua falta, Lucy. — Aries concordou.

— Estão exagerando. Mesmo que queira, meu pai não me levaria embora até me formar.

— Eh? — Murmuraram os três Dragneels juntos.

— Mas você claramente disse, quando Levy chegou, que seu pai a levaria embora caso soubesse que namora Natsu. — Aries lembrou-me.

— Oh, bem... — Coçei minha bochecha. — Ele realmente faria isso. Mas falta menos de um mês para nos formarmos. Seria burrice fazer isso. E meu pai não é burro. — Peguei as malas.— Bom... Creio que seja melhor ir indo...

— Lucy... — Natsu pegou minha mão e puxou-me para perto, dando-me um beijo rápido, entratanto cheio de sentimento. — Até segunda.

Sorri, entendendo ao que se referia.

— Nos vemos na escola, senhor mafioso. — Dei-lhe uma cotovelada animada. Em seguida, me dirigi até a saída.

✩ ✩ ✩

Acordei no dia seguinte com meu pai me chamando para tomar o café. Na noite anterior, ele evitara começar qualquer assunto comigo. Em parte entendia que era porque qualquer que fosse o assunto, acabaria revolvendo para Natsu e Igneel. E, bom, ele não era o único que podia ficar revoltado com a situação. Eram muitas cartas para serem colocadas na mesa, por parte dele e de mim.

Escolhi vestir uma calça moletom preta e uma camisa larga que havia comprado com Rogue. Pela janela do quarto, podia ver muitas pessoas agasalhadas transitando pela rua. Logo mais entraríamos em dezembro, e só de lembrar disso já sentia meu corpo tremular.

Meu pai havia alugado um apartamento incrivelmente espaçoso no centro de Magnolia. Era perto da escola e da padaria aonde Elfman trabalhava, o que facilitava e muito a convivência ali. O apartamento tinha três quartos, então acreditava que papai queria trazer Levy para cá... Assim que ela desse as caras. Soube que Gajeel — ainda bem! — somente havia machucado os braços, pois tentou proteger Levy melhor na explosão. A azulada praticamente estava morando no hospital por causa disso.

Quando saí do banheiro notei que a tela do meu celular estava acesa. Corri até ele e, com um sorriso, vi que Natsu havia me enviado uma mensagem.

— Bom dia... — Comecei a ler em voz alta.

Foi muito estranho sentar na mesa de café da manhã hoje e não ver você lá. Também bati na porta de seu quarto quando ia para meu, para acordá-la. Mas, quando abri a porta, vi um quarto completamente vazio. Isso é deprimente...

Estou ansioso para amanhã. Igneel disse que, como Acnologia está aqui, quer evitar que eu vá até o escritório. Parece que, por quase um mês, serei um adolescente normal.

Ele colocou um enorme emoticon sorrindo aqui.

Ah! Virgo disse que amanhã fará melon pan para o lanche. Disse para ela que podíamos almoçar na escola, mas ela insistiu em fazer seu lanche favorito. Creio que é a maneira dela dizer que sente sua falta. Todos nós, na verdade.

Sorri, sentindo meu coração doer um pouco por causa de estar longe de toda a bagunça característica dos Dragneel.

E então? Como foi com seu pai ontem? Escutou sermão até sua orelha doer, ou...?

A mensagem acabava aí. Olhei para o horário do recebimento e notei com felicidade que havia chego há apenas cinco minutos. Cliquei no ícone para responder:

Bom dia! Fico ansiosa para amanhã apenas de imaginar que comerei melon pan! É estranho como, não faz nem um dia, porém já sinto uma falta sufocante de vocês. No apartamento aonde papai e eu estamos alojados não há sacada, então foi muito esquisito quando me estiquei para fora da janela imaginando que você apareceria na janela vizinha.

Pois é, Natsu, você não é o único que sofrerá de abstinência.

Coloquei um emoticon com uma gotinha na cabeça.

Igneel poderia ter feito isso há muito tempo, assim poderíamos ter ficado mais tempo juntos. Bem... Não é como se a situação se adequasse ao que queremos... E ele também passa muito tempo cuidando da outra base, certo? Fui egoísta ao cojitar a ideia, desculpe.

Papai não passou sermão ontem. Na verdade, nem conversamos. Creio que ele estivesse muito cansado da viagem até aqui. Provavelmente conversaremos sobre isso mais tarde.

Agora... Tem algo que estou curiosa... Meredy voltou a pegar no seu pé?

Outro emoticon, dessa vez sorrindo. Enviei a mensagem e, com celular em mão, fui para a cozinha.

— Pensei que teria que ir chamá-la novamente. — Jude disse, assim que me sentei em sua frente.

— Sinceramente, papai! — Exclamei. — Cresci em uma fazenda. Acordar cedo é algo natural para mim.

— Só pensei que estava demorando muito. — Deu de ombros, enquanto enfiava outra garfada de seus ovos mexidos na boca.

— Ovos mexidos? — Encarei-o. — Desde quando come isso como café?

— É coisa da Michelle. — Sorriu. — No começo achei bem estranho da parte dela, mas não é de todo ruim no final.

— Ah... — Balbuciei. — Michelle, a famosa noiva.

Papai olhou bem para meu rosto.

— É... Temos algumas coisas para tratar sobre esse tempo em que não nos vimos. Mas deixemos isso para mais tarde. Tenho alguns negócios para resolver daqui a pouco.

— Claro... — Concordei, olhando para a panqueca com sorriso que ele havia preparado para mim. Quando era pequena, adorava quando meu pai fazia isso. Senti-me nostálgica.

Comemos em silêncio por algum tempo. Meu celular foi o responsável pela quebra daquele clima. Senti-me alegre ao ver que era a resposta de Natsu.

Não diria "pegar no pé", mas ela realmente quis me fazer companhia. E também me mostrou o tal álbum que fez de você. Devo dizer... Que interessante! Tem uns ângulos ótimos, talvez ela possa virar fotógrafa no futuro.

Ri.

Acha que ela teria paciência?; enviei.

A resposta veio logo em seguida.

Acredito que sim. Minha mãe foi modelo por algum tempo, mas a grande paixão dela eram câmeras. Meredy tem muito de mamãe, sendo honesto — não conte para Aries. Fora meu irmão, a outra pessoa por quem ela tinha uma grande fixação era mamãe.

Peguei uma das fotos da Meredy para mim. Estou pensando em emoldurar e colocar no criado-mudo ao lado da cama. O que acha?

Fiquei contente com o fato de Natsu citar seu passado em uma mensagem para mim. Antes tivemos tantos problemas de confiança...

Curiosa, digitei:

Depende. Como é a foto?

Deliciei-me com um pedaço de panqueca enquanto esperava a próxima mensagem. Tomava um copo de suco quando o celular vibrou.

Uma de você no banho.

Praticamente cuspi em meu pai.

Senti meu corpo todo arder de vergonha.

Apague!

— O que foi isso, Lucy? — O loiro perguntou, limpando-se.

— Desculpe, é que... — O celular vibrou novamente.

De jeito nenhum. ;P

— Ele é mesmo... — Sibilei irritada.

Natsu!

— Tomando café com um celular na mão... Você realmente se tornou uma garota da cidade.

— Eh? Não é isso, papai... — Tentei explicar. Mal havia usado meu celular até agora...

— Acho que tem uma resposta. — Ele apontou para o celular.

Haha, pude imaginar você gritando comigo. Isso é legal! Devíamos ter começado a trocar mensagens antes!

Em certa parte concordava com ele. Antes que pudesse responder, outra mensagem chegou. Era uma foto minha enquanto espirrava. Minha cara não estava nada bonita.

Meredy realmente tem talento para capturar momentos; era a legenda de Natsu.

Tapeei o teclado em uma velocidade impressionante.

Esse álbum vai queimar!

E para dar mais ênfase, coloquei um polegar para baixo junto com um emoticon de fogo.

Como se eu fosse deixar algo assim acontecer...

— É aquele garoto? — Papai perguntou.

Natsu Dragneel, você não sabe o que posso fazer quando fico irada! Não me provoque!

— O quê? — Indaguei.

Estou tremendo de medo; tirou sarro.

— Queria conversar algumas coisas com você... — Jude murmurou. — Entretanto vou me atrasar para meu compromisso caso faça isso... — Suspirou. — Estarei de volta lá pelas três.

— Entendi. — Sorri. — Até mais tarde.

Encarou-me, como se quisesse dizer algo mais. Soltou outro suspiro, desistindo.

— Cuide-se até que eu volte. — Beijou minha testa.

— Pode deixar! — Beijei sua bochecha de volta.

Observei-o pegar a mala e sair. Em seguida voltei-me para o celular.

Lucy?; Natsu havia enviado.

Desculpe, meu pai estava se despedindo.

Despedindo?, o rosado respondia em uma velocidade impressionante.

Ele teve que ir tratar de negócios.

É muito perigoso lhe deixar sozinha agora! Vou aí! Diga-me o endereço!

Engasguei com o resto da panqueca.

Está louco? Se meu pai chega e vê você aqui... Estarei encrencada, e você morto!

Um fazendeiro não faria muito estrago em mim.

Quando nos conhecemos lhe batia com toda a facilidade do mundo. Melhor não arriscar.

Porque eu deixava!

Até parece!

Podia acabar com você em um estalar de dedos, Heartfilia. Acredite quando digo que deixava...

Que surpresa! Natsu, você é masoquista? Influência de Virgo, talvez?

O quê?, podia imaginá-lo se revoltando com aquilo.

Wah! Não contradisse! Natsu é masoquista. Vou precisar de um tempo para me acostumar com isso...

Lucy!

Haha, estou apenas brincando. Mudando de assunto, é melhor se livrar daquela foto. Do álbum inteiro, aliás.

Nem pensar, Lucy Heartifilia. Ah, você já está pensando em seu vestido? Aries me disse que preciso ter uma noção para saber que tipo de terno fica melhor, ou algo assim.

Não fazia ideia do que ele estava falando.

Vestido? Para o quê?

Temos menos de um mês de aulas, Lucy. Para o que você acha que pode precisar de um vestido?

Senti um calafrio percorrer meu corpo ao perceber que ele se referia ao baile de formatura.

Ugh... Estava evitando pensar nisso.

Por quê?

Papai. Formatura. Faculdade. Essas coisas complicadas de ser adolescente.

Isso me lembra que Sora mencionou algo sobre recomendação com você. É para uma universidade ou algo do tipo?

Senti um peso em meu estômago.

Sim. Há uma universidade em questão que quero muito cursar. Mas ela é no exterior e só dá para entrar com recomendação.

Oh... Tem medo de não conseguir?

Sei que não vou.

Não seja pessimista, Lucy. Ser inteligente é uma das suas (poucas) qualidades.

O que quer dizer com "poucas"? Coloquei um emoticon com raiva. Não tenho medo por causa das notas. Minhas faltas é que me preocupam.

É mesmo. Você teve bastante faltas esse ano...

Natsu diz como se não fosse culpa dele.

E você?

Eu?

O que planeja fazer depois de se formar?

Hum... É algo complexo, quando paro para pensar nisso. Quero ajudar meu pai, mas não quero me envolver com Acnologia. Ao mesmo tempo, não quero que Aries seja obrigada a ir para a Rússia em meu lugar. Você tem razão. Ser adolescente é complicado. Ainda mais quando chegamos na idade em que somos forçados a se transformar em adultos. A pressão sobre nós só parece aumentar.

Não sei se estou pronta para isso...

Há alguém que está?

E novamente Natsu me surpreendia.

Depois disso, começamos a conversar sobre outras coisas, tentando amenizar aquele papo. Perto das três despedimo-nos e comecei a arrumar a casa, apenas esperando pelo momento que papai passaria pela porta.

Estava terminando de ajeitar as coisas na sala quando ele chegou.

— Desculpe a demora. — Pediu, puxando a gravata da camisa social.

— Tudo bem.

— Bom, temos algumas coisas para tratar, não é mesmo?

Engoli em seco.

— Hum... É, creio que sim.

— Vou preparar um café. — Avisou, dirigindo-se para a cozinha. — E então podemos conversar com calma.

— Certo. — Segui-o.

Sentei-me na bancada, observando meu pai fazer, com maestria, café. Ele pegou um pacote de cookies da mala que carregava consigo e despejou-os em um prato. Enquanto ele servia o líquido quente e escuro que era o café em duas xícaras, belisquei um dos biscoitos. Eram de chocolate com gotas de chocolate e estavam delíciosos.

— Então... — Papai começou, após tomar um gole de sua xícara. — Quer começar?

Respirei fundo, pensando em como deixá-lo a par de tudo.

— É simplesmente... complicado. — Disse, observando as curvas que o café fazia na xícara. — Vim para Magnolia estudar, e acabei me envolvendo com Natsu. Não queria deixá-lo chateado, papai. Apenas aconteceu.

— Lucy, acredita mesmo que estou chateado por você estar namorando alguém?

— O quê? — Olhei em seus olhos amendoados.

Ele suspirou.

— O que me deixa realmente fulo é o fato de você mal ter entrado em contato comigo desde que veio para cá. — Senti a culpa me atingir. — Consegue imaginar o quão preocupado fiquei? Quando Rogue me disse que havia mandado você entrar em contato comigo, me senti aliviado. Mas você não entrou.

— Sinto muito... — Soltei, arrependida. — Apenas não sabia como conversar com você por causa de Natsu e tudo mais... E quando liguei, Michelle atendeu, então apenas... Fiquei com medo de ligar de novo. — Admiti cabisbaixa.

— Michelle não é um mostro de sete cabeças, Lucy. Acredito que pode dizer isso por si mesma por causa da maneira que ela a tratou.

— Pareceu ser alguém bem animada mesmo. — Concordei. — Porém... É estranho imaginar você com outra pessoa sem ser mamãe. — Senti meu cílios pinicarem.

— Assim como é esquisito ver você com outra pessoa sem ser Rogue.

— Papai, tem algo a respeito de Natsu que precisa... — Comecei.

— Ah, Natsu. — Estalou a língua. — Imagino o que queira me dizer. Conheço o Igneel, esqueceu?

Fiquei em silêncio, tentando processar o que ele disse. Jude sabia. Sabia sobre o que Natsu era, mas não estava me dando bronca nem dizendo para me separar dele... Por quê?

— Não entendo. — Confessei. — Se sabe, então porque...

— Não mando você se separar dele? — Interrompeu-me. — Lucy, um dos principais motivos que me convenceu a deixá-la vir para cá era que queria independência. Suas escolhas, suas consequências. E, não conte isso para ninguém... — Aproximou-se um pouco e baixou a voz. — Confio, mesmo que pouco, no Igneel. Ele não deixaria nada de ruim acontecer com você por causa de Layla.

A situação parecia muito surreal para que pudesse processar...

— Você não tem nada contra Natsu?

— Tenho. Aquele garoto é inconsequente. — Papai sorriu. — No entanto, ele foi ousado o bastante para me enfrentar para mantê-la ao lado dele. Admiro a coragem dele.

— Isso me deixa aliviada...

— Mais importante que isso, no entanto, é: o que você quer, Lucy?

— Como?

— A formatura se aproxima e, com ela, a hora de você tomar uma decisão. Namorar Natsu vale mais do que conseguir o que veio lutando por tanto tempo?

O assunto que estivera evitando por tanto tempo emergira de forma tão natural...

Senti meu cílios pinicarem.

— Eu o amo, papai. — Admiti, percebendo as lágrimas rolarem pelo meu rosto. — Quer que o deixe por causa disso?

— Sendo honesto? Quero. — Surpreendi-me com suas palavras. — Que tipo de pai eu seria se não tivesse nada contra essa palhaçada toda? Se fosse por mim, já a teria levado de volta para casa. Mas sua mãe não gostaria que fizesse isso, Lucy. Ela me disse para confiar nas suas decisões. E é isso que estou tentando fazer aqui.

— Papai...

— Na verdade, não quero que escolha ficar. — Ele soltou um murmúrio de lamento. — É o neto daquele que tirou sua mãe afinal.

— Agora que tocou no assunto... Por que me escondeu tantas coisas, papai? Consegue imaginar o quanto fiquei chocada ao descobrir essas coisas?

— Não é óbvio? Quem conseguiria contar uma coisa dessas para uma filha adolescente? Fiquei contente por não ter jogado essas coisas em cima de mim em uma bola de fúria e angústia. Você amadureceu desde que veio para cá, realmente.

Iria questionar como ele sabia que havia descoberto tudo aquilo, mas a resposta veio-me logo em mente na forma de pergunta: quem mais iria contar para ele tudo sem ser Rogue?

— Obrigada. — Agradeci. — Posso orgulhosamente dizer que devo tudo a Natsu.

O sorriso sumiu de seus lábios.

— Você acha que o ama, filha?

— Tenho certeza. — Respondi convicta.

— É ótimo ouvir isso, mas... Você é apenas uma adolescente, Lucy. Como pode ter certeza que isso não é apenas uma paixão passageira?

— Eu sei que não é. — Rebati.

— Sabia que era com Rogue? — Calei-me. — Olha Lucy, a escolha quem deve fazer é você. — Ele pegou a mala e levantou-se. — Me dê uma resposta até a formatura.

Formatura.

Evitei soltar um gemido.

Ser adolescente é uma grande porcaria.



~~~N/A~~~


Antepenúltimo capítulo de MEM... Já sinto saudades de postar aqui HISUFHAU

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